O projeto do Polo Naval de Rio Grande foi lançado em 2006, no início do segundo governo Lula, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Dois anos depois já havia recebido R$ 2,4 bilhões de investimentos públicos, conforme registrava numa reportagem laudatória a revista da Federação das Indústrias do RS, em março de 2008.
Em 2014, os investimentos públicos e privados já somavam R$ 25 bilhões, havia três estaleiros funcionando, construíam-se três plataformas, o polo dava emprego a 24 mil pessoas.
O orçamento da cidade de Rio Grande superava os R$ 600 milhões por ano, crescendo 300% em oito anos.
O porto de Rio Grande estava a caminho de se tornar um dos maiores complexos navais do mundo.
Em 2014, na varredura da Operação Lava-Jato investigando contratos da Petrobras, aparecem empresários e executivos dos estaleiros, envolvidos num esquema de propina e contratos superfaturados. São denunciados e presos. Novos contratos dos estaleiros com a Petrobras, são proibidos, as operações definham. Em 2016, cai Dilma Rousseff, que dera continuidade ao projeto naval. Michel Temer, o vice que assumiu após o impeachment de Dilma Rousseff, paralisou todas as operações.
Em 2018, Jair Bolsonaro se elege presidente da República e a Petrobras direciona para Singapura suas encomendas de plataformas e navios.
Oito anos depois, já se sabe que a Lava-Jato, em nome do combate à corrupção, serviu a muitos propósitos políticos. A destruição do Polo Naval e off shore de Rio Grande foi um deles.
Quanto custou ao Brasil, ao Rio Grande do Sul e, principalmente, à população local, o desmonte do Polo Naval e Off Shore de Rio Grande, depois de dez anos de investimentos públicos maciços?
Não apenas o custo em dinheiro, que sobe aos bilhões, também o custo em vidas, em sofrimento, em frustração dos milhares de pessoas que para lá se deslocaram atraídas pelas oportunidades que se abriam.
Esse cálculo está para ser feito e amplamente divulgado, até porque os agentes do desastre do polo naval andam por aí cheios de planos. (EB)