MP pede suspensão do inseticida responsável por mortandade de abelhas no Estado

A Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre encaminhou nesta quarta-feira, 14, pedido para que o Governo do Estado avalie a possibilidade de restrição do uso do inseticida Fipronil, na modalidade foliar, no RS, através da suspensão provisória do registro do produto no Cadastro Estadual de Registro de Agrotóxicos.
O ofício, encaminhado à Fepam e às Secretarias da Agricultura Pecuária e Desenvolvimento Rural e de Meio Ambiente e Infraestrutura, foi expedido no âmbito do inquérito civil instaurado para apurar as causas da mortandade de abelhas no estado. O IC apurou que coletas feitas em 32 municípios gaúchos mostraram que em torno de 400 milhões de abelhas morreram no RS entre outubro do ano passado e março deste ano.
Conforme o promotor de Justiça Alexandre Saltz, em junho deste ano, o MP propôs que as empresas produtoras do inseticida suspendessem voluntariamente a comercialização da modalidade foliar do produto, a exemplo da Basf. Apenas a Nufarm concordou. “O fato é significativo porque, mesmo que outras tantas não concordassem com a proposição ancorada apenas na questão de que o princípio ativo possui registro, duas das maiores produtoras reconhecem, especificamente pela mortandade de abelhas, os danos que a versão foliar do Fipronil representa”, destacou Saltz no pedido de suspensão. “Impõe-se avançar na limitação da sua comercialização e uso, especialmente às vésperas do início da safra”, ressaltou ele.
No pedido, o MP lembra que há outras formas de uso do inseticida em questão, além de outros tantos princípios ativos com finalidade idêntica que não apresentam risco à produção agrícola. “A necessidade é de prevenir novos danos ambientais irrecuperáveis derivados da aplicação do produto nesta modalidade”, disse.
(Com assessoria de imprensa)

Morte de abelhas desencadeia novo ciclo do ambientalismo

Trinta instituições apoiam o seminário sobre apicultura e agrotóxicos convocado para a tarde desta quinta-feira (28/3) em Mata, o município gaúcho mais atingido pela mortandade de abelhas por agrotóxicos no último verão.
Mata, na região de Santa Maria, tem 5 mil habitantes e fica a 380 km de Porto Alegre. O seminário é aberto a intervenções populares, o que o caracteriza como uma audiência pública.
Estão programados relatos e manifestações de apicultores, pesquisadores e representantes de órgãos oficiais como a Embrapa e o Ministério da Agricultura. No final, está prevista a fundação da Apisbio (Articulação para a Preservação da Integridade dos Seres), a mais nova entidade ambiental do país, voltada especialmente para a preservação das abelhas como vetor da manutenção da biodiversidade.
No encerramento, às 18 horas, será entregue ao Ministério Público Estadual o documento oficializando a denúncia da mortandade de abelhas por um consórcio de agricultores usuários de agrotóxicos fabricados pela indústria química multinacional, vendidos no Estado por 1500 comerciantes de produtos agropecuários e aplicados por empresas de aviação agrícola e peões agrícolas mediante autorização de engenheiros agrônomos, a quem cabe assinar as respectivas receitas.
A mortandade das abelhas está abrindo um novo ciclo no movimento ambientalista do Sul. É um ciclo mais técnico do que o anterior, liderado pela ONG Amigos da Terra, há 15 anos, contra a monocultura do eucalipto. E desta vez, além do apoio de uma instituição bancária (Sicredi), há novas ferramentais de divulgação: o encontro de Mata a partir de 13h30m será transmitido pelo site do Coletivo Catarse no Facebook.