Pinheiro do Vale
“Fica Temer” é o novo bordão das forças progressistas. O repetido “Fora Temer” do passado distante agora é o lema da direita golpista. Não há política mais dinâmica que em nosso País.
O presidente ilegítimo começa a cair enredado pela política econômica e propostas de arrocho de seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, antiga tábua de salvação rejeitada em boa hora pela presidente Dilma Rousseff.
Abraçado pelo governo golpista, Meirelles revelou-se o fracasso antevisto por Dilma, que o rejeitou.
No campo político, as chamadas forças consistentes do Congresso se uniram em torno do nome do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para patrolar o Centrão. Outro golpe errado da base de apoio de Michel Temer.
O Centrão, invicto, já derrubou o nome tucano Antônio Imbassahy, para a coordenação política do governo, e parece que vai varrer do Palácio do Planalto os últimos peemedebistas do chamado núcleo duro. Temer fica sozinho.
Ruim com ele, pior sem ele. Eleição direta e solteira já é uma assombração que ressurge com o fantasma de Marina Silva; eleição indireta é o caminho mais curto para a ditadura. É o que dizem.
No caso da indireta, as chamadas forças políticas já detectaram que não há remota possibilidade de botar no Planalto um nome de consenso, nem mesmo entre a direita.
Os mais afoitos apresentam o gaúcho Nelson Jobim, ex-político com algum trânsito em várias correntes, pois serviu a todos os governos, inclusive no primeiro mandato de Dilma. Não passa no Centrão nem nas extremidades da esquerda ou, até, da direita hidrófoba.
A direita saudosista vocaliza o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Há muito tempo ele ainda poderia ser chamado, tal como o velhinho da montanha. Atualmente, está tão envolvido no governo Temer que já não compõe unanimidade entre as forças golpistas.
A solução seria uma não-pessoa, um ser institucional. Vingava a ideia de ressuscitar a fórmula de 1945, entregando o Executivo para uma transição capitaneada pelo Supremo Tribunal Federal.
A ministra Cármen Lúcia era o nome ideal: solteira, antiga adepta da Tradicional Família Mineira, jurista de escol e intransigente. Entretanto, ela pisou na casca de banana Renan Calheiros, colocada à sua frente pelo ministro Marco Aurélio de Mello. Salvou a República, mas caiu de nádegas.
Esgotadas todas as alternativas, restaria a velha e clássica fórmula que vem desde Dom Sebastião e entrou no dito popular: chame o bispo.
Solução difícil. Ficando apenas no catolicismo também, há dúvidas: seria o cardeal primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, arcebispo de Salvador? Ou o prelado que tem o comando efetivo, o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odílio Pedro Scherer? Como tertius poderiam chamar o cardeal do santuário nacional, Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, que fez quase toda sua carreira eclesiástica em Brasília? Há divergências entre o clero.
Isto para não falar do leque de opções luteranas e pentecostais, na área cristã, antes de chegar a outras confissões reconhecidas oficialmente de seitas afro-brasileiras, judaicas ou islamistas. Também não dá.
Talvez a solução fosse buscar Dom Pedro em Petrópolis. O novo herdeiro é brasileiro nato (seu pai nascera na França), foi simpatizante da VPR nos anos 60, quando era estudante de Agronomia em Piracicaba (na Luiz de Queiroz), apoiou publicamente a República no Plebiscito, graduado engenheiro florestal e ecologista militante.
O golpe encalacrou-se. Como dizia o Conselheiro Acácio: “As consequências vêm depois”.