O juro alto foi o maior problema que Lula enfrentou no seu primeiro mandato, há 20 anos.
Em maio de 2003, o impasse da economia travada pelas altas taxas (“entre as maiores do mundo”) rendia manchetes diárias.
A diferença é que, naquele governo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, assim como o avalista de sua política de juro alto para combater a inflação, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, eram escolhas de Lula. Ficava implícito o aval do presidente ao que eles faziam.
Conta o jornalista Bernardo Kuscinski, que viveu de dentro do governo aqueles dias:
“A campanha de terrorismo financeiro, antes mesmo da eleição, levou Lula a fazer um acordo com os bancos, para ter condições de governabilidade. Avalizado por Antonio Palocci e Henrique Meirelles, esse pacto não escrito, mas que incluía metas de contenção de gastos, amarraria suas mãos e travaria o governo durante os primeiros dois anos de mandato, provocando forte pressão interna e deprimindo o presidente”.
“Foi somente a partir da queda de Palocci em março de 2006, que Lula pode dar inicio ao cumprimento de sua principal promessa de campanha”.
“No final do segundo mandato o salário mínimo já equivalia a 256 dólares, mais que o triplo do valor de 2003 quando Lula assumiu”.
“Ao contrário das previsões catastróficas, o aumento do salário mínimo não levou a uma explosão de preços”, registra Kuscinski.
Em sua entrevista em Londres, nesta sexta-feira, quando entra no quinto mês de seu terceiro mandato, Lula fez questão de dizer que Campos Neto não tem compromisso com o Brasil mas com o governo anterior que o nomeou e “os que gostam de juros altos”.
O que Lula diz nas entrelinhas é que se há um acordo do presidente do Banco Central com mundo financeiro e empresarial, para manter essa política de arrocho econômico, ele não tem nada com isso e não vai aceitar uma política de juros que derruba a economia e pode travar seu governo por dois anos. Como vai fazer, já que não pode interferir no Banco Central? Essa é a pergunta.
Pinguço corrupto condenado e sua militância doa política de austeridade fiscal seminova. O kit inclui teto de gastos, metas de inflação, diminuição da máquina pública e um presidente de Banco Central que resiste a baixar a taxa de juros na marra. Tudo em excelente estado de conservação. Na verdade a gente nem tirou da caixa direito. Tratar com…