A Fundação de Economia e Estatística (FEE) realiza na tarde desta terça-feira (16/9/2014) mais uma sessão-debate em sua sede na R. Duque de Caxias, 1691, em Porto Alegre.
O palestrante é Antonio Cattani, professor de Sociologia da UFRGS. Ele vai falar sobre os mecanismos de concentração e manutenção da riqueza (no Brasil, claro). Retoma-se assim um debate que esteve no auge nos anos 1970, quando o ministro da Fazenda, economista Antonio Delfim Netto, dizia que “antes de dividir o bolo, é preciso fazê-lo crescer”.
O último debate da FEE, um mês atrás, teve como palestrante o economista americano Mark Setterfield, que leciona e pesquisa em Nova York. O assunto dele era consumo x desigualdade. Segundo seus estudos, o endividamento das famílias é o motor que faz funcionar a máquina do rentismo dos EUA – e do mundo capitalista, por que não?
Setterfield deixou para os estudantes, professores e funcionários da FEE algumas reflexões estimulantes resumidas em frases óbvias como “A dívida das famílias gera a remuneração dos rentistas” e “No frigir dos ovos, o que vai influenciar a economia é a dívida líquida dos trabalhadores”. É tudo tão óbvio que a maioria das pessoas nem pensa nessa lógica do sistema financeiro.
Setterfield concluiu que as famílias trabalhadoras se endividam para consumir, e para tanto se espelham no consumo dos ricos. Nos EUA, nos últimos anos, o endividamento gerou aumento da desigualdade social.
E quanto maior a desigualdade, maior a tendência para a imitação dos ricos pelos pobres. Uma boa conclusão quando se considera que desde 2004, segundo Bruno Paim, economista da FEE, o consumo de massa tem sido decisivo para o crescimento da economia brasileira, que ultimamente perdeu o dinamismo.
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Debate na FEE mostra que os juros são o problema
Retomando suas tardes de debates, a Fundação de Estatísticas e Estudos (FEE) apresentou à inteligência portoalegrense, na terça-feira (12/8), o economista Mark Setterfield, do Centro de Pesquisa Social de Nova York. Barbudinho de pouco mais de 30 anos, ele leciona no Trinity College, de Hartford, EUA, e é bolsista de uma fundação financiada pelo megaespeculador global George Soros.
Seu objeto de estudo é a relação entre consumo, endividamento e desigualdade de renda na sociedade norte-americana, onde “os trabalhadores se endividam para tentar imitar o consumo dos ricos” (que ele chama de rentistas). Outra lição dele que se encaixa na realidade brasileira: “Quanto maior a desigualdade de renda, maior o consumo por emulação dos ricos”.
Setterfield vem pesquisando como o processo maluco de endividamento das famílias americanas desembocou na crise financeira de 2008, cujo desfecho foi o aumento das desigualdades entre famílias e rentistas, isto é, entre a base social e o topo da pirâmide de renda, enfim, entre pobres e ricos. Quando se estabelece, o endividamento popular contribui para o crescimento econômico, mas ninguém garante a sustentabilidade do processo, que Setterfield comparou à construção de pirâmides à base do chicote sobre escravos. Foi a única vez que a platéia de 60 pessoas riu.
Pode ser que Setterfield nem seja o cara, mas ficou claro que a direção da FEE está procurando subsídios para tirar o Brasil do atual impasse da economia brasileira, cujo crescimento baseado no consumo da população de baixa renda estaria se esgotando, segundo conclusão de vários economistas.
Como interface do americano nos debates, a FEE colocou o economista da casa Bruno Paim, que exibiu uma tabela mostrando que desde 2004 o consumo tem sido o principal ingrediente do crescimento econômico brasileiro, o qual está em declínio, mas ainda acima do crescimento vegetativo da população. Mas há algo positivo no cenário brasileiro: o saldo das operações de crédito das pessoas físicas é de seis a sete vezes mais baixo do que nos EUA, e o prazo médio de endividamento também é dos mais baixos da América Latina. “O problema são os juros elevados demais”, diz Paim, salientando que entre 2004 e 2013 o percentual dedicado pelas famílias à amortização das dívidas aumentou de 30% para 40%.
Assim, as situações vividas pelo Brasil e os EUA não são comparáveis, até mesmo porque, ao contrário do ocorrido na sociedade americana, o endividamento dos brasileiros não teve como consequência um aumento da desigualdade e sim uma diminuição. Isso tudo com os bancos batendo recordes de lucros a cada trimestre. Daí a conclusão de Setterfield: “Dado o peso dos juros no Brasil e a tendência de aumento dos juros nos EUA, a economia brasileira pode sair prejudicada no futuro…”.
Exportações gaúchas cresceram 28% em 2011
Apesar de ficarem abaixo da média nacional, as exportações do Rio Grande do Sul acumularam crescimento, entre janeiro e novembro, de 28%, segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE). O desempenho nacional foi de 29,2%. Mesmo assim, no ano, o Estado conseguiu se manter na quarta colocação em relação aos outros. O ranking é liderado por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Apenas no mês de novembro, as exportações totalizaram 1,4 bilhão de dólares, um aumento de 211,9 milhões de dólares na comparação do ano anterior, representando 18,4% a mais. Para o economista Bruno Breyer Caldas, o mês de novembro, tradicionalmente, não é bom para o Estado, principalmente em relação à queda do volume de soja comercializada. Por segmento, as exportações da indústria de transformação registraram crescimento de 2,4 bilhões de dólares; as de agropecuária a elevação foi de 1,5 bilhão de dólares.
Com esse resultado, no mês, o RS ocupou a sexta posição no ranking entre os estados, após perder a colocação com o Pará e Paraná, as três primeiras colocações são de SP, MG e RJ. Considerando os países de destino, os destaques ficam com o aumento para o Japão, em 32,3 milhões dólares; a Itália, em 31 milhões de dólares; e Reino Unido, com 26,4 milhões de dólares. Mesmo assim, as exportações do Estado, levando em consideração o acumulado do ano, foi maior para a China (37%), com 871,2 milhões de dólares; a Argentina (22,5%), com 333,7 milhões; e França (178,9%), com 253,1 milhões.
Para 2012, as projeções são pessimistas. Para o economista da FEE, a incerteza no mercado internacional deverá trazer prejuízos às exportações gaúchas. “A tendência é de que o consumo reduza na Europa e nos Estados Unidos, que são importantes destinos das exportações gaúchas, desacelerando o volume”, avaliou.
PIB do Rio Grande do Sul cresce 5,7% em 2011
A Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE) apresentou o resultado do PIB gaúcho em 2011.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul cresceu 5,7% em 2011. O PIB alcançou o valor de R$ 273.879 milhões, e o PIB per capita, R$ 24.846, representando um crescimento de 5,2% em relação a 2010.
O Valor Adicionado (VAB) da agropecuária, que representava 9,40% do total do Estado em 2010, cresceu 18,8% em 2011. Compondo esse número, a agricultura teve um crescimento de 26,7%, e a pecuária, de 2,5%. Beneficiadas por aumentos na produtividade, as mais importantes culturas da lavoura gaúcha apresentaram crescimentos expressivos nas quantidades produzidas.
A de arroz cresceu 30,1%, a de fumo, 44,9% e a de soja, 10,9%. Também destacaram-se os crescimento das produções de milho (2,5%), trigo (8,8%), feijão (10,1%) e uva (19,7%). Apenas banana (-26,4%) e cana-de-açúcar (-7,9%) tiveram queda no ano. Na pecuária, pode-se destacar o crescimento estimado de 7,3% do valor da produção de leite.
A indústria, com 29,04% do total do VAB de 2010, cresceu 2,5% em 2011. A indústria de transformação apresentou crescimento de 1,7%.
Destacaram-se as expansões do fumo (11,5%), das máquinas e equipamentos (9,2%), dos alimentos (4,2%), dos produtos de metal (4,2%), dos veículos automotores (3,8%) e dos químicos (3,8%), e as taxas negativas do refino de petróleo e álcool (-6,8%), da borracha e plástico (6,6%) e da metalurgia básica (-5,3%).
As atividades de construção civil (5,9%), eletricidade, gás e água (3,6%) e extrativa mineral (4,8%) também apresentaram taxas positivas de crescimento.
O setor serviços, com 61,56% do VAB total de 2010, cresceu 5,2% em 2011, com destaque positivo para as atividades de comércio e serviços de manutenção e reparação (7,6%) e transportes (5,2%). A administração pública (3,3%) e o conjunto dos demais serviços (4,9%) também tiveram desempenhos positivos.
“A crise dos países europeus comprova que o projeto do Euro era falso desde o início”
“A crise dos países europeus comprova que o projeto do Euro era falso desde o início”, foi o que disse o professor Orjan Appelqvist, doutor em economia da Universidade de Estocolmo, Suécia, durante palestra nesta segunda (21/11), na Federação de Economia e Estatística – FEE, em Porto Alegre.
O professor lembrou que a crise atual não é uma crise do euro, mas uma continuação da crise do sistema financeiro, que teve origem no mercado imobiliário dos Estados Unidos em 2008 e que contaminou as economias ao redor do planeta.
Para Orjan, a Zona do Euro não é uma área monetária apropriada. “Por entraves políticos, gerou-se uma zona inadequada deste o começo. Há na Europa muita divergência, e não se procurou pela convergência. O desequilíbrio entre as nações foi maior que a vontade de união. Na teoria, os 16 países que possuem uma moeda comum teriam vantagens como uma maior estabilidade no comércio. Só que a realidade tem se mostrado diferente, ficamos nas mãos de banqueiros e especuladores”.
O problema apontado é a enorme especulação em países europeus, onde bancos privados exigem cerca de 10% de margem de lucro em economias que não crescem. Essa máquina de lucros, porém, se tornou uma bomba-relógio.
“Problemas na Grécia, são os bancos franceses os grandes perdedores. Problemas na Irlanda, bancos ingleses perdem, problemas em Portugal, bancos espanhóis perdem. Estes bancos possuem os papeis de dívidas de governos que agora não conseguem mais pagar. Daí a necessidade dos países centrais salvarem estas economias, senão, suas instituições financeiras sofrerão, os governos estão amarrados aos bancos”, diz o professor.
Na visão predominante da comunidade europeia, do FMI e dos governos, o problema é o déficit publico, assim seria necessário controlá-lo. Mais isso pode trazer de volta um modelo neoliberal de privatizações, o que já se mostrou ineficaz no passado.
Para Orjan, os déficits púbicos são apenas sintomas de um capitalismo irresponsável, e atacá-los não resolverá a situação. Os países deveriam inclusive aumentar seu déficit, pois são necessários mais gastos públicos e não ao contrário.
Uma saída saudável seria a recuperação da autonomia dos estados. E há condições para isso, já que a Europa está melhor que os EUA. Ela tem trabalhadores capacitados, bom sistema educacional e capacidade de exportação.
Algumas medidas imediatas deveriam ser tomadas: proibir a especulação no governo; reinstalação da taxação sobre fortunas – com uma radical reforma do imposto de renda.
E o mais importante: um rápido crescimento do serviço público. “Um planejado, massivo e prolongado plano de investimentos públicos, 20% da população jovem está desempregada, é preciso dar trabalho a essas pessoas.”, coloca Orjan.
O economista defende ainda que a União Europeia sirva ao povo e aos governos, não aos bancos. Porém, isto não acontecerá em curto prazo, visto que 21 dos 23 membros da comissão de reforma europeia são banqueiros, alerta.
Há uma volta do cenário de divisão entre centro e periferia, só que agora a divisão ocorre dentro da própria Europa. Isso pode acarretar num sacrifício da democracia. O professor questiona seriamente países que desejam abrir mão da democracia frente aos pacotes de austeridade
”A única forma de salvar a democracia vem através do poder daqueles que pensam não ter poder”, finalizou Orjan.
A palestra do professor Orjan Appelqvist fez parte do painel “A Desordem Internacional”, Promovido pela FEE. O encontro foi prestigiado por cerca de 100 pessoas, no auditório da federação.
Economia gaúcha cresce 5,6% de janeiro até setembro
Os produtos que tiveram crescimento destacado no período foram o milho (14,1%), a laranja (11,6%) e o fumo (4,7%), no setor de agropecuária.
Nos Serviços, a maior expansão foi no comércio (4,4%), intermediação financeira (3,4%) e administração pública e aluguéis (2,7%).
Na indústria, o fumo atingiu o primeiro lugar, com 17,4%, seguido de máquinas e equipamentos (9,4%) e produtos de metal (5,1%).
A economia do Rio Grande do Sul cresceu 5,6% até setembro, mantendo índice superior à média nacional. Os números do Índice Trimestral de Atividade Produtiva (ITAP) gaúcha foram divulgados, nesta quinta-feira (17), por técnicos da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
De acordo com o economista Martinho Lazzari, que coordenou o estudo, “a boa notícia é que no Rio Grande do Sul a desaceleração da economia é menor, o que coloca o Estado em posição muito boa no cenário nacional e na comparação com outros”. Para o Brasil, os dados do IBGE indicam crescimento em torno de 3,5%.
No terceiro trimestre, o crescimento econômico no RS foi de 3,3%, o que representa uma retração de 0,3% em relação ao trimestre anterior. “Esses dados mostram de maneira bem clara que, ainda que o índice seja positivo, existe uma desaceleração, característica do momento nacional.
Mas no Rio Grande do Sul essa desaceleração econômica é mais lenta pela característica do perfil das atividades do Estado, concentradas na agropecuária e nas exportações, que vivem um excelente momento”, explica Lazzari.
Agropecuária lidera
O setor agropecuário continua impulsionando o crescimento da economia gaúcha, mantendo o primeiro lugar em expansão no trimestre: 4,2%, seguido dos serviços (3,4%) e da indústria (2,1%). No total do ano de 2011 (três trimestres, até setembro), as atividades agrícolas têm 14,2% de crescimento, enquanto o setor de serviços tem 5,3% e o da indústria 3%.
A perspectiva dos economistas da FEE para o fechamento dos números de 2011 também é otimista para o Rio Grande do Sul. De acordo com o presidente da FEE, Adalmir Marchetti, a perspectiva é que o Estado cresça em torno de 5% ao final do ano, enquanto o Brasil, segundo as projeções do IBGE, deve ficar em torno de 3,5%.
Entretanto, a partir de 2012, ainda que o ano inicie com desaceleração da economia, a perspectiva é de retomada do crescimento no Brasil, na faixa dos 5%.
Ainda relacionados aos números do terceiro trimestre de 2011, os produtos que tiveram crescimento destacado no período foram o milho (14,1%), a laranja (11,6%) e o fumo (4,7%), no setor de agropecuária. Nos Serviços, a maior expansão foi no comércio (4,4%), intermediação financeira (3,4%) e administração pública e aluguéis (2,7%). Na indústria, o fumo atingiu o primeiro lugar, com 17,4%, seguido de máquinas e equipamentos (9,4%) e produtos de metal (5,1%).