ELEIÇÕES 2020: Habitação popular tem pouco espaço no programa dos candidatos

Um dos problemas mais visíveis de Porto Alegre, as moradias irregulares na periferia da cidade, pouco aparece nos programas dos candidatos que disputam a prefeitura municipal nesta eleição.

Desde 1940, o município tem órgão específico para tratar da habitação popular. Mas, como de todas as grandes cidades brasileiras, o problema só se agravou.

Estima-se que em torno de 20 por cento da população portoa-alegrense vive em áreas irregulares, em condições precárias, sem serviços básicos. Mas nem a verdadeira dimensão do desafio é conhecida.

As estatísticas do próprio Departamento Municipal são defasadas. O “Diagnóstico do Setor Habitacional de Porto Alegre”, que se pode acessar pelo site do Demhab é de 2009.

Estimativas da prefeitura apontam um deficit habitacional entre 40 e 50 mil moradias. Número coerente com um estudo do Observatório das Políticas Públicas da Unisinos, de 2017,  que aponta um deficit de 96 mil moradias na região metropolitana. Metade desse montante na capital. As ocupações irregulares na cidade chegam a 500.

As propostas aqui sintetizadas foram levantadas com base em planos de governo protocolados na Justiça Eleitoral.

São documentos um tanto restritos e não esclarecem totalmente as visões e planejamentos dos candidatos. Mas podem servir com uma orientação para que o eleitor tenha informações básicas sobre o que pensam os postulantes ao Paço Municipal.

Os projetos dos nove candidatos que analisamos reconhecem o problema de habitação na cidade, mas poucos apresentam em detalhes concretos suas soluções. São colocados planos gerais, sem aprofundamentos.

Gustavo Paim (11) – (PP e Avante)

O programa traz um levantamento da situação habitacional, com números que apontam “cerca de 48 mil famílias sem residência e mais de 75 mil aguardando regularização”. E fala em “Viabilizar a redução do deficit habitacional por meio das iniciativas de cooperativas habitacionais e autogestão”.

Ainda coloca que pretende “Auditar os contratos de habitação popular em conjunto com as forças de segurança pública para garantir que o morador seja realmente o beneficiário dos programas sociais. E acelerar os processos de regularização fundiária”. Sem outras especificações.

João Derly (10) – (Republicanos)

O projeto fala de um Plano de Habitação de Interesse Social, com a “Implantação do Programa Casa Legal para regularização fundiária e a Implantação do Programa Moradia Cidadã (financiamentos para pequenas reformas em moradias de população de baixa renda)”. Sem outros detalhes.

José Fortunati (14) – (PTB, Patriota, Pode, PSC)

O texto fala em “retomar a política de Regularização Fundiária do Município”, realizada na gestão anterior de Fortunati. Em “mapear áreas a regularizar e as passíveis de regularização e promover o congelamento da Regularização Fundiária com a finalidade de evitar novos adensamentos”.
Coloca também que pretende “Estimular utilização de PPP’s e fomentar o cooperativismo… Através de parcerias privadas, converter próprios municipais em projetos habitacionais para população de baixa renda”. “Também trabalharemos para implementar a regularização da Zona Rural de Porto Alegre em parceria com o INCRA”, diz a proposta.

Juliana Brizola (12) – (PDT, PSB)

Fala em “Mapear e realizar regularizações fundiárias represadas e potencializar, através de parcerias, a construção de moradias”, e apresenta a ideia de ações e programas voltados à regularização fundiária em nome das mulheres mães e chefes de família; e de promover e ampliar a infraestrutura necessária aos loteamentos e regularizações fundiárias localizados em áreas afastadas.

Manuela D’Ávila (65) – (PCdoB, PT)

O programa apresenta algumas ideias sobre como será gerido o problema, como a implementação de Escritórios Distritais de Licenciamento e Regularização Fundiária para ampliar e facilitar os procedimentos de regularização. E a destinação de prédios públicos municipais “seja por uso direto ou permuta, para habitação de interesse social, principalmente em áreas centrais, preservando região de residência da população”. Ação incluirá permutas com prédios públicos estaduais e federais ociosos, diz o texto.

Fala ainda, mas de forma genérica, na participação social na gestão da política habitacional: “dar garantia de funcionamento aos conselhos de desenvolvimento urbano e habitação e instâncias que garantam a participação efetiva dos moradores”.

Nelson Marchezan Júnior (45) – (PL, PSDB, PSL)

O programa promete ampliação de Habitação de Interesse Social, “por meio de incentivos urbanísticos, de forma a garantir à população contemplada moradia digna”, sem detalhes específicos. E também aperfeiçoamento da regularização fundiária, “por meio de parcerias com a iniciativa privada para viabilizar a legalização das áreas e a realização da efetiva urbanização”.

Há também um trecho sobre Cooperativismo habitacional, propondo assistência técnica e fomento ao cooperativismo habitacional, mas sem detalhes.

Sebastião Melo (15) – (MDB, Cidadania, DEM, Solidariedade)

O programa do candidato faz uma pequena avaliação reconhecendo o problema habitacional na cidade e a “falta de política de interesse social”, mas não apresenta nenhuma proposta concreta. Apenas se comprometendo a regularização fundiária – “Transformando posse em propriedade, com isso trazendo mais dignidade para vida da população. Desafio a que a Coligação Estamos Juntos Porto Alegre se propõe a enfrentar”.

Fernanda Melchionnna (50) – (PSOL)

O programa de governo do PSOL é o mais extenso apresentado à Justiça eleitoral. Enquanto a média é de 30 páginas, o do PSOL tem 133 páginas.

Sobre habitação, entre as principais ideias há exposta claramente a vontade de “taxar” grandes empreendimentos. O programa fala em “Estabelecer fundo centralizado de contrapartidas para grandes empreendimentos imobiliários, a partir das demandas populares apontadas pelo Orçamento Participativo e Deliberativo…”. Segundo o texto, “Atualmente as contrapartidas executadas pelos grandes empreendimentos imobiliários são risíveis e executadas de maneira a viabilizar e a valorizar os próprios empreendimentos”.

Fala-se também da “Realização obrigatória de Concurso Público de projetos arquitetônicos e urbanísticos especiais de interesse público, em oposição à lógica de contratação por notório saber”.

Promete ainda um programa de regularização fundiária através de “organização da população por meio de cooperativas habitacionais. Dando prioridade de concessão dos direitos reais de propriedade às mulheres. E a identificação e reconhecimento das territorialidades indígenas e quilombolas”.

Coloca também que pretende flexibilizar os parâmetros construtivos visando à reconversão de imóveis abandonados para uso de interesse social e de moradia pública popular para aluguel – realocar prédios públicos para moradias populares e estabelecer cota obrigatória de 20% de unidades habitacionais a serem destinadas à habitação social em novos empreendimentos imobiliários residenciais, “com regulação sobre o preço de comercialização de aluguel ou venda, sobre o valor condominial e sobre o IPTU, compatível à faixa de renda dos beneficiários.”

Valter Nagelstein (55) – (PSD)

Sobre Habitação e Regularização Fundiária coloca apenas um parágrafo, sem explicitar planos concretos: Fala em “reduzir o deficit habitacional, promover a regularização fundiária e melhorar o abastecimento e o esgotamento sanitário nas regiões com maior vulnerabilidade social, com vistas a melhorar o IDH dessas áreas”.

 

Última semana de convenções define 13 candidatos à prefeitura de Porto Alegre

Os nomes e a posição de cada um no tabuleiro eleitoral em Porto Alegre para as eleições 2020 ficam definidos nos cinco próximos dias.

A partir desta quinta-feira, 10/09, onze convenções decidirão os candidatos que efetivamente concorrem a prefeitura da Capital gaúcha: PSOL, nesta quinta-feira; no sábado, PSD, PCdoB, PDT, PP, PT, PTB e Republicanos; e dia 14, MDB, PSC e PSTU.

Somente o PSDB ainda não confirmou a data da sua convenção, que deve ocorrer no início da próxima semana, o prazo limite é 16 de setembro. Mas, como todos sabem, o prefeito Nelson Marchezan Júnior vai concorrer a reeleição, com provável coligação com o PSL e o PL.

Nesta quinta, dia 10, às 18h e em formato virtual, o PSOL apresenta Fernanda Melchionna e Márcio Chagas, em chapa própria do partido. Com a ideia de uma “prefeita feminista”, Melchionna ainda defende uma renda mínima permanente.

Até agora, dois candidatos já confirmaram presença no pleito.

No PV, a chapa é liderada pelo médico Montserrat Martins e ainda há possibilidade da REDE indicar o vice. Uma política voltada ao meio ambiente e a vontade de atrair empresas e profissionais para formar um “polo de tecnologias limpas” fazem parte do plano do partido.

O PROS confirmou o deputado estadual Rodrigo Maroni à Prefeitura de Porto Alegre. O auditor e ex-diretor-geral do Tribunal de Contas do Estado, Edelberto Mendonça, foi escolhido como vice na composição da chapa pura. Com um histórico de defesa dos animais, Maroni deve priorizar esta pauta na campanha.

No começo desta semana ocorreu a desistência de dois pré-candidatos –  André Cecchini, do Patriotas, e Mário Ikeda, PRTB.

O PRTB optou por colocar o coronel Ikeda como vereador, acreditando que ele conseguirá uma vaga na casa legislativa.

Com isso, fica indefinida a chapa de Gustavo Paim, do PP, que via Ikeda como seu vice, numa tentativa de formar uma aliança com viés conservador e apelo no campo da segurança pública.

A convenção virtual do PP acontece sábado, dia 12, às 10h. Sem Ikeda, e sem o dinheiro do PRTB, há ainda possibilidade do PP desistir da chapa própria e entrar em coligações com o MDB ou o PTB.

No caso do Patriotas, de Cecchini, haverá apoio à candidatura de José Fortunati (PTB), e o partido negocia ser vice na chapa.

Entre as forças do centro que buscam coligações fortes, existe uma expectativa para a convenção do PTB, às 11h de sábado, onde pode ser definido o vice da chapa de Fortunati. O partido já alinhou coligação com Patriotas e Podemos.

Outra pré-candidatura que ficou pelo caminho foi Nádia Gerhard (DEM). O partido entrou na coligação com o MDB de Sebastião Melo, que irá realizar convenção dia 14. A chapa vai ser Melo (MDB) e Ricardo Gomes (DEM). A reunião do DEM, e do Cidadania, que compõe a coligação com o MDB, será dia 15.

Sábado, 9h, o tradicional PDT irá formalizar uma aliança inédita, uma chapa totalmente feminina, encabeçada pela deputada Juliana Brizola e a professora Maria Luiza Loose como vice. A professora é do PSB, que já realizou sua convenção e confirmou a parceria.

Na tarde de sábado, a partir das 14h, haverá os encontros online do PCdoB e do PT, os dois partidos de esquerda irão formalizar a chapa Manuela D’Ávila e Miguel Rosseto.

Às 17h, as duas siglas terão um ato político conjunto virtual. Será a primeira vez desde que entrou na disputa em Porto Alegre que o PT não liderará uma chapa.

Às 16h também de sábado, Valter Nagelstein será lançado como candidato do PSD, e buscará o eleitor mais conservador, liberal na economia e atrair os votos bolsonaristas. Na mesma linha de Nagelstein, a empresária Carmen Flores (PSC) será confirmada em assembleia no dia 14.

Também no sábado, o Republicanos realizará a sua convenção, em reunião online confirmará o nome de João Derly como candidato a prefeito de Porto Alegre, com o Delegado Fernando como vice.

Por fim, o esquerdista PSTU lança dia 14 Júlio Flores como o candidato do partido, tendo como vice Vera Rosana.

As convenções são o passo inicial da disputa. Com quase 1,1 milhão de porto-alegrenses aptos a votar, em um ano de pandemia, em que Porto Alegre viu a taxa de desemprego subir de 7% para 10%. Com campanha de rua restrita e o prefeito Marchezan respondendo um processo de impeachment na Câmara, o resultado parece incerto.

O registro das candidaturas deve ser realizado até o dia 26 de setembro, e o início oficial da campanha é o dia 27.

O primeiro turno será realizado em 15 de novembro e o segundo, se houver, em 29 de novembro.

Confirmadas as expectativas, serão 13 candidatos em Porto Alegre:

 Carmen Flores (PSC)
 
 Fernanda Melchionna (PSOL) 

 Gustavo Paim (PP)

 João Derly (Republicanos) 

 José Fortunati (PTB)

  Juliana Brizola (PDT) 

 Júlio Flores (PSTU)

 Manuela D’Ávila (PCdoB) 

 Montserrat Martins (PV) 

 Nelson Marchezan Júnior (PSDB) 

 Rodrigo Maroni (PROS) 

 Sebastião Melo (MDB)

 Valter Nagelstein (PSD)  

Fotos: Reprodução Redes Sociais

 

PSOL realiza convenção virtual com segurança reforçada contra hackers

Alvo de dois ataques nesta pré-campanha eleitoral, o PSOL faz cálculos para incluir em seu orçamento gastos extras com segurança digital.

Duas lives com sua pré-candidata, Fernanda Melchionna, já foram invadidas por hackers, com ofensas e imagens pornográficas, impedindo a continuidade da sessão.

No dia 21 de agosto, invasores compartilharam imagens de ódio, fizeram ameaças e reproduziram áudios com gritos e xingamentos no início de uma assembleia virtual. Apareceram imagens do presidente Jair Bolsonaro manipulando armas, mensagens de cunho homofóbico e foi reproduzida uma música referindo-se à esquerda com termos pejorativos, além de ameaças,

“Hoje é só virtual, depois vocês vão ver seus m**”, dizia uma das mensagens.

A equipe da candidata tentou reiniciar a atividade, mas não conseguiu e teve que encerrar o encontro virtual.

Na semana anterior, já havia ocorrido outra ataque semelhante, a deputada federal Melchionna participava de uma live da Articulação Nacional de Luta Contra a Aids, acompanhada de deputados do PT e PSDB, quando o encontro foi invadido.

A convenção municipal, nesta quinta-feira, 10/09,  servirá para teste com um sistema de segurança reforçada, inscrição prévia e aprovação manual para entrada na sessão virtual. A convenção confirmará a chapa Fernanda Melchionna e Márcio Chagas, como candidatos do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) a prefeito e vice em Porto Alegre.

“Sabíamos que seríamos alvo de ataques desde o início. Vamos denunciar e tentar nos proteger”, diz o dirigente do PSOL no RS, Bernardo Correa. O partido estuda uma plataforma virtual mais segura e contratou técnicos para organizar e monitorar os encontros virtuais.

Para a deputada federal, as invasões dos hackers revelam a crise da democracia brasileira. “O ódio tem se transformado no instrumento do confronto com as diferenças. Isso é inadmissível. Tentam nos calar com ameaças e agressões. Não vão conseguir”.

A campanha de Fernanda e Márcio chegou a denunciar à polícia e ao TRE a invasão da live. Foi registrado um boletim de ocorrência na Polícia Civil e protocolado um ofício no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Mas tanto no TRE quanto na Polícia Civil a investigação não evoluiu.

O TRE diz que vai intensificar a fiscalização contra Fake News e outros crimes cibernéticos. Há uma equipe de técnicos e foi criada a Comissão de Enfrentamento à Desinformação. Mas que irá agir a partir das convenções eleitorais, que já estão ocorrendo.

Na Polícia Civil, a delegacia especializada em crimes cibernéticos, criada no Estado em 2010, possui apenas cinco agentes e dificuldades para investigar esse tipo de crime, como o JÁ mostrou quando um vídeo circulou no começo de agosto fazendo acusações contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior. Também na ocasião foi registrado um boletim de ocorrência. Até agora a investigação não apontou responsáveis.

No PSOL, a convenção municipal servirá para teste com um sistema de segurança reforçada, inscrição prévia e aprovação manual para entrada.

Outros ataques no país, com a esquerda na mira

Não foi só no Rio Grande do Sul, ataques virtuais foram registrados em outros estados. Em pelo menos outras cinco ocasiões.

No Rio de Janeiro, a candidata Renata Souza (PSOL) teve live invadida no dia 20/08. No dia 19, o fato criminoso ocorreu na Bahia, em uma live do pré-candidato Chico Cancela, na cidade de Porto Seguro. Em 18 de agosto, a vítima foi o pré-candidato a vereador William De Lucca (PT), em São Paulo. Já em Olinda, Pernambuco, as pré-candidatas, Eugênia Lima (PSOL) e Cida Pedrosa (PCdoB), afirmam que sofreram ataques cibernéticos.

“É um escândalo que, possivelmente, a extrema-direita esteja se organizando em milícias virtuais para atacar o direito de debate democrático”, enfatiza Melchionna.

No TRE há comissão para enfrentamento de Fake News

Além das invasões cibernéticas, o combate as conhecidas Fake News representa uma das principais linhas de atuação do TRE gaúcho nesta eleição.

Presidida pelo desembargador Jorge Luís Dall’Agnol, a Comissão de Enfrentamento à Desinformação pretende atuar em três eixos: conscientização do eleitor, fiscalização e responsabilização.

“Queremos, primeiramente, intensificar uma educação midiática, para que o eleitor não seja ludibriado e que escolha baseado em informações verdadeiras”, diz Dall’Agnol, que é o diretor executivo da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul (EJERS), além de desembargador do TJ/RS.

“Vamos sim receber denúncias, pelo whatsApp e pela internet, e analisar, fazendo uma filtragem para que cada tema seja o mais rapidamente encaminhado, ou ao Tribunal Eleitoral ou órgãos policiais, ou ambos”, explica ao desembargador.

O TRE deve lançar até o dia 15 um número de telefone e uma página em seu site para receber as denúncias. A comissão é formada pelo desembargador Dall’Agnol, o diretor-geral do TRE-RS, Josemar Riesgo, o secretário judiciário da instituição, Rogerio Vargas, o secretário de Tecnologia da Informação, Daniel Wobeto, o assessor-chefe da Presidência, João Marcelo Longhi, o assessor de comunicação, Cleber Moreira, e o gerente do Núcleo de Ouvidoria, Augusto Schulz.

“Temos ainda um subgrupo de tecnologia da informação e técnicos que nos vão dar suporte e há parcerias com órgãos de segurança, como a PF, a Polícia Civil e a Abin”, salienta Dall’Agnol.

A primeira ação concreta do grupo foi a realização de parcerias com as principais rádios do estado para veiculação de peças sonoras, com 30s de duração, contendo esclarecimentos sobre temas referentes à atuação da Justiça Eleitoral e que são passíveis de dúvidas por uma parcela da população. Também haverá campanhas de TV.

É realizado ainda seminários online, o próximo evento virtual, no canal do Youtube do TRE/RS, na semana que vem, deve discutir a segurança da urna eletrônica e as várias Fake News que tentam desqualificar o equipamento. “Há mais de 20 anos em uso, não há nenhuma prova de qualquer fraude na urna eletrônica”, lembra o desembargador.

A Comissão contra a Fake News não chega a ser uma novidade, em 2018 já houve uma equipe que atuou nas eleições. “Mas agora está mais organizada e tivemos tempo para preparar o processo e articular melhor nossas parcerias. Teremos respostas melhores e mais rápidas”, diz Dall’Agnol.

Sobre os crimes cibernéticos e invasões de encontros virtuais, como os ocorridos no caso da candidata Melchionna, o desembargador explica que a comissão não debate exatamente sobre eles, mas qualquer denúncia ao chegar ao grupo terá o encaminhamento adequado.

Os responsáveis, assim que forem identificados pela polícia, podem responder por crimes eleitorais, além do crime cibernético e de injúrias e calúnia. “Atrapalhar, interromper, de qualquer forma um evento de campanha não é permitido. Desde a convenção, qualquer evento virtual de campanha será considerado como ato partidário e intervenções e ataques, mesmo virtuais, serão enquadrados na lei eleitoral”, avisa o desembargador Dall’Agnol.

Fato ou Boato?

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Fonte TSE

 

ELEIÇÕES 2020: TRE terá comissão especial de enfrentamento às fake news

Este 31 de agosto marcou o início oficial da corrida eleitoral de 2020, num calendário adaptado aos tempos de pandemia.

Até 16 de setembro estende-se o prazo para os partidos fazerem suas convenções e oficializar as candidaturas a prefeito e vereador para o pleito marcado para o dia 15 de novembro.

Em entrevista ao JÁ, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral,  André Luiz Planella Villarinho, esclarece as principais mudanças e desafios desta eleição inédita.

No cargo desde abril, o desembargador Villarinho aponta o esclarecimento do eleitor e o combate às fake news como a principal preocupação do TRE neste pleito.

JÁ – Em um ano tão atípico, quais as principais dificuldades para a  eleição?

Villarinho – A principal mudança consiste no adiamento das eleições, de outubro para 15 e 29 de novembro, no caso de segundo turno. Além disso, num contexto de isolamento social as campanhas corpo a corpo, prevalente em eleições municipais, terão seu impacto reduzido. Nesse contexto, destaca-se a internet como uma importante ferramenta para as campanhas eleitorais. De outro lado, em municípios menores do interior do Estado, onde o acesso à comunicação digital ainda não é disponível para grande parcela da população, isso pode representar um problema. Até para a formação da escolha do eleitor, uma vez que não poderá dispor de informações suficientes sobre as opções e propostas de concorrentes ao voto. Mas, a grande dificuldade das eleições devem ser as fake news, a disseminação de notícias falsas e desinformação do eleitorado, que o Tribunal Superior Eleitoral e os TREs estarão combatendo, com o apoio da Imprensa para informação correta e precisa dos eleitores.

JÁ – Como a pandemia ainda não está controlada, pode haver novas alterações no calendário eleitoral?

Villarinho – Há também a possibilidade que as eleições não ocorram em 15 de Novembro. No caso, se as condições sanitárias de um estado não permitirem a realização das eleições nessas datas previstas, o Congresso poderá, por meio de decreto legislativo, determinar uma nova data. Mas deve ser observada como data limite o dia 27 de Dezembro de 2020. E aí o Tribunal Superior Eleitoral haverá de dispor sobre as medidas necessárias para conclusão do processo eleitoral. Mas não haverá prorrogação de nenhum mandato.

JÁ – Quais são as novas regras que passam a valer esse ano? 

Villarinho – A principal inovação diz respeito às coligações que serão admitidas somente para as eleições majoritárias, para escolha de prefeitos. Não há, portanto, coligação para as eleições proporcionais, que abarca os vereadores. Assim, os partidos deverão disputar isoladamente as eleições para a Câmara de vereadores, ainda que possam estabelecer coligações para as candidaturas a prefeito.

Também haverá um dispositivo que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um percentual de votos (cláusula de barreira), O partido tem que atingir um quociente mínimo. É o número total de votos válidos apurados na eleição proporcional dividido pelo número de vagas disponíveis na Câmara de Vereadores do município. Tem que ter esse mínimo. Além disso, a legislação diz ainda que o candidato para ser eleito deve ter um quantitativo mínimo de votos, correspondente a 10% do quociente eleitoral.

Como não haverá coligações para vereadores, poderemos ter um bom aumento de candidaturas neste ano. Sempre respeitando que o número de candidatos a ser lançado pelos partidos não poderá exceder a 150% do número de vagas da respectiva casa legislativa.

E vale lembrar que cada partido terá que cumprir a cota de gênero mínima de 30%, o que indica que teremos número recorde de candidatas mulheres.

JÁ – Qual o prazo para o registro das candidaturas e como fica a prestação de contas dos partidos?

Villarinho – A emenda constitucional que alterou as datas das eleições, também alterou o limite de prazo para recebimento do registro de candidatura e coligações nas eleições majoritárias, que agora será até o dia 26 de setembro. A data de prestação de contas de candidatos e partidos é de 15 de dezembro e a justiça eleitoral deverá publicar as decisões do julgamento de contas até 12 de Fevereiro de 2021.

JÁ- Como será o dia das eleições? Não haverá biometria e poderá ter horários diferenciados por faixas etárias e/ou ampliação do horário de votação?

Villarinho – A presença do coronavírus vai exigir uma série de medidas para proteger a saúde dos eleitores, dos mesários e dos demais envolvidos na eleição. Em relação a biometria não haverá. Está decidido que essa importante medida de Identificação do eleitor não vai ocorrer justamente para evitar o risco de contágio nas seções eleitorais e também para evitar que haja demora no processo de votação.

JÁ- O tempo para votação também foi ampliado…

O Tribunal Superior Eleitoral também já ampliou o horário de funcionamento das seções, que será a partir das 7h. E a distribuição dos eleitores no período. Haverá um horário prioritário de votação para idosos e para aqueles que estão em grupos de risco, das 7h até as 10h. Também haverá cuidados para distanciamento em filas e uso de máscara obrigatório para ter acesso a seção eleitoral, além do álcool gel que será oferecido aos eleitores após o uso da urna eletrônica. Vamos ter rígido controle de proteção sanitária, visando alto grau de segurança. Colaboradores, inclusive os mesários, deverão usar máscara para proteção facial.

JÁ – Como o tribunal se prepara para enfrentar o fenômeno das fake news?

Villarinho – Desde as eleições de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral vem adotando uma série de medidas em relação a isso. Hoje é realmente intensa a divulgação de fake news, com prejuízo para a escolha do eleitor. Esperamos orientar a população através da internet e dos veículos de comunicação, no sentido de que o eleitor procure sempre se certificar da origem da informação que irá repassar.

JÁ – Os candidatos serão responsabilizados?

Villarinho –  Há uma resolução do TSE que impõe aos candidatos e partidos que respondam pela veracidade das informações e da propaganda que vão divulgar. O TSE também criou uma equipe para desenvolver formas de combate à desinformação causada pela disseminação de notícias falsas, Aqui no Rio Grande do Sul criamos a denominada comissão de enfrentamento à desinformação, presidida pelo desembargador Jorge Luís Dall’Agnol. O objetivo é mitigar o alcance das informações incorretas, compartilhadas principalmente por usuários de redes sociais e aplicativos. Vamos, como já disse, fazer essa parceria com os meios de comunicação para que a população seja suficientemente esclarecida sobre as informações verdadeiras.

Cabe lembrar que agora o Congresso Nacional tipificou a fake news como crime e aqueles que divulgam inverdades estão praticando uma ilícito penal. Nessa linha, o TSE firmou convênios com a Agência Brasileira de Informações (Abin) e com a Polícia Federal visando a prevenção e punição desses ilícitos penais.

Quinze pré-candidatos na mais disputada eleição de Porto Alegre

O jogo eleitoral já começou e existem ao menos 15 pré-candidaturas à Prefeitura de Porto Alegre.

Se o número foi confirmado após as convenções partidárias, que vão de 31 de agosto a 16 de setembro, será um recorde para a cidade.

Nos últimos 30 anos, a eleição com mais candidatos foi a de 1996, com 12 concorrentes.

Com o cenário da pandemia, as eleições 2020 serão diferenciadas, e o palco principal para a disputa estará nas redes sociais. Os que pretendem disputar o cargo para o executivo municipal, além do confronto usual, irão debater também o combate à pandemia e a retomada do crescimento econômico.

Entre aqueles que se preparam para concorrer ao cargo, o prefeito Nelson Marchezan Júnior, candidato à reeleição pelo PSDB, estará numa situação inusitada, já que enfrenta um processo de impeachment que deverá ser decidido dias antes de 15 de novembro, data do primeiro turno da eleição.

Este ano as coligações estão permitidas apenas para a eleição de Prefeito, o que vai alterar a distribuição de candidatos, já que partidos tendem a lançar nomes ao cargo principal para conseguir dar visibilidade e “puxar” votos dos seus possíveis vereadores.

O vereador eleito deverá ainda obter um quociente mínimo de votos – é a cláusula de barreira (o candidato não poderá fazer menos que 10% do quociente eleitoral em sua cidade, sob pena de perder a vaga).

Com o atual prefeito tendo apoio reduzido na Câmara, e com os campos mais conservador e progressista divididos, o resultado é incerto.

Para a disputa, o lado da centro/esquerda não conseguiu emplacar uma união maior. O impacto nas coligações do campo progressista é a união do PCdoB de Manuela D’Ávila com o PT, que deve indicar Miguel Rossetto como vice da chapa.

Outras candidatas mulheres devem ser a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), a deputada estadual Juliana Brizola (PDT) e a vereadora Nadia Gerhard (DEM).

O médico Montserrat Martins é o pré-candidato do PV, e o deputado estadual Rodrigo Maroni deve sair pelo PROS.

Com o centro/direita também é visível a divisão, que começa com a pré-candidatura do vice-prefeito Gustavo Paim (PP).

Outros partidos também já laçaram seus postulantes. O pré-candidato do PTB à prefeitura é o ex-prefeito José Fortunati.

No MDB o nome é Sebastião Melo (que pode ter como vice a deputada estadual Any Ortiz (Solidariedade).

Já o DEM pretende lançar a vereadora Comandante Nádia Gerhard. Há ainda o médico André Cecchini (Patriota), o ex-judoca e deputado federal João Derly (Republicanos).

No lado mais conservador e liberal na economia há uma disputa para atrair os votos bolsonaristas. Nesta linha entram nomes como o experiente política e vereador Valter Nagelstein (PSD), a empresária Carmen Flores (PSC), e o oficial da Brigada Militar, Mário Ikeda (PRTB).

Até o final das convenções o cenário pode mudar, com coligações que ainda podem ser negociadas e com outros partidos ainda lançando candidatos. Ao todo, 33 siglas estão aptas e registradas no TSE.

Os pré-candidatos:

 André Cecchini (Patriota)

 Carmen Flores (PSC)

 Fernanda Melchionna (PSOL)

 Gustavo Paim (PP)

 João Derly (Republicanos)

 José Fortunati (PTB)

 Juliana Brizola (PDT)

 Manuela D’Ávila (PCdoB)

 Mário Ikeda (PRTB)

 Montserrat Martins (PV)

 Comandante Nádia (DEM)

 Nelson Marchezan Júnior (PSDB)

 Rodrigo Maroni (PROS)

 Sebastião Melo (MDB)

 Valter Nagelstein (PSD)


Fotos: Reprodução Redes Sociais