Mostra de Graça Craidy no Memorial Ucraniano promove encontro de Clarice Lispector com suas origens

Depois de mais de 103 anos de seu nascimento, em 10 de dezembro de 1920, e 46 de sua morte, em 9 de dezembro de 1977, a escritora Clarice Lispector finalmente encontra, ainda que simbolicamente, o povo e as tradições da terra onde nasceu, a Ucrânia.

Por meio da arte, desde sexta-feira (5/7), a autora está abrigada no Memorial Ucraniano, no Parque Tingüi, em Curitiba, que sedia a exposição “Clarices”, da artista visual gaúcha Graça Craidy. Reunindo 20 pinturas, nas quais a escritora é retratada em diversas facetas de sua vida, a mostra permanecerá aberta à visitação até o final do ano.

A artista no Memorial Ucraniano/ Divulgação

A exposição foi destacada no site do Congresso Mundial Ucraniano, entidade fundada em 1967, que representa os interesses de mais de 20 milhões de ucranianos na diáspora, unindo comunidades e organizações ucranianas em mais de 60 países, por “uma Ucrânia europeia, democrática e próspera”.

Vitorio Sorotiuk, artista Graça Craidy e cônsul Mariano Czaikowski, da esq p. dir./ DEivulgação

O cônsul honorário da Ucrânia, Mariano Czaikowski, presente ao vernissage, destacou ser importante valorizar a memória e a obra de Clarice, em especial no difícil momento vivido pela Ucrânia, em guerra com a Rússia desde que foi invadida e atacada em 24 de fevereiro de 2022.

A exposição, sob a coordenação da Fundação Cultural de Curitiba, também foi saudada pelo presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), Vitorio Sorotiuk, citado na notícia, em inglês, do site da entidade internacional. O Paraná é o estado brasileiro que abriga o maior número de imigrantes e descendentes de ucranianos.

Clarice nasceu em Tchechelnik, na Ucrânia, então pertencente à Rússia, quando sua mãe, Mania, o pai, Pinkhas, e suas irmãs, Elisa e Tania, fugiam da perseguição e ataques aos judeus. A família, com a recém-nascida nos braços da mãe, alcançou a Romênia e a Alemanha, onde embarcou em navio para o Brasil.

Clarice nunca mais voltou à terra que a viu nascer e em cujo solo nunca pisou, embora tenha vivido na Europa depois de casada. Ela naturalizou-se brasileira em 1943, no Rio de Janeiro, onde morreu de câncer, aos 57 anos.

O Paraná é o estado brasileiro que mais abriga ucranianos – entre 500 mil e 600 mil imigrantes e descendentes -, dos quais cerca de 70 mil radicados na sua capital. O Memorial Ucraniano foi inaugurado em 1995 em homenagem ao centenário da chegada dos primeiros imigrantes ao território paranaense.

 Contexto especial

Por esse contexto, essa montagem de “Clarices” é especial, na avaliação da artista Graça Craidy. “É como se a nossa querida e magistral escritora estivesse voltando para o lugar onde nasceu, pois o memorial é uma espécie de ‘embaixada’ cultural da Ucrânia”, diz a pintora, empenhada em difundir a obra clariciana entre os jovens. Na mostra, alguns livros da autora estão à disposição dos visitantes.

Na mostra, que já foi vista em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Brasília e Florianópolis, Graça apresenta Clarice em diferentes papéis: a escritora trabalhando em casa com a máquina de escrever no colo e o cigarro nos lábios; como esposa de diplomata que vivia no exterior dividida entre a vida conjugal e o desejo de autonomia; a mãe de dois filhos; a tutora do cão Ulisses, por exemplo.

Memorial Ucraniano, em Curitiba, abriga exposição Clarices, de Graça Craidy/ Divulgação

Em 25 de agosto (domingo), o Memorial Ucraniano promoverá festividades alusivas à data da independência da Ucrânia, como a leitura de textos de Clarices, considerada a maior escritora modernista brasileira, no espaço da exposição.

 

  SERVIÇO

 Exposição “Clarices”, da artista visual Graça Craidy

Local: Memorial Ucraniano, em Curitiba, no Parque Tingüi

Endereço: Rua Dr. Mbá de Ferrante s/nº, Pilarzinho, Curitiba

Período: de 5 de julho até o final de 2024

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h

Entrada gratuita

Musicoterapeutas do Brasil se mobilizam para ajudar pessoas atingidas pelas enchentes do RS

A saúde mental dos gaúchos depois das enchentes de maio é uma grande preocupação no Estado. Profissionais de várias áreas da saúde estão unidos para amenizar este problema em crianças e adultos. As musicoterapeutas Natália Magalhães e Graziela Pires criaram a iniciativa SOS ENCHENTES RS_Musicoterapia para os refugiados climáticos. Já foram atendidas 120 pessoas e até o final do ano, o projeto seguirá de forma presencial, em abrigos, ou online.

“Assim que entendemos que a situação era muito grave e que afetaria muito a saúde mental, sobretudo do público de crianças que nós atendemos com transtornos de desenvolvimento, autismo e outros, pensamos: temos que fazer alguma coisa”, diz Grazi. O processo iniciou no dia sete de maio através de ações nas redes sociais e grupos de whatsapp, convidando colegas do Brasil todo a se voluntariarem para atendimentos presenciais e online. “Fomos buscar apoio da UBAM (União Brasileira das Associações de Musicoterapia) e da AMTRS (Associação de Musicoterapia do RS) da qual eu estava presidente na época, para abranger o Brasil todo na ação. E para nossa surpresa, em uma semana encerramos as inscrições de profissionais, pois já haviam mais de 80 cadastrados. E os atendimentos iniciaram imediatamente.”, destaca Natália. Fazem parte dos profissionais cadastrados musicoterapeutas de todo o Brasil, de norte a sul, com diferentes perfis, experiências e dedicação profissional.

Até o final de junho, um total de 20 pacientes, de 03 a 70 anos, haviam se inscrito para receber atendimentos online e em torno de cinco musicoterapeutas voluntários estavam atuando presencialmente e semanalmente nos abrigos da região metropolitana de Porto Alegre, como no CTG Recanto Nativo, em Viamão, Colo de Mãe e no Abrigo no Lindóia Tênis Clube, ambos em Porto Alegre. Nos abrigos, cerca de 100 pessoas foram atendidas. As coordenadoras entendem que o projeto deverá seguir com os atendimentos até o final do segundo semestre. “Sabemos que os efeitos desta grande tragédia sobre a saúde mental das pessoas não será imediato. Por isso nosso time de voluntários seguirá a postos para acolher qualquer pessoa que sinta a necessidade de um espaço de escuta qualificada, orientação psicológica e principalmente que acredite que a música possa auxiliá-lo em seu processo de cura. Independente da idade, do tipo de situação a que a pessoa tenha sido exposta (se direta ou indiretamente), os musicoterapeutas estão prontos para acolher a todos e todas.” desta Grazi Pires que desde 08 de junho assumiu a presidência da Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul.

PREPARO

As coordenadoras do Projeto, juntamente com a UBAM e AMTRS, pensaram em formações e supervisões gratuitas para os profissionais que se dispuseram a atender. O Dr. Musicoterapeuta Gustavo Gattino ministrou a formação “Métodos, técnicas e procedimentos em musicoterapia para situações de crise e experiências traumáticas”. A Dra. Musicoterapeuta Cláudia Zanini falou sobre a temática “Musicoterapia e lutos: perdas e descobertas”. Já a Dra. Musicoterapeuta Mariane Oselaime compartilhou o tema “Encaminhamentos pós situação de crise”.

 

Conheça a nova Diretoria da AMTRS – Gestão 2024- 2026

Presidente: Grazi Pires (455/2016)

Vice-presidente: Carolina Veloso (487/2020)

1ª Secretária: Rossana Flores Bastos (497/2021)

2ª Secretária: Daniela Amorim Faria Schoenknecht (471/2019)

1⁰ Tesoureira: Mª Helenita Nascimento Bernál (437/2010)

2⁰ Tesoureiro: Valdonei dos Santos (514/2022)

Conselho Fiscal:

Irene Marli Bertschinger (459/2016)

Maria Helena Nunes Schaan (462/2017)

Luciana Steffen (416/2008)

Sobre A Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul

A Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul (AMT-RS) foi fundada em 11 de novembro de 1968, Porto Alegre. É uma entidade sem fins lucrativos, com a finalidade de resguardar a defesa da classe e atuação profissional ética; promover o uso, desenvolvimento e divulgação da Musicoterapia no tratamento, educação e reabilitação de todos que a necessitem; congregar profissionais e acadêmicos de Musicoterapia e instituições oficiais e/ou particulares cujas áreas de atuação tenham relação com a Musicoterapia; estimular e promover a investigação e a pesquisa no campo da Musicoterapia; promover cursos de atualização e capacitação profissional; representar os profissionais do estado a nível nacional e em demais entidades latinoamericanas e mundiais da Musicoterapia; esclarecer a população e entidades frente a profissionais que fazem uso da musicoterapia de forma indevida, sem formação; e apurar e denunciar a prática antiética e que pode causar prejuízo à população, fazendo uso de instrumentos legais previstos no Estatuto da AMT-RS.

FOTO Grazi Pires_arquivo pessoal/ Divulgação

Sobre UBAM
A União Brasileira das Associações de Musicoterapia (UBAM) foi fundada no dia 10 de outubro de 1995, durante o 8º Simpósio Brasileiro de Musicoterapia em São Paulo, e intitulada União Nacional das Associações de Musicoterapia do Brasil (UNAMB), cuja finalidade era formar um colegiado das associações regionais para trocar informações e tentar estruturar o crescimento da profissão em nosso país.

Governo Federal destina R$ 60 milhões para a reconstrução do setor cultural gaúcho

Texto e fotos Higino Barros

O Governo Lula destinou de R$ 60 milhões ao setor cultural do Rio Grande do Sul atingido pelas enchentes do mês de maio. O anúncio foi feito pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante solenidade realizada em lugar simbólico para Porto Alegre e cultura estadual. o Mercado Público da capital, duramente atingido pela catástrofe climática que devastou grande parte do Estado.

 

A titular do Ministério da Cultura estava acompanhada pelo Ministro Extraordinário para a Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, cerca de seis assessores diretos do MINC, alguns gaúchos, além de integrantes de outros ministérios e conduziu sua fala em tom emotivo. “Nós artistas somos assim, tocados pelos sentimentos. Chorei muito nos dias das chuvas aqui e vou deixar as explicações técnicas sobre como se dará esta ajuda para os especialistas”, explicou Margareth Menezes.

O ato foi acompanhado pela comunidade cultural gaúcha, principalmente de Porto Alegre e cidades vizinhas. Compareceram deputados federais e estaduais de partidos aliados do governo federal, além da Secretária Estadual de Cultura, Beatriz Araújo, cuja presença foi destacada pela ministra Margareth Menezes como exemplo de união em prol da cultura. A Prefeitura de Porto Alegre não enviou representante ao evento, demonstrando suas divergências com o governo federal durante as negociações para a gestão da tragédia ambiental.

O Ministro Extraordinário para a Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, disse que todo o esforço do governo federal será empregado para ajuda aos gaúchos. “A única coisa que não dá para recuperar são as mortes causadas pelas enchentes. Mas o resto nós vamos reconstruir com muita fé e trabalho”, afirmou.

O convite da visita da Ministra da Cultura Margarete Menezes que cumpriu agenda a outros pontos culturais da capital gaúcha.

 

Coletânea solidária traz crônicas de 25 escritores sobre as enchentes de 2024

 

Uma coletânea literária organizada em apenas 12 dias reúne crônicas inéditas de 25 escritores sobre a maior catástrofe climática da história gaúcha. O resultado está no e-book A grande enchente, lançado pela Boaventura Editora. Todo valor obtido com a venda da obra será revertido para o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (primeiro lote), Central Única das Favelas (segundo lote) e Ação da Cidadania (terceiro lote).
A ideia foi fazer um registro artístico-histórico deste grave momento do RS. As narrativas trazem situações vividas por muitos gaúchos nos últimos dias: o medo, o pânico, a desesperança, o temor quando a chuva chega, o dia a dia nos abrigos.
Há textos que retratam o domingo das mães atípico, a corrente de solidariedade que se formou para ajudar as pessoas e os animais impactados pelas inundações. Também há espaço para a crítica à má gestão da crise pelos governantes e o cenário político. Em comum, a perplexidade diante da força das águas e suas consequências.
O e-book A grande enchente pode ser adquirido diretamente com a Boaventura Editora, ao valor de R$ 10,00. O pagamento pode ser feito pelo pix boaventuraeditora@yahoo.com. Após enviar o comprovante para este e-mail, a editora enviará o arquivo do livro. O material também pode ser adquirido na Amazon.
Boaventura
A Editora Boaventura foi criada em 2018 pelo escritor Lucas de Melo Bonez, que é também o organizador de A grande enchente. Em 2022, lançou a série Novelas Porto-Alegrenses, que traz histórias da capital como pano de fundo. Segundo Bonez, o objetivo da Boaventura é seguir dando espaço às questões pertinentes à capital e ao Estado, valorizando seus escritores e suas produções.
Os autores da coletânea
ADRIANA MASCHMANN | ALEXANDRE BELUCO
BERENICE COPSTEIN | BRUNA TESSUTO | CARLOS MACEDO/ CECÍLIA GANDIN | CLÁUDIA SEPÉ | CRISTIANO FRETTA/ CRISTIANO GREINERT | GABRIELA SILVA | GABRIELLE CALEGARI/ JÉSSICA MARQUES MACIEL | LAURA DEORRISTT | LÉO CRUZ/ LIZ QUINTANA | LUCAS DE MELO BONEZ (ORG.)/ LÚCIA REGINA DA ROSA | LUÍS DILL | LUIZA BELLO/ MARCELO VILLAS-BOAS | MARIO AUGUSTO POOL/ MIGUEL DA COSTA FRANCO | RAFAELA KRIEGER DE AGUIAR/SABRINA DALBELO | SORAYA JORDÃO.

 Confraria Cultural Latino Americana faz evento com música, gastronomia e sorteio de ilustrações de cartunistas gaúchos consagrados

 

Higino Barros

O evento vai acontecer no dia 28 de abril, domingo, no espaço Cultural Mosaico,  localizado na Rua Otavio Correia, 39.  Segundo um dos organizadores, o músico Chicão Dornelles, “estaremos comemorando os 40 anos da Associação Jose Marti e 27 anos da Associação Recreativa e Cultural Bota Fogo. Teremos além de um almoço , um show com as participações dos artistas : Liane Shuller  Rosa Franco, Gilberto Oliveira , Mario e Nene Falcão , Bernardo Zubaran , Florisnei Thomaz , Claudio Baraldo , Chicão Dornelles , Josue Krug e Leonardo Ribeiro. “
Liane Schuller, uma das atrações da festa no domingo; Foto: Divulgação
O surgimento , em 25 de julho de 1984, da Associação Jose Marti RS, que desde então tem defendido a auto determinação dos povos, em especial do povo cubano e dos povos em luta trabalha com a cultura para que os povos se integrem e estabeleçam laços de amizade. Já produziu dois CDS , trovas da Pátria Grande em 2008 e Jose Marti em Canto em 2014, com lançamentos em Porto Alegre , Rio de Janeiro , Montevideo e Havana, participando igualmente de atividades solidárias nas comunidades carentes de Porto Alegre.
O músico Nenê Falcão. Foto: Divulgação
O músico Josué Krug. Foto: Divulgação
O músico Leonardo Ribeiro. Foto: Divulgação
A Associação Recreativa Cultural e Desportiva Bota Fogo fundada há 27 anos reúne-se toda semana para um encontro esportivo e musical. Atualmente o encontro se dá na AMRIGS, na avenida Ipiranga, todas as terças-feiras as 20.hs. E todo ano faz ações solidárias com o objetivo de angariar alimentos , roupas e material de higiene para a creche da comunidade que fica ao lado da Amrigs, Vila São Pedro .
A formação é totalmente eclética, com músicos, profissionais liberais,  artistas visuais e o time futebol tem também participação de várias jogadoras, além do Clube das Mães  do Bota Fogo, sempre presente nas atividades culturais e solidárias
O músico Gilberto Oliveira/ Divulgação. Foto: Divulgação
O músico Rosa Franco. Foto: Divulgação
O músico Florisnei Thomaz. Foto Divulgação
O músico Cláudio Baraldo. Foto: Divulgação

Graça Craidy abre exposição sobre Clarice Lispector no Mercado Público de Florianópolis

A exposição “Clarices”, da artista visual gaúcha Graça Craidy, será aberta nesta quarta-feira (24/04), às 18h, na Galeria de Arte do Mercado Público de Florianópolis – Sala José Cipriano da Silva.

A mostra, em homenagem à célebre escritora Clarice Lispector, permanecerá em cartaz até 14 de junho. A mostra já foi vista em Porto Alegre, na cidade do Rio de Janeiro, em Niterói e em Brasília, em espaços culturais dos Correios; e, em São Paulo, na galeria do Conjunto Nacional, entre outubro de 2022 e setembro de 2023. A intenção da artista é ajudar a popularizar e manter viva a obra da escritora.

Graça Craidy no Mercado Público de Florianópolis. Foto: Carlos Souza/ Divulgação

Graça apresenta Clarice em diferentes situações e fases da vida: a autora trabalhando em casa com a máquina de escrever no colo e o cigarro nos lábios; a esposa de diplomata que morava no exterior dividida entre a vida conjugal e o desejo de autonomia; a mãe de dois filhos; a tutora do cão Ulisses, por exemplo.

Exposição Clarices” abre dia 24de abril em Galeria de Arte do Mercado Público de Florianópolis. Foto Carlos Souza/ Divulgação

“Embora Clarice Lispector tenha partido há 47 anos, sua prosa se faz muito necessária neste momento histórico de vazio existencial e valorização equivocada do aparente e do fútil”, diz a artista que vive e tem atelier em Porto Alegre.

Livro ” A Lanceirinha” conta a história dos Lanceiros Negros para o público infantil

Livro infantil de Ângela Xavier, com ilustrações de Alisson Affonso, tem lançamento no ano em que os Lanceiros Negros são inscritos no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

A história resgata o orgulho de um povo na voz de um avô e emociona os leitores com o brilho nos olhos da netinha Aisha. E comprova, com afetos cotidianos, que é possível acreditar na luta por um futuro mais justo e inclusivo.

A autora conta como surgiu a abordagem: “Sou educadora, e ao trabalhar com a EJA, fui instigada a estudar sobre o tema. Uma jovem negra me questionou sobre o assunto, que ouvira de seus avós. O ano era 2004 e pouco se falava sobre o tema. Desde então, comecei a pesquisar a temática, fiz especialização, escrevi um artigo e decidi incluir o assunto em minhas práticas pedagógicas.

A escritora Ângela Xavier foto Marco Nedeff/ Divulgação

No ano de 2018 escrevi uma esquete sobre os Lanceiros Negros, que foi contemplada em um Festival de Teatro Estudantil do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, nascia minha primeira obra literária: O Lanceirinho Negro, seguida de O Lanceirinho Negro: Herança de Porongos e Jerá Poty”. Em suas obras, a escritora tem valorizado bastante a oralidade dos mais velhos e também a ancestralidade. E, segundo ela própria, esse aspecto reflete um pouco da Ângela Xavier. Na infância ela sempre teve o hábito de escutar muito as pessoas mais velhas.

O ilustrador Alisson Affonso foto by Clô Barcellos/ Divulgação
Sobre os Lanceiros:

Em 14 de novembro de 1844, no Rio Grande do Sul, aconteceu o Massacre de Porongos. Quase 10 anos antes começara a Guerra dos Farrapos, em 1835. Estancieiros gaúchos pediam independência econômica e redução de impostos ao governo imperial. Os negros escravizados ingressaram no exército dos Farrapos em 1836, através da criação do 1º Corpo de Cavalaria de Lanceiros Negros, lutando a pé e a cavalo. Foi feita a eles uma promessa de liberdade, e essa era a única motivação do grupo.

 

A lancerinha. Aisha. Ilustração/ Divulgação

No entanto, já em épocas de tratativas de paz com o Império, alguns líderes farroupilhas entregaram aos imperiais o batalhão dos lanceiros desarmados em uma emboscada. Quase todos os combatentes negros foram massacrados. A monarquia escravagista não desejava a libertação daqueles homens e esta foi a solução encontrada. Morreram mais de cem homens negros, e os que sobreviveram voltaram à escravidão.

Em 2024, mais de 180 anos depois, no dia 8 de janeiro, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Lei 14.795, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insere o nome dos Lanceiros Negros no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Esta foi uma vitória coletiva do movimento negro, que continua lutando pelo protagonismo de seu povo na construção de nosso país. “É uma reparação ainda que tardia. Fico satisfeita em saber que A Lanceirinha poderá ajudar no resgate do protagonismo negro junto as nossas crianças”, coloca Ângela.

Eventos de lançamento:

No dia 13 de abril (sábado), em Porto Alegre, Ângela realiza duas atividades de contação de história, além dos autógrafos: das 10h às 12h, com o Projeto Cultural Nossa Identidade no Instituto Sociocultural Afro-sul Odomodê (Av Ipiranga, 3850) e, a partir das 16h, na Livraria Cirkula (Av Osvaldo Aranha, 522). A programação é aberta ao público e com entrada franca.

Ângela Maria Xavier Freitas nasceu em Porto Alegre, em 1972, e é professora desde 1997. Começou com EJA (educação de jovens e adultos), depois, educação infantil e séries iniciais, na rede municipal de ensino de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Escreve para o público infantil desde 2018, é formada em Letras (Ulbra/IERGS), com especialização em História e Cultura Afro-brasileira (Instituto Dom Alberto). Dentre seus livros já publicados, O Lanceirinho Negro foi contemplado em edital, sendo distribuído em mais de 50 escolas da Região Metropolitana de Porto Alegre. Também atua como diretora de teatro, ganhando em 2018 o troféu Desconstrução da História Oficial com a esquete Lanceiros Negros no Festival Estudantil de Teatro no RS. Seus filhos, William e Vallentina, foram os seus primeiros leitores.

Alisson Affonso é cartunista e ilustrador. Nasceu em 1979, em Rio Grande, no interior do Rio Grande do Sul. É bacharel em Artes Visuais pela FURG. Começou desenhando plaquinha para a tia do picolé, e hoje, já ilustrou dezenas de livros. É premiado pelo Brasil (São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro), expôs no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e até na França, em Saint-Jus-le-Martel. Em 2023, foi patrono da 49ª Feira do Livro da FURG.

“Onde está o amor – As Fitas Perdidas”, com a último show de Nico Nicolaiewsky, no Teatro São Pedro

O filme será exibido, dia 28 de março às 20h, no Theatro São Pedro  

 Lembranças. Lágrimas. Aplausos. Saudade. Palavras que marcaram a noite do dia 05 de fevereiro de 2024 depois da emocionante e inesquecível exibição, no Theatro São Pedro, do filme do show Onde está o Amor – A Fitas Perdidas”, dirigido por José Pedro Goulart. O sucesso foi tão grande que o público pediu e uma segunda sessão gratuita está programada para o dia 28 de março, às 20h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°).

Os ingressos poderão ser retirados a partir do dia 14 de março, das 10h às 18h, na recepção do Multipalco. A exibição se dará dentro das comemorações dos 252 anos de Porto Alegre. No dia 07 de fevereiro, completou 10 anos do falecimento de Nico Nicolaiewsky .

A gente estava aqui para comemorar um artista, celebrar a vida, mais do que tudo. Foi impressionante a relação que as pessoas tiveram com o filme e a emoção que elas sentiram. Acho que o Nico flutuou pelo Theatro São Pedro. Foi como eu estivesse ali, junto com o meu amigo, de novo. Acho que Nico ganhou a homenagem que ele tinha que ganhar“, relembra Zé Pedro. Noite inesquecível, também, para o amigo e parceiro de décadas, o músico Hique Gomez, que fez dupla com Nico em Tangos e Tragédias. “‘Achei de fundamental importância o Zé Pedro trazer esse conteúdo. Nico Nicolaiewsky, um dos grandes compositores da música brasileira, feita no Sul do Brasil, um grande amigo e um grande parceiro. Foi bem bacana rever esse momento e para os anais da história das artes brasileiras“, diz Hique.

Onde está o Amor?

Onde está o Amor? é o nome do CD que Nico Nicolaiewsky  lançou em  setembro de 2008, também no Theatro São Pedro, com um grande show dirigido por  Zé Pedro Goulart. Anos depois, Zé Pedro remonta o espetáculo a partir de 16 fitas encontradas com mais de 10 horas de gravação deste show. A título de registro foi feita uma gravação não convencional do show, isto é, meramente um documento mesmo, sem que se soubesse muito bem qual seria o destino do material captado por três câmeras soltas durante as sessões de sábado e de domingo, sem muita pretensão. As fitas ganham muita importância enorme por se tratar de um registro único e valioso do trabalho do Nico. Contudo, só encontrar as fitas perdidas não era suficiente. Era preciso um minucioso trabalho de recuperação, sincronismo e edição. E assim foi feito.

Esse filme é maravilhoso. Foi muita emoção. É um parceiro (Nico) que estava ali na minha frente, vivo, e uma alegria de ver que foram salvas e achadas essas fitas, e que estão disponíveis para as novas gerações. Um músico talentoso, moderno e de futuro“, o músico Claudio Levitan.

No roteiro do show, além da coleção de canções de amor escritas pelo músico em parceria com amigos de talento reconhecido como Antonio Villeroy e Fernando Pezão, arranjadas e produzidas por John Ulhoa (Pato Fu), Nico canta as confirmadas como “Maluco Beleza”, “Ana Júlia” e recordar uma relíquia do Musical Saracura. Ficou por conta do bonequeiro Paulo Balardim a concepção de um boneco que ilustrou uma das cenas mais intimistas do show e que ganhou vida através da manipulação da atriz Carolina Garcia.  O desenho da luz do espetáculo, criação de Osvaldo Perrenot, trabalhou junto com as projeções programadas pela equipe da Zeppelin. Rô Cortinhas cuidou do figurino da banda composta por Luciano Albo (violão de aço/guitarra/vocal), Diego Silveira (bateria/vocal), Ana Paula Freire (contrabaixo acústivo/vocal), Maurício Nader (violão/vocal), Leonardo Boff (teclado/vocal) além de Nico Nicolaiewsky (piano/teclado/vocal).

EQUIPE TÉCNICA

AS FITAS PERDIDAS

NICO NICOLAIEWSKY – DEZ ANOS DE SAUDADES

Direção – José Pedro GoulartProdução Executiva – José Pedro Goulart, Caroline Colpo

Produção – Marilourdes Franarin

Câmera – Marcelo Lima e Zaracla

Manipulação Bonecos – Carolina Garcia

Confecção Bonecos – Paulo Balardim

Direção de Arte/Cenografia – Fiapo Barth

Figurinista – Rô Cortinhas

Edição – Tiago Bortolini

Pós-produção – Estúdio Ely

Colorista – Ely Silva

Projeção – VM Audiovisual

Sonorização – Edu Coelho

Iluminação – Osvaldo Perrenoud e Marguinha Ferreira

Técnico de Apoio – André Hanauer

Projeto Gráfico – Mauro Dorfman

Artes – Henrique Barbosa

Redes Sociais – Fernanda Pertile

Assessoria de Imprensa: C² Comunica – Adriano Cescani

Músicos

Luciano Albo – Violão de aço e vocal

Diego Silveira – Bateria e vocal

Ana Freire – Contrabaixo acústico e vocal

Leonardo Boff – Teclados

Mauricio Nader – Guitarra e vocal

SERVIÇO

O QUE: Onde Está o Amor  – As Fitas Perdidas

DATA:  28 de março

HORÁRIO:  20h

LOCAL:  Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°) 51 32275100

ENTRADA FRANCA:  os ingressos poderão ser retirados na recepção do Multipalco , a partir do dia 14 de março, das 10h às 18h

 

Exposição Manifesto Antifeminicídio, da artista visual Graça Craidy, celebra o Dia Internacional da Mulher

Quem circular pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul nesta semana, marcada pelo Dia Internacional da Mulher (8), deparará com um Manifesto Antifeminicídio, em forma de arte, exposto pela artista visual Graça Craidy no Espaço Carlos Santos, principal acesso à Casa Parlamentar.

O Manifesto Antifeminicídio é composto de seis imagens produzidas pela artista para denunciar a incidência de crimes fatais cometidos por maridos, companheiros e namorados contra mulheres com quem se relacionam. Quatro obras retratam noivas mortas, figuras femininas fúnebres que vestem véu e grinalda e carregam buquê de flores nas mãos. A mostra é completada por duas pinturas de mulheres que gritam de pavor.

A montagem dos trabalhos foi concluída no final da tarde de segunda-feira, e a mostra permanece no local até sexta-feira (8). A inauguração oficial será nesta quarta (6), às 13h. Quatro deputadas apoiam a realização da exposição na Assembleia: Stela Farias (PT), pela Força Tarefa de Combate aos Feminicídios do RS, vinculada à Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado; Sofia Cavedon (PT), pela Comissão de Educação; Patrícia Alba (MDB), pela Procuradoria da Mulher; e Laura Sito (PT), pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.

A artista Graça Craidy desenvolve essa linha de expressão na sua arte desde 2015. Ela conta que escolheu pintar o tema “noivas” para alertar, pois “é no contexto do casamento que a violência maior acontece. A maioria dos feminicidas é marido ou ex-companheiro, então, cuidado com quem tu casas, cuidado com o amor cego! Ensina tuas filhas a não se relacionar com homens violentos, potencialmente agressores e até assassinos,” adverte ela.

A exposição exibe o Manifesto Antifeminicídio escrito pela própria artista em um banner e em panfletos distribuídos no local:

“Parem de matar nossas mulheres. Parem de matar nossas mães. Parem de matar nossas avós, irmãs, tias, primas, amigas. Parem de nos matar. Nós não somos suas propriedades. Nós não somos suas escravas. Nós não somos suas inferiores. Está na Constituição. Somos iguais aos homens. Mesmos direitos. Mesmos deveres. Não, não e não, homem, você não é a cabeça da mulher. Toda mulher tem a sua própria cabeça. É autônoma. Livre. Dona do seu nariz. Do seu corpo. Quer que a sua mulher fique com você? Faça por merecer. Ninguém vai embora de onde existe amor, respeito, lealdade. Reconstruir a vida com outras pessoas pode ser a melhor saída para a felicidade de um casal que não vive bem. E para seus filhos também. Aceite. Amor não é obrigação. Amor é colheita”.

 SERVIÇO

Manifesto Antifeminicídio

O QUÊ: Exposição com obras da artista Graça Craidy

ONDE: Espaço Carlos Santos, térreo da Assembleia Legislativa do RS

Praça Marechal Deodoro 101 (Praça da Matriz)

Centro Histórico

QUANDO: de 4 a 8 de março de 2024

Abertura oficial: 6 de março, às 13h.

Visitação: até 8 de março

Horário: das 8h30 às 18h.

Elisa Lucinda mostra “Ensaio para uma ideia”, espetáculo que reúne poemas e canções

A partir das 20h, no espaço Cultural 512, a autora recebe o público e aproveita para autografar seus livros após a apresentação. A entrada é franca

Segundo o material de divulgação “Ensaio para uma ideia” reúne poemas e canções que brotam espontaneamente no coração da artista, cantora, autora, compositora, atriz, poeta, diretora e dramaturga que, surfando em sua experiente carreira e apoiada nos próprios talentos, nos oferece uma gama de recursos cênicos como intérprete, excelente narradora e profunda conhecedora da palavra poética. Elisa Lucinda, durante a apresentação de 1h30min, encantará o público com seu arsenal de benignas palavras que levam ao choro e ao riso com muita facilidade. É uma maestrina.

A multiartista, autora de 19 livros publicados e detentora de importantes premiações literárias e cênicas, envolve com sua conversa íntima, bem-humorada, de inteligência rápida e precisa presença de espírito, enquanto desfila suas histórias, poemas (dela e de outros poetas), entre canções de arrepiar os presentes. Tal qual uma Sherazade, Elisa Lucinda conquista com sua coragem e sua expertise em contar histórias, viver histórias, e em elaborar sua vida e a nossa através das lições destas histórias.

Ensaio para uma ideia ativa nossa potência, nos lembra dos nossos dons e nos provoca. Nos tira da zona de conforto para entrarmos num ativismo de esperança prática, que não permite que nos desperdicemos. Temos muitos recursos humanos e operamos, a nível de intensidade, no sub aproveitamento deles. Podemos mais. Chega de anestesias. Chega de friezas. Chega de falta de empatias. Afinal, falar e viver são improvisações. O espetáculo faz uma convocação para que com as joias do próprio tesouro humano, que são os sentimentos, possamos melhorar o mundo. Oxalá, que a breve turnê de Ensaio para uma ideia nos encontre preparados.

“Tenho nutrido, nesses últimos anos, a vontade de fazer um espetáculo totalmente improvisado, feito na hora, com um roteiro assinado por meu coração, nos moldes que eu já faço nas minhas palestras-shows pelo país. Só que dessa vez, a ideia é que cada um tenha um rio, um curso para onde seguir, de modo intuitivo, sem tema pré-definido por ninguém, a não ser por ele mesmo, o rio da minha alma e do meu coração. Considerando o acervo poético e memorial que eu trago, as músicas que também trago em minha memória do cancioneiro popular, vi que havia um campo vasto para realizar vários espetáculos sem repetir nem poema, nem ideia, não necessariamente. Mas sem precisar repetir. Portanto, o Ensaio para uma ideia é a gênesis desse espetáculo sonhado”, afirma Elisa Lucinda.

Ensaio para uma ideia terá única apresentação em Porto Alegre, dia 7 de março, seguido de autógrafos de Parem de falar mal da rotina e de Quem me leva para passear, no Espaço Cultural 512 (Rua João Alfredo, 512) a partir das 20h.

Quem é

Elisa Lucinda é poeta, atriz, intérprete, jornalista e professora. Tem publicados 19 livros. Entre poesia e prosa: O semelhante, Eu te amo e suas estreias, A fúria da beleza, Vozes Guardadas, além dos romances O cavaleiro de nada, uma autobiografia de Fernando Pessoa finalista do prêmio São Paulo de Literatura em 2015, e a coleção O Pensamento de Edite, onde Quem me leva para passear, 2º livro da coleção, foi indicado ao Prêmio Jabuti 2022 na categoria Romance de Entretenimento. É também autora da coleção infantil Amigo Oculto, pela qual ganhou o prêmio Altamente Recomendável da FNLIJ. Através da Casa Poema, instituição cultural em sociedade com a atriz Geovana Pires, a multiartista desenvolve projetos que popularizam a poesia para todas as idades, como “Versos de liberdade” que ensina a palavra poética aos jovens que cumprem medidas socioeducativas, além de cursos de poesia falada para professores e profissionais de áreas diversas. Vencedora do Prêmio Especial do Júri do Festival de Cinema de Gramado, pelo conjunto da obra no ano de 2020. No ano seguinte, a atriz e escritora tomou posse na Academia Brasileira de Cultura, ocupando a cadeira de Olavo Bilac, figurando entre nomes como: Zeca Pagodinho, Elza Soares, Christiane Torloni, Ana Botafogo, Carlinhos de Jesus, entre outros. O espetáculo que deu origem ao livro Parem de falar mal da rotina, que em 2023 recebeu uma edição revisada, completou duas décadas na estrada com milhões de espectadores e leitores, fervorosos fãs e seguidores das inspiradas ideias dessa artista. Em janeiro de 2023 estreou a novela das 19h, Vai na Fé, onde Lucinda viveu a personagem Marlene, na rede Globo.

SERVIÇO

Ensaio para uma ideia – Elisa Lucinda

Dia 7 de março, 20h

Espaço Cultural 512 – Rua João Alfredo, 512. Cidade Baixa

Entrada franca