Pressão para que Congresso derrube vetos que alteram regras do saneamento

Visita ao Bairro Jardim Itu, para verificar a falta de saneamento básico na localidade.

Na semana que antecede a votação dos vetos de Jair Bolsonaro à Lei 14.026, que altera o marco regulatório do setor de saneamento, a Abes – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental alerta sobre a importância de que os vetos sejam derrubados pelo Congresso Nacional, “para evitar que uma transição radical e açodada leve à desorganização do setor e a retrocessos na prestação de serviços à população brasileira”.

Como exemplo do resultado desastroso que pode se desencadear na área do saneamento, a Abes traz o exemplo da região metropolitana de Maceió. A realização de leilões de concessão e de PPPs, particularmente a licitação de concessão de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, é preocupante.

Uma primeira preocupação é quanto as modelagens dos  processos. “A licitação de modelagens por intermédio de pregões tem resultado em contratações com descontos escandalosamente altos, usualmente acima de 50%, inexequíveis para o cumprimento dos termos de referência propostos. A brutal redução de valor leva à virtual eliminação de serviços de engenharia com o grau de detalhe que seria necessário”, destaca a Abes, em nota. Significa licitar-se sem o conhecimento adequado dos sistemas, o que aumenta os riscos e contraria o interesse público.

Outra preocupação é quanto a modelagens que segregam áreas mais rentáveis e deixam em segundo plano outras, com sistemas de menor porte, menos rentáveis, que  continuam a cargo do poder público.

Sobre o que ocorre em Maceió, a Abes relata: “Ainda mais grave são processos licitatórios que drenam recursos para fora do setor, que, deficitário, necessita que esses sejam retidos, para a ampliação do atendimento e busca da universalização da prestação de serviços. O resultado da licitação de Maceió, com uma vultosa outorga, que se explica pelas extremamente elevadas tarifas praticadas, provoca alarme nos profissionais do saneamento. Todos os recursos gerados deveriam obrigatoriamente permanecer no setor, o que também tem que ser aplicado a eventuais alienações de propriedade de empresas estatais, que a nova lei permite. O setor de saneamento não pode ser tratado como fonte de recursos para resolver déficits fiscais”.

Após várias protelações, a votação dos vetos presidenciais pelo Congresso é esperada para os próximos dias. A Abes  reitera a importância de congressistas mantenham os acordos políticos firmados com a participação dos governadores estaduais, e rejeitarem os vetos. E antevê que a adoção de soluções radicais trará enormes riscos de desorganização, impasses judiciais e retrocessos.

Sobre a ABES

Com 54 anos de atuação pelo saneamento e meio ambiente no Brasil, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES reúne em seu corpo associativo cerca de 10.000 profissionais do setor. A ABES tem como missão ser propulsora de atividades técnico-científicas, político-institucionais e de gestão que contribuam para o desenvolvimento do saneamento ambiental, visando à melhoria da saúde, do meio ambiente e da qualidade de vida das pessoas. www.abes-dn.org.br

Deixe uma resposta