Elmar Bones
Dois fatores subjetivos devem se incluídos entre os riscos embutidos na decisão que o governador Eduardo Leite anunciou nesta segunda feira, de concorrer à reeleição nas eleições de outubro.
A quebra do auto proclamado princípio contra a reeleição e a “maldição” que ronda os habitantes do Piratini, que não se reelegem ou fazem sucessor (sem contar os tempos de exceção, é claro) já vai para meio século.
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Desde o primeiro dia, vislumbrando vôos mais altos, Leite disse que não concorreria à reeleição, não por uma questão particular, mas por princípio. Ele é contra o princípio da reeleição em vigor na lei eleitoral brasileira, desde 1990.
Foi dito e escrito que se não fosse candidato à presidência, ficaria quatro anos em estudos fora completando sua formação, para voltar candidato.
As tentativas de ser candidato à presidência, dentro e fora de seu partido, o PSDB, fracassaram. Chegou a renunciar ao governo para tentar ser o nome de uma candidatura de terceira via, na disputa eleitoral polarizada entre Bolsonaro e Lula. Não deu certo.
O discurso, agora, é de que o governador foi convencido pelas forças que apoiam seu governo – um manifesto de grandes empresários chegou a circular – a desistir dos quatro anos de estudos no exterior, esquecer a promessa que fez aos eleitores e aliados, e lançar-se candidato para defender e levar adiante seu projeto.
Seu projeto é um programa de ajuste fiscal que culminou há poucas semanas com a aprovação do congelamento de investimentos públicos, deprimidos há décadas.
O equilíbrio que obteve nas contas é instável, mais contábil que real. Beneficia-se de conjuntura e receitas transitórias.
Os serviços públicos estão precarizado pelo corte prolongado das verbas de custeio. Os salários dos funcionários estão sem reajuste há sete anos. Há quase cinco anos o governo não paga as parcelas da sua dívida com a União, na expectativa de um acordo que tem pouca chance de ser cumprido.
Com a máquina a seu favor, o governador desponta como favorito na campanha que já tem sete candidatos no Rio Grande do Sul.
Em nome do realismo, porém, convém lembrar que outros favoritos à reeleição, alguns até com mais cabedal que Eduardo Leite, não conseguiram convencer o eleitor gaúcho que mereciam mais quatro anos para “completar sua obra”.