Por Carolina Teixeira
No último domingo, dia 08 de fevereiro, a folia tomou conta da Cidade Baixa, entre as ruas Lima e Silva e República, na rua Sofia Veloso. Fantasias divertidas, pessoas bonitas e animadas, muito samba e bateria de primeira.
O burburinho iniciou por volta das 15h e estendeu-se até a noite. Entre as atrações estavam a bateria mirim “Areal da Baroneza”, a banda de marchinhas “Charanga do Iran” e o grupo de samba “Na Palma da Mão”, além de convidados especiais e personagens circenses.
O Bloco Maria do Bairro, que colocou sua velha guarda, seu casal de mestre-sala e porta-bandeira e sua rainha da bateria para desfilar, foi quem organizou a função. É o terceiro ano consecutivo que o bloco promove a festa, que inclui apresentação de bandas de samba, marchinhas, bateria e samba-enredo.
O trânsito da Rua Sofia Veloso foi bloqueado e, como nos antigos carnavais de rua de Porto Alegre, foram distribuídos brindes temáticos, serpentinas, confetes e leques de papel. Esse tipo de evento pretende resgatar o aspecto cultural do bairro.
O Carnaval de Rua na Cidade Baixa, que começou por volta de 1972 e que durou até 1984, ressurge como um resgate da tradição dos antigos carnavais de rua e manifestações quase que espontâneas que existiam na cidade e que acabaram com o passar dos anos.
“A tradição do carnaval ao ar livre é um costume no Rio de Janeiro e é cultivada por centenas de foliões que passam o ano aguardando a grande festa, momento de confraternizar com os amigos, com os vizinhos, com a sociedade”, destaca Rafael Tombini, sócio da empresa e um dos realizadores da atividade. “A Maria vive a cultura e acredita que qualquer forma de manifestação artística deve sempre ser incentivada”, complementa.
Desde sua primeira edição, os organizadores do evento buscam resgatar o romantismo e a cultura dos carnavais de rua de antigamente, numa festa para a comunidade. Em 2008, cerca de 2 mil pessoas participaram do evento. Para este ano, a Maria Cultura passou uma estimativa de um público aproximado de 3 mil pessoas, entre moradores do bairro, jovens, crianças, idosos e famílias.
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Moradores protestam contra ampliação do aeroporto
Associação de moradores não concorda com ampliação do Salgado Filho. Entidade vai ao MPF pedir cancelamento de vôos noturnos e medição de ruído antes das obras
A Associação de Moradores do Jardim Lindóia (AMAL), na Zona Norte de Porto Alegre, comprou uma briga das grandes. Está contra a ampliação do Aeroporto Internacional Salgado Filho, cuja Licença Prévia (LP) foi concedida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na terça-feira (04/02).
Eles se dizem surpreendidos pela concessão da LP, a primeira das três licenças necessárias para a obra sair do papel. O presidente da AMAL, Daniel Kieling, disse estranhar ainda mais a exigência da Fepam para que a Infraero monitore o ruído no Lindóia após a obra estar concluída. “Monitorar o ruído depois de aumentar a pista não evitará transtornos aos mais de 250 mil moradores da Zona Norte da cidade”, afirma.
O próximo passo dessa batalha será entrar com duas ações no Ministério Público Federal (MPF) já na semana que vem. Além de requisitar a avaliação do ruído de madrugada por algum órgão independente, vão solicitar o cancelamento de todos os vôos noturnos. Impossível? Kieling considera que não. “Todos os vôos noturnos são de carga e o ruído provocado por eles fere todas normas conhecidas”, afirma.
A associação encaminhou ontem (05/02) um ofício à Secretaria do Meio Ambiente do Município (SMAM) e a própria Fepam requerendo essa medição. “Digo mais, como acreditar na Fepam que troca de direção para conceder licença para as reflorestadoras. É fato que ninguém avaliou o ruído e é uma vergonha o que está acontecendo na Fepam, aliás mais uma vergonha pública no Governo do Estado”, afirma.
Pista terá mais de três quilômetros de comprimento
A LP autoriza ampliação da pista de pouso e decolagem e de pista de taxiway , onde os aviões maiores manobram até chegar às pontes de embarque, em mais 920 metros de comprimento, contemplando também pavimentação e macrodrenagem. A pista passaria de 2.280 metros para 3.200 m de extensão e a largura de 42 m para 45 metros.
Também foi solicitado a Infraero a remoção e reassentamento dos moradores das Vilas Dique e Nazaré, que ficam atrás do aeroporto em direção a avenida Sertório. A remoção das vilas é uma das condições que a Fepam impôs para conceder a Licença de Instalação, que autoriza as obras.
Na concessão da LP ainda foi exigido que a supressão de vegetação seja feita com autorização da SMAM e que não poderão ser utilizados locais próximos aos recursos hídricos para descarte de bota-foras, além de que a futura execução das obras seja feita com supervisão ambiental, entre outros cuidados previstos pela legislação.
Para Luiz Fernando Gonzalez, morador do bairro e membro da AMAL, a obra além de causar transtornos aos moradores da Zona Norte, é injustificável já que servirá para aviões de carga apenas. Ele garante que 90% da carga que chega à Porto Alegre é enviada posteriormente para Passo Fundo e principalmente Caxias do Sul. “Qual a razão de não ampliarem os aeroportos dessas cidades já que a carga que chega aqui vai pra lá”, questiona Gonzalez.
De acordo com ele, a AMAL inclusive foi procurada nesta semana por uma pessoa que se disse ligada à prefeitura de Passo Fundo interessada em levar o empreendimento pra lá. “Ele não quis se identificar mas se mostrou solidário com nossa causa”, diz.
Prova de motor
Conforme um mecânico de uma companhia aérea, identificado como “Marcos”, os moradores do Lindóia estão exagerando. Segundo ele, os cargueiros, apesar de maiores, são mais modernos do que a maioria das aeronaves que chegam em Porto Alegre, como os 727, pequeninos e barulhentos.
Marcos explica que barulho de verdade é o da prova de motor que é feito com o avião no chão e que chega a durar uma hora. “O ruído das aeronaves pousando ou decolando não é o problema, isso não vai piorar com certeza”, diz ele. As provas de motor não podem ser feitas entre as 22h e 7h.
A razão para a ampliação da pista é meramente econômica. Hoje um cargueiro Boeing 747, por exemplo, tem que fazer duas viagens porque não consegue pousar com sua capacidade a pleno. “Esses aviões vão e voltam sempre com carga pela metade, e isso obviamente custa caro”, afirma.
Kieling destaca que a associação já requisitou formalmente em duas Audiências Públicas que essa prova de motor seja realizada numa outra área, num terreno próximo ao Hipermercado Big, na Sertório.
Esse pedido, no entanto, dificilmente será atendido, já que o então secretário de Planejamento, José Fortunati, descartou a hipótese por acreditar que “jamais passaria pelo Estudo de Impacto de Vizinhança. Mesmo assim, os moradores prometem insistir na idéia. Hoje a prova de motor funciona na Varig Engenharia e Manutençao (VEM), antiga subsidiária da Varig e numa área mais distante do Lindóia.
O presidente da AMAL contesta a modernidade dos cargueiros que pousam no Salgado Filho. Cita um 707 da Skymaster Airlines com suas quatro turbinas de turbo jato ainda da década de 1970.
Depois do fogo, a chuva bate na Vila Chocolatão
Por Daiane Menezes
O incêndio de segunda-feira na Vila Chocolatão destruiu quase metade dos casebres, mais de 50. Passa de 250 o número de desabrigados. A maior parte deles é crianças. Depois da chuva da noite de quarta, o terreno estava todo embarrado.
Seu Paulo Roberto Soares Correia fazia um sopão para sua família com um pacote de massa. Além disso, café preto. Ele está morando provisoriamente num galpão de reciclagem com sua mulher, seus quatro filhos e seus cachorros – um deles chama-se Faísca. Nome ruim para um cão que vive em um local que incendiou sete vezes desde 2003.
Paulo aponta para a região agora terraplanada e diz “eu moro ali, queimou tudo”. Apesar das perdas provocadas pelos incêndios recorrentes e do prazo de dez meses que têm para deixar o terreno da Justiça Federal, o discurso dos moradores é sempre o mesmo. “Vão fazer casas de emergência, mas o pessoal não quer sair daqui. É uma questão de sobrevivência”, diz ele. Na mesma linha, Marlene Isabel Queiroz de Souza, moradora da Chocolatão desde 1984, argumenta: “lá na Zona Norte vamos morrer de fome, porque aqui todo mundo puxa carro”. A maior fonte de renda da comunidade é a separação de lixo reciclável.
Na vila há muita solidariedade. “Cada pessoa agasalhou uma família”, diz Marlene. Há quase tanto cachorro quanto pessoas em frente aos barracos que sobraram. No meio do terreno há ainda alguns sinais da queimada, mas já está limpo e aterrado. Ali serão construídas casas de emergência, de 3 metros por 3 metros. Três bares queimaram, com todos os produtos que eram vendidos e o dinheiro. Antônio Lázaro Silva de Oliveira também não teve sorte: “Estou na casa de um vizinho. Não deu para salvar nem os documentos”.
Doações de estantes e armários foram feitas de forma misteriosa. No bar Dois Irmãos, que não foi atingido pelo fogo, Fabiano diz: “Se não foi um anjo, foi uma anja”. Se aqueles móveis vão caber nas casas que deverão ser construídas para a comunidade, é outra questão. Neste bar, alguns objetos que foram salvos das chamas, entre eles um fogão de seis bocas e uma moto.
Outros pavilhões de separação de lixo também viraram dormitórios. Na vila há uma pracinha e uma estrutura de banheiros com tanques de lavar roupa. Os casebres construídos com lonas, telhas e madeira, junto com o lixo espalhado pelo chão, produzem um colorido estranho para a paisagem. O café da manhã da criançada da vila foi banana e copinhos d’água. Um ou outro adulto apareceu com um pedaço de pão na mão. Na casa onde a comida é distribuída há também pilhas de roupas.
De todos os políticos que passaram pela Chocolatão na época da eleição, só apareceram por lá durante o incêndio os vereadores Pedro Ruas e Carlos Comassetto, e o prefeito Fogaça, que “entrou lá por trás, pelo lado limpo”, diz Tia Lena. Ao sair da vila, o homem que veio junto com os caminhões preparar o terreno para a construção das casas de emergência disse: “Pessoal relaxado, deixa tudo sujo”. Não é por nada, afinal eles vivem recolhendo lixo nas ruas.
Cinema como Porto Alegre nunca viu
Por Emily Canto Nunes
Em dezembro, o shopping Iguatemi inaugurou seis salas de exibição. “Cinema como Porto Alegre Nunca Viu” é o texto de propaganda. De fato, eu nunca tinha visto um atendimento tão ruim quanto esse.
Fui lá assistir dois dos grandes sucessos de bilheteria em cartaz. Foram duas experiências infelizes. Entre todas as tecnologias esperadas – som sei lá das quantas e tela com sei lá qual definição – o GNC do Iguatemi oferece a compra de ingresso com lugar marcado, aliás, o grande trunfo da rede.
Antes de criticar é necessário fazer justiça aos outros serviços que o cinema oferece: lounge confortável, bilheterias especiais para atendimento a crianças e cadeirantes, sala para projeção em 3D e sala com som THX, telas gigantes de alta definição, poltronas reclináveis e duas bomboniéres.
Em tese, o sistema de local marcado seria o fim das filas. No guichê, uma atendente mostra numa tela os assentos disponíveis. Além da rapidez, o lugar marcado evita aquele constrangimento de pedir para o cara ao lado mudar de lugar para que você e seu acompanhante caibam nas duas poltronas que restam naquela fila. Também existe a possibilidade do cliente comprar o ingresso antecipado com lugar marcado através de um dos totens de auto-atendimento localizados por perto. Tudo muito bonito, tudo muito bom, mas, na prática, não foi tão legal assim.
No sábado 10, fui ver Bolt – Supercão (sim, dublado) com meu primo de cinco anos. Após alguns minutos toleráveis de atraso, o filme iniciou. Passados os trailers, começou aquela inconfundível e característica sucessão de logos dos filmes brasileiros e eu me questionei sobre quanto desinformada estava para não saber que o filme que veríamos era brasileiro.
Durante o prólogo, notei uma movimentação de mães da platéia, mas não dei bola, estava mais preocupada em me afundar na poltrona confortável e me preparar para as horas que viriam a seguir: os desenhos tinham vozes tão chatas e eram tão bobos que se meu primo de cinco anos pedisse para ir embora no meio da sessão eu não me espantaria e concordaria de imediato.
Porém, assim que apareceu o título do filme – O Grilo Feliz E Os Insetos Gigantes – a projeção parou. Sim, alguém errou o filme, não eu. Mais alguns minutos de espera e a sessão que era para durar 1h36min durou praticamente duas horas. O comentário do meu primo, após a sessão, foi: “Gostei. Só achei muito comprido”.
Já no domingo 11, retornei ao mesmo cinema com uma amiga para ver A Troca, de Clint Eastwood. Chegamos 10 minutos antes de iniciar a sessão. Ao nos dirigirmos à sala, deparamo-nos com o impossível: uma fila. A sessão estava atrasada. E, pelo número de pessoas esperando próximo às portas, não era somente a nossa. Mas, e aquela história de escolher o lugar para acabar com as filas? Ba-le-la. Após 10 minutos aguardando, finalmente entramos na sala e sentamos para, sim, aguardar por mais outros 15 minutos o filme começar. As pessoas chegaram a bater palmas em protesto, o que motivou uma funcionária a entrar na sala e tentar explicar, sem sucesso, o ocorrido. Ou melhor, o inexplicável.
Cinema que cobra caro e atrasa muito o início da sessão mesmo funcionando com sistema de lugar marcado é algo que, realmente, Porto Alegre nunca tinha visto.
Ambulantes que ficarem fora do camelódromo poderão ir para os bairros
Incluído entre as realizações de José Fogaça, o Centro Popular de Compras foi um dos destaques na campanha de reeleição do prefeito, embora não estivesse totalmente concluído.
A inauguração do prédio de dois módulos, com 20 mil metros construídos, foi marcada inicialmente para setembro, depois para outubro e, agora, foi adiada para janeiro.
Quando ele começar a funcionar, não será mais permitida a presença de ambulantes nas ruas do centro. Mas a SMIC vai permitir que se instalem nos bairros do entorno os que são cadastrados e não tem lugar no camelódromo.
Foi transferida para janeiro de 2009 a inauguração do Centro Popular de Compras, o Camelódromo, no centro de Porto Alegre. Foi o quarto adiamento desde o início da construção, em setembro de 2007.
Dúvidas não faltam a respeito da obra, orçada em R$ 14 milhões e entregue por licitação à construtora Verdicon, empresa de Erechim, especializada na construção de presídios. Ela constrói o prédio de 20 mil metros quadrados, em dois módulos, em troca da permissão para explorar comercialmente o local por 25 anos, com direito a duas renovações de cinco anos cada.
Serão 800 boxes, alugados aos camelôs, mais praça de alimentação e um estacionamento, não previsto no projeto original.
Inicialmente, tudo seria explorado pela concessionária, mas depois de uma denúncia do Jornal do Centro – de que a empresa iria arrecadar R$ 120 milhões a mais, sem nenhuma contrapartida ao município, houve mudança. O estacionamento será explorado pela EPTC, até uma nova licitação.
Há polêmica também quanto à lista dos selecionados para ocupar os 800 boxes do CPC. Durante a campanha eleitoral, apareceu o nome de Juarez Gutierrez de Souza, candidato à vice-prefeito em Viamão pelo PMDB.
Funcionário público estadual, Gutierrez declarou ao Tribunal Regional Eleitoral um patrimônio de R$ 90 mil, incluindo um imóvel de 100 m² em Viamão e três automóveis. “Desde 1981, o funcionário público tem cadastro na secretaria, estando em condições totalmente legais”, justificou o secretário municipal de Indústria e Comercio, Léo Antônio Bulling.
O secretário, reconhece que a a legislação tem brechas que podem levar a distorções. Não é obrigatório, por exemplo, que o trabalhador da banca seja o signatário do contrato. “A legislação facultou ao ambulante ter o chamado auxiliar. E isso possibilita que o titular tenha outra atividade”.
Não há também, segundo Bulling, impedimento a um camelô que possua outra fonte de renda. “Eticamente é incorreto, pois esse espaço público é para suprir uma necessidade de uma pessoa que não tem emprego. Mas legalmente não há o que impeça”.
As afirmativas de Bulling reforçam os comentários entre os ambulantes, de que está havendo venda dos espaços por quem foi contemplado com uma vaga. Uma das entidades que representa os camelôs está preparando um dossiê sobre o tema, mas não adianta os resultados do levantamento.
Quem sobrar vai para os bairros
Segundo a Smic, estão registrados 840 camelôs com bancas fixas no cetro de Porto Alegre. “Por isso idealizamos o camelódromo para 800 bancas”, observa o secretário Léo Antônio Bulling.
Ele admite que há mais gente sem registro na Smic. É o caso de Ana Cláudia Fonseca dos Santos, de 37 anos, 20 deles dedicados à atividade ambulante. Ela e seus dois filhos dependem exclusivamente da venda de bijuterias. “Querem exterminar nossa classe”, desabafa.
Muitos outros camelôs afirmam ter ficado de fora do espaço da Prefeitura. A maioria garante que não vai sair das ruas do Centro. “Não sei os outros, mas eu não vou”, promete uma camelô que tem mais de 30 anos de praça.
Prevenida, ela está antecipando a quitação de suas dívidas e também trancou a faculdade da filha, pois não sabe como obter outro rendimento caso seja impedida de trabalhar na rua.
Aos 40 ambulantes registrados, que ficarão fora do camelódromo, a secretaria vai oferecer a alternativa de irem para os bairros. “Como a legislação proíbe a instalação de qualquer banca de camelô no centro após instalado o CPC, nós iremos oportunizar para essas pessoas, para que não fiquem sem trabalho, para se dirigirem aos bairros”, revela.
Com reportagem de Priscila Pasko e Gabriel Sobé
Smic prepara licitação do estacionamento
A Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), por meio de sua assessoria jurídica, deve finalizar nos próximos dias os termos para o edital de licitação prevendo concorrência pública para a exploração do estacionamento do Centro Popular de Compras do Terminal Rui Barbosa (CPC), o Camelódromo, atendendo à recomendação do Ministério Público. As obras devem estar concluídas no próximo mês.
Responsável pela construção do Camelódromo, que se deu graças a uma Parceria Público-Privada (PPP), a empresa Verdicon Construções já adiantou que não pretende participar dessa nova concorrência para a exploração comercial das 216 vagas do estacionamento.
No contrato assinado entre a prefeitura e a Verdicon, ficou acertado que a empresa construiria o empreendimento, num investimento de R$ 14 milhões, e que, em troca, teria 25 anos para a exploração comercial do Camelódromo, prazo renovável por dois períodos de cinco anos. (do site da prefeitura)
Estrutura do camelódromo
– Localizado na Praça Ruy Barbosa, entre as avenidas Mauá e Voluntários da Pátria, o novo empreendimento vai abrigar 800 camelôs licenciados, numa área de 2.914 metros quadrados
– A plataforma de concreto é de 10 mil metros quadrados, sobre o terminal de ônibus na Praça Ruy Barbosa
– Cruzará a Avenida Júlio de Castilhos por uma passarela totalmente coberta até Avenida Mauá
– Cada comerciante ocupará um Box, que terá de três a quatro metros quadrados, contendo pontos de luz, água, esgoto e telefone, com aluguel estimado em R$ 300
– Com acesso a todas as calçadas e interligado às ruas do entorno, o CPC terá ainda lojas-âncoras, como restaurante popular, farmácia e agência bancária
– O projeto prevê jardins descobertos, praça de alimentação, sanitários, acesso para deficientes, sistema de segurança por câmeras de vídeo e policiamento
– Serão instalados 30 filtros de carvão ativado. Cada filtro terá a capacidade de renovação de 60 mil metros cúbicos de ar por minuto. Os equipamentos têm a função de filtrar os gases gerados pelos ônibus.
Justiça libera votação do Pontal do Estaleiro
O desembargador Jorge Maraschin dos Santos, do Tribunal de Justiça do Estado, suspendeu na noite desta terça-feira (28/10)a liminar que impedia a votação do projeto Pontal do Estaleiro, que prevê a construção de um conjunto de prédios na orla do Buaiba, na área antes ocupada pelo extinto estaleiro Só.
A liminar havia sido concedida no dia 14 de outubro ao vereador Beto Moesch (PP) contra ato do presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Sebastião Melo (PMDB), que colocaria o projeto para votação, no dia 15.
A suspensão foi concedida por volta das 21h30min, quando o desembargador examinou agravo de instrumento que havia sido impetrado pela Procuradoria da Câmara Municipal contra a liminar concedida anteriormente pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado, Eugênio Couto Terra.
Com a liberação o projeto pode ser votado a qualquer momento, porém, há informações de que a Mesa Diretora da Casa vai retirá-lo da pauta, já que o regime de urgência na votação só pode ser instituído mediante acordo entre a slideranças.
A mobilização contra a aprovação se intensificou. Na manhã desta quarta-feira, representantes de entidades comunitárias se concentraram na Câmara para pressionar os vereadores e o Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura da UFRGS convocou uma passeata que vai sair do campus central depois do meio dia para chegar à Câmara no início da sessão plenária.
Tensão e incerteza no centro às vésperas da inauguração do Camelódromo
Se o Centro Popular de Compras, que será inaugurando ainda no final de outubro, no Centro de Porto Alegre, está deixando muitos comerciantes satisfeitos, não se pode dizer o mesmo dos vendedores ambulantes.
Tanto os que não conseguiram fazer parte do novo espaço, quanto os contemplados com o box, todos têm alguma reivindicação a fazer. “Eles querem o extermínio de uma classe”, protesta a vendedora ambulante Ana Cláudia Fonseca dos Santos, de 37 anos, 20 deles dedicado à atividade.
Ela, que depende exclusivamente da venda de suas bijuterias, com que sustenta os dois filhos, não conseguiu ficar entre os 800 camelôs que serão abrigados no novo espaço. Ana Cláudia pretende recolher 40 mil assinaturas para criar uma lei de iniciativa popular. Com este documento, ela pretende garantir aos vendedores da Rua da Praia e da Praça XV um espaço de venda fixo.
A razão para a rejeição da maioria dos ambulantes que hoje ocupam alguns pontos do Centro de Porto Alegre diz respeito, principalmente, aos custos. Atualmente os vendedores que ocupam estes pontos gastam em média R$180 por mês. Entre as despesas estão incluídos os custos com o depósito dos produtos que são vendidos, alimentação e passagem.
Mas a partir do final do mês de outubro, quando o Centro Popular de compras deverá funcionar, já está estipulado o pagamento de R$ 124,80 por semana, mais as despesas próprias como luz, serviços de limpeza e de vigilância do prédio.
“Se a gente vai ter que pagar quase R$ 400,00 por mês porque teremos que desembolsar mais o custo de limpeza e segurança? Nós pedimos um camelódromo e que nos deram foi um shopping” reclama uma camelô que não quis ser identificada, por temer represálias por parte da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (Smic).
Algumas bancas não somam R$ 250,00 em mercadorias. A maior preocupação é de que forma se terá garantia do pagamento semanal dos espaços, pois, conforme o contrato, o não cumprimento implica multa e suspensão do contrato de locação.
Alguns vendedores também rejeitam o Centro Popular de Compras porque a exposição dos produtos será prejudicada. “Aqui na rua, fica mais fácil para quem está a caminho comprar. Agora quem vai querer se deslocar até o CPC e olhar cada um dos 800 estandes?”, reclama outra camelô.
Os vendedores dizem se sentir “enganados” pela Smic, já que o primeiro projeto apresentado a eles pela secretaria difere do prédio que está sendo erguido. Uma reunião com os ambulantes para discutir os pontos polêmicos, marcada para a última terça-feira, foi suspensa pela Smic.
O projeto prevê escadas rolantes, elevadores, ocupação de redes de fast food, farmácia e estacionamento. Conforme a Smic, a obra já está na sua fase final, com prazo de conclusão para o final do mês de outubro.
Até o início desta semana 781 camelôs já haviam se cadastrado. O restante terá até esta sexta-feira, 10, para aderirem ao centro Popular de Compras, caso contrário, os suplentes começarão a ser chamados no dia 13, segunda-feira.
Fogaça e Maria do Rosário foram os mais atacados no último debate
Elmar Bones
O último e mais esperado debate entre os candidados à prefeitura de Porto Alegre, na RBS TV, foi decepcionante, como todos os outros. Os pontos polêmicos levantados ao longo da campanha continuaram sem esclarecimento, os problemas concretos da cidade foram escamoteados por versões contraditórias.
Era para ser uma grande discussão sobre propostas e idéias, como anunciou o apresentador Lasier Martins. Foi mais um cansativo torneio de frases feitas e de bordões de campanha, repetidos à exaustão.
Os poucos momentos de tensão foram patrocinados pela candidata do Psol, Luciana Genro, e por Onyx Lorenzoni, do Dem, ambos deputados federais, buscando o primeiro cargo executivo.
Eles parecem acreditar numa tendência revelada nas últimas eleições estaduais, quando candidatos que pelas pesquisas não tinham chance de chegar sequer ao segundo turno acabaram vencendo o pleito.
Caso de Olívio Dutra, em 1998, caso de Germano Rigotto em 2002 e caso de Yeda Crusius em 2006. Nenhum deles parecia ter chances quando começou a campanha.
De olho no eleitorado à direita, Onyx Lorenzoni, do Dem, aprofundou suas críticas à administração Fogaça. O prefeito, que busca a reeleição, aparece como favorito nas pesquisas com mais de 30% das intenções de voto.
Oscilando entre os 5 e 8% nas últimas pesquisas, Ônix concorre pela segunda vez com uma plataforma populista, cujas prioridades seriam um programa de “Bolsa Creche” e a passagem única no transporte coletivo.
O crescimento nas pesquisas da última semana reforçou nele a crença de que pode ser “a zebra da vez”. Como sua possibilidade de agregar votos da esquerda é mínima, ele se voltou para o eleitorado de Fogaça, que vai do centro para a direita.
O principal ponto em que Onyx bate é o TRI, o cartão eletrônico para o transporte coletivo. Ele diz que o TRI é uma versão distorcida do projeto da passagem única, que foi uma das promessas de campanha de Fogaça na eleição anterior. “Levou três anos e meio para fazer e acabou implantando, um mês antes da eleição, um sistema que em vez de beneficiar o trabalhador, beneficia as empresas de ônibus”, ele diz.
Ele calcula que os 100 mil usuários que já adotam o TRI estão proporcionando uma antecipação de receita de R$ 8 milhões e.400 mil às empresas transportadoras, sem terem uma devida contrapartida.
Diferente da passagem única, em que o usuário paga uma vez para diversos trajetos complementares, o TRI dá um desconto de 50% no segundo embarque, desde que ele ocorra no máximo meia hora depois.
Ônyx diz também, para justificar o seu Bolsa creche, que Porto Alegre tem 40 mil crianças, filhos de mães que trabalham, sem acesso a creches.
Luciana Genro, do Psol, tem como bandeira o combate à corrupção e a moralidade no serviço público. Acusa Fogaça de ter sido conivente com fraudes em várias licitações (DMLU, Camelódromo, Araújo Viana) que exigiram intervenção do Ministério Público.
Ela bate também em Maria do Rosário e, menos, em Manoela. A ambas acusa de serem coniventes com irregularidades no Complexo Hospitalar Conceição, o maior do SUS no Estado, administrado pela deputada Jussara Cony, do PCdoB, com cargos loteados entre PT e PMDB. “Vocês são muito parecidas”, disse Luciana a Rosário e Manuela.
Ela reserva, porém, suas críticas mais agressivas à candidata petista, em cujo reduto tem mais chances, até pela sua condição de ex-petista, de colher votos.
A acusação mais grave que faz à Maria do Rosário é de ter se aliado ao ex-ministro José Dircey para vencer a prévia em Porto Alegre, contra toda a cúpula do PT que queria Miguel Rossetto como candidato do partido. “Todos sabem que quem está por trás da tua candidatura é o Zé Dirceu, o operador do mensalão”, disse nos debates.
Maria do Rosário e Fogaça pediram direito de resposta para rebater as acusações, mas foi negado. O debate da RBS teve apenas seis candidatos. O candidato do PSH, Carlos Gomes fez um acordo com a emissora e ganhou várias inserções no intervalo do programa. E Vera Guasso, do PSTU, como não tem representação parlamentar, não foi convidada.
Inauguração do camelódromo será no segundo turno
Pela terceira vez foi adiada a inauguração do Centro Popular de Compras que está em construção no centro de Porto Alegre, como solução para um problema já histórico da cidade: os vendedores ambulantes que ocupam as ruas da área central.
Prometido para o início, depois para o fim de setembro, o prédio agora só ficará pronto no final de outubro, se tudo correr bem. “Ainda temos uns 20 dias em trabalhos de acabamento se a chuva não atrapalhar”, disse o engenheiro Roberto Moura, responsável pela obra.
A coordenadora da sessão de Licenciamento de Utilidades Ambulantes da Smic, Irapuama May, prevê no site da secretaria mais uns 15 dias de trabalho para o cadastramento dos camelôs.
São 20 mil metros quadrados de área construída em dois módulos (um com dois, outro com três andares) ligados por uma passarela sobre a avenida Julio de Castilhos. O prédio terá ainda um estacionamento que será explorado pela EPTC e postos de serviços públicos.
Os 800 boxes terão tamanhos variáveis desde dois metros de comprimento por um de largura até 8 metros x 3 metros. Os comerciantes pagarão R$ 24,96 por semana, por metro quadrado. Ou seja, o valor dos aluguéis mensais vão variar entre R$ 190,oo (para os boxes menores) e R$ 600 para os maiores.
A Verdicon Construtora é uma empresa de Erechim que ganhou a concorrência para construir, com o direito de explorar o camelódromo por 25 anos. A empresa vai completar dez anos e recentemente ficou conhecida com o lançamento de celas pré-moldadas para presos.
A construção de presídios e viadutos é a sua especialidade. No momento está construindo presídios em Minas, Maranhão e Espírito Santo, além de um viaduto em Guaiba. Os proprietários são dois irmãos Carlos e Henrique Deboni. O camelódromo é a primeira obra urbana da empresa em Porto Alegre.
Associações de bairro vão de luto protestar na Câmara
Associações de bairro vão de luto protestar na Câmara
O Forum das entidades comunitárias de Porto Alegre, formado por mais de 70 ongs e associações de bairro, está convidando a população a comparecer de luto ao plenário da Câmara Municipal na próxima quarta-feira às 14 horas.
“Nós vamos estar todos de preto e teremos lenços e fitas para distribuir para o público”, diz Maria Angela Pellin, do Centro Comunitário de Desenvolvimento, que atua em quatro bairros da Zona Sul. O atraso na revisão do Plano Diretor e os projetos imobiliários na orla do Guaiba são os principais alvos do protesto.
“Nossa intenção é lotar o plenário para mostrar que estamos de luto pela falta de responsabilidade dos nossos vereadores”, diz a lider comunitária, que é candidata a vereador pelo PP. O Plano Diretor de Porto Alegre está há seis anos em revisão no legislativo municipal e agora com o início da campanha eleitoral foi novamente adiado. Enquanto isso, as distorções já apontadas no plano continuam ocorrendo.
Com relação à orla do Guaiba, a reclamação dos líderes comunitários é contra a mudança nas leis proposta na Câmara para permitir a implantação de grandes projetos imobiliários na extensa faixa que vai da Usina do Gasômetro até o Cristal.
Há cinco projetos previstos. O mais polêmico deles é o Pontal do Estaleiro, que prevê a construção de seis edifícios de 13 andares na área que pertencia ao extinto Estaleiro Só. A mobilização das entidades comunitárias para o protesto de quatra-feira começou no fim de semana e se intensifica a partir de segunda-feira.