O compositor e pianista Armando Albuquerque é o quarto homenageado no Unimúsica, que neste ano comemora os oitenta anos da Universidade do Rio Grande do Sul, apresentando uma série de concertos de sete importantes compositores gaúchos.
Todos eles têm uma especial relação com Porto Alegre, seja porque aqui nasceram ou viveram uma parte importante de suas vidas, seja porque aqui fizeram sua formação, deram início ou firmaram sua trajetória profissional.
Além disso, os sete compositores também têm em comum o fato de apresentarem em suas biografias algum tipo de vínculo com a UFRGS.
A homenagem a Armando Albuquerque, no dia 6 de novembro, terá a um sarau intimista, reúne obras do compositor e a poesia de seus companheiros do modernismo porto-alegrense.
Na música, as peças para piano de Albuquerque com CELSO LOUREIRO CHAVES. Nos poemas, trechos de Augusto Meyer, Athos Damasceno Ferreira, Ruy Cirne Lima e Theodemiro Tostes, na voz de MIRNA SPRITZER.
Armando Albuquerque (1901-1986) foi um dos mais importantes compositores da música erudita brasileira e morou em Porto Alegre a maior parte de sua vida. Classificar a música dele é bem difícil, pois ali tem de tudo: desde as peças muito curtas do início da carreira, quando ele foi colega de Radamés Gnattali na Escola de Belas Artes de Porto Alegre (hoje Instituto de Artes da UFRGS) até as peças mais longas, muito dramáticas, do final da vida.
Para Armando Albuquerque foram 60 anos de música e no Unimúsica o pianista e compositor Celso Loureiro Chaves, que foi aluno dele nos anos 1970, vai mostrar boa parte da produção para piano, da primeira peça, “Pathé-Baby” de 1926, à última, “Sonho III” de 1974.
A poesia, na voz da atriz Mirna Spritzer, lembrará que, nos anos 1920 e 1930, era com os poetas que Armando Albuquerque dialogava; não era com os músicos.
Além disso, foi nos seus amigos poetas que ele foi buscar a inspiração para compor canções eruditas nos anos 1940.
No Unimúsica, vão aparecer poesias de “Poemas da minha cidade” de Athos Damasceno, de “Poemas de Bilu” de Augusto Meyer, vários de Theodemiro Tostes e alguns de “Colônia Z” de Ruy Cirne Lima.
O diálogo da música de Armando Albuquerque com a poesia dos seus companheiros de bar inspirou o Unimúsica de Celso e Mirna.
No palco, música e poesia vão ser colocadas lado a lado. Levando em conta que raramente elas são ouvidas ou lidas, fica a pergunta: por que Porto Alegre dá as costas à sua cultura do passado, despreza tanto a música erudita e a poesia de tempos atrás?
O Unimúsica pretende responder essa pergunta da única maneira possível: tocando, lendo, ouvindo, recitando.
Na música, voltarão os sons trepidantes de Armando Albuquerque com as suas várias correntes, tendências e estilos.
Na poesia, será um momento para relembrar cenas da memória sentimental de uma cidade – Porto Alegre – que desapareceu para sempre.
UNIMÚSICA 2014 | SÉRIE COMPOSITORES – A CIDADE E A MÚSICA
06 de novembro: Armando Albuquerque por Celso Loureiro Chaves, Mirna Spritzer e convidados | Direção de Celso Loureiro Chaves
27 de novembro: Vitor Ramil por Chico César
04 de dezembro: Lupicínio Rodrigues por Adriana Calcanhotto
17 de dezembro: Barbosa Lessa por Yamandu Costa e Camerata Pampeana do Maestro Tasso Bangel | Direção de Renato Mendonça
HOMENAGEM A ARMANDO ALBUQUERQUE POR MIRNA SPRITZER E CELSO LOUREIRO CHAVES|DIREÇÃO DE CELSO LOUREIRO CHAVES
Data: 06 de novembro – quinta-feira – 20h
Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 03 de novembro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br
Informações: Lígia Petrucci | 3308.3933 | 3308.3034 |ligia@difusaocultural.ufrgs. br
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Hamilton de Holanda e Regional Espia Só tocam Octavio Dutra na UFRGS
A série de concertos do Unimúsica, na UFRGS, homenageia grandes nomes da música que tiveram algum vínculo com a universidade. O resultado é uma programação rica, que segue até dezembro.
No dia 1º de outubro, às 16h, Hamilton de Holanda conversa sobre a obra de Octavio Dutra, no palco do Salão de Atos, em workshop aberto ao público.
Octávio Dutra é um excepcional violonista e compositor que vem sendo redescoberto graças ao trabalho de pesquisadores como Márcio de Souza, Arthur de Faria e Hardy Verdana. Ele é um dos personagens mais importantes da música de Porto Alegre no início do século 20.
Violonista e bandolinista virtuoso, Octavio Dutraintegrou as turmas iniciais do Conservatório de Porto Alegre, hoje Instituto de Artes da UFRGS, onde além de aprender a ler e escrever música estudou harmonia e contraponto.
As partituras preservadas (em torno de 500!), cheias de “modulações raras” e “acordes desconcertantes”, nas palavras de Arthur de Faria, abarcam uma infinidade de gêneros, como polcas, valsas, sambas, maxixes e choros.
Dia 2 de outubro, 20h, o concerto em homenagem a Octavio Dutra, no Salão de Atos, terá formação inédita: o Regional Espia Só, que já gravou músicas do pioneiro do chorinho, e o bandolinista Hamilton de Holanda, sob direção de Rafael Ferrari.
Criado a partir das gravações do documentário dedicado a Octavio Dutra dirigido por Saturnino Rocha, o Espia Só tem Luis Arnaldo Cabreira no cavaquinho, Max Garcia no violão de sete cordas, Augusto Maurer no clarinete, Giovani Berticom o pandeiro e Rafael Ferrari (bandolim 10 cordas, arranjos e direção musical).
O instrumentista Hamilton de Holanda demonstra nos mais diversificados projetos o virtuosismo de sua performance no bandolim de 10 cordas.
Dia 23 de outubro, Nei Lisboa será cantado por Ná Ozzetti e a Camerata Unimúsica, sob direção de Vagner Cunha.
Dia 06 de novembro: Armando Albuquerque por Celso Loureiro Chaves, Mirna Spritzer e convidados | Direção de Celso Loureiro Chaves
Dia 27 de novembro: Vitor Ramil por Chico César
04 de dezembro: Lupicínio Rodrigues por Adriana Calcanhotto
17 de dezembro: Barbosa Lessa por Yamandu Costa e Camerata Pampeana do Maestro Tasso
Bangel | Direção de Renato Mendonça
UNIMÚSICA 2014 | SÉRIE COMPOSITORES – A CIDADE E A MÚSICA
WORKSHOP COM HAMILTON DE HOLANDA
Quando: 01 de outubro, quarta-feira, às 16h
Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Inscrições: www.difusaocultural.ufrgs.br
CONCERTO EM HOMENAGEM A OCTÁVIO DUTRA POR REGIONAL ESPIA SÓ E HAMILTON DE HOLANDA
Quando: 02 de outubro, quinta-feira, às 20h
Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Ingresso: A retirada de senhas pode ser realizada através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso, a partir de 29 de setembro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br.
Ira Levin rege a Ospa na UFRGS
O maestro e pianista norte-americano Ira Levin volta ao palco do Salão de Atos da UFRGS para reger a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. No dia 30 de setembro, terça-feira, às 20h30, Levin conduz a orquestra por obras de Mozart e Brahms. É o 15º concerto da série oficial da Ospa em 2014. Levin também é o solista da noite, ao piano.
Ira Levin foi diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo (2002-2005) e da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília (2007-2010). Desde 2013, é o principal regente convidado do Teatro Colón, de Buenos Aires. Como solista, apresentou-se recentemente no Berlin Philharmonic Hall com a Orquestra Sinfônica de Berlim, interpretando Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).
Do compositor austríaco, a Ospa executa o “Concerto para piano nº 22”, K. 482. Este foi um dos três concertos para piano escritos por Mozart no inverno de 1785-1786, época muito produtiva em que criou sua ópera “As bodas de Fígaro”. Neste momento, o músico já havia rompido seu vínculo com a corte, inaugurando nova página na história da música e abrindo espaço para a liberdade do compositor.
A segunda obra da noite é a “Sinfonia nº 2”, Op. 73, de Johannes Brahms (1833-1897). Nascido em Hamburgo, Brahms viveu a maior parte de sua vida em Viena, onde conquistou fortuna e farto reconhecimento. Revolucionou a música de seu tempo, partindo de uma releitura da tradição alemã. A sua segunda sinfonia carrega um clima pastoral – foi escrita no verão de 1877 no cenário de cartão postal da localidade de Portschach, na Áustria.
O concerto presta homenagem ao Correio do Povo, que completa 119 anos de fundação no dia 1º de outubro. Os ingressos começam a ser vendidos no dia anterior ao evento, no Salão de Atos, e custam entre R$ 10 e R$ 20.
Mais informações no site www.ospa.org.br
Ira Levin, regente e solista
A versatilidade das atividades musicais de Ira Levin é reconhecida internacionalmente. Ele regeu mais de mil performances de aproximadamente 60 óperas, e é igualmente familiarizado com concertos. Trabalhou com vários dos principais instrumentistas, cantores e diretores de palco do mundo.
Paralelamente à sua movimentada agenda como maestro, Levin tem escrito muitas transcrições para piano e orquestrações de obras de Liszt, Franck, Busoni e Rachmaninoff, entre outros. O CD “Ira Levin Piano Transcriptions” foi lançado pelo selo espanhol Lindoro em 2007.
Natural de Chicago, Levin começou a ter aulas de piano aos nove anos, e ingressou no programa da Northwestern University School of Music aos 12. Aos 17, iniciou seus estudos de piano com Jorge Bolet na Indiana University, seguindo-o no ano seguinte ao Curtis Institute of Music na Filadelfia, onde se tornou Professor Assistente.
Em 1985, foi assistente de Michael Gielen na Frankfurt Opera, onde estreou como maestro com “Fidelio”. Foi regente principal da Bremen Opera de 1988 a 1996 e da Deutsche Oper am Rhein, de Düsseldorf, de 1996 a 2002. Ocupou o cargo de Principal Regente Convidado na Kassel Opera de 1994 a 1998.
Em 2013, fez uma bem sucedida estreia no Berlin Philharmonic Hall com a Orquestra Sinfônica de Berlim, conduzindo sua orquestração da “Fantasia Contrappuntistica”, de Busoni, a 4ª Sinfonia de Schumann, e apresentando-se como solista ao piano no “Concerto para piano nº 14”, de Mozart.
Nos últimos três anos, regeu a Ospa em cinco oportunidades. É atualmente o principal regente convidado do Teatro Colón, de Buenos Aires.
A Ospa é uma das fundações vinculadas à Secretaria da Cultura do Governo do Rio Grande do Sul (Sedac/RS). Os concertos da temporada 2014 são patrocinados, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, por Vonpar, Ipiranga, Gerdau, Souza Cruz e Brasília Guaíba. Apoio de Stihl e Vinícola Guatambu. A realização é de Ospa, Fundação Cultural Pablo Komlós e Sedac/RS.
Mestres do violão estarão no festival da UFRGS
Alguns dos maiores violonistas da atualidade, estarão presentes no VI Festival de Violão da UFRGS, de 21 a 25 de setembro, em Porto Alegre.
Coordenado pelo professor Daniel Wolff, o evento receberá os brasileiros Egberto Gismonti, Turíbio Santos, Marco Pereira e João Pedro Borges. Do exterior, estarão presentes o alemão Daniel Göritz (professor da Escola Superior de Música de Berlim) e o premiado violonista mexicano Francisco Gil. A prata da casa estará bem representada, com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), Eduardo Castañera e os docentes do setor de violão da UFRGS.
Os eventos ocorrem no Salão de Atos da UFRGS e Sala II (Av. Paulo Gama, 110 – Campus Central), Sala Redenção – Cinema Universitário (Av. Eng. Luiz Englert, s/n – Campus Central) e Instituto de Artes da UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248).
Os concertos, com entrada franca, são de Egberto Gismonti, Marco Pereira, Daniel Göritz (Alemanha), João Pedro Borges, Francisco Gil (México), Turíbio Santos e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (ingresso cortesia para participantes do festival), Daniel Wolff, Flávia Domingues Alves e Paulo Inda (UFRGS), Fernanda Krüger (IFRS), Amanda Carpenedo e Artur Elias Carneiro.
As inscrições para os cursos e palestras de Turíbio Santos, Egberto Gismonti, Marco Pereira, João Pedro Borges, Eduardo Castañera, Flávia D. Alves, Daniel Göritz e Francisco Gil, são feitas somente online, na página do Programa de Extensão, através do link: www.ufrgs.br/artes/extensao/musica (clicar na opção Inscrições em cursos eventuais)
As taxas variam de R$ 120,00 – Executante (aluno UFRGS) a R$ 160,00 – Executante (comunidade em geral). E de R$ 20,00 – Ouvinte (aluno UFRGS) a R$ 30,00 – Ouvinte (comunidade em geral):
Inscrições feitas após o dia 15/09/2014 sofrerão um acréscimo de R$ 20,00.
Será fornecido certificado de participação a todos os executantes, bem como aos ouvintes com um mínimo de 75% de frequência no evento. Os certificados, com registro no MEC, estarão disponíveis, via sistema de Extensão da UFRGS, por um custo de R$4,00 cada, aproximadamente 60 dias após o evento.
Informações:
E-mail do festival: festivalviolaoufrgs2014@gmail.com
No Facebook: www.facebook.com/VFestivalViolaoUfrgs
Programa de Extensão do DMUS – UFRGS
Rua Senho dos Passos, 248 • Centro • Porto Alegre/RS • (51) 3308.4325
E-mail: extmusica@ufrgs.br • site: www.ufrgs.br/artes/extensao/musica
Departamento de Difusão Cultural da UFRGS
Av. Paulo Gama, 110 Campus Central da UFRGS • Mezanino do Salão de Atos F: (51) 3308.30.34 • site: www.difusaocultural.ufrgs.br
Alunos estrangeiros / International students:
Escreva para festivalviolaoufrgs2014@gmail.com para averiguar sobre possibilidade de alojamento gratuito com alunos da UFRGS /
Contact festivalviolaoufrgs2014@gmail.com to inquire about free lodging with UFRGS students.
PROGRAMAÇÃO
Domingo, 21 de setembro:
• 20h – Concerto de abertura com Marco Pereira [Salão de Atos]
Segunda-feira, 22 de setembro:
• 9-12h – Masterclass com Marco Pereira [Sala II]
• 14-16h30 – Oficina com Marco Pereira: “Aspectos harmônicos modais e pós-tonais aplicados ao violão” [Sala II]
• 17-18h30 – Palestra com Eduardo Castañera: “O violão por dentro — Cuidados com o instrumento” [Sala II]
• 20h – Concerto com Daniel Göritz e Daniel Wolff, Paulo Inda e Artur Elias Carneiro, Damas do Violão (Flávia D. Alves, Amanda Carpenedo, Fernanda Krüger) [Auditorium Tasso Correa]
Terça-feira, 23 de setembro:
• 9-12h – Masterclass com Daniel Göritz (Alemanha) [Sala II]
• 12h30-14h – Recital com alunos da UFRGS [Sala II]
• 14h30-16h – Conversa com Turíbio Santos: “A carreira de violonista” [Sala II]
• 16h30-19h – Masterclass e oficina com João Pedro Borges: “O violão no choro” [Sala II]
• 20h30 – Concerto com Turíbio Santos e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre [Salão de Atos]
Quarta-feira, 24 de setembro:
• 9-12h – Masterclass com Turíbio Santos [Sala II]
• 14h00-18h – Oficina com Egberto Gismonti [Sala Redenção]
• 20h – Concerto com Francisco Gil (México) e João Pedro Borges. [Auditorium Tasso Correa]
Quinta-feira, 25 de setembro:
• 9-12h – Masterclass com Francisco Gil (México) [Sala II]
• 14-15h30 – Palestra com Francisco Gil: “A música mexicana para violão depois de Ponce” [Sala II]
• 16-17h30 – Palestra com Flávia Domingues Alves: “Ensino de Violão – Metodologias” [Sala II]
• 20h – Concerto de encerramento com Egberto Gismonti [Salão de Atos]
Prof. Nabinger: no Pampa, gado é mais seguro do que soja
Até alguns anos atrás, pareceria estranho promover uma palestra sobre os campos nativos do Pampa no auditório da Livraria Cultura do Bourbon Shopping, um espaço típico da vida urbana de Porto Alegre. Mas a Fundação Gaia bancou a noitada na terça-feira, 9, ao convidar o agrônomo Carlos Nabinger, da UFRGS, para falar sobre as possibilidades de se praticar uma pecuária sustentável no Pampa, o bioma que a cada ano cede 300 mil hectares às lavouras de grãos e às pastagens artificiais.
O evento em horário nobre juntou mais de meia centena de cabeças. Entre estudantes e agrônomos maduros, lá estava Marcelo Fett Pinto, representante no Rio Grande do Sul da Alianza del Pastizal, instituição criada no Pampa argentino e uruguaio para defender a produção de carne bovina em pastos naturais.
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras da Faculdade de Agronomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Nabinger esclareceu que não é contra nenhuma lavoura, mas lamenta que a pecuária gaúcha, salvo algumas exceções consagradas na Expointer e em exposições e leilões pelo interior, continua restrita a métodos primitivos que a impedem de produzir mais do que 60 a 70 quilos de carne por hectare/ano, quando se sabe que há tecnologia suficiente para multiplicar esses índices por dois, três e até 10 ou 12 vezes.
Entretanto, ele admitiu francamente que não faz sentido “os sabichões da academia” promoverem palestras ou dias de campo para ditar fórmulas técnicas aos homens do campo. “Os produtores agem como agem por uma série de razões ambientais, culturais, econômicas e familiares”, disse o professor, lembrando que a única forma de sair desse impasse é “promover a educação ambiental desde a escola primária”. Uma tarefa para décadas.
Trabalhando na pesquisa do melhoramento da pecuária, Nabinger recomenda que, antes de se atirar na aplicação de insumos modernos oferecidos pelos fabricantes de máquinas e produtos químicos, os produtores devem dar prioridade à “gestão dos processos” para o aproveitamento dos pastos nativos, que vêm sendo castigados pelo excesso de pastoreio. Um diagnóstico feito em 2006 mostrou que os campos naturais do Pampa estavam sobrecarregados por uma carga de 1,1 unidade animal por hectare. “É uma carga muito alta!”, segundo Nabinger.
Arrendamento
Com tamanho índice de ocupação, os campos não se recuperam do pastejo, a vegetação não chega a florescer ou dar sementes, as raízes não se desenvolvem, o excesso de pastoreio provoca a proliferação de plantas impróprias para o consumo animal (alecrim, chirca, caraguatá etc) e o solo fica desprotegido contra chuvas fortes, sofrendo com a erosão. No afã de produzir mais carne, o produtor enche o campo de gado magro que demora a engordar. No final das contas, com a descapitalização e a desvalorização do seu patrimônio, o proprietário opta pelo arrendamento para o plantio de soja. Ou acaba vendendo a terra. Um enredo cada vez mais comum no Pampa.
A alternativa sustentável, permanecendo na pecuária, é reduzir a carga animal para melhorar a condição da pastagem, que crescerá mais, tornando-se mais saudável e nutritiva, apenas pela fotossíntese. “Sem por a mão no bolso”, ou seja, sem investir um tostão, essa simples medida denominada diferimento –“um processso tecnológico”, afirma Nabinger – resulta numa produção anual de 236 kg de carne por hectare. Foi o que se alcançou em experimentos na Depressão Central (vale do Jacuí).
Aplicando outros métodos como a fertilização, a sobressemeadura de pastagens de inverno e de verão, a limpeza do campo (com roçadeira) e irrigação, pode-se chegar até 1000 kg de carne por hectare/ano. Em termos econômicos, isso significa que “gado de corte dá dinheiro como soja”, mas com menor custo e menos risco.
Além disso, a manutenção do campo nativo é um bom negócio para o país, que pode exportar carnes apreciadas em países que destruíram suas coberturas vegetais primitivas. Se é tudo tão simples, como parece, por que não se caminha naturalmente para a pecuária sustentável e rentável?
“É preciso organizar a bagunça”, concluiu Nabinger, lembrando que a educação ambiental é uma via de mão dupla: não basta que o agricultor aprenda o que se ensina nas escolas urbanas sobre ecologia, também os habitantes das cidades precisam se reconectar com a vida no campo.
Paisagem sonora, música e território em debate
Para discutir a dimensão sonora dos espaços, o Grupo de Pesquisa Identidade e Território, ligado à Faculdade de Arquitetura da UFRGS, reúne na próxima semana um grupo de pesquisadores de diversas áreas.
Como o conceito de paisagem vem da Geografia e o de paisagem sonora foi desenvolvido por músicos compositores, os convidados são Lucas Panitz, do PAGUS – Laboratório da Paisagem e do LABES – Laboratório de Espaço Social, do Departamento de Geografia da UFRGS, e o compositor eletroacústico Rafael de Oliveira, doutorando no CIME – Centro de Investigação em Música Electrónica da Universidade de Aveiro, em Portugal.
A apresentação e mediação será feita por Thaís Aragão, mestre em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR-UFRGS) e integrante do GPIT. Com entrada franca e transmissão pela internet, o debate ocorrerá próxima segunda-feira, 16 de setembro, às 19h30min, no auditório da Faculdade de Arquitetura (Av. Sarmento Leite, 320 – térreo – Prédio 12103 do Campus Centro).
Mais informações pelo site www.ufrgs.br/gpit
Livro mostrará perfil do público do OP
As assembleias regionais do Orçamento Participativo estão sendo transmitidas ao vivo pela internet – mms://pwvideo1.procempa.com.br:8080/op . Hoje à noite é a vez da região Centro-Sul, no bairro Cavalhada. Pessoas que já participaram de outras edições do OP estão sendo convidadas por torpedos nos telefones celulares, com o calendário de assembleias.
O projeto OP em Rede permite aos moradores de Porto Alegre votar, pela internet, nas áreas para as quais eles querem que os recursos públicos do Orçamento de 2014 sejam destinados. A consulta pode ser acessada no site do OP: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/op/. A população também pode interagir pelo Facebook (facebook.com/opportoalegre) e pelo Twitter (twitter.com/oppoa).
Hoje a Prefeitura anunciou que o programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em parceria com o Observatório da Cidade de Porto Alegre (ObservaPoa) e Observatório das Metrópoles, vai lançar o livro “Orçamento Participativo de Porto Alegre – Perfil, Avaliação e Percepções do Público Participante”.
O livro traz o perfil do público que participa do OP num período de 22 anos, desde a sua implantação em 1989. Antes do lançamento, será apresentado ao Conselho do OP, na segunda quinzena de agosto, depois das assembléias deste ano.
Painel sobre ditaduras do passado e do presente
“Ditaduras de Segurança Nacional: Essência Histórica e Embates do Tempo Presente (Ação, Perdão e Insubordinação)” é o título do painel que acontece na noite de sexta-feira, 24, das 19h às 21h30. Promovido pelo programa de pós-graduação do Departamento de História da UFRGS, será no Espaço de Convergência da Assembleia Legislativa.
Os painelistas serão Luiz Dario Teixeira Ribeiro, do Departamento de História da UFRGS, Caroline Silveira Bauer, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, e Enrique Serra Padrós, do Programa de Pós-Graduação da Universidade.
O evento tem apoio do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS), Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul (ALERS) e Núcleo de Pesquisa em História (NPH/UFRGS).
Unimúsica reuni Renato Borghetti e Alegre Corrêa pela primeria vez em Porto Alegre
Renato Borghetti e Alegre Corrêa encontram-se no palco do Salão de Atos da UFRGS para comemorar os trinta anos de criação do projeto Unimúsica. A apresentação, que integra a série tempomúsicapensamento, acontece no dia 10 de novembro, às 20h. Os ingressos podem ser retirados a partir do dia 07, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br.
Músicos de performances bastante distintas, Renato Borghetti e Alegre Corrêa têm em comum uma consistente carreira internacional. Ambos portam as raízes locais em suas obras, mas as elaboram e transformam em uma música que reforça a ideia do caráter universal, conseguindo comunicar aqui e em todo lugar. Quando estão juntos, esses instrumentistas sofisticados deixam vaneirões, polcas, chamarras e milongas surgirem de modo fluido, entre convenções e improvisos, graças à amizade de longa data e à admiração mútua.
Renato e Alegre já dividiram o palco na Europa, em turnê pela Áustria, mas esta será a primeira vez que isso acontece no Brasil. Acompanhados pelos músicos que formam o quarteto de Borghettinho – Daniel Sá (violões), Pedrinho Figueiredo (flauta e sax) e Vitor Peixoto (piano) –, eles interpretarão composições do último trabalho de Borghetti, Fandango!, e temas clássicos do folclore gaúcho e do prata.
O berço da trajetória musical de Renato Borghetti foi o CTG 35, do qual seu pai era patrão à época. Sua vida profissional iniciou no cenário efervescente dos festivais de música nativista dos anos 1980 no Rio Grande do Sul. O primeiro álbum de Borghettinho alcançou a marca de cem mil cópias em poucos meses e tornou-se o primeiro disco de ouro da história da música instrumental brasileira.
Na década de 1990, foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte; participou, como convidado, do Projeto Asa Branca, ao lado de Sivuca, Dominguinhos, Elba Ramalho e Alceu Valença; e representou o sul do país no projeto Brasil Musical, junto de Paulo Moura, Hermeto Pascoal, Wagner Tiso e Egberto Gismonti. Hoje ele mantém turnês regulares pela Europa, e sua produção fonográfica conta com mais de vinte discos gravados e dois DVDs.
Alegre Corrêa é gaúcho de Passo Fundo, mas há mais de vinte anos vive em Viena, na Áustria. Sua formação iniciou com o chamamé, a chacarera e a milonga, depois passou para o samba, a bossa nova e a MPB.
Hoje desenvolve um trabalho em que incorpora influências especialmente de Hermeto Pascoal, Tom Jobim e Toninho Horta. Na Europa, participou de diversos grupos, com os quais percorreu os principais países daquele continente. Integrando o The Zawinul Syndicate, liderado pelo tecladista Joe Zawinul, fez turnês também nos Estados Unidos, na América do Sul e na Ásia, e recebeu o Grammy Awards, na categoria melhor álbum de jazz contemporâneo, pelo disco 75, no qual atuou como guitarrista.
ESPETÁCULO:
O Projeto Unimúsica é uma promoção da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS – Departamento de Difusão Cultural.
Data: 10 de novembro – quinta-feira – 20h
Local: Salão de Atos da UFRGS – Av. Paulo Gama, 110
Ingresso: A retirada de senhas pode ser realizada através da troca de 1kg de alimento não-perecível por ingresso, a partir de 07 de novembro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br
Especialista recomenda reduzir exposição à radiação
O engenheiro Álvaro Salles, um dos maiores especialistas brasileiros em telecomunicações, afirma que o anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a radiação emitida pelos aparelhos celulares pode aumentar o risco de câncer nos usuários é a “ponta do iceberg” dos estudos que estão sendo desenvolvidos em diversos países.
Chefe do Laboratório de Comunicações Eletro-Óticas do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRGS, Salles coordena uma equipe de pesquisadores, que há cerca de 15 anos estuda os efeitos biológicos das radiações não-ionizantes (RNI) no organismo humano. Esse tipo de onda eletromagnética é o que permite falar ao telefone sem fio ou acessar a Internet sem fio.
“O que está aparecendo na mídia é só o começo, em função do posicionamento importante, ainda que tardio, da OMS, que tem sido sempre muito conservadora em relação a estas questões”, diz o professor.
Salles explica que já estão disponíveis na literatura cientifica internacional resultados consistentes em relação a diferentes tipos de exposição às radiações. “Especialmente em relação às exposições de baixo nível e de longa duração às RNI, como no caso daqueles que moram ou trabalham próximo a estações fixas de telefonia celular (ERBs), de rádios AM e FM, tevês etc”, explica o professor.
Ele alerta para a disseminação dos sistemas de Comunicações Sem Fio (tipo Wireless), como WiFi, WiMax, Bluetooth etc. “Estes sistemas estão sendo utilizados largamente em residências, locais de trabalho, shopping centers, aeroportos, áreas publicas de lazer, antes de terem provado ser inócuos à saúde. Inclusive estão sendo usados em salas de aulas com crianças, onde elas podem permanecer por várias horas expostas à radiação”, adverte.
Diante dos fortes indícios de que mesmo as radiações de baixo nível e longo tempo de exposição também podem causar efeitos danosos à saúde, o professor recomenda que as pessoas reduzam ao máximo estas exposições. “Os governos, as indústrias e as operadoras deveriam encarar com mais seriedade e responsabilidade estas questões, antes que seja tarde demais para reparar os danos à saúde publica. Quem pagara esta conta? O SUS, que esta pagando a conta do cigarro?”, completa.