A Associação dos Servidores do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre está alertando para a precarização do atendimento no hospital, que é referência em emergências no Estado.
Segundo notas que a entidade tem distribuído à imprensa, o HPS vive um quadro de superlotação crônica, resultado de um aumento da demanda, da falta de pessoal e da redução de investimentos.
Há também um crescente avanço das terceirizações dos serviços do HPS, de seguranças a médicos.
O resultado são unidades fechadas, uma UTI inclusive, servidores estressados e a consequente queda na qualidade e redução do atendimento à população, segundo o diagnóstico da ASHPS.
No inverno passado, quando havia pacientes pelos corredores, a Associação mandou a primeira nota aos jornais. As notícias, com as imagens dramáticas na tevê, levaram a Prefeitura a ampliar o quadro de funcionários, com contratos de emergência. Os contratos eram de seis meses, não foram renovados… e o assunto saiu do noticiário. Se nada for feito, as cenas das macas com doentes nos corredores vai voltar no inverno que se aproxima.
Segundo a ASHPS, são problemas estruturais que se acumulam, consequência de um modelo de gestão que vem sendo adotado.
“Nos dois últimos governos é clara a mudança da proposta. Uma desvalorização dos servidores que fazem parte do quadro, que passaram num concurso, se submeteram a uma preparação. É clara a intenção de mudar essa cultura do servidor público. É uma tendência desvirtuar a função do HPS, que é um hospital referência no Rio Grande do Sul focado no trauma e em queimados. Agora está atendendo tudo, casos clínicos inclusive”.
Os serviços de emergência em Porto Alegre observam uma especialização entre os hospitais: para as emergências clínicas, Santa Casa, Hospital de Clínicas. Para trauma, Cristo Redentor e HPS, este com o diferencial de uma ala de queimados e a única UTI pediátrica, para trauma em crianças.
A especialização, que garante a excelência, pode ficar prejudicada com a diversificação do atendimento.
Além da redução de servidores, há afastamentos por stress ou doença, que são consideráveis. As vagas no quadro funcional não são preenchidas, embora haja concursados esperando nomeação há dois anos.
Na medida em que se reduz o quadro de servidores, avança a terceirização dos serviços. Já aconteceu nos postos de saúde vem acontecendo uma forma gradativa dentro do Hospital Presidente Vargas. Inclusive médicos. “Nós temos médicos na UTI que são terceirizados, temos médicos no centro cirúrgico que são terceirizados, nos andares também tem médicos terceirizados e na emergência também, na emergência tem muita residência. Só na enfermagem não tem, mas a tendência é que a enfermagem também passe a vir de empresas terceirizadas.”
Duas representantes da Associação dos Servidores falaram ao JÁ. A vice-presidente Janaína Brum e a diretora administrativa Bernadete Flores, ambas técnicas de enfermagem. Calculam que estejam faltando ao menos 300 técnicos só no HPS, e relatam que médicos estão sendo desestimulados a prestar concurso público, diante do fato de que os contratados recebem até o triplo do valor por plantão.
Elas disseram que estão procurando a mídia depois de levarem suas demandas a todas as instâncias internas, sem obter resposta.
Vamos dar continuidade ao assunto, ouvindo a direção do HPS e a Secretaria Municipal de Saúde.
NOTAS DA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO HPS DISTRIBUÍDAS AOS ÓRGÃOS DE IMPRENSA
16/06/ 2023:
Novas denúncias, velhos problemas: alagamentos no HPS seguem acontecendo em dias de chuva
Com a chuva iniciada ontem, quinta-feira (15), alagamentos voltam a ocorrer no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre – HPS. O problema não é novidade há muito tempo, sendo por vezes banalizado, mas segue sem solução por parte do governo municipal que anuncia superávit de R$ 516 milhões em 2022, e divulga uma Porto Alegre que não dialoga com a vida real da população. São servidores, pacientes e familiares tendo que conviver a cada chuva com alagamentos dentro do hospital que ficam apenas com promessas de solução.
As fotos e vídeos em anexo, encaminhadas através de denúncias, registram a consequência da chuva dentro da emergência do hospital, do 5º andar, na farmácia e nos andares onde ficam localizadas as Unidades de Tratamento Intensivo – UTIs.
Só em 2022, nos meses de fevereiro e março, a direção da Associação dos Servidores do Hospital de Pronto Socorro – ASHPS já havia denunciado problemas graves por conta de infiltrações e alagamentos. Segundo a presidenta da associação, a técnica em enfermagem Marília Iglesias, os problemas não são pontuais por conta de telhas ou de fortes chuvas em dias específicos, como costuma afirmar a Secretaria da Saúde (SMS), a gravidade da situação é crônica e segue sem solução há anos.
11/08/2023:
Situação gravíssima no HPS. Esgoto transbordando, goteiras e roedor morto!
A Associação dos Servidores do HPS – ASHPS, decidiu encaminhar para a imprensa as situações pela qual passam funcionários e pacientes.
O esgoto está transbordando no HPS e causando alagamento na sala amarela.
No corredor do 4° andar há alagamento que coloca em risco a necessidade do trânsito de servidores e pacientes.
No refeitório há goteiras, trazendo transtorno no horário da refeição dos servidores e familiares de pacientes.
Há cerca de dois meses, um roedor em decomposição deixa a sala vermelha insalubre *(https://ashps.com.br/detalhe-blog/ashps-cobra-direcao-por-cheiro-de-bicho-morto-na-sala-vermelha)*
Todos esses problemas têm sido recorrentes, piorando em alguns momentos. A gestão do hospital está ciente dos problemas, mas tudo segue igual.
04/03/2024
NOTA AOS EDITORES/IMPRENSA
“O HPS vem sofrendo nas últimas semanas com a super lotação na emergência do hospital. Muito, devido ao fechamento de serviços, como o hospital de Viamão, mas também por excesso de demanda espontânea. O que ocorre é que os pacientes tem sido atendidos até nos corredores. A falta de servidores para o atendimento aos pacientes é um problema crônico, que nem o HPS e nem a Secretaria de Saúde resolvem, e já vem sendo denunciada por essa Associação há muito tempo. Acontece que neste momento, no Hospital, a situação está muito crítica, ocasionando fortes riscos aos pacientes, e sobrecarga absurda aos servidores, ocasionando demora no atendimento, e falta de condições para atender dignamente a população.
Gostaríamos de um espaço para denunciar esta situação alarmante no maior hospital de trauma do RS”.