Os golpes e as mentiras da Globo

P.C. DE LESTER
No dia 2 de abril de 1964, o presidente da República, João Goulart, ainda estava em território brasileiro.
Havia desembarcado às 3h15 minutos da madrugada no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para decidir se resistiria ou não à quartelada que se iniciara contra seu governo.
Nas primeiras horas da manhã, o presidente estava reunido com o comandante do então III Exército e os comandantes de todas as unidades da região Sul, mais líderes políticos como Leonel Brizola e outros.
Naquela manhã, o jornal o Globo circulava no Rio de Janeiro com a seguinte manchete no alto da página: “Jango Fugiu: A Democracia Está Restabelecida” e abaixo em letras garrafais: “EMPOSSADO MAZZILLI NA PRESIDÊNCIA”.
O Globo mentiu para encobrir um atentado à Constituição, que se praticou com a posse forjada de Rainieri Mazzilli, o presidente da Câmara, quando o presidente da República ainda estava em território nacional.
Na calada da noite, o presidente do Senado, Auro Moura Andrade, numa sessão de três minutos, declarou vaga a Presidência da República e elegeu Mazzilli para o cargo. Naquela época, Roberto Marinho tinha apenas o jornal e a rádio Globo.
A TV que daria origem à Rede Globo, entrou no ar um ano depois, não por acaso.
No dia 1º de setembro  de 1969, estreou o Jornal Nacional, “o primeiro noticioso em rede nacional de televisão” no Brasil.
A principal notícia foi a doença do presidente Costa e Silva, há quatro dias com uma “crise circulatória”. O locutor Hilton Gomes disse que o presidente “passou bem à noite e está em recuperação”.
O presidente, na verdade, tivera uma isquemia cerebral. Estava prostrado na cama, semi-paralítico e mudo. Os três ministros militares já haviam empalmado o poder, descartando o vice-presidente, Pedro Aleixo.
O Jornal Nacional mentiu, encobrindo o chamado “golpe dentro do golpe”.
Portanto, quando William Bonner diz que os jornalistas da Globo não criam fatos, mas apenas os divulgam e que “sempre foi e vai continuar sendo assim”… é bom botar o pé atrás.
Agora, toda a Globo está empenhada em dizer que o impeachment contra Dilma não é golpe. Não estará ela, novamente, tentando encobrir outro golpe?
(Publicado originalmente em 30 de março de 2016, com o título: “A Globo e o Golpe: nas duas vezes anteriores, ela mentiu”)

A parábola do Professor Brum

P.C. de Lester
Para quem assistiu ao evento Fundamentos & Fundações do Rio Grande, na quinta-feira (9) no auditório da Assembléia Legislativa, em Porto Alegre, era bastante nítido que o professor João Carlos Brum Torres não estava muito à vontade na mesa em que foi colocado ao lado de outros economistas críticos do governo, como Claudio Accurso e Pedro Cezar Dutra Fonseca.
No entanto, mesmo admitindo possuir relações históricas com o PMDB, inclusive com o governador Sartori cujo programa de governo coordenou, ele deu seu recado sem subterfúgios. Para Brum Torres, a extinção das fundações técnicas e culturais foi um erro grave.
Em sua fala de oito minutos, ele não atacou ninguém, mas foi claro. Disse inicialmente que não viu lógica na argumentação dos operadores do fechamento das instituições de pesquisa.
Em seguida, lamentou especialmente a extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE), cujos estudos e indicadores são fundamentais para avaliar a situação do estado, como constatou nas duas vezes em que esteve no cargo de Secretário do Planejamento do Estado.
Por último, afirmou que o Rio Grande não vai acabar por causa da crise, e encerrou sua fala com um “causo” que provocou risos na platéia formada por duas centenas de pessoas:
“Eu tive oportunidade de comentar o assunto (das extinções) com o governador, mas o fiz comparando a situação do governo à de um fazendeiro que lamenta não ter recursos para fazer uma reforma geral da propriedade, derrubar as grandes árvores etc. No meio desse grande impasse, chega alguém e se refere negativamente a diversas árvores pequenas que estão ali enfeiando a paisagem e sujando o chão todos os dias com um monte de folhas secas. Diante dessa sugestão implícita de ‘limpeza’, o que faz o fazendeiro? Ordena: ‘O que vocês estão esperando? Chamem a turma da motosserra…’.”
Moral da história: Ao invés de limpar, corta de uma vez

Skaf, o homem do pato, recebeu R$ 6 milhões da Odebrecht

Lembra daquele enorme pato amarelo que a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo)  colocou na Avenida Paulista durante as manifestações e que foi um símbolo da campanha contra o governo Dilma?
Pois é, agora se fica sabendo quem realmente “pagou o pato”.
Em seu depoimento nesta quarta-feira, o empresário Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que está no centro do esquema de corrupção política que assola o país, declarou que R$ 6 milhões (de um total de 10 milhões doados pela empresa via caixa 2 ) foram destinados a Paulo Skaf, atual presidente da Fiesp, que foi candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014.
A informação, claro, não mereceu maior destaque nos grandes jornais.

Skaf hoje é um dos maiores defensores do governo Temer e defende entusiasticamente a “flexibilização” das leis trabalhistas. “No futuro, uma das grandes crises a ser enfrentada é a do desemprego. Nesse sentido, é fundamental a reforma trabalhista”, declarou ele em palestra recente.
“O presidente da Fiesp e do Ciesp disse estar confiante quanto às reformas em curso. Skaf também tratou da expectativa de queda mais acentuada dos juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom)”.

Reunião do Cort com a participação de Paulo Skaf. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Reunião do Conselho Superior de Relações do Trabalho da Fiesp com a participação de Paulo Skaf. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

 
 
 

A frase da ministra e a ousadia dos canalhas

PC DE LESTER
“Temos que ter a ousadia dos canalhas.”
Recupero de memória a frase da ministra Cármen Lúcia que encheu de esperanças os brasileiros, como eu, que ainda acreditam na justiça. Terá sido em meados de 2016.
Desde então os canalhas avançaram e hoje vai ficando claro que sua ousadia não tem limites.
Teori Zavaski, o duro relator da Lava Jato, morreu na queda do avião que o conduzia a um fim de semana em Parati, no Rio.
O avião estava em plenas condições, o dono e passageiro do voo era obcecado por segurança, o piloto era experiente, teria feito mais de uma centena de pousos naquela pista, as condições climática não eram incomuns na região.
O gravador de voz, recuperado dos destroços do avião, revelou uma situação tranquila, o piloto em pleno domínio do vôo, fazendo um tempo para aterrissar em condições seguras.
Mas eis que, nos instantes decisivos do pouso, o gravador para de funcionar e aí não é possível saber o que aconteceu. “Uma desorientação espacial do piloto” aventaram os peritos que analisaram o gravador,  cujo nome ou rosto não foi mostrado.
A partir daí, o noticiário sempre criterioso da Rede Globo e enfileiradas, passou a usar um bordão: o ministro que morreu “numa queda de avião, cujas causa estão sendo investigadas”.
Do restante das investigações ninguém sabe, ninguém viu, correm em segredo de justiça. Mas, para que teorias conspiratórias, se a Globo já adiantou as conclusões: foi um acidente, cujas causas estão sendo investigadas?.
Enquanto isso, Temer recompensa  a diligência de Alexandre Moraes, ao resolver em tempo recorde o caso do racker que tentou achacar a primeira dama, nomeando-o ministro da Justiça.
Em seguida, nomeia Moreira Franco ministro para que ele tenha foro privilegiado.
O STF  dança um minueto e acaba concluindo que está  tudo certo (Ah, vai a plenário, para mais uma contradança…)
O chefe da Casa Civil, diz em palestra que é assim mesmo: o governo compra votos.
E Jucá, talvez o mais ousado dos canalhas, apresenta um projeto para blindar o presidente da Câmara e do Senado das acusações na Lava Jato.
Terei omitido detalhes. Mas a conclusão é uma só: os canalhas continuam mais ousados do que nunca…E a frase da ministra Cármen Lúcia… fica sendo só mais uma frase.
 
 

Um dia depois de trocar de turma, Fachin é sorteado relator

PC DE LESTER
Dois dias depois da morte do ministro Teori Javascki, o mentor do noticiario político da Rede Globo, Merval Pereira, cravou em sua coluna: “Fachin será o novo relator”.
Naquele momento não estava sequer definido o critério, se a escolha entre os ministros da segunda turma ou se entre todos os integrantes do colegiado do STF.
Foi uma aposta surpreendente num comentarista sempre cauteloso. Ainda mais que Fachin, nomeado para o Supremo por Dilma Rousseff e considerado “petista” não é das preferências de Merval ou da Globo.
Para quem sabe que a principal fonte de Merval Pereira no STF é Gilmar Mendes, seu amigo de longa data, soou ainda mais intrigante a notícia tão categórica.
Na semana passada, ficou definido que a eleição seria entre os cinco ministros da segunda turma, da qual era o ex-ministro Zavascki.  Fachin estaria fora pois estava na primeira turma.
Mas eis que, sem mais, providencia-se a transferência de Edson Fachin para a segunda turma e, no dia seguinte, em sorteio eletrônico é escolhido novo relator da Lava-Jato, um pepino que segundo Gilmar Mendes “ninguém queria pegar”.
O premonitório Merval disse, logo após o anúncio, que “ninguém vai acreditar que não houve manipulação”. Ele garante que não ouve. Foi uma questão de cálculo.
 
 
 
 

Morte de Teori: nada foi esclarecido, tudo vai ficando claro

Bastou um laudo preliminar para enterrar de vez a hipótese de sabotagem na queda do avião que matou o ministro Teori Zavascki e outras quatro pessoas, há uma semana.
O centro de investigações da Aeronáutica, numa nota curta, informou na quarta-feira que o gravador de voz retirado do avião não revela nenhuma anormalidade no voo.
Foi o suficiente, apesar da advertência de que era uma primeira conclusão dos peritos (que não têm nome, nem rostos).
Na verdade, essa conclusão já estava plantada no noticiário da Globo e assemelhadas que, desde o primeiro dia, advertiram seus editores e articulistas para evitar as “teorias conspiratórias”.
Resultado: sem que se saiba quase nada do que realmente aconteceu, já não há mais dúvidas no noticiário. Foi uma lamentável fatalidade que retirou de cena o relator de um processo que envolve todos os caciques da política brasileira, a começar pelo presidente da República.
Afastada a hipótese de crime, o noticiário tenta ver o lado positivo da tragédia e acha razões para otimismo.
A morte de Teori, louvado em prose e verso, não foi em vão. A comoção nacional por seu trágico desaparecimento será o alento dos que acreditam na Justiça. A Lava-Jato vai continuar, revigorada.
Aí começa o segundo ato.
O colunista Merval Pereira, mentor político da Rede Globo e afiliados, amigo íntimo de Gilmar Mendes, lança o nome do ministro Luiz Edson Fachin para relator da Lava-Jato.  Fachin, indicado por Dilma Rousseff para o STF em 2015, é considerado um petista, é “amigo pessoal e de convicções” de Lula e Dilma.
Enquanto as tropas à direita se movem para tirar Facchin da jogada, Gilmar Mendes move suas peças. Janta com Temer, reservadamente, mas se deixa filmar numa cena descontraída no jardim do palácio, com o presidente e Moreira Franco. Diz que tem “relações de companheirismo e diálogo” com Temer há 30 anos.
Isso aconteceu no domingo. Na quarta-feira, Gilmar foi à ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, que tem em suas mãos o poder de indicar o novo relator da Lava-Jato.
Sai do encontro, de meia hora, dizendo aos repórteres que encararia com naturalidade assumir o cargo de relator.
Claro que a indicação de Gilmar é improvável, até por suspeita. Ele já apontou restrições à condução da Lava-Jato. Mas pode ser alguém sob sua influência.
As almas mais puras que habitam as franjas do poder acreditam que a ministra Cármen Lúcia é uma barreira suficiente para conter qualquer plano de esvaziar a Laja-Jato.
Sim, o fortalecimento da ministra é o aspecto mais positivo de todo esse processo pós-Teori.
Mas ela enfrenta circunstâncias adversas. Depois do enterro de Teori, por exemplo, noticiou-se que Carmen Lúcia, na condição de presidente do STF, poderia, em caráter emergencial, homologar as delações dos executivos da Odebrecht, como se esperava que o relator fizesse neste início de ano.
Ergueram-se as reações imediatamente, primeiro veladas, depois personificadas no ministro Marco Aurélio Mello, que advertiu para o risco: uma decisão emergencial poderia dar margem a questionamentos que prejudicariam o processo. Não se falou mais no assunto.
OBSERVAÇÃO: A ministra Carmen Lúcia acabou homologando as delações dos diretores da Odebrecht nesta segunda-feira, 30 de janeiro. Mas, detalhe crucial, manteve o sigilo sobre os depoimentos.

Tom Jobim tinha razão: “O Brasil não é para amadores”

P.C. DE LESTER
Tom Jobim, o grande maestro, que completaria noventa anos por esses dias e que conhecia a alma brasileira como poucos, cunhou a frase genial: “O Brasil não é para amadores”.
Aí está a morte do ministro Teori Zavascki que não o deixa mentir.
A sensação, neste início de ano,  é de que o país está nas mãos de duas categorias de criminosos que em algum ponto se tocam – o crime organizado nos porões das cadeias, que corta cabeças e posta no face e o crime do colarinho branco, engendrado em altos gabinetes, capaz de eliminar seus desafetos sem deixar pegadas.
Sem dúvida, não é para amadores…
Em todo caso, resta esperança nas palavras da ministra Carmen Lúcia:
“O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil.”
 
 

Temer e Geddel: tudo a ver

PC de Lester
Os donos da mídia concordaram com FHC. “Temer é ruim, mas é o que temos”. É o que explica o esfriamento do caso Geddel nos meios tonitroantes. Até a foto de um Temer sorridente foi providenciada para minimizar o caso.
O caso é assombroso. Temer chamou seu ministro da Cultura ao palácio para pedir que parasse de atrapalhar um negócio imobiliário de seu ministro especial e “fraterno amigo”, Geddel Vieira Lima, em Salvador.
O presidente da República disse ao ministro da Cultura que estava tendo “dificuldades operacionais” com Geddel por causa dessa pendência.
Recomendou que passasse o caso para a Advocacia Geral da União, que saberia “construir uma solução”.
Solução seria liberar a construção do prédio, no qual Geddel tem um apartamento, que está embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, órgão subordinado ao ministério da Cultura.
Segundo O Globo, o edifício de 51 andares é um de uma série de espigões irregulares em construção na capital baiana.
Temer ainda consolou o neófito Marcelo Calero: “A política tem dessas coisas”. No dia seguinte, Calero pediu demissão e denunciou as pressões.
Prestou depoimento à Policia Federal e anexou as gravações que fez de conversas com Temer, Geddel e Eliseu Padilha, o todo poderoso ministro chefe da Casa Civil.
O caso está a caminho do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República e ministros serão chamados a dar explicações na Câmara. Mas os senhores da palavra decretaram que tudo isso é marolinha.
Vamos ver se os fatos e a opinião pública concordam…
 

Assim acabam elegendo Lula

P.C. DE LESTER
Elio Gaspari escreveu  n`O Globo que “assim acabam absolvendo o Lula”.
(globo.com/opinião/assim acabam absolvendo lula. com)
Refere-se aos últimos vazamentos incriminando o ex-presidente, que beiram o ridículo.
Um deles foi a pré-delação de Emílio Odebrecht (estão  vazando até “pré-delação”!) que teria dito à Federal que o estádio do Corinthians, o Itaquerão, foi presente da empreiteira ao Lula.
O outro, uma planilha de propinas em que o termo “amigo” foi atribuído ao ex-presidente, por simples dedução.
Essa do Itaquerão, um “furo” da Folha de São Paulo, foi cômica.
Manchete da Folha, na segunda feira, foi reproduzida em todos os portais dos jornalões.
Ao meio dia, depois que o presidente do Corinthians divulgou uma nota jocosa, caiu a ficha e todos tiraram do ar a “manchete”.
O “Itaquerão”, informou o presidente do Corinthias, custou quase um bilhão ao clube, que paga religiosamente as prestações mensais de 900 mil. Lula nunca foi sequer assistir a um jogo no estádio.
Só a Folha sustentou o ridículo até o fim da tarde. No dia seguinte, deu lugar à tal planílha, em que o “amigo” é identificado com Lula.
Gaspari, por astúcia não disse, mas assim eles acabam é elegendo o Lula em 2018.
 

Sócio da Al-Qaeda comprou armas em Porto Alegre

Seria uma manchete, mas está na ZH desta quarta, encoberta por um título em que a indústria de armas Taurus se explica. A passagem por Porto Alegre de  Fares Mohamed Mana-á, um dos nomes do terrorismo internacional.
Fares Mohamed Mana-á tem um verbete como político e traficante de armas na Wikipédia desde 2011, mas a Taurus, que exporta armas há décadas, não sabia nada que o desabonasse.
Vendeu-lhe oito mil revólveres e pistolas em 2013 e, em 2015, vendeu um novo lote de três mil no total de dois milhões de dólares. E trouxe-o a Porto Alegre como convidado especialíssimo.
A notícia não esclarece se a visita  de Fares Mohamed Mana’a foi antes ou depois do negócio fechado.
Com todas as despesas pagas, ele veio conhecer a fábrica de onde sairam as armas que ele estava comprando. Tudo numa reserva tamanha que nem os “colunistas bem informados” ficaram sabendo. Quem soube não publicou.
A explicação da Taurus, que usurpou a manchete, é que nada sabia e, quando soube que se tratava de uma organização que tem parceria com a Al-Qaeda, interceptou o lote de armas que já estava a caminho.
O assunto foi levantado pela agência de notícias Reuters, a partir de uma investigação internacional.
Safra de boas notícias está começando
A capa da nossa gorda e patusca ZH desta quarta-feira é exemplar: o otimismo está em alta. Começa pela manchete: “Concessões devem atrair mais capital estrangeiro”, tentando tirar leite de uma vaca magra como é o requentado pacote de concessões do ministro Padilha (fonte infalível em ZH).
Segue com outro primor: “PIB gaúcho cai, mas em menor ritmo”, minimizando o fato de ser o quarto semestre consecutivo de queda e que ainda é de 3,1%. E para não dizer que o governo não faz nada: “BM  mata três assaltantes após ataque de loja”.
Sobrepondo-se a tudo, uma majestosa foto aérea da avenida Ipiranga, com a manchete, sobre fundo amarelo: “Em breve, com faixa exclusiva”. Um velho projeto de pintar de azul uma faixa de algumas avenidas para facilitar o tráfego dos coletivos nos horários de pico, prometido para o próximo dezembro.
Como dizia o finado Buonocuore: “Há que se aguentar com os novos tempos”