Desde que concessão foi barrada, parque da Redenção vive situação indefinida

Abraço à Redenção: movimento contra a concessão do parque a uma empresa privada | Foto: Ramiro Sanchez/JÁ.

O parque da Redenção  estava no “Lote 1” do programa de concessões divulgado em novembro de 2022 pela Prefeitura de Porto Alegre, envolvendo cinco parques da cidade, que seriam concedidos num só edital.

Mais antigo e emblemático parque da cidade, seu caso era também o mais polêmico,  previa inclusive um estacionamento subterrâneo para 500 carros no trecho mais movimentado, entre o auditório Araújo Vianna e a avenida José Bonifácio.

Um forte movimento comunitário fez a Prefeitura recuar. O projeto do estacionamento aparentemente foi descartado e a concessão foi esquecida.

Manifestação contra a concessão do parque.

Na campanha eleitoral, o prefeito Sebastião Melo disse que “a Redenção e o Parcão não serão concedidos”.

Depois da eleição, em discussões na Secretaria de Parcerias foi cogitada uma “concessão parcial”,  mas não há nada definido, não tornado público, ao menos.

Sobre a Redenção, o que está em preparação na Secretaria de Parcerias é um contrato com uma terceirizada para assumir os serviços de corte de grama, capina, pequenos reparos.

Também está no encargo da secretaria de Parcerias, a destinação de um naco privilegiado do  parque que esteve durante 40 anos concedido.

Foi um espaço tomado do canteiro central da avenida José Bonifácio por um posto de gasolina, em condições ilegais, pela proximidade com o Hospital de Pronto Socorro. Nos últimos 20 anos, pelo menos, funcionou sob a bandeira da BR Distribuidora, da Petrobras.

Colhem-se manifestações de interesse, que darão origem a um edital para conceder a área a um investidor privado.

Devolver a área ao parque não está em cogitação e esta tem sido a regra na Redenção – as perdas são permanentes e cada perda é definitiva.

A Petrobras, que explorou aquela área por tanto tempo, não poderia patrocinar a instalação de um Museu da Redenção naquele espaço?

Uma ocupação criativa  que faria daquele ponto uma atração, com informações sobre o rico histórico do parque, a fauna que ainda sobrevive nele, o significado de seus espaços. Não seria muito melhor que mais um fast food?

Desde que a concessão foi barrada pelo movimento comunitário, a Redenção vive num “limbo” – palavra usada por uma funcionária da administração do parque para definir a situação.

O parque, na verdade, não tem mais uma administração própria, como sempre teve.

Atualmente, os nove parques da cidade estão vinculados à Unidade de Parques Urbanos, da Secretaria de Serviços Urbanos, coordenada pela agrônoma Aldenise Ceratti Lopes.

Além dos nove parques, ela tem que administrar pelo menos três níveis de ingerência em todos eles – da Secretaria de Serviços Urbanos, que cuida da manutenção, da Secretaria de Ambiente na parte da fauna e da flora, da Secretaria de Parcerias, que cuida da destinação de espaços concedidos.

Ela reconhece que falta pessoal, falta segurança e falta articulação  entre os vários órgãos que tem ingerência no Parque.  Recentemente, no período de duas semanas, a sede da administração do parque foi arrombada cinco vezes, embora tenha um posto permanente da Guarda Municipal junto ao monumento do Expedicionário. Os 15 apenados que, sob convênio com a Susepe, trabalhavam na manutenção do parque agora estão divididos entre todos os parques. O resultado é uma manutenção precária, que se pode observar em qualquer canto do parque. Melhorias estruturais não estão à vista. O sistema de drenagem, por exemplo, está totalmente deteriorado, a mínima chuva alaga tudo, em muitos pontos a água fica empoçada, formando criatórios de mosquito.

Água estagnada em volta do monumento: criatório de mosquito.