Lula quer Forças Armadas e Polícia Federal para proteger a Amazônia e as fronteiras

Lula em entrevista a Natuza Nery, na GloboNews / Reprodução

“Não queremos transformar a Amazônia num santuário”, afirmou Lula ao anunciar que pretende reunir-se com os presidentes dos países pelos quais a Amazônia se estende – Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia e Guiana Francesa – para discutir uma política continental e “pra saber se esse famoso crédito de carbono existe mesmo, pra ter dinheiro pra melhorar a vida de quem vive na Amazônia. Só no Brasil são 25 milhões de pessoas”. Que a região seja preservada “a bem do povo, do Brasil e da humanidade”. Foi durante sua primeira entrevista depois da invasão golpista à Praça dos Três Poderes, à Globo News, dia 18/1.

Lula prometeu desmatamento zero no Brasil até 2030. Como primeira providência, a criação de um grande agrupamento da Polícia Federal, para agir mais fortemente na proteção da Amazônia e no combate ao narcotráfico nas fronteiras. Depois, durante o mandato, fortalecer o Ministério da Segurança Pública para sua missão de cuidar mais fortemente das fronteiras e dos biomas. “A questão climática não é mais coisa de estudante da USP”.

O presidente disse que vai “precisar” das Forças Armadas e da Polícia Federal para garantir a preservação ambiental e a expulsão do crime organizado que hoje impera na região. “Quem quiser fazer política, que tire a farda e vá fazer política”, numa alusão às evidências de envolvimento de integrantes das forças de segurança nos atos golpistas que abalaram Brasília.

Adiantou que todos que participaram dos atos golpistas serão punidos, não importa a patente. E que a segurança dos prédios do Planalto, Congresso e STF será reforçada. “Daqui pra frente vai ser assim, até termos a normalidade democrática de volta.”

Lembrou que o fortalecimento da extrema-direita não é um fenômeno brasileiro ou latino-americano, é mundial. “Vou aos EUA falar com o Joe Biden, ver como estão lidando com isso. Tenho falado com gente da Hungria, da Itália, da Espanha, de Portugal, da Alemanha”, lugares onde cresce uma onda fascista. “O ex-primeiro ministro da Grécia me disse que lá o discurso é o mesmo: pátria amada, família, costumes, religião… É mundial. Derrotamos Bolsonaro, falta derrotar essa narrativa fascista. Precisamos ter competência para convencer a sociedade de que a democracia é melhor.”

Acusou as inteligências do GSI, Exército, Marinha, Aeronáutica e Abin de terem “falhado” na previsão dos atos antidemocráticos, acusou também a PM do Distrito Federal de “negligência”, na contenção dos terroristas, e admitiu ter errado ao sair de Brasília no dia 8 de janeiro. “Ainda estávamos na alegria da posse”, justificou. “Se eu soubesse, não teria viajado.”

Em entrevista ao portal Metrópoles, hoje, um funcionário contou, anonimamente, o que viu dentro do Palácio do Planalto no dia 8: a Guarda da Presidência da República acolhendo os terroristas e, quando chegou a tropa de choque da PM, orientando-os a sair por uma rota de fuga para situações de emergência. Assista aqui.

 

 

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