RAUL ELLWANGER/ Desolação

QUANDO A COVID desabar sobre Complexo do Alemão, Paraisópolis, Cubatão, Vila Rubem Berta, Rocinha, palafitas de Belém e Recife, presidios, moradores de rua, esgotos a céu aberto, vilas sem água, quilombos, tekoás indígenas, moradias de 16 metros quadrados, favelas insalubres, populações já enfermas crônicas, pessoas esmigalhadas dentro de ônibus e trens após horas de espera nas filas da vila, milhões de desempregados, poderemos dizer para “guardar isolamento em casa?” ou “comprar só o necessário”? Poderemos dizê-lo para este menino fotografado por Jorge Aguiar?  Dizer que lave suas mãos neste filete de agua servida?

CERTAS PROFISSÕES sofrem brutal exposição ao risco de contagio, sejam as médicas, de segurança, de abastecimento.

Há outro grupo de altíssimo risco, são aquelas pessoas que tem doenças crônicas, tratamentos permanentes, e muito especialmente os transplantados, os imuno-deprimidos.

Segundo jornal de Porto Alegre (CP), o atraso entre coleta de material e resultado confiável é de 6 (seis) dias. Assim, no dia 25 de março estamos falando dos números do dia 19 de março.

Nossos pensamentos e conclusões portanto vivem no engano, iludidos pela distorção entre a realidade e a informação estatística.

Como os casos estão triplicando a cada dois dias, teríamos como hipótese: dia 19 = 10 casos; dia 21 = 30 casos; dia 23 = 90 casos; dia 25 = 270 casos.

Não por acaso, a Embaixada norte-americana ordenou hoje que seus súditos abandonem o Brasil.

 

 

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