Travessia de Laguna congestiona a BR 101 Sul

Prometida oficialmente para meados de 2015, a maior obra de engenharia rodoviária em andamento no Sul do país – a Ponte de Laguna na BR-101 SC – transformou-se num congestionamento permanente que na maior parte dos dias úteis supera 10 quilômetros em cada sentido do tráfego. Nos fins de semana do verão, os motoristas gastam mais tempo parados na travessia de Laguna do que na viagem de 270 quilômetros entre Torres e Florianópolis.
A colocação emergencial de balsas poderia ser uma alternativa para o trânsito regional. Outra opção seria alargar/pavimentar a rota Capivari de Baixo-Imaruí-Imbituba, contornando (por dentro) o trombo criado pela falta de planejamento dos órgãos públicos responsáveis – o DNIT e a ANTT.
Iniciada em 2004, a duplicação da BR-101 Sul está concluída em sua maior parte, mas ficaram inexplicavelmente para o fim algumas das obras mais complexas. Orçada em R$ 590 milhões, a ponte de 2.800 metros em Laguna está sendo construída com recursos do PAC-2 por um consórcio liderado pela Camargo Correa Construções e Comércio, que tem 60% do empreendimento e conta com a participação da Aterpa, M. Martins e Construbase.
Sobrepreço
Depois da licitação – a preço fixo, sem aditivos nem trololó, segundo o novo Regime Diferenciado de Contratações (RDC) -, o Tribunal de Contas da União acusou um exagero de R$ 30 milhões no custo estimado da mão-de-obra da região de Laguna.
Como os pronunciamentos do TCU não pesam como sentenças, mas costumam desencadear processos do Ministério Público, a diferença de R$ 30 milhões permanece boiando como matéria vencida nas águas da laguna catarinense, onde, aliás, abunda o camarão. As empreiteiras e o próprio DNIT alegam ter fixado os valores da mão-de-obra acima da média regional porque não havia gente especializada em número suficiente em Laguna e arredores, tanto que dos 1.200 trabalhadores contratados 650 vieram de fora.

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Construção da Ponte da Cabeçuda

 
Até do exterior vieram técnicos e máquinas para ajudar na obra. Se as empreiteiras são nacionais, a tecnologia é global. Uma treliça espanhola foi alugada para instalar as 14 aduelas da ponte estaiada, com vão para passagem de barcos de pesca.
Uma perfuratriz alemã faz os furos de 70 metros de profundidade onde são fixadas as estacas dos mastros da ponte. Cada tubulão consome 300 metros cúbicos de concreto, gerando os pilares mais robustos da BR-101. Nas águas rasas da laguna (apenas 3,50 metros de profundidade), operam 30 balsas.
Esta será a terceira ponte naquele ponto do litoral catarinense. A primeira, metálica, foi construída há mais de 100 anos para o transporte ferroviário e jaz sem uso, corroída pela maresia, à vista dos viajantes que seguem usando a ponte rodoviária construída em 1948 no mesmo aterro da nova linha ferroviária estendida em 1938.
Lacunas catarinas
Fora a ponte de Laguna, ainda restam as seguintes lacunas na BR-101 em território catarinense:
→ o lote 29, licitado em 2004, que envolve o trecho Sombrio-Araranguá e inclui o contorno desta última cidade, cuja população exigiu que a rodovia deixasse o perímetro urbano – deve ser entregue este ano;
→ o túnel (500 metros) do Morro do Formigão, em Tubarão, a ser entregue em maio de 2015, conforme o contrato;
→ a construção do túnel (2.200 metros) do Morro dos Cavalos, perto de Florianópolis, onde existe uma comunidade indígena. É obra que deve demorar quatro anos para ser executada a um custo estimado entre R$ 400 e 450 milhões. A licitação foi autorizada pela licença (ambiental) prévia emitida em 29 de agosto último, mas falta realizar a concorrência. Após a decisão sobre quem vai tocar a obra, será preciso esperar a licença ambiental de instalação, ainda sujeita a discussões entre órgãos estaduais e federais. Na melhor das hipóteses, o túnel fica pronto em fins de 2018.
Geraldo Hasse

Dilma inaugura Rodovia do Parque e promete mais

Depois de uma polêmica que envolveu até a presidente Dilma Rousseff, a BR-448 – maior obra rodoviária federal em andamento no Estado – finalmente fica pronta.
A polêmica surgiu depois que o presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, visitou a obra no início de novembro e disse à imprensa que ia recomendar a suspensão dos trabalhos, para que seja investigada a suspeita de fraude, apontada em relatórios técnicos. A obra, com orçamento superior a R$ 1 bilhão, teria R$ 90 milhões superfaturados.
Com apenas 22 quilômetros, ligando Porto Alegre a Sapucaia do Sul, a BR-448 contorna o Parque do Delta do Jacuí e por isso foi alvo de protestos dos movimentos ambientalistas.
Mesmo assim foi batizada de Rodovia do Parque. Projetada há mais de uma década para desafogar a BR-116 no seu trecho mais congestionado (Porto Alegre-Vale do Sinos), foi licitada e executada em onze meses.
Por contar com o apoio e a torcida da presidente da República, a 448 é conhecida no meio como “a Rodovia da Dilma”. Não por acaso, a presidente reagiu à recomendação do TCU. De passagem pelo Estado no mesmo fim-de-semana, ela protestou dizendo que seria “uma injustiça” paralisar uma obra tão urgente, já quase concluída. “Sejam as irregularidades apuradas e os culpados punidos, mas parar a obra quase pronta não tem sentido”.
Concebida como altenativa para o trânsito na Região Metropolitana de Porto Alegre, a 448 deve absorver cerca de 30% dos 130 mil veículos que trafegam diariamente pela BR 116, entre a capital e o Vale do Sinos. Ela receberá também parte do tráfego da região serrana, contornando Porto Alegre para alcançar a BR-290 na altura de Eldorado do Sul.
Com mais essa carga, a duplicação da BR 290 até Pantano Grande, que ainda está em fase de licitação, torna-se urgente.
O prolongamento da BR-448 de Sapucaia do Sul até Estância Velha já está previsto. O Estudo de Viabilidade já está em andamento, com conclusão prevista para março de 2014. O traçado final desse trecho de 32 quilômetros ainda não está definido mas, como atravessa uma região menos densamente povoada, deve ter um custo bem mais baixo – estimativas preliminares do DNIT falam em R$ 500 milhões.
Outras obras
Na mesma região, no Vale do rio dos Sinos, estão sendo feitos estudos e projetos para alargar as pistas e melhorar as condições de segurança da congestionada BR-116. A resolução desses gargalos vai custar mais de R$ 200 milhões. A prioridade do governo federal é desafogar o tráfego de automóveis de passeio e caminhões de carga nos horários de pico na região metropolitana e nas rodovias que ligam a capital ao Vale do Sinos, a Pelotas (BR-116) e esta ao porto de Rio Grande(BR-392).
As duplicações de rodovias existentes visam nitidamente recuperar um atraso de décadas. É um esforço superior ao realizado para duplicar a BR-101 no trecho Osório-Torres, obra de 90 quilômetros que começou em 2004 e levou oito anos para ficar pronta e foi inaugurada várias vezes, por trechos, pelo presidente Lula. Registre-se ainda que foi concluída este ano, sem foguetes, a penosa duplicação dos menos de 20 quilômetros da BR-290 no trecho Eldorado do Sul-Guaíba.
Ao inaugurar a BR-448, hoje, Dilma confirmou investimentos para melhorias na BR-116, entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, para segunda ponte sobre o Rio Guaíba e a assinatura da ordem de serviço para duplicação de 57,5 km da BR-290, a principal rodovia transversal do Estado. O DNIT e o Consórcio TB – ECB – Etel assinaram contrato para elaboração de projetos e execução de obras de duplicação e de melhorias da BR-290, no valor de R$ 302 milhões em investimentos. Esses lotes fazem parte das obras previstas para o trecho compreendido entre Eldorado do Sul e Pântano Grande com 115,7 quilômetros.

DAER tenta controlar a rodoviária de POA

Paulo Ricardo Velho, diretor de transportes rodoviários do DAER, iniciou o mês de dezembro de 2013 com um calhamaço de 300 páginas em sua mesa: é a minuta do edital de concessão da Estação Rodoviária de Porto Alegre, documento que precisa ser revisto depois de passar pelo crivo da Procuradoria Geral do Estado, a Agergs e a Secretaria da Fazenda.
Após a publicação do edital, os candidatos terão 30 dias para apresentar suas propostas, mas parece pouco provável que haja concorrência para a Veppo & Cia, a empresa originária de Vacaria que desde 1954 detém a concessão de POA e há 11 anos obteve até 2015 uma renovação posteriormente revogada pelo Conselho Rodoviário, órgão máximo do DAER. Na prática, o assunto tem potencial para congestionar alguma vara da Justiça. Na defensiva, a Veppo não respondeu a questionamentos feitos pelo JÁ.
Assim, em vez dos 25 anos para as grandes rodoviárias do Estado, o prazo de renovação da concessão será de apenas cinco anos. Nesse período, embalado na nova onda da mobilidade urbana, o DAER premedita lançar as bases de transformação da rodoviária da capital num terminal multimodal de transportes que contemple não apenas os passageiros de ônibus interurbanos, mas também os de trem, metrô, aquavias e ciclovias, além dos passageiros de ônibus urbanos. Tudo isso depende da integração de vários órgãos públicos municipais, estaduais e federais naturalmente dispersos e divididos por múltiplos interesses partidários.
O DAER chegou a dar um passo nesse sentido ao lançar um concurso arquitetônico visando uma reforma (com ampliação) do prédio da rodoviária, que pertence ao DAER. Só apareceram dois candidatos – um com uma proposta modesta, outro mais sofisticado.
Pesados os projetos, concluiu-se que nenhum deles serviria às necessidades de modernização da estação rodoviária metropolitana. Afinal, o terminal cumpre satisfatoriamente sua missão de interligação rodoviária mas não tem condições de se transformar num grande centro de compras e serviços porque seu público, composto por uma média de 20 a 40 mil pessoas por dia, tem baixo poder aquisitivo. A renda média dos usuários da rodoviária é de 3 salários mínimos. Apenas 20% do público ganha mais do que 5 salários.
Ricardo Nunez, superintendente de terminais rodoviários do DAER, acredita que a Copa do Mundo de 2014 não deverá trazer maiores congestionamentos do que os provocados por feriadões, já que o turista cultural ou esportivo usa vans e ônibus de excursão que partem de outros pontos, como hoteis.
Das outras grandes rodoviárias do Estado, a de Santa Maria acaba de ser concedida ao mesmo concessionária (Irmãos Aita) que a explora desde 1942. A de Pelotas teve o edital de licitação revogado porque o terminal rodoviário pertence ao município que o explora por meio de uma autarquia. O DAER e a Prefeitura local negociam um acordo. O DAER tem direito a 3% do faturamento com passagens rodoviárias, mais uma taxa de manutenção variável. Na soma total, isso representa R$ 6 milhões que vão por ano para o caixa único do Estado.
LINHAS DE ÔNIBUS
Na última semana de novembro, o DAER assinou com a Gistran, de Brasília, o contrato para a elaboração da matriz do transporte intermunicipal de passageiros. A empresa brasiliense, que já prestou esse serviço a outros estados, vai fazer uma pesquisa de origem/destino de passageiros visando dimensionar mercados regionais e estudar a necessidade de criar novas linhas de ônibus ou mudar os atuais fluxos. Em 2015, portanto, o DAER estará apto a leiloar linhas rodoviárias por mercados, o que pode levar ao desmanche de monopólios estabelecidos há décadas.

Rodovia da soja fica com a Odebrecht

A Odebrecht Transport venceu hoje de manhã o leilão para explorar 850 quilômetros da BR-163, em Mato Grosso, ao oferecer deságio de 52% na tarifa de pedágio: 2,63 reais a cada 100 quilômetros, longe do teto de 5,50 reais. “O Mato Grosso cresce mais que o Brasil”, justificou a jornalistas o diretor de rodovias da empresa, Renato Mello.
A “rodovia da soja” transporta as commodities agrícolas para os portos do Sul e Sudeste e passa por Rondonópolis, onde este ano foi inaugurado o maior complexo intermodal no país, a principal vitrine do governo em logística de transportes. O contrato prevê investimentos de R$ 4,6 bilhões em 30 anos, incluindo a construção de um contorno de 10,9 km em Rondonópolis.
A segunda colocada no leilão foi a Triunfo Participações e Investimentos (deságio de 46%). Em seguida, a Invepar (43%), CCR (35%), o consórcio liderado por Fidens (31%), o consórcio da EcoRodovias (27,6%) e, por último, a Galvão Engenharia (deságio de 3%).
Com informações da Agência Brasil/Bovespa.

Trem da ALL mata oito pessoas em São Paulo

Entre os oito mortos em São José do Rio Preto, uma criança e uma gestante. Outras oito pessoas ficaram feridas. O trem da América Latina Logística (ALL), com nove vagões carregados de milho atingiu quatro residências no final da tarde de ontem. As buscas por vítimas que ainda possam estar soterradas continua hoje. Três postes derrubados deixaram a região sem energia elétrica e telefone.
Peritos do Instituto de Criminalística suspeitam que as causas do acidente sejam falta de manutenção na via férrea (dormentes podres) e de um problema mecânico: defeito nos freios.
Em nota, a ALL disse que “prestará todo suporte e apoio”.
O descarrilamento de um trem ontem (24), na cidade de São José do Rio Preto (SP), provocou a morte de oito pessoas, sendo uma criança e uma gestante, além de oito feridos sem gravidade. Segundo a Defesa Civil do Estado, o trem de carga da empresa América Latina Logística (ALL) tinha nove vagões, que transportavam milho.
A composição atingiu quatro residências, por volta das 18 horas, deixando as vítimas soterradas. Equipes do Corpo de Bombeiros permanecem no local buscando vítimas que podem ainda estar soterradas.
Peritos do Instituto de Criminalística suspeitam que as causas do acidente podem ter sido falta de manutenção na via férrea, devido aos dormentes que estariam podres, e de um problema mecânico: defeito nos freios de uma das composições. A Polícia Civil vai instaurar inquérito para averiguar as causas do acidente.
As casas, localizadas entre as Ruas Osvaldo Aranha e Presidente Roosevelt, no Jardim Conceição, foram vistoriadas pela Defesa Civil, a qual constatou que duas delas estão completamente destruídas e duas estão parcialmente danificadas, e permanecerão interditadas até o término dos trabalhos de busca por vítimas. A queda de três postes também deixou os moradores da região sem energia elétrica e telefones.
A América Latina Logística, responsável pela operação no trecho, enviou nota lamentando a fatalidade e se solidarizando com as famílias e vítimas. A empresa informou que prestará todo suporte e apoio. A nota ainda nega o relato de testemunhas, de que o trem estivesse trafegando em alta
velocidade antes do acidente. “Por meio do centro que controla remotamente, via satélite, toda a operação, a empresa confirmou que a composição transitava dentro dos limites de velocidade do trecho. As causas do acidente serão investigadas por meio de sindicância”.
Da Agência Brasil

Sem caixa, Dnit atrasa pagamento de obras

Longe dos holofotes, o general Jorge Ernesto Fraxe fez um relato preocupante sobre a situação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que ele chefia desde a “faxina ética” patrocinada pela presidente Dilma Rousseff em 2011: há atrasos nos pagamentos a empreiteiras responsáveis por serviços já executados nas rodovias federais, riscos de descumprimento no calendário de obras e ações nos tribunais contra a autarquia.
Fraxe, diretor-geral do Dnit, expôs esses problemas em ofício reservado que mandou ao ministro dos Transportes, César Borges, na terça-feira. Ele inicia o ofício com a informação de que o departamento tem R$ 499,9 milhões de obras com “medições já liquidadas”, mas se vê “impedido de emitir ordem bancária de pagamento” às empresas.
“Esta situação se repete há mais de três meses, o que vem a contribuir para o prejuízo na credibilidade do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] junto ao mercado construtor”, afirmou Fraxe no ofício, ao qual o Valor teve acesso.Com franqueza, o general deu sequência ao desabafo, fazendo um alerta:
“Considero tal situação grave e adianto que o Dnit já começou a receber ações judiciais por atraso em pagamentos de serviços utilizados. Além do mais, atrasos em pagamentos refletem-se em atrasos no cronograma de entrega das obras”.Para finalizar, Fraxe pediu o apoio do ministro para “sensibilizar os gestores governamentais” sobre a necessidade de “dispor de fluxo de caixa para fazer frente ao pagamento mensal dos mais de mil contratos ativos” do departamento.
O assunto do ofício reforça o tom de urgência: “necessidade de recursos financeiros para cumprimento das metas estabelecidas pelo PAC”.A carta do general deu a impressão, em executivos do setor privado que lidam rotineiramente com o Dnit, de que o departamento tornou-se a mais nova vítima do esforço governamental em conter gastos e dar ao mercado uma resposta de austeridade após o déficit primário de R$ 9 bilhões no mês de setembro – incluindo Estados e municípios.
Fonte: Folha.com

Ciclovias: Prefeitura ignora audiência pública

Com o plenário da Câmara Municipal lotado, a audiência pública solicitada por duas entidades de ciclistas transcorreu ontem sem nenhum representante da Prefeitura, e com a presenças de poucos vereadores. Nem o presidente da Casa, Tiago Duarte, compareceu. A reunião foi presidida pelo vice, Bernardino Vendruscolo.
O objetivo da audiência era discutir a proposta do Executivo, que altera a lei complementar que instituiu o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI). O projeto encaminhado ao Legislativo retira da lei a exigência de investir 20% da arrecadação com multas de trânsito na construção de ciclovias e em campanhas educativas para o trânsito na Capital.
Na noite de ontem, realizou-se na Câmara Municipal de Porto Alegre uma audiência pública para discutir o projeto de lei complementar do Executivo 010/2013 que cria o Fundo Municipal de Apoio à Implantação do Sistema Cicloviário (FMASC).
Solicitada pelas associações da Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade) e dos Ciclistas de Porto Alegre (ACPA), a reunião foi presidida pelo vice-presidente da Casa, Bernardino Vendruscolo (PROS).
A prefeitura não enviou representantes para explicar a proposta que altera a Lei Complementar nº 626, de 2009, que instituiu o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI). O projeto encaminhado ao Legislativo retira da lei a exigência de investir 20% da arrecadação com multas de trânsito na construção de ciclovias e em campanhas educativas para o trânsito na Capital.
 ciclovia da Restinga

Falando pela Mobicidade, Lívia Araújo mostrou trecho de vídeo no qual o secretário Cezar Busatto promete cumprir o que manda a lei. “É mais uma promessa não cumprida pela prefeitura, que depois ainda entrou na Justiça dizendo que a medida era inconstitucional, mas perdeu”.
Ela lembrou que o PDCI também manda investir o dinheiro das multas em campanhas educativas. “Ou seja, sem fazer isso, podemos dizer que a prefeitura está sendo cúmplice das mortes de ciclistas em Porto Alegre, como o caso do garoto Davi, que foi atropelado na ciclovia da Restinga”, afirmou.
O presidente da ACPA, Pablo Weiss, reclamou do número de vereadores presentes. “Em contraponto, há uma grande quantidade de ciclistas. O que me deixa frustrado, porque nosso objetivo era discutir o projeto com os parlamentares que irão votá-lo mais adiante.” Weiss ressaltou, ainda, que a entidade sugeriu a realização de campanhas educativas em veículos de comunicação de massa.
“A prefeitura alegou que não tinha recursos. Quando falamos na lei dos 20%, o secretário Busatto demonstrou desconhecimento, e o presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, disse que essa lei não vale.”
Representante do Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus), Beto Flach mostrou fotos de ciclovias construídas no lado esquerdo das vias, o que está em desacordo com o PDCI. “Depois de tantos descumprimentos, será que é surpresa a prefeitura enviar um projeto revogando a lei dos 20%? Nosso recado é simples: não mutilem o Plano Cicloviário.”
Marcelo Kalil, do blog Vá de Bici, reforçou o coro contra o Executivo. “Em uma das poucas ferramentas que temos para debater vemos que são poucos os vereadores presentes e que não há nenhum representante da prefeitura. Estamos cansados de retrocesso. Peço que não aprovem este projeto. Se tivermos mais protestos depois, não fiquem surpresos.”
Já Gonzalo Durán, do movimento de pedestres Porto a Pé, questionou:“Não temos que ter um representante do Executivo para explicar alguma mudança na lei? O Legislativo vai cobrar isso da prefeitura? O único representante da prefeitura aqui é a Guarda Municipal”.
O vereador Bernardino respondeu que a legislação autoriza a Câmara Municipal a fazer um requerimento de convocação ao prefeito. “Mas tem que ser aprovado em plenário”, esclareceu.
Vereadores
Sobre a ausência do Executivo, a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) afirmou: “Parece que a prefeitura é uma criança mimada. Quando não está contente, pega a bola e diz que o jogo terminou”. Disse que isso aconteceu quando se questionou o projeto de Jaime Lerner para a orla do Guaíba. “Só a mobilização dos ciclistas, junto com a cidade, é que pode derrotar este projeto que vai na contramão da história”, salientou.
A vereadora Sofia Cavedon (PT) chamou de “autoritarismo e despeito” a ausência da prefeitura. “Aqui nesta Casa, investigam e tentam criminalizar a ocupação da Câmara, que foi organizada e propositiva. A juventude queria falar. Os projetos propostos não andam e sequer o prefeito José Fortunati se dispôs a conversar sobre o passe livre.”
“O método das audiências públicas, mesmo aquelas em que a prefeitura comparece, não tem adiantado. Fala-se muito contra os projetos, mas ninguém escuta”, comentou Marcelo Sgarbossa (PT). O vereador lembrou que a emenda dos 20% das multas foi proposta por Beto Moesch, ex-vereador do PP.
“Foi feito um acordo com o Executivo que nunca foi cumprido.” Encerrou sugerindo que se encaminhe requerimento para impedir a votação do projeto até que um representante do Executivo participe de audiência pública para discutir o tema.
Na fala final, Lívia Araújo (Mobicidade) convocou a todos para entrarem em contato com vereadores cobrando comprometimento com as demandas apresentadas. Pablo Weiss (ACPA) sugeriu que se tentem outras formas para que os ciclistas sejam ouvidos. “Chega de tentarmos diálogo. Temos que parar esta cidade com uma grande manifestação. Só assim seremos escutados.”
Também estiveram presentes os vereadores Alceu Brasinha (PTB) e Reginaldo Pujol (DEM). Antes de encerrar, o vereador Bernardino comprometeu-se a entrar em contato com a prefeitura para buscar a abertura do diálogo.
Maurício Macedo e Claudete Barcellos, com foto de Ederson Nunes/CMPA

Ciclistas em audiência pública hoje à noite

O pedido da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade) e pela Associação de Ciclistas de Porto Alegre (ACPA), acontece nesta segunda-feira (18/11), na Câmara Municipal, audiência pública para discutir o Projeto de Lei Complementar do Executivo 010/2013, que cria o Fundo Municipal de Apoio à Implantação do Sistema Cicloviário (FMASC) e retira da lei a exigência que prevê a utilização de 20% da arrecadação com multas de trânsito na construção de ciclovias na Capital.
O projeto desagrada aos cicloativistas. As duas entidades, que protocolaram o requerimento em 15 de outubro, entendem que este item garante uma fonte importante de recursos para a implementação do Plano Cicloviário e para conscientizar a população sobre a convivência segura entre bicicletas e automóveis.
Já o Executivo, que propôs a criação do fundo, justifica que os valores correspondentes às multas não ingressam de imediato no Orçamento do Município, e portanto sua aplicação não pode ser imediata.
A audiência pública está marcada para se iniciar a partir das 19 horas no Plenário da Câmara Municipal (Avenida Loureiro da Silva, 255).
Com informações da Câmara

TCU cogita suspender obra de rodovia quase pronta

Quase pronta, com custo final estimado em R$ 1 bilhão e inauguração prevista para dezembro, a BR-448 – a maior obra rodoviária federal em andamento no Rio Grande do Sul – corre o risco de ser suspensa por recomendação do Tribunal de Contas da União, cujo presidente João Augusto Ribeiro Nardes a visitou no início de novembro.
Ex-deputado do PP com base em Santo Ângelo, nas Missões, Nardes agiu baseado em evidências técnicas que apontam superfaturamento na obra. Até aí, nenhuma novidade, mas há quem veja disputa política na área, já que o ministro sonha voltar à política quando deixar o TCU. Além de currículo, não lhe falta cacife.
Seu potencial eleitoral ficou à vista na última Feira do Livro de Porto Alegre, quando ele autografou um livro de 320 páginas sobre as origens da família Ribeiro Nardes. Entre diversos políticos e ex-detentores de cargos públicos que fizeram fila de mais de duas horas pelas alamedas da Praça da Alfândega, destacou-se a senadora Ana Amélia Lemos (PP), apontada como candidata ao governo do Estado em 2014.
Com apenas 18 quilômetros ligando Porto Alegre a Sapucaia do Sul, a BR-448 foi projetada, licitada e executada às pressas para desafogar a BR-116 (Porto Alegre-Vale do Sinos), que vive congestionada. Por contar com o apoio e a torcida da presidenta da República, a BR-448 é conhecida como a Rodovia da Dilma.
Uma injustiça
Não por acaso, a presidenta “sentiu” a recomendação do TCU. De passagem pelo Estado no mesmo fim-de-semana, ela protestou dizendo que seria “uma injustiça” paralisar uma obra tão urgente na reta final. Sua reclamação foi apoiada por editorial do Jornal do Comércio, de Porto Alegre.
Por tabela, as suspeitas de irregularidades respingam nos preparativos para o prolongamento da BR-448 de Sapucaia do Sul até Estância Velha. A obra está na fase do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), cuja conclusão está prevista para março de 2014.
O traçado final desse trecho de 32 quilômetros ainda não está definido mas, como atravessa uma região menos densamente povoada, deve ter um custo bem mais baixo – estimativas preliminares do DNIT falam em R$ 500 milhões. Na mesma região, no vale do rio dos Sinos, estão sendo feitos estudos e projetos para alargar as pistas e melhorar as condições de segurança da congestionada BR-116. A resolução desses gargalos vai custar mais de R$ 200 milhões.
A prioridade do governo federal é desafogar o tráfego de automóveis de passeio e caminhões de carga nos horários de pico na região metropolitana e nas rodovias que ligam a capital ao vale do Sinos, a Pelotas (BR-116) e esta ao porto de Rio Grande (BR-392).
As duplicações de rodovias existentes visam nitidamente recuperar um atraso de décadas. É um esforço superior ao realizado para duplicar a BR-101 no trecho Osório-Torres, obra de 90 quilômetros que começou em 2004, levou oito anos para ficar pronta e foi inaugurada várias vezes, por trechos, pelo presidente Lula. Registre-se ainda que foi concluída este ano, sem foguetes, a penosa duplicação dos menos de 20 quilõmetros da BR-290 no trecho Eldorado do Sul-Guaíba.

Hidrovias pedem socorro

Por que o Rio Grande do Sul não aproveita seus rios, que formam uma das maiores redes de transporte fluvial do país?
Esta é a pergunta que estará no centro do debate que a Sociedade de Engenharia e a Associação Brasileira dos Terminais Portuários promovem amanhã a partir das 8h30min no Plaza San Rafael.
O Estado já teve 1.200 quilômetros de vias navegáveis, hoje tem apenas 700 quilômetros. O caso exemplar é o do Rio Gravataí, em cujas margens estão instalados terminais de grandes empresas, mas a falta de dragagem de um pequeno trecho de 1,9 km compromete a navegação em todo rio.
“As Hidrovias do RS – SOS Rio Gravataí” é o nome do evento. Hilário Pires, presidente da Sociedade de Engenharia, Wilen Mantelli, da ABPT, e o engenheiro Francisco Bragança, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da UFRGS, abordam o tema.