Desafio de Manuela e Melo é conquistar os 400 mil que não votaram no primeiro turno

No primeiro turno Melo teve 31,02%, somando 200.280 votos, contra 29% de Manuela, que teve 187.262 votos. Montagem/Redes sociais

O resultado lógico da eleição municipal em Porto Alegre, no segundo turno, seria uma derrota da candidata Manuela Dávila, do PSOL, frente a Sebastião Melo, do PMDB.

Começa pelo desempenho dos candidatos até aqui.

Manuela que liderou com folga desde o início da campanha, chegou a ter 40% das intenções de voto na reta final do primeiro turno.

O resultado das urnas, que lhe deram 29% dos votos válidos, indica perda de dinamismo numa trajetória que era, até então, ascendente a ponto de alimentar ilusões de liquidar a disputa ainda no primeiro turno.

Seu adversário, ao contrário. Ao longo da campanha patinou em torno dos 10% nas intenções de voto, numa disputa acirrada pelo segundo lugar com José Fortunati, do PTB,  e com o prefeito Nelson Marchezan, do PSDB.

A saída de Fortunati, numa decisão intrigante, para aderir à candidatura Melo, teve o efeito esperado, com a maciça transferência de votos que o levaram aos 31% e à vitória no primeiro turno, ao qual chegou em trajetória ascendente.

Costuma-se dizer que o segundo turno é uma outra eleição, pois o rearranjo de forças pode alterar significativamente o quadro da disputa.

Nesse caso, Sebastião Melo, já favorecido pelos votos do PTB de Fortunati, tende a ampliar o arco de alianças, ganhando o apoio da oito dos 12 partidos que disputaram o primeiro turno. Inclusive parte dos eleitores de Marchezan, que vai ficar neutro, tendem, pela força do anti-petismo, a votar em Melo.

Já Manuela, candidata de um partido pequeno, o PCdo B, tem como base de sua candidatura a força eleitoral do PT, partido do seu vice, Miguel Rossetto. Terá no segundo turno o apoio do PSOL, que no primeiro turno concorreu com Fernanda Melchiona.

A votação de Fernanda Melchiona, cerca de 28 mil votos, comparada ao desempenho dos vereadores do PSOL (os campeões de votos nesta eleição), mostra que parte dos psolistas já praticou o voto útil e votou em Manuela, no primeiro turno.

Em todo caso, são mais de 4%dos votos  que tendem a ir em massa para Manuela, que contará também com a militância dos puxadores de voto do PSOL –  como Karen Santos, Pedro Ruas e Roberto Robaina.

Manuela terá também uma parte dos votos do PDT (6,5% do total), pois os trabalhistas mais à esquerda tendem a não votar em Melo, cujo espectro de alianças inclui até os bolsonaristas da extrema direita.

Essa é a lógica que indica o favoritismo de Melo na eleição do dia 29, em Porto Alegre. No entanto, as disputas eleitorais em segundo turno nem sempre respeitam a lógica.

Uma das razões pelas quais se diz que o segundo turno é uma outra eleição é a chance de um debate mais direto e mais claro entre os dois oponentes, que terão também tempos iguais na propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Há que considerar também a influência de fatores externos, como é o caso da eleição em São Paulo, onde Guilherme Boulos, do PSOL, caminha para ser o maior fenômeno eleitoral do país neste segundo turno.

Em todo caso, o desafio principal de ambos será mobilizar os mais de 40% dos eleitores que não foram votar (33%) ou votaram  em branco ou nulo. Esse contingente, que soma mais de 430 mil eleitores, se tivesse votado num único candidato teria ganho a eleição no primeiro turno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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