VÍDEO ANÔNIMO: “Tenho certeza que veio da direita”, diz Alfredo Fedrizzi

Até a tarde desta quinta-feira, 20/08, não havia na Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos qualquer registro do mais recente e rumoroso crime digital cometido em Porto Alegre.

Trata-se de um vídeo anônimo, que circula nas redes sociais, com denúncias envolvendo o prefeito Nelson Marchezan Júnior, os publicitários Alfredo Fedrizzi e Fabio Bernardi, as agências Escala e Morya, o grupo de comunicação RBS e sua principal colunista política, Rosane de Oliveira.

O vídeo é criminoso a começar pelo anonimato e terminando pela assinatura que tenta atribuir a autoria da peça aos movimentos de esquerda ao usar o bordão “Fora Marchezan”.

Bem produzido, ardilosamente mistura fatos verdadeiros e ilações duvidosas e, pelo impacto, tornou-se a primeira peça de uma campanha eleitoral com 15 pré-candidatos, na qual o prefeito Nelson Marchezan Junior concorre à reeleição e é favorito nas pesquisas.

O vídeo diz que o prefeito é favorecido no noticiário da maior rede de comunicação do Estado e, para direcionar a maior parte de sua verba publicitária para o grupo, manipulou a licitação das agências de propaganda contratadas pela prefeitura.

De fato, a verba que Marchezan aprovou para publicidade este ano é de 34,9 milhões e sua aplicação está sendo questionada na Justiça pela Associação dos Juristas pela Democracia e pelo sindicado dos municipários, mas por outras razões. Segundo as denúncias levadas ao MP e ao Tribunal de Contas, parte dos recursos destinados à propaganda foram desviados do Fundo Municipal da Saúde, o que seria ilegal. Ainda não há decisão.

Suspeitas de manipulação na escolha das agências para cuidar da verba da prefeitura circularam no mercado publicitário, até porque três licitações foram impugnadas na Justiça. Mas o resultado final, na quarta licitação, não foi questionado.

O publicitário Fábio Bernardi foi realmente o marqueteiro da campanha de Nelson Marchezan em 2016, pessoalmente, sem envolvimento da agência, segundo ele.

Em nota, as duas agências e a RBS repudiaram “as mentiras e ataques” contidos no vídeo e prometeram recorrer à polícia e à Justiça para esclarecer o caso e punir os autores.

Até a tarde de quinta-feira 20, no entanto, não havia nos registros da polícia Boletim de Ocorrência lavrado pelas empresas, nem pela prefeitura sobre o caso.

O publicitário Alfredo Fedrizzi, ex-diretor da Escala,  disse ao JÁ que há três dias tentava registrar a ocorrência, sem sucesso. Chegou a ir na Delegacia Especializada, na avenida das Indústrias, mas por conta da quarentena, apenas  os casos graves e urgentes,  tem atendimento presencial nas delegacias.

Na delegacia digital, pela internet, ele fez inúmeras tentativas  e não conseguiu completar o procedimento. Segundo ele, seu colega Fábio Bernardi também não havia conseguido até então.

A disposição de Fedrizzi, no entanto, é não desistir de buscar o esclarecimento e identificar os autores que “envolveram caluniosamente  meu nome e o da Escala  numa criminosa fake news”.

“Estou há três anos fora da agência, nunca fiz campanha para o Marchezan”, disse ele.“ Sou amigo dele, mas não trabalhei em campanha dele. Não vou tolerar que tentem me atingir com mentiras, escondendo-se no anonimato” .

A foto dele com o prefeito, usada no vídeo, é de um evento no Barrashopping, há três anos atrás, no qual Marchezan passou rapidamente.

Antes mesmo do BO, que é o primeiro passo para que se investigue a autoria do crime digital, Fedrizzi já está fazendo por conta própria um rastreamento e tem pistas que prefere não divulgar por enquanto. Uma certeza ele tem: “Veio da direita, tentando incriminar a esquerda e tem o dedo de concorrentes prejudicados em licitações”.

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