Aos 80 anos, Hospital de Pronto Socorro enfrenta superlotação e falta de investimentos

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Duas tendas de lona branca foram instaladas no terreno onde será construído o novo prédio de oito andares, anexo ao  Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.

Ali, na sexta-feira 19 de abril,  a Fundação Pró HPS reuniu convidados – diretores do hospital, antigos funcionários homenageados, autoridades e a imprensa para comemorar os 80 anos do HPS.

“Estamos pisando hoje no próximo prédio do HPS, mas ele não vai acontecer sozinho, precisaremos que a cidade abrace a causa da ampliação do hospital. A união do poder público e do setor privado dará vida às novas instalações, reforçando a confiança que cada um tem nesta instituição’’, disse o prefeito em exercício, Ricardo Gomes.

O evento de comemoração foi promovido pela Fundação HPS. Foto: Pedro Piegas/PMPA

Porto Alegre foi a primeira cidade no Brasil a ter um serviço público para emergências médicas. A Assistência Pública Municipal foi inaugurada em 1897 numa sala da antiga Prefeitura, com médicos e enfermeiros que iam a cavalo atender os pacientes.

Em abril de 1944, o serviço, já de excelência,  ganhou um prédio próprio num ponto estratégico da cidade, na confluência das avenidas Oswaldo Aranha e Venâncio Aires e passou a chamar-se Hospital de Pronto Socorro.

Tornou-se referência no atendimento a emergências, premiado pelo Ministério da Saúde,  e ainda hoje é reconhecido pela excelência do seu serviço universal e gratuito, principalmente nas especialidades de traumas e queimaduras. Integra o sistema SUS.

Tem a única UTI pediátrica para traumas do Estado. É uma das instituições de maior credibilidade na capital e mesmo além dela.

Mas aos 80 anos  o HPS está longe de seus melhores momentos. Para começar, o prédio octogenário, onde são atendias 120 mil emergências por ano, enfrenta sérios problemas estruturais.

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Além disso, como todos os serviços de emergência da capital, enfrenta um quadro de superlotação crônica,  decorrente da precarização do atendimento hospitalar no interior do Estado.

Desde junho do ano passado a Associação dos Servidores do HPS denuncia carências e falta de investimentos em áreas básicas. Divergências políticas dificultam o diálogo entre a direção e os funcionários.

Um temporal danificou o telhado e uma enfermaria  no quinto andar,  está interditada desde o ano passado.  São 30 leitos a menos.  Os pacientes com queimaduras estão sendo internados na UTI de trauma que foi reformada, no quarto andar.

A Associação dos Servidores aponta ainda a falta de funcionários em áreas essenciais.  Faltam 200 técnicos de enfermagem, segundo a ASHPS. A terceirização de serviços essenciais, inclusive médicos, também preocupa os servidores concursados.

O projeto de um anexo na avenida José Bonifácio para expansão dos serviços do HPS já tem 20 anos. Seis imóveis foram desapropriados, com as casas demolidas em 2012.

“Estamos realizando os últimos ajustes para definição do projeto. O propósito é iniciar no ano que vem e concluir ate dezembro de 2026”, disse a diretora Tatiana Breyer em outubro de 2023 em entrevista à rádio Gaúcha.

O novo prédio de oito andares, com 11 mil metros de área construída, permitiria praticamente dobrar a capacidade do HPS, com 130 novos leitos, mais os serviços complementares.

O projeto, ainda em definição, exigiria investimentos de 140 milhões de reais. É a prioridade da Fundação Pró-HPS, entidade “de caráter privado e fins públicos”, fundada em 2004, para criar meios sociais para a captação de recursos para o HPS”. Recursos para os últimos investimentos no HPS têm vindo de suas campanhas e convênios – Troco Amigo com a Panvel, Troco do Coração com o Zaffari e a Nota Fiscal Gaúcha.

Na comemoração, a Fundação, cujo solgan é “O HPS cuida da gente/ A gente cuida do HPS”, implicitamente lançou uma  campanha para bancar a expansão do HPS com parcerias privadas.

A maquete do novo prédio para expansão do HPS na av. José Bonifácio.