A cada dia menos presidente, Bolsonaro diz que “só Deus me tira daqui”

Bolsonaro falando a apoiadores neste domingo 21/03. Foto Assessoria

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo que “enquanto eu for presidente,  só Deus me tira daqui”.

A declaração foi dada diante de uma pequena multidão que se aglomerou em frente ao Palácio da Alvorada para homenageá-lo  por seu aniversário.

Bolsonaro fez 66 anos neste domingo.

Ao contrário do que ocorreu em diversas outras aparições públicas, Bolsonaro foi ao encontro dos seus apoiadores usando máscara.

Durante um breve discurso, o presidente fez menções a “tiranos” que estariam tentando tolher o direito de ir e vir do povo.

Ele não disse a quem se referia, mas  é evidente: na semana passada, o governo federal ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter toques de recolher impostos pelos governos da Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

— Se alguém acha que, um dia, nós abriremos mão da nossa liberdade, estão enganados. Alguns tiranetes, ou tiranos, tolhem a liberdade de muitos de vocês. Podem ter certeza que o nosso Exército é o verde-oliva e é o de vocês também — afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro insinuou que estariam “esticando a corda”, mas que seus apoiadores poderiam contar com as Forças Armadas.

— Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade. Estão esticando a corda. Faço qualquer coisa pelo meu povo e esse qualquer coisa é o que está na nossa Constituição, é a nossa democracia e o nosso direito de ir e vir — disse o presidente.

Em outro ponto do discurso, Bolsonaro defendeu sua atuação no combate à Covid-19:

— Fizemos, até o momento no combate ao vírus, não só compra de vacinas desde o ano passado, bem como o maior projeto social do mundo, que foi o auxílio emergencial. O povo precisou e nós atendemos. Agora, o que o povo mais pede pra mim é: eu quero trabalhar.

O discurso acontece no momento em que a popularidade do presidente desaba. Pesquisa do Instituto Datafolha na sexta-feira revelou que 54% dos brasileiros  rejeitam a maneira como ele conduz o combate à epidemia de Covid-19.

Até agora, nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e nem o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dão indicações de que podem acatar os pedidos.
Mas é visível o isolamento do presidente por sua insistência em negar a gravidade da situação que tornou o Brasil um “risco mundial” por causa do aumento da contaminação, do número de mortes  e do surgimento de variantes do vírus, que já alcançam outros países.
Caso de contaminação pela P1, variante brasileira do novo coronavírus, foi detectado em Nova York neste fim de semana.
Um manifesto assinado por 200 economistas, entre eles cinco ex-ministros da Fazenda, divulgado neste domingo,  pede um comando nacional para enfrentar a pandemia, deixando subentendido que as ações do governo federal até o momento mais prejudicam do que ajudam.

Deixe uma resposta