Expira nesta segunda-feira o prazo que a Justiça Federal deu ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) para desocupar área da União onde funciona uma cozinha solidária que produz e distribui cerca de 150 refeições para pessoas em vulnerabilidade alimentar, na avenida Azenha, em Porto Alegre.
A Cozinha Solidária – até sábado, entregou mais de mil refeições. Recebeu quase 500 kg em doações e recebeu a ajuda de cerca de 50 pessoas voluntárias.
O prazo para a Reintegração de Posse se encerra nesta segunda (4/out). O jurídico do movimento já recorreu.
Área para Moradia Popular vai a leilão
No ofício, a Juíza Federal Substituta Ana Maria Wickert Theisen argumenta “[…] em que pese este juízo não ser insensível à iniciativa de cunho social que o MTST pretende desenvolver no imóvel (cozinha solidária), tal circunstância não autoriza os ocupantes a subverterem a ordem legal, ocupando/invadindo prédios públicos […]”.
O imóvel estava gravado como “de interesse social para moradia popular”, segundo conta Cláudia Ávila, 54 anos, advogada do MTST :
“Existia projeto pelo Minha Casa Minha Vida, de construir moradia popular aqui – uma demanda da região – e após receber a posse do imóvel em janeiro desse ano, o gravame foi retirado e colocado à venda. Este imóvel está com leilão marcado para ser vendido para o mercado imobiliário quando era destinado para habitação popular.”
Refeições gratuitas em época de desemprego alto
Cozinha Solidária é o nome de projeto do MTST para o país inteiro: “O objetivo é servir, ao menos, uma refeição diária gratuitamente à comunidade local, nas periferias urbanas, incluindo dias úteis e finais de semana.” A ação pretende ter 26 cozinhas em funcionamento. A da Azenha é a vigésima iniciativa.
Em Porto Alegre, o movimento diz ter duas cozinhas comunitárias há dois anos na Zona Norte, com apoio de diversas entidades como MPA e FAE, que doam também parte do excedente da Feira Ecológica do Bom Fim para a produção das refeições.
A Prefeitura, por exemplo, tem quatro restaurantes populares, denominados Prato Alegre: na Vila Cruzeiro, Lomba do Pinheiro, Restinga e Centro. Somente a unidade do Centro, na rua Garibaldi próximo à Rodoviária, atende aos finais de semana. Isso desde 12 de junho. O custo mensal é em torno de 26 mil reais, para cada restaurante. As cozinhas do MTST trabalham com doações.
Era um espaço de tensão
A ocupação se deu na manhã do domingo 26 de setembro e tomou o terreno em situação de abandono. Trata-se de uma casa e o pátio estava com mato bem alto. Durante a limpeza, além do lixo, muitas bolsas e cartões de créditos foram encontrados, indício de que ladrões tinham o local como esconderijo. No lugar, hortas foram organizadas para cultivo, uso e doação.
A vizinhança visitou e saudou a ocupação. No local, o movimento já realiza atividades como Roda de Capoeira, Candombe, Sarau Poético e Oficina de Horta.
O MTST recebe doações de qualquer natureza na Azenha 1018, via pix rededeabastecimento@gmail.com e mais informações pelo instagram.com/mtst_rs e telefone (51)993451749.
Onde são servidas refeições populares em Porto Alegre, de segunda a sexta, a partir das 11h da manhã:
Cozinha Solidária (MTST)
Azenha – Avenida Azenha, 1018
Prato Alegre (PMPA)
Centro – Rua Garibaldi, 461 (Segunda a segunda)
Vila Cruzeiro – Rua Dona Otília, 210
Lomba do Pinheiro – Rua Cacimbas, 159
Restinga – Estrada Chácara do Banco, 71
Cozinhas Comunitárias (MTST)
Rubem Berta – Loteamento Irmãos Maristas
Sarandi – Loteamento Nosso Senhor do Bonfim