O recado do Cunha

P.C. de Lester
A mídia rapidamente descartou a hipótese de que Eduardo Cunha tenha sido o inspirador do tresloucado gesto de Waldir Maranhão, o presidente da Câmara em exercício, que anulou a sessão do impeachment e, horas depois, voltou atrás.
É conveniente, para os que fomentam o golpe, que tudo pareça mais uma trapalhada de um governo em frangalhos.
Por isso, sem apuração, apenas com base em algumas evidências e em declarações interessadas, concluiu-se que o presidente interino foi pura e simplesmente aliciado pelo governador Flávio Dino e pelo ministro José Eduardo Cardoso, da PGR.
Para que a “narrativa”  ficasse convincente, quase se ignorou o encontro que Maranhão teve com Cunha, na sexta-feira, antes de sair de Brasilia. Dali, ele foi falar com Temer?. Qual o recado? Não vem ao caso.
Depois disso, pelo que se pode ver no noticiário, é que ele foi a São Luís. De lá retornou num avião da FAB com o governador Flávio Dino.
É verossímil descartar Cunha desse enredo?
Convém lembrar que Maranhão surpreendentemente votou contra o impeachment, mas ao justificar seu voto referiu-se a Cunha e proclamou sua fidelidade ao “sr. presidente”.
Cunha emitiu uma nota descartando qualquer envolvimento na manobra da anulação e desqualificando Maranhão. Talvez esta seja a única parte que não combinaram. Não precisava, Maranhão sempre foi da confiança de Cunha.
Não foi por outro caminho que ele chegou à vice-presidência da Câmara, apesar de seu gritante despreparo.
Waldir Maranhão não é uma raposa cheia de manhas e espertezas. Ele é mais um porco espinho, que sabe uma coisa essencial: ele sabe que o chefe é o Cunha.
E o chefe só queria mandar um recado aos que estão tentando abandoná-lo à própria sorte.
 
 
 
 

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