Pessimismo dos empresários gaúchos atinge maior índice desde a pandemia

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-RS) registrou em agosto o menor nível desde junho de 2020, na pandemia de coronavírus. A combinação de tarifas impostas pelos Estados Unidos com incertezas internas produziu o pessimismo.

O indicador atingiu 44,1 pontos, uma queda de 2,6 pontos em relação a julho. Na pandemia, esteve em 42 pontos

O índice de agosto ficou muito próximo ao de maio de 2024 (44,4 pontos), quando o estado enfrentava a maior enchente de sua história.

Os dados são do Sistema FIERGS.
“Um cenário como o que estamos enfrentando, com as consequências já observadas das tarifas e as incertezas em relação ao mercado americano, assim como a política monetária de juros altos no Brasil, deixa os industriais mais preocupados com o futuro. Isso faz com que diminuam a produção e os investimentos, o que, consequentemente, afeta a manutenção e a geração de novos empregos”, afirmou o presidente, Claudio Bier.
O Icei-RS sintetiza a percepção dos empresários gaúchos sobre as condições atuais e sobre as expectativas em relação à economia brasileira e às próprias empresas. Pela metodologia do levantamento, resultados abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança.

COMPONENTES DO ICEI-RS
O Índice de Condições Atuais recuou em agosto, chegando a 40,8, o menor nível desde junho de 2024 (40,6). A principal causa foi a visão negativa sobre a economia brasileira, cujo índice atingiu 31,9 pontos em agosto, queda de 3,4 em relação a julho. No levantamento, 61,3% dos empresários disseram perceber deterioração das condições econômicas, contra apenas 1,8% que notaram melhora. Em relação à própria empresa, o índice ficou em 45,3 pontos.
O Índice de Expectativas, que mede a visão para os próximos seis meses, também teve retração. Caiu 3,4 pontos em agosto e ficou em 45,7 – o menor nível desde maio de 2020 (35,7), igualando a marca de maio de 2024. O recuo foi puxado pelas perspectivas para a economia brasileira, que caiu 4,4 pontos, de 40 para 35,6, o valor mais baixo desde maio de 2020 (30,9). Mais da metade dos empresários (52,1%) acredita que o cenário doméstico vai piorar, enquanto apenas 5,5% esperam melhora.
As expectativas em relação às próprias empresas para os próximos seis meses também foram atingidas. O índice caiu três pontos, para 50,7 em agosto. Apesar de permanecer ligeiramente acima do limite que separa pessimismo de otimismo, o resultado está bem abaixo da média histórica (59,4 pontos) e só supera momentos de forte crise, como maio de 2024, com as enchentes (47,7 pontos) e novembro de 2022, depois das eleições (49,6 pontos).
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 12 de agosto, com 163 empresas: 37 pequenas, 55 médias e 71 grandes. Acompanhe a pesquisa completa em https://observatoriodaindustriars.org.br.

Fonte: Assessoria/Fiergs

Olívio Dutra diz que Legalidade é alerta contra “tentativas de golpe”

A “Legalidade” movimento de resistência comandado pelo então governador Leonel Brizola, em agosto de 1961, foi o tema do ex-governador Olívio Dutra, na sessão solene da Câmara Municipal de Porto Alegre (CMPA) nesta terça-feira (26/08/2025)..

Olívio destacou a luta de Leonel Brizola para exigir o cumprimento da Constituição Federal, com a posse de João Goulart na Presidência da República. Além de destacar a Cadeia da Legalidade – que envolveu a sociedade gaúcha, através das ondas de rádio e que levaram as notícias do movimento para outros estados e países, culminando com a posse de João Goulart – Olívio lamentou que o golpe de 1964 cerceou a liberdade, acabou com carreiras profissionais e políticas.

“A Legalidade foi um movimento importantíssimo numa quadra da histórica brasileira/gaúcha. Foi o combate político liderado por Brizola para impedir uma tentativa de golpear a nossa incipiente democracia em 1961. É bom rememorar esse feito, inclusive pra sabermos identificar e nos prevenirmos contra as tentativas que continuam aí, no presente. Mas que não passarão”, afirmou Olívio.

Pedro Ruas, que propôs a homenagem,  destacou a importância de lembrar a Legalidade, ocorrida em 1961. “Leonel Brizola garantiu o cumprimento da Constituição e a manutenção da democracia no País. Num momento de crise, como o atual em que as relações entre o Brasil e Estados Unidos estão no foco das atenções, mais uma vez vemos que o pensamento de Brizola a respeito dos Estados Unidos sempre esteve correto”. Ruas também se referiu ao convite feito para que Olívio Dutra fizesse a palestra na sessão solene, realizada no plenário Otávio Rocha da CMPA.

“A Legalidade foi o grande movimento cívico do nosso país. O maior. A importância de Olívio Dutra estar aqui é gigantesca, porque ele representa todo o setor popular que se organiza para lutar contra as elites também”.  Tanto que em sua fala, Olívio mesclou sua trajetória com os acontecimentos de cada época, indicando a forma pela qual ingressou na luta popular, sem descuidar de preceitos humanistas aprendidos no lar paterno. Descerrou aos presentes à sessão, uma grande e emocionante história de vida.

Diversas personalidades de categorias profissionais sindicalistas, advogados, jornalistas, professores, estudantes prestigiaram a sessão especial. Além desses, lideranças entre essas Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos; Sérgio Bittencourt, da Associação dos Presos e Perseguidos e Perseguidos Políticos do RS; Batista Filho, presidente de honra da Associação Riograndense de Imprensa (ARI): Margareth Moraes, ex-presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; os vereadores Alexandre Bublitz e Juliana de Souza (PT); Ester Ramos, representante do PSOL de Cachoeirinha; Elton Bozzetto, representando a Cúria Metropolitana; Yuri Ferrer (PDT-POA); Fabiano Salazar, SindJus; João Izaquiel, Simpa; o jornalista e ex-juiz de futebol Carlos Simon (primo/sobrinho do engenheiro Homero Simon, que possibilitou a Cadeia de Rádio da Legalidade). Alguns parlamentares como a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), o deputado federal Alexandre Lindenmayer (PT), a deputada estadual Stela Farias e o vereador Roberto Robaina foram representados, da mesma forma que lideranças de entidades que congregam a comunidade palestina na Capital gaúcha.

 

Desarmamento nuclear: China diz que não negocia, mas não será “o primeiro a usar”

” Não é razoável nem realista pedir à China que participe das negociações sobre desarmamento nuclear com os Estados Unidos e a Rússia”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, nesta quarta-feira.

A resposta em uma coletiva de imprensa refere-se a noticias  de que Donald Trump, anunciou que os EUA e a Rússia estão discutindo cortes em seus arsenais nucleares e expressou a esperança pela participação da China.

“O país, que possui o maior arsenal nuclear do mundo, deve cumprir com seriedade sua responsabilidade especial e primária pelo desarmamento nuclear, fazer cortes drásticos e substanciais em seu arsenal nuclear e criar condições para a realização definitiva do desarmamento nuclear completo e total”, apontou Guo.

“A força nuclear da China não está, de forma alguma, no mesmo nível da dos EUA. Nossa política nuclear e nosso ambiente de segurança estratégica também são completamente diferentes”, destacou ele.

Ressaltando que a China segue uma política de “não ser o primeiro a usar” armas nucleares e uma estratégia nuclear focada na autodefesa, Guo observou que a China sempre mantém sua força nuclear no nível mínimo exigido pela segurança nacional e nunca se envolve em corrida armamentista com ninguém.

A força nuclear e a política nuclear da China contribuem para a paz mundial, acrescentou o porta-voz.

(Com informações da agência Xinhua)

Encontro de editores aponta necessidade de políticas públicas para combater desinformação

FABIANA REINHOLZ, do Brasil de Fato RS

Em um cenário de crescente concentração midiática e de desafios à pluralidade de informações no Brasil, o debate sobre a mídia independente ganha contornos de urgência e relevância. Na noite desta quinta-feira (21), o auditório da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre, sediou a celebração das quatro décadas de atuação do Jornal JÁ, um dos pilares do jornalismo independente gaúcho.

O encontro reuniu jornalistas de veículos como Brasil de Fato RS, Extraclasse, Matinal, Nonada e Sul21, que, em suas falas, não apenas rememoraram a trajetória do Jornal JÁ, mas também aprofundaram a discussão sobre o papel crucial da mídia independente na construção de uma sociedade mais democrática. O evento contou também com a presença de representantes de movimentos sociais, nomes da política como o ex-governador Olívio Dutra, o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, o vereador Alexandre Bublitz (PT), jornalistas, colaboradores do jornal JÁ, entre outros.

Com experiência no jornalismo comercial, o diretor e proprietário do Jornal JÁ, Elmar Bones, destacou que encontrou nos veículos independentes o melhor espaço para praticar o que chama de “jornalismo ativo”. “É um jornalismo que parte do princípio de que o importante é a população, é a cidadania, e que o nosso trabalho é um serviço público. Nós, querendo ou não, somos uma espécie de funcionários públicos, porque prestamos um serviço essencial”, afirmou.

Novos olhares

Bones criticou o cenário atual da imprensa no Brasil, marcado pela concentração dos grandes grupos e pela falta de diversidade. “O que falta na imprensa é liberdade. Esses pequenos jornais, esses pequenos projetos, têm uma importância vital porque garantem a diversidade e a pluralidade das opiniões. Se não fossem esses esforços, teríamos uma situação de discurso único, porque os grandes veículos hoje estão alinhados em uma espécie de discurso único”, completou. Para ele, diferentemente da grande imprensa, que por vezes se vê limitada em sua liberdade editorial, os veículos independentes são guardiões da “diversidade e pluralidade das opiniões”, elementos vitais para um ambiente democrático saudável.

Essa perspectiva foi reforçada pela editora-chefe do Brasil de Fato RS, Katia Marko, que caracterizou o jornalismo independente como uma “batalha cotidiana” pela construção de uma narrativa séria e relevante. Marko lembrou que o Brasil de Fato surgiu da demanda de movimentos sociais por uma plataforma que pudesse expressar suas visões de mundo, frequentemente marginalizadas ou criminalizadas pela grande mídia. “Na grande imprensa, os movimentos sociais são criminalizados, assim como a pobreza. É essa visão de quem busca justiça social que o Brasil de Fato traz desde o seu nascimento. Somos servidores de uma população que precisa ter onde ter voz”, disse.

Ela ressaltou ainda a necessidade de políticas públicas para o setor: “A Constituição prevê comunicação privada, pública e estatal. Dentro do conceito de comunicação pública está também a comunicação popular, mas ela nunca conseguiu se regulamentar porque a grande imprensa não deixa. Precisamos lutar juntos para construir uma comunicação pública no país”.

Marko participou recentemente de um projeto da Unesco em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), que realizou um mapeamento de mídias populares, periféricas e independentes em 15 estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, a editora foi responsável pelo levantamento e identificou 98 mídias ativas. “Isso ainda é pouco, porque nós temos mais. Muitas mídias sobrevivem e resistem há décadas”, afirmou.

Entre os exemplos, ela citou a Rádio Ipanema Comunitária, no ar desde 1991, a Rádio Comunitária de Pelotas e a Rádio Terra Livre. Também destacou iniciativas como a Rádio Negritude, na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, “com uma linda programação, feita em sua maioria por apresentadores negros, trazendo a pauta da negritude”. Na Bom Jesus, lembrou da TV Bonja, produzida pelos jovens da comunidade. “É a comunicação independente/popular que vai conseguir, de alguma forma, dar uma nova vida ao sistema comunicacional no Brasil”, reforçou a editora.

Marcela Donini (Matinal), Ana Ávila (Sul21), Kátia Marko (Brasil de Fato), Elmar Bones (JÁ), Valéria Ochôa (ExtraClasse) e Rafael Glória (Nonada) | Foto: Jorge Leão/BdF
“Querendo ou não, somos uma espécie de funcionários públicos, porque prestamos um serviço essencial”, afirmou Bones – Foto: Jorge Leão

Jornalista Cultural e diretor executivo do Nonada Jornalismo, Rafael Gloria, reforçou a importância histórica e ética de veículos como o Jornal JÁ. Ele destacou que esses projetos são fundamentais por “carregarem o espírito da coletividade, da ética, da independência, do interesse público”, princípios que, para ele, constituem as bases imutáveis do jornalismo, mesmo em face das transformações tecnológicas e sociais. A valorização da memória e do trabalho jornalístico engajado, portanto, torna-se um pilar para a continuidade e a relevância desses veículos.

“Nosso jornalismo também busca uma forma melhor de viver em comunidade. Defendo que o jornalismo seja cada vez mais colaborativo e que a gente pense em outras formas de organização, como editais e associações, para garantir sustentabilidade”, ressaltou.

Um oásis em meio ao deserto de notícias

Em sua fala Elmar Bones destacou a ausência de veículos de comunicação em mais de 2 mil municípios brasileiros, o que, segundo ele, ilustra a dimensão do “deserto de notícias” que afeta o país. “Essa carência informacional sublinha a urgência de fortalecer a mídia independente, pois ela é crucial para garantir que a informação, base da cidadania e da democracia, alcance todas as camadas da população.”

Apesar de sua relevância, a mídia independente opera em um ambiente repleto de desafios, sendo a sustentabilidade financeira o mais evidente. Gerente executiva do Matinal, Marcela Donini, pontuou sobre esse contexto ao descrever a atuação do veículo nos últimos cinco anos.

“O jornalismo independente é feito com seriedade porque outros jornalistas apostaram nesse valor, que é essencial. A gente não consegue trabalhar com propósito se não tiver liberdade. Mas a dificuldade financeira é enorme. Mesmo com foco em Porto Alegre, falta muito braço para dar conta de tanta história que tem para contar. A maior parte da nossa receita vem de leitores e leitoras, o que mostra o quanto as pessoas estão dispostas a investir nessa atividade e confiam no nosso trabalho”, relatou.

A editora do Sul21, Ana Ávila, reforçou a universalidade do desafio financeiro entre as pequenas redações independentes. Com 15 anos de trajetória, o Sul21, que evoluiu para um modelo de jornalismo colaborativo e em rede, opera sem apoio financeiro externo, dependendo exclusivamente do esforço de sua equipe e de captações próprias.

”O desafio maior é o financeiro. Estamos o tempo inteiro escolhendo quais pautas vamos conseguir dar visibilidade porque a demanda é muito maior do que conseguimos suprir. Isso fortalece a ideia do quanto é necessário que a gente exista, que permaneça discutindo a cidade e os grandes temas. Mas precisamos de estruturas sustentáveis financeiramente para remunerar adequadamente os profissionais e garantir independência”, explicou.

No mesmo sentido, a editora do Extraclasse, que completa 30 anos em 2026, Valéria Ochoa, detalhou as dificuldades em obter financiamento público e privado, bem como em sustentar um modelo de assinaturas em bancas e destacou que a aposta atual é a internet.

“O Extraclasse é a realização de um sindicato cidadão, o Sinpro/RS, que acredita que com jornalismo se constrói a consciência cidadã. Hoje temos cerca de 4 milhões de acessos por ano no site. A saída para que esse conteúdo chegue a mais pessoas tem sido a internet, mas também com dificuldades, porque nas redes sociais só com patrocínio conseguimos fugir um pouco da bolha”, avaliou.

O legado do Jornal JÁ

A trajetória do Jornal JÁ, embora pontuada por desafios e momentos de grande adversidade, é descrita por seu diretor, Elmar Bones, como vitoriosa, um testemunho de resiliência e compromisso inabalável com os princípios do jornalismo.

Um dos capítulos mais emblemáticos dessa história é o “Caso Rigotto”, ocorrido em 2001. Naquela ocasião, Bones publicou uma reportagem investigativa que denunciava um complexo esquema de fraudes na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A repercussão da matéria, que expôs um tema de grande interesse público e sensibilidade política, resultou em processos judiciais contra o jornal. Apesar de uma absolvição na esfera penal, o Jornal JÁ foi condenado a pagar uma indenização na esfera cível, o que, em última instância, levou à interrupção de sua edição impressa, existindo atualmente na internet.

Bones fez questão de ressaltar a vasta rede de colaboradores e figuras importantes que contribuíram para o jornal ao longo dos anos, transformando-o em um “repositório de ideias e informações” que, de outra forma, poderiam não ter encontrado espaço em veículos mais tradicionais.

 

 

Uma nova comunicação possível

No encerramento do debate, Bones defendeu a necessidade de articulação entre os veículos independentes e de políticas públicas para garantir sua sobrevivência.

“É tentar articular esses nossos projetos de alguma maneira, para que possam desenvolver sinergia e reforçar o trabalho. O problema não é a qualidade, é a falta de meios”, afirmou. Para ele, o primeiro passo é promover discussões entre os veículos independentes, a fim de mobilizar o poder público a reconhecer essa produção.

Segundo Bones, a comunicação ainda é tratada pelos governos como um problema de marketing. “Quando o governo se comunica mal, contrata alguém de marketing. Isso não resolve a questão da comunicação do país. O problema do Brasil é o deserto de informação e o discurso único dos veículos dominantes. Só vamos encarar isso seriamente com políticas públicas que deem vez e reconhecimento aos pequenos veículos, que possam crescer e desenvolver seus projetos. Qualidade existe”, ressaltou.

Ele lembrou que o Rio Grande do Sul tem uma tradição de imprensa independente, citando pesquisa que apontou a existência de 70 jornais de língua portuguesa entre 1860 e 1876. Bones também recuperou a experiência da Coojornal, cooperativa de jornalistas que foi referência no país, mas que acabou destruída pela ditadura. “Chegaram a queimar documentos, arquivos, livros e fotografias da Coojornal. Simbolicamente, isso foi a queima da memória dessa experiência, que foi muito rica e inspirou a formação de 11 cooperativas no Brasil”, recordou.

Para o diretor do Jornal JÁ, hoje não seria viável recriar uma cooperativa de jornalistas nos mesmos moldes, mas ele lançou uma nova proposta: “Pensei em uma cooperativa de leitores, que pudesse financiar e criar um fundo para sustentar projetos jornalísticos. É uma ideia embrionária, mas que podemos amadurecer junto ao movimento cooperativista, que é muito forte no Rio Grande do Sul”, sugeriu.

Bones concluiu destacando que cabe ao poder público federal criar mecanismos para apoiar a mídia independente. “A ausência de veículos em metade dos municípios brasileiros é gravíssima. Compete ao governo federal pensar em formas de enfrentar essa realidade e fortalecer os projetos que já existem espalhados pelo país”, disse.

Eleições 2026: STF reúne influenciadores para prevenir sobre fake news

MÁRCIA TURCATO*

O Supremo Tribunal Federal (STF) demorou para reconhecer a importância e o impacto que as redes sociais podem causar. Nas eleições de 2018, delegou a tarefa aos juízes auxiliares que decidiram que a “atuação dos juízes eleitorais deve ser realizada com a menor interferência e que a liberdade de expressão é um direito inafastável”, condenando apenas a ofensa à honra, o anonimato e fatos inverídicos.

Nem pensaram em manipulação da informação, de imagem e de som, ou na trolagem com o uso de robôs.

Na eleição de 2022, houve um pequeno avanço. O STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) celebraram um acordo para combater as fakes news e divulgar informações sobre o pleito.

Na mesma ocasião, firmaram uma parceria com 35 instituições, entre entidades de classe, universidades e empresas de tecnologia para a disseminação correta de informações e o enfrentamento das notícias falsas.

Este ano, às vésperas da eleição de 2026, o STF reuniu influenciadores, para falar sobre o papel das instituições, a comunicação nas redes sociais e o enfrentamento à desinformação intencional, as fakes news.

O encontro recebeu o nome de “Leis e likes: o papel do Judiciário e a influência digital”, ocorreu nos dias 13 e 14 de agosto no STF, em Brasília. A iniciativa buscou aproximar personalidades do universo digital e do mundo do direito.

O ministro Alexandre de Moraes, também conversou com os participantes do encontro sobre “influência responsável, liberdade de expressão e democracia”. Para o ministro, a influência digital e o papel das redes sociais são os temas mais relevantes atualmente no Brasil e no mundo.

O ministro salientou que a democratização do acesso à internet foi um avanço, mas que o mau uso da rede é um problema.

O evento foi estratégico e colocou mais conteúdo no que foi feito em anos anteriores pelo STF. Durante o encontro, o ministro Alexandre de Moraes defendeu a criação de varas e promotorias especializadas em crimes da internet. Segundo Moraes, a medida protegeria crianças e adolescentes nas redes sociais, além de combater a desinformação intencional, ou maliciosa, e outros crimes praticados no ambiente digital. Para Moraes, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem papel fundamental nessa questão, como coordenador do Poder Judiciário e auxiliar do Ministério Público. Se no século 20 a informação era poder, no século 21 a desinformação assumiu esse papel estratégico.

O “Leis e likes” também abordou o uso da Inteligência Artificial (IA).

Coube ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, falar sobre o tema. Segundo ele, a IA representa a quarta revolução industrial e é motivo de preocupação mundial devido a vários riscos, como a perda do controle humano sobre a tecnologia, seu uso bélico, impactos no mercado de trabalho e a propagação de desinformação.

Após a conversa com os ministros, os influenciadores acompanharam o começo da sessão plenária do dia 14 e fizeram uma visita guiada pelo edifício-sede e o museu do Tribunal. A secretária-geral do STF, Aline Osório, mestre em direito por Harvard, acredita que “o evento permite que os influenciadores tragam à Corte suas experiências e expectativas e fiquem mais familiarizados com o processo do Judiciário”.

A necessidade de regular as redes sociais tem mobilizado defensores do tema e opositores, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. A União Europeia tem um escopo de regulação já em uso e que se baseia em muito nas regras criadas em Portugal, Lei dos Serviços Digitais (DSA) e a Lei dos Mercados Digitais (DMA). Os documentos definem as responsabilidades das plataformas e buscam garantir um ambiente online mais seguro e democrático.

No Brasil, o STF tem se manifestado sobre a necessidade de responsabilização das plataformas por conteúdos ilegais, enquanto o Congresso Nacional discute projetos de lei como o PL 2630, de 2020, conhecido como PL das Fake News, que busca combater a disseminação de notícias falsas e que está com a tramitação suspensa desde 2023. De autoria do senador Alessandro Vieira (MDB/SE), o PL tem o deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP) como relator e ele já deu seu parecer a favor da regulação do tema e da urgência da sua votação e aprovação. A discussão também envolve o Marco Civil da Internet e a atuação de entidades como a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), criada em 2018, e ainda com baixa atuação e quadros limitados.

Anos anteriores
Em 2018, apenas 50 ações foram protocoladas no TSE sobre fake news durante o processo eleitoral. Em média, o tribunal levou dois dias para analisar cada uma delas. Naquela época, não havia retirada imediata de conteúdo falso das plataformas. Segundo o tribunal, apenas 12% das ações que recebeu durante a eleição eram sobre fake news. Número e índices que confrontam a realidade. Em 2018, uma média de seis informações falsas eram desmentidas diariamente pela mídia, que criou uma parceria para enfrentar as fakes news.

Naquele ano de 2018, 137 jornalistas foram ameaçados e/ou atacados por apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro. Quatro jornalistas da Folha de S. Paulo foram ameaçados, entre eles a jornalista Patrícia Campos Mello, autora da reportagem que revelou o esquema no WhatsApp que indicava a possibilidade de fraude eleitoral. A jornalista denunciou que a campanha de Bolsonaro utilizou disparos em massa de mensagens por intermédio de uma empresa de tecnologia para divulgar suas propostas e também atacar os adversários, além de enviar fake news, como o kit gay, que nunca existiu. Além disso, Patrícia teve seu aplicativo hackeado e usado para disparar mensagens favoráveis a Bolsonaro, além de ser atacada e ameaçada em vários eventos públicos.

Nas eleições de 2022, um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que a circulação de fake news aumentou no segundo turno das eleições, em comparação ao primeiro turno.

O crescimento foi registrado no Telegram (23%), Whatsapp (36%) e Twitter (57%) – agora X. No Youtube (17%), Facebook (9%) e Instagram (5%) houve queda, especialmente por conta de um pico de mensagens falsas nessas redes no fim de semana da eleição. No geral, a média diária de mensagens falsas cresceu de 196,9 mil no primeiro turno para 311,5 mil no segundo.

*Jornalista (Publicado originalmente no Brasil de Fato)

Privatização do DMAE: campanha quer chegar a 100 mil assinaturas para exigir plebiscito

Uma “frente em defesa do DMAE”, liderada pelo Simpa, está colhendo assinaturas para que o projeto de privatização do Departamento Municipal de Águas e  Esgotos de Porto Alegre seja submetido a um plebiscito popular.

A meta é ter 100 mil assinaturas para entrar com uma Ação Civil Publica e exigir uma consulta à população sobre o projeto do prefeito Sebastião Melo, de conceder a uma empresa privada autarquia municipal, responsável pelo abastecimento de água e a rede de esgoto em Porto Alegre, desde 1961.

O projeto de privatização do DMAE ´é polemico e já enfrenta uma CPI na Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Após obstrução, Senado amplia para até dois mínimos a isenção de IR

Depois de 48 horas de obstrução do plenário por bolsonaristas,  a primeira matéria que o Senado aprovou, nesta quinta-feira (7), foi o projeto de lei que isenta do pagamento do Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até dois salários-mínimos, o que equivale a R$ 3.036.

O texto agora vai para o presidente sancionar.

Esse limite já estava em vigor pela medida provisória 1.294/2025, editada pelo governo federal, e cuja validade venceria na próxima segunda-feira (11).

Caso a MP perdesse a validade, poderia prejudicar milhões de contribuintes – o IR passaria a ser obrigatório para aqueles que receberam, em média, R$2.606 por mês.

O relator da matéria no Senado, o líder do governo Jacques Wagner (PT-BA), comemorou o resultado da votação, que foi aprovada em votação simbólica sem manifestações contrárias.

“Depois, trabalharemos para aprovar a proposta de estender a isenção para quem ganha até R$ 5 mil”, explicou o relator.
A proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil reais está em tramitação na Câmara, aguardando votação no plenário.

Já aprovada em Comissão Especial, o texto prevê ainda uma redução do IR para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350.

A medida é outra das promessas de campanha do presidente Lula.

A votação da matéria foi atrasada pelo motim da oposição, que ocupou as mesas diretoras dos plenários da Câmara e Senado após decretada a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Gigante chinesa de drones entra no mercado da limpeza doméstica

A gigante chinesa fabricante de drones DJI entrou pesado no mercado de limpeza doméstica inteligente. Nesta quarta-feira, 7/8, apresentou uma “série inaugural” de aspiradores de pó robóticos, expandindo sua experiência tecnológica além dos dispositivos aéreos.

A nova linha de produtos, chamada série DJI ROMO, integra capacidades de varredura e limpeza, aproveitando as tecnologias de detecção ambiental proprietária da empresa e planejamento inteligente de caminhos originalmente aprimoradas para as operações de drones.

“O ROMO representa a primeira mudança estratégica da DJI da inteligência aérea para o cenário de limpeza doméstica”, disse Zhang Xiaonan, porta-voz da DJI, com sede em Shenzhen.

Embora os ambientes residenciais sejam diferentes dos ambientes aéreos, o princípio básico permanece idêntico – empregando navegação inteligente, percepção ambiental e controle de precisão para permitir que as máquinas atendam às pessoas de forma mais eficaz e inteligente, disse Zhang.

A experiência em drones da empresa a posiciona para enfrentar os principais desafios da indústria de vácuo robótico, acrescentou a porta-voz.

A empresa disse que espera que a série ROMO seja lançada nos mercados estrangeiros ainda este ano, embora datas e regiões específicas de lançamento permaneçam não confirmadas.

As remessas globais de aspiradores de pó robóticos atingiram 20,6 milhões de unidades em 2024, um aumento anual de 11,2%, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado IDC.

O relatório do 1º trimestre de 2025 da empresa mostrou que as vendas globais aumentaram para 5,1 milhões de unidades, um aumento de 11,9% em relação ao ano anterior.

As marcas chinesas Roborock, Ecovacs, Dreame e Xiaomi conquistaram quatro dos cinco primeiros lugares por volume de remessas.

Filha de chineses, de 41 anos, é empresária-símbolo em campanha da indústria gaúcha

Carolina Chiao, CEO da Metalúrgica Fimac, de Gravataí foi a escolhida para representar as 52 mil indústrias gaúchas na campanha institucional lançada nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Rio Grandedo do Sul.

Nas peças publicitárias que começam a ser veículadas nos principais meios de comunicação. Carolina narra na primeira pessoa sua trajetória que “reflete a diversidade do setor industrial gaúcho”.

Ela tem 41 anos e é filha de imigrantes chineses que chegaram ao Brasil em 1981. Em 2010, com a morte do irmão que dirigia a empresa da familia, assumiu como gestora e transformou uma pequena fábrica num polo de inovação.

Ela conta que nos primeiros anos, o faturamento era baixo, os custos altos e as entregas atrasavam. Em seu segundo ano à frente da Fimac, conseguiu zerar os atrasos e, progressivamente, estabelecer uma cultura de excelência. Hoje a Fimac é um exemplo.

A campanha do Sistema FIERGS pretende “valorizar a força do setor industrial que responde por 855 mil empregos no Estado”.

A iniciativa busca estimular um novo olhar sobre a indústria, com destaque para sua diversidade e sua importância para o desenvolvimento gaúcho.
“Indústria RS: Feita por muitos. Forte por todos”, resume o conceito que orienta a campanha.

“Queremos mostrar a força da nossa indústria por meio das pessoas que a constroem todos os dias. O nosso setor é um pilar para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e está em constante transformação, sempre buscando inovação e mais competitividade”, diz o  presidente Claúdio Bier.
Segundo o diretor de Comunicação do Sistema FIERGS, Nilson Vargas, a campanha busca promover uma nova percepção sobre a indústria gaúcha. “Essa ação estimula um novo olhar sobre o setor como um ecossistema vivo, diverso e essencial para o desenvolvimento do estado. A indústria é feita por pessoas reais, que com seu trabalho transformam o Rio Grande do Sul”.

Além dos anúncios veiculados a partir desta quinta-feira, a ação conta com um site (www.feitapormuitos.com.br) que complementa a estratégia e aprofunda a relevância da indústria gaúcha.
As peças publicitárias valorizam o ecossistema da indústria, com destaque para o empresário, que será o personagem no lançamento da campanha.​

A CAMPANHA
A concepção do projeto foi realizada pela Diretoria de Comunicação do Sistema FIERGS, que também criou as peças gráficas.

O desenvolvimento do anúncio de TV ficou sob responsabilidade da produtora gaúcha de filmes publicitários Mythago.

Com direção de cena de Guido Antonini e direção de arte de Bernardo Zortea, os filmes trazem um cenário que é um híbrido entre o real e o simbólico. Um grande estúdio com luzes à mostra, cabos no chão e tripés no fundo.
“Com liberdade para desenvolver e criar em cima da ideia inicial apresentada pela FIERGS, ajustamos algumas coisas, evoluímos outras e saímos de um ‘estúdio com cara de making of’ para um cenário moderno, com iluminações pontuais e aparentes e imagens que foram captadas na própria fábrica da Fimac”, descreve Antonini.

PPP da Usina: Prefeitura pagará R$ 5 milhões por ano à concessionária

No edital para a concessão da Usina do Gasômetro,  ícone da paisagem urbana de Porto Alegre, o essencial ficou encoberto pela polêmica que ainda está nas manchetes: pode o município conceder um imóvel que é da União?

O prédio da antiga usina é patrimônio da União, em “concessão de uso” ao município de Porto Alegre desde 1982. Interpretações divergentes dos termos da concessão alimentam a polêmica.

Não causou estranheza que a “gestão compartilhada” prevista na concessão do prédio histórico implique num repasse de R$ 95 milhões do poder municipal para a concessionária que vai “administrar o espaço” por  20 anos.

O município já investiu milhões na infindável reforma do prédio. E vai pagar quase R$ 5 milhões por ano para uma empresa “administrar o  espaço”?

A concorrência deve ocorrer no fim de agosto.