Lei que tira general da avenida está na mão de Fortunati

A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou nesta quarta-feira, 27, a mudança do nome da avenida Presidente Castelo Branco, principal acesso rodoviário à cidade, para avenida da Legalidade e da Democracia.
O projeto teve 21 votos a favor e 5 contrários. Foi aprovado por maioria simples (50% mais um).
Falta ainda a sanção do prefeito José Fortunati, para a lei entrar em vigor. Até agora, ele não quis comentar a medida.
Militantes dos movimentos de direitos humanos, como o Comitê Carlos De Ré, acompanharam a votação com vaias e aplausos, conforme a posição dos oradores. A sessão teve quatro vereadores ausentes e cinco abstenções.
A proposta é assinada pelos vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, ambos do PSOL. “Entre outros atos contrários ao Estado Democrático de Direito brasileiro, o presidente Castelo Branco determinou o fechamento do Congresso Nacional em outubro de 1966 e editou o Ato Institucional nº 2 – que extinguiu os partidos políticos e cassou os seus registros – e a Lei de Segurança Nacional, que possibilitava julgamentos de civis por militares. A alteração do nome da Avenida Presidente Castelo Branco para Avenida da Legalidade garantirá, no mínimo, uma reflexão da sociedade sobre as violações perpetradas pelo regime civil-militar”, dizem os autores.
O novo nome homenageia o movimento liderado pelo ex-governador Leonel Brizola em 1961, que permitiu a posse de João Goulart na presidência da República, após a renúncia de Jânio Quadros.
Projeto com o mesmo teor foi apresentado em 2011 e rejeitado pelo plenário em 14 de dezembro do mesmo ano, por 16 votos contrários e 12 favoráveis.
Veja abaixo os votos dos vereadores hoje:
Bancada do DEM
Reginaldo Pujol: Não
Bancada do PCdoB
João Derly:  Ausente
Jussara Cony:  Sim
Bancada do PDT
Delegado Cleiton:  Sim
Dr. Thiago:   Não votou
Márcio Bins Ely:  Sim
Mario Fraga:  Sim
Nereu D’Avila:  Ausente
Bancada do PMDB
Idenir Cecchim:  Sim
Lourdes Sprenger:  Ausente
Professor Garcia:  Não votou
Valter Nagelstein:  Sim
Bancada do PP
Guilherme Socias Villela: Não
João Carlos Nedel:  Não
Kevin Krieger:  Ausente
Mônica Leal:  Não
Bancada do PPS
Any Ortiz:  Sim
Bancada do PRB
Séfora Mota:  Sim
Waldir Canal:  Sim
Bancada do PROS
Bernardino Vendruscolo:  Não votou
Bancada do PSB
Airto Ferronato:  Não votou
Paulinho Motorista:  Sim
Bancada do PSD
Tarciso Flecha Negra: Sim
Bancada do PSDB
Mario Manfro:  Não
Bancada do PSOL
Fernanda Melchionna: Sim
Pedro Ruas:  Sim
Bancada do PT
Alberto Kopittke Sim
Engº Comassetto Sim
Marcelo Sgarbossa Sim
Mauro Pinheiro Sim
Sofia Cavedon Sim
Bancada do PTB
Alceu Brasinha Não votou
Cassio Trogildo Sim
Elizandro Sabino Sim
Paulo Brum Sim
 

Lerner encerra apresentação sob vaias

“O grito é a arma do covarde!”, reagiu Jaime Lerner ante os gritos de um rapaz que interrompia sua fala.
Arquiteto reconhecido, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, Lerner falava para um plenário lotado, na audiência pública que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre promoveu na noite desta segunda-feira, 14, para apresentação do “projeto de revitalização da Orla do Guaiba”, feito por sua equipe.
Cerca de 200 pessoas lotavam as galerias e ocupavam o espaço dos vereadores, a maioria ausente.
A audiência durou mais de três horas e teve vários momentos de tensão, com vaias e gritos. Num deles, Lerner ameaçou deixar o plenário.
No final, visivelmente cansado, o famoso arquiteto agradeceu “o respeito que me dedicaram” e encerrou dizendo que “ a vaia é o aplauso dos que discordam”. Deixou a tribuna sob vaias.
Do projeto mesmo, muito pouco se ficou sabendo.
A apresentação, foi feita pelo arquiteto Fernando Canali, da equipe de Lerner, mostrou uma sucessão de lâminas com desenhos em perspectiva, sem detalhes da proposta, e interrompida várias vezes pelas vaias do público, em sua grande maioria ambientalistas e líderes comunitários, que representam a comunidade nos conselhos do poder público municipal.
Lerner abriu a audiência falando de suas ligações com Porto Alegre e disse que seu escritório está trabalhando em dois projetos para a cidade: o do Cais Mauá “que está em andamento” e o da Orla do Guaíba, que seria apresentado a seguir por Canali.
Disse que o trabalho referente à Orla se desenvolve há mais de dois anos e que sua primeira parte, que abrange 1,5 km de orla, está “detalhado para o projeto”, o que significa dizer que está pronto.
“Sabemos que é um sonho do portoalegrense recuperar a sua orla. Nossa preocupação foi fazer uma intervenção que integre a Orla à cidade e que também preserve a visão do Guaíba, que a vista fique desimpedida ao longo de todo o trajeto”. Disse que seria apresentada a “etapa prioritária” do projeto. “É um começo importante”, ressaltou.
Canali fez a apresentação com breves complementos feitos por Lerner.
O arquiteto disse que o projeto abrange seis quilômetros de orla, da Usina do Gasômetro ao Arroio Cavalhada, mas que foi concluída até agora a “parte prioritária”, de 1,5 km a partir do Gasômetro. Uma marina pública, decks de madeiras à beira da água, escadarias acompanhando o declive do terreno, passarelas de metal projetadas sobre as águas, bares e instalações de serviços.
Todos os equipamentos ficam “abaixo do nível visual de quem está na altura da rua”, de modo a não atrapalhar a vista do rio.
À medida que se sucediam os desenhos projetados num painel ia crescendo a inquietação do público.
Quando o arquiteto mencionou a “colocação de um estacionamento embaixo da pista do aeromóvel”, a reação explodiu : “Isso, jamais!”, “Não queremos Curitiba”. Vários falavam ao mesmo tempo, gritos (“Vai prestar contas à Justiça”, numa referência a processos em que Lerner foi envolvido). Lerner reagiu: “Vocês não vão me fazer perder a paciência”. Em seguida, quando um manifestante, aos gritos não o deixava prosseguir, ele perdeu a paciência e por pouco não deixou o local.
Há dois anos IAB tentava conhecer o projeto

O primeiro a falar depois da apresentação foi o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Tiago Holzmann. Ele explicou que o ambiente de tensão se justificava, pois pela primeira vez a comunidade estava tendo acesso ao projeto que já se desenvolvia há mais de dois anos. Jaime Lerner foi contratado em 2010, com a justificativa do “notório saber”, para evitar a licitação ou o concurso público, e nada mais se soube do trabalho.
O presidente do IAB disse que em duas vezes anteriores (em maio de 2012 e junho de 2013) a entidade solicitou à Prefeitura uma apresentação pública do projeto, mas sequer obteve resposta. Então ele teve que recorrer à Câmara de Vereadores, que convocou a audiência pública.
Lembrou que desde o início o IAB foi crítico ao critério do “notório saber” para escolher o projetista, e que o atual prefeito, José Fortunati, quando secretário do Planejamento, se comprometeu a fazer um concurso público para escolher um projeto para a orla. “Essa ideia foi abortada”.
Holzmann afirmou também que os projetos mais importantes da cidade estão blindados à publicização. “Temos visto que é uma prática recorrente, fazer obras como duplicação e viadutos sem discussão pública”.
Foi aplaudido quando disse que o projeto da orla era até ali “praticamente secreto”.
“Isso não é um projeto”, diz Udo Mohr
O arquiteto Udo Mohr, professor e ex-funcionário da Secretaria do Planejamento, representando a Agapan, criticou o caráter superficial da apresentação. “O que foi apresentado aqui não é um projeto. São alguns desenhos em perspectiva, algumas ideias, nem de longe um projeto”, disse. Segundo ele, fazer um projeto desse porte sem ouvir os usuários em consultas públicas é como “fazer uma casa sem consultar a família que vai morar nela”.
Eduíno Mattos, líder comunitário, membro do Conselho do Plano Diretor, também reclamou da postura do prefeito José Fortunati de não dar resposta às demandas dos movimentos comunitários. Silvio Nogueira, da Associação dos Moradores do Centro, fez a manifestação mais indignada. Lembrou que a orla está em discussão há décadas e que a Prefeitura inclusive formou um Grupo de Trabalho, coordenado pelo arquiteto Marcelo Allé, que começou a trabalhar num projeto para a orla. “De repente esse projeto foi descartado e aparece um outro assumido por um escritório particular, sem licitação ou concurso, contratado por R$ 2,5 milhões”.
No final da audiência, Lerner voltou a falar, mas não chegou a responder à maioria dos questionamentos feitos pelos oradores. Disse que o trabalho completo envolve mais de 600 pranchas e 24 projetos complementares e que “é claro que é um começo”.
Disse que não podia ser responsabilizado pelos atritos existentes entre a Prefeitura e os movimentos comunitários, “Não sei como se dá essa relação”.
O vice-prefeito Sebastião Mello, presente à mesa, escudou-se no regimento interno da Câmara, para não se manifestar.
A implantação da “etapa priorirária” do projeto vai custar R$ 60 milhões, segundo a Prefeitura, mas ainda não tem data para início.
Notícia da ZH
Orçada em R$ 60 milhões, a primeira fase da proposta de revitalização da orla do Guaíba foi detalhada nesta segunda-feira pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner, em audiência na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A obra de 1,5 mil metros, que pela previsão inicial deveria ter sido inaugurada no final do ano passado, ainda não tem novo prazo para sair do papel, mas segue provocando polêmica.
Responsável pelo projeto, Lerner disse não se sentir desconfortável diante das críticas do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no Estado, pelo fato de o projeto ter sido escolhido por notório saber, sem passar por concorrência pública.

— Já fui presidente da União Internacional de Arquitetos, que congrega 1,5 milhão de arquitetos e 1,5 milhão de egos. Tenho muito em conta a profissão, mas o que todos precisam entender é que esse é um começo, que vai abrir oportunidade para muita gente— contemporizou.

Ao apresentar o projeto, salientou que tudo foi pensando para valorizar a paisagem do Guaíba.

— Não conheço um pôr do sol mais bonito — elogiou, ressaltando que o objetivo é criar um parque a céu aberto que seja “intensamente frequentado” pela população em qualquer horário.

Um dos diferenciais será um calçadão de 300 metros, a partir do Gasômetro, que terá bolinhas de gude no solo, iluminadas por fibra ótica. Assim, o vidro será refletido pelo sol durante o dia e, à noite, refletido pela luz.

— Quando terminar o pôr do sol começa o chão de estrelas — poetizou.
Secretário de Desenvolvimento de Assuntos Especiais do município, Edemar Tutikian afirma que o atraso da obra ocorreu porque o projeto é “mais profundo do que se podia imaginar inicialmente”, com 4,5 mil itens diferentes de orçamento. Segundo ele, neste momento a proposta encontra-se em fase de ajustes, em uma parceria entre a prefeitura e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), para dirimir todas as dúvidas. Só depois de concluída esta etapa é que será aberta a licitação para definir a empresa responsável pela execução.

— O projeto já passou por todas as comissões da prefeitura. Nesta semana vamos entregar respostas a questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas, neste trabalho em conjunto. Esperamos em breve podermos lançar a licitação — afirma.

Ao todo, a proposta de Lerner para a revitalização da orla do Guaíba prevê seis quilômetros de extensão. Só que, neste primeiro momento, apenas os arredores do Gasômetro serão contemplados, pelo fato de a área ser considerada prioritária. A previsão é que essa obra possa ser executada em 10 meses. Escaldados com os atrasos, representantes da Prefeitura preferem não projetar prazos desta vez.

Aaudiência no plenário Otávio Rocha, durante a noite desta segunda, foi solicitada pelo IAB-RS e entidades de moradores e de ambientalistas. Representantes desses grupos e vereadores da oposição fizeram críticas a diversos pontos do projeto, questionando aspectos como impacto ambiental e falta de diálogo.

Depois da Câmara, pressão na Prefeitura

Depois de terem deixado a Câmara Municipal, na manhã fria e chuvosa desta quinta-feira, os manifestantes do Bloco de Lutas pelo Transporte Público organizam um ato em frente à Prefeitura de Porto Alegre, a partir das 18 horas de hoje.
O acordo para a desocupação do prédio foi assinado ontem à noite, em audiência judicial. Os ocupantes concordaram em sair e o veradores comprometeram-se a protocolar o projeto da abertura das contas das empresas de transporte público e a encaminhar ao Executivo o projeto do passe livre para estudantes e desempregados. Ambos os projetos foram elaborados durante a ocupação, que durou oito dias.
O movimento não vai parar por aí, O passe livre é apenas a demanda mais imediata. A meta é chegar, num futuro breve, à tarifa zero, ou seja, ao transporte 100% público, e criar mecanismos de controle social sobre o serviço.

Impasse na Câmara: ocupação continua

Oficiais de Justiça passaram pela Câmara ocupada hoje. Constataram que não há nenhum vestígio de depredação do patrimônio ou qualquer impedimento à entrada dos funcionários da casa, que foram avisados pela mesa diretora da Câmara para não aparecerem ontem.
Os oficiais de Justiça informaram que hoje não há mais tempo hábil para qualquer reintegração, e nem constataram urgência. As vereadoras Sofia Cavedon (PT) e Fernanda Melchiona (PSol) estiveram com os manifestantes.
O impasse é: o Bloco de Lutas queria que os vereadores votassem hoje o projeto de passe livre para estudantes e desempregados, elaborado no final de semana, e o levasse ainda hoje para a Prefeitura. A maioria conservadora do Legislativo usou da velha estratégia de não dar quorum para nenhuma votação, já que o recesso parlamentar começa quarta-feira.
Parte dos vereadores reuniram-se ontem à noite numa churrascaria, convocados pelo presidente da casa, pedetista Thiago Melo (PDT), sem convidar os colegas que têm circulação entre os manifestantes, e mandaram avisar aos funcionários que não comparecessem hoje.

Cresce a tensão na Câmara de Porto Alegre

Foi protocolado hoje à tarde um pedido de reintegração de posse do prédio da Câmara Municipal de Porto Alegre antes de segunda-feira. Até então estava acordado com o Bloco de Lutas que desocupariam o plenário até segunda-feira de manhã. Vereadores contrários ao pedido de reintegração foram ao plantão do TJ-RS pedir que o pedido não seja deferido.
Para aproveitar o final de semana, os ocupantes organizaram um seminário aberto ao público. Hoje à tarde, o debate foi sobre a viabilidade econômica do passe livre. A tarde transcorreu calmamente, com os portões abertos e pouco público de fora do movimento.
No final da tarde, diante da notícia do pedido de reintegração, o Bloco de Lutas divulgou uma carta aberta.
A carta diz que o Bloco aprovou, em assembleia geral, 75% das propostas apresentadas pelos vereadores e indicou a desocupação da Câmara na segunda-feira, na parte da manhã, “visto que, durante este fim de semana, estamos promovendo um seminário aberto à população, com debates e aulas públicas relacionados à questão do transporte público. Ainda assim, vimos todo o nosso esforço de negociação ser rompido”, diz o texto.
“Face ao rompimento das negociações por parte dos vereadores, exigimos do governo Tarso Genro e do secretário de segurança pública, garantias de que não haja nenhum tipo de intervenção da Brigada Militar no processo iminente de reintegração de posse, diante de uma ocupação que se mostrou pacífica e zelosa com o patrimônio da casa”.
Depois de desocupar o plenário, permitindo a continuidade das sessões legislativas, eles pretendiam continuar nas galerias, acompanhando as sesões.
O Bloco convocou uma coletiva de imprensa, para depois da assembleia que discute o que fazer a partir do pedido de reintegração.

Ocupantes da Câmara querem auditoria nas empresas de ônibus

Passava das 13 horas quando o presidente da Câmara Municipal, Thiago Duarte (PDT), e o vice, Bernardino Vendruscolo (PSD), foram admitidos no plenário, ocupado desde a tarde de quarta-feira por integrantes do Bloco de Lutas pelo Transporte 100% Público, para receber uma carta com suas exigências para desocupar a casa. Visivelmente abatido, Duarte disse que vinha “humildemente pedir uma solução, pois nem tudo depende da Câmara”. A arquiteta Cláudia Fávaro, que entregou-lhes a carta, lembrou: “Quando ocupamos esta casa, nossas reivincicações já eram públicas e vocês nada fizeram”.Questionado, Duarte garantiu que “ainda” não havia se reunido com a Brigada Militar para tratar de uma ação de reintegração de posse da Câmara. O vice Vendruscolo chegou a sugerir que uma comissão dos manifestantes os acompanhasse até o prefeito José Fortunati . “Ele que venha até aqui, ou vocês conversem entre vocês e nos tragam uma resposta até segunda-feira, dia 15”, foi a resposta dos manifestantes. Ambos saíram sob gritos da galera: “Não me representa”. A carta exige dos vereadores o compromisso de votar o passe livre municipal para estudantes e desempregados , não sendo permitidas isenções tributárias, e de derrubar qualquer veto contra isso que eventualmente parta do Executivo. Os manifestantes também querem a abertura das contas das empresas concessionárias de linhas de ônibus, retroativa a janeiro de 2012, quando um parecer do Tribunal de Contas questionou a forma de cálculo das tarifas, além da quebra do sigilo bancário dos donos das empresas de transporte. Pedem ainda a criação de conselhos e formas de controle social sobre o transporte público.

Ocupantes da Câmara divulgam programação

Mesmo sob o risco permanente de despejo, os manifestantes do Bloco de Lutas montaram uma intensa agenda para o final de semana, na Câmara Municipal de Porto Alegre, e discutem como flexibilizar o acesso do público ao plenário.
Há programação nos três turnos. Um dos destaques é o seminário programado para sábado à tarde, com palestrantes do Tribunal de Contas, representantes dos professores universitários e dos trabalhadores rodiviários. À noite, a Agapan promove uma oficina e haverá um cine-debate. “Não é festa; atividade cultural é política, sim”. Domingo à tarde, nova reunião plenária.
Para saber mais, #ocupacamarapoa, #midianinjars, no Twuitter, ou www.postv.org.

Bloco de Lutas pelo Transporte Público permanece na Câmara de Porto Alegre

Uma centena de pessoas do Bloco de Lutas pelo Transporte Público passou a segunda noite consecutiva no plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre, que eles agora chamam de Câmara Popular. A ocupação se repete nos legislativos de Passo Fundo e de Santa Maria.
Em São Leopoldo, ontem à noite, houve desentendimento entre os cerca de 150 manifestantes acampados em frente à Câmara, que foram expulsos. Duas pessoas seguiram de ambulância para o Hospital Universitário.
Em Porto Alegre, os ocupantes da Câmara farão nova assembleia no final da manhã desta segunda-feira, para decidir se vão apresentar um projeto de lei instituindo o passe livre. Também querem abertura de contas das empresas de transporte, com auditoria, e há quem fale em encampação das concessionárias pelo poder público.
A última assembleia foi ontem à noite. Nas assembléias, participa quem vier, fala quem se inscrever. Volta e meia, vem o lembrete para não deixar lixo esparramado, cuidado para não pisar nas flores! Ao final, pediram que permanecesse só que tinha vindo para “ocupar”. Foram atendidos. “Aqui não vai rolar uma festa, nós estamos aprendendo a fazer, agora temos que cuidar do espaço e da segurança”.
Eles fazem sua própria segurança. Na portaria, quatro guardas acompanham o vaivém e a triagem que decide quem entra ou não. Um dos guardas pede: “Preciso que um de vocês fique aqui, senão vou ter que fechar o portão e vai dar um revertério”.
Só conhecido
Já os que vão ‘ocupar’ o plenário da casa precisam ser identificados. Não com documentos, mas conforme as indicações de confiabilidade. Só entra quem é conhecido ou conhece alguém que já entrou. “Esse é da Biologia”, avisa alguém de dentro para tutelar a entrada do que está fora.
Eles não querem a imprensa. Mas a divulgação não é bom pro movimento? “É, mas eles editam o que a gente diz, distorcem tudo.” Então também fazem a própria divulgação, pelos canais da internet www.postv.org e Mídia Ninja. Depois do passe livre, vão brigar pela regulação da mídia.
O movimento, criado em Porto Alegre durante o Fórum Social Mundial de 2003, é tão informal quanto organizado. Não despreza a democracia representativa, e sim a sua inoperância no atendimento das demandas populares. Tanto é que estão no Plenário. Exigem apenas que os parlamentares os representem de fato, respaldados pelas manifestações de junho.
Aos de fora que quiserem ajudar, pedem pão e água, frutas, sucos e café, copos, talheres, muitos panos, sacos de lixo e material de limpeza. Querem deixar a casa em ordem. Ocupação é diferente de invasão.
Na entrada do plenário, sob a placa metálica que registra que o auditório foi reinaugurado em 2 de janeiro de 1995, foi colada uma folha de papel onde está escrito à mão: “reinaugurado em 10 de julho de 2013”.

Câmara de Porto Alegre elege presidente para 2012

Em sessão extraordinária, a Câmara Municipal de Porto Alegre elegeu na manhã desta segunda-feira (12), a nova composição da Mesa Diretora para o ano de 2012. Na oportunidade, o nome do vereador Mauro Zacher (PDT) foi confirmado com 33 votos, contra dois da bancada do PSOL. A votação foi marcada pela participação de manifestantes contrários e favoráveis ao vereador.
Para vice-presidente, foi eleito por unanimidade o vereador Haroldo de Souza (PMDB). Para a 2ª vice-presidência, foi eleita a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL). Para  cargo de primeiro secretário, foi escolhido o vereador Carlos Todeschini (PT). A segunda secretaria será ocupada pelo vereador Airto Ferronato (PSB) e a terceira secretaria, pelo vereador João Carlos Nedel (PP).
Zacher comandará a casa em ano de eleição municipal. Será forte aliado do atual prefeito José Fortunati, também do PDT, que concorrerá a reeleição.

'Pioneiros da Ecologia' inspira exposição na Câmara Municipal

O Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre apresenta até 30 de junho a exposição História do Ambientalismo Gaúcho, que homenageia a passagem do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de Junho). A mostra é inspirada no livro Pioneiros da Ecologia, dos jornalistas Elmar Bones e Geraldo Hasse, lançado pela JÁ Editores, e reúne 16 banners que abordam os principais aspectos do movimento em defesa da natureza no Rio Grande do Sul.
A exposição aponta as contribuições de Henrique Luis Roessler e do Padre Balduíno Rambo, até a emergência da geração de militantes formada por José Lutzenberger, Augusto Carneiro, Caio Lustosa, Flávio Lewgoy e Sebastião Pinheiro. Também valoriza o trabalho das mulheres ao movimento ecológico, citando as pioneiras Hilda Zimmermann, Giselda Castro e Magda Renner, além do papel da imprensa local nas lutas pela preservação da natureza.
“As mulheres foram intelectuais de destaque no movimento, escrevendo notáveis textos em defesa da ecologia”, afirma o coordenador do Memorial da Câmara, Jorge Barcellos. “A imprensa gaúcha tomou uma posição na luta ambientalista porque colaborou na divulgação, através de inúmeros artigos de seus militantes e de pautas ambientalistas.”
Os painéis não deixam de fora grandes lutas dos ecologistas gaúchos, como o combate ao uso dos agrotóxicos e pela constituição de políticas voltadas para o meio ambiente no Estado e no município de Porto Alegre. Recordam, especialmente, que a primeira associação de ecologistas da América Latina foi a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
O próprio Lutzenberger, no entanto, dizia que “o cara que começou tudo isso” foi Roessler, que fundou a União Protetora da Natureza (UPN) 16 anos antes. A história deste precursor do ambientalismo está em Roessler – o primeiro ecopolítico, do jornalista Ayrton Centeno, também da JÁ Editores.
Com entrada franca, a exposição pode ser visitada das 9 às 18 horas, de segundas a quintas-feiras, e das 9 às 16 horas, às sextas-feiras, no térreo da Câmara Municipal (Avenida Loureiro da Silva, 255). Escolas interessadas em visitas orientadas devem entrar em contato pelo telefone (51) 3220-4187.