Pinheiro do Vale
O ex-presidente Lula submergiu e aguarda olhando de periscópio o tumulto que se estabeleceu na esquerda depois dos resultados das eleições de 2 de outubro.
Seu projeto é evitar que as dores da derrota levem as forças populares a uma fragmentação desastrosa.
Seu partido, o PT, parece agonizar diante da derrota, perdendo a posição de maior agremiação política do País para cair para a décima posição, atrás do PDT de Brizola.
Na mesma área, o Psol de Luciana Genro, mesmo perdendo em Porto Alegre, parece emergir como nova força da esquerda e se coloca para disputar a liderança das forças populares.
Enquanto isto, o pragmático PCdoB sugere calma e cuidado na crise: o líder dos comunistas, Aldo Rebello, em entrevista ao repórter Ivanir Bortot, do site “Os Divergentes”, adverte que as propostas de refundação do PT significam o isolamento no quadro eleitoral.
Para Rebelo, as lideranças desse partido, leia-se Lula, deve procurar rapidamente ampliar suas alianças para o centro. Se não fizer isto, deixará esse eleitorado à mercê da direita.
Esta parece ser a postura de Lula, que caco a caco procura refazer as forças que levaram o seu partido ao poder e o sustentaram por 12 anos, até sucumbir na tragédia política do governo de Dilma Rousseff.
A direita triunfante e o fascismo hidrófobo estão embriagados pelos resultados das eleições municipais. Este é o clima pós-eleitoral dos vencedores que Lula está deixando se esvair antes de retomar sua campanha para 2018.
Neste caso, mesmo que tenha de amargar mais uma derrota, como em outros pleitos nopassado, Lula vai trabalhar para reerguer e tecer uma nova maioria para retomar ao poder, se não em 18, em 2022.
É assim que se faz a política na democracia de massa. Ninguém melhor do que Lula sabe o quanto o eleitorado e volúvel. O mesmo eleitor que o elegeu, puniu seus aliados no domingo, mas pode voltar no futuro. Alternância no poder
O PT prepara-se para a nova fase, pois de nada vale chorar sobre o leite derramado. No Rio Grande do Sul o partido vai para as eleições com sua força máxima, apresentando para o senado o nome consagrado de Paulo Paim e, decidido na terça feira, Dilma Rousseff.
O PT vai de chapa puro sangue na disputa pela Câmara Alta.
Para o governo do Estado ainda falta um nome e, principalmente, a composição das alianças.
Para ter dois senadores na chapa, o PT poderia abrir mão da cabeça de chapa para o executivo. É uma possibilidade que se considera remota, mas o PT gaúcho pode aceitar, se Lula insistir.
A esquerda, dizem as pessoas próximas a Lula, precisa trabalhar a unidade e tirar de 2016 a lição de que disputas pela hegemonia interna levam ao fracasso, como comprovam as sucessões de derrotas que lhe tiraram do segundo turno, como em Porto Alegre.
A verdade é que Lula uma vez mais é o último bastião. Em torno dele devem se unir as forças populares para a longa e penosa marcha para a retomada do projeto popular cortado com o golpe parlamentar de agosto.
Entretanto, deve abandonar o vocábulo golpe, que se mostrou ineficiente para ganhar votos. Deve surgir um slogan positivo, propositivo.