Um protesto vai montar barracos e uma mesa de cinco metros cheia de pratos vazios na Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira.
A iniciativa é da ong “Rio de Paz” e o objetivo é chamar a atenção para a situação em que vão ficar as pessoas que deixam de receber o auxílio emergencial no final deste mês.
“O fantasma da fome ronda as favelas”, diz Antônio Carlos Costa, presidente da “Rio de Paz”.
Ele lembra que o desemprego chegou a 14 milhões de pessoas no trimestre encerrado em setembro, tornando o quadro especialmente grave.
Além disso, há o aumento do preço dos alimentos. O valor da cesta básica registrou alta de 35% nos últimos 12 meses. Em pelo menos cinco capitais do país o auxílio de R$ 300 reais não compra sequer metade da cesta básica.
Para o presidente da ONG Rio de Paz, acabar com auxílio emergencial “é crime”. “Estamos dentro da favela, visitando barracos e ouvindo moradores. Vai bater o desespero”, diz Costa.
Segundo dados do Ministério da Cidadania, mais de 66 milhões de pessoas recebem o auxílio emergencial. Se considerados todos os integrantes das famílias, são cerca de 126 milhões de pessoas que dependem desses recursos. Esse número corresponde a 60% da população do Brasil. Contudo, às vésperas do Natal e do Ano Novo, o cenário é de “angústia” para essas famílias, com o fim do auxílio.
“Diante da falta de renda, aumento do desemprego e continuidade da pandemia, o cenário nas favelas e periferias é de desespero”, afirmou o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, que apoia o protesto.
Ele também citou o empobrecimento da população diante da alta do preço dos alimentos. “Continuamos com as ações de solidariedade aos grupos mais vulneráveis, mas infelizmente não tem sido suficiente”.