Temo pela democracia

RAUL ELLWANGER
Temo pela Democracia. Estamos na beirinha de uma paralisia institucional. Facções da casta predadora estão engalfinhadas em luta feroz pelo governo-poder. Usam seus já nada ocultos operadores no Legislativo, Executivo, Judiciário, MPF e especialmente na ditadura atual de uma só família sobre a opinião pública brasileira.
Os interesses e os operadores se cruzam e confundem de tal modo, que fica difícil entender a situação. Uma iniciativa simpática é motorizada por gente do pior calão. Uma iniciativa perversa é apoiada por gente boa.
Temo pela república – a desordem e o choque de interesses disfarçados atrás de cada um dos poderes estão quase transbordando as taças. A casta rica e predadora está arrastando o país, sua jovem democracia, ao fundo do poço.
A casta (e seus sub ramos) se lançou em uma aventura , a partir de derrota de Aécio, que inaugurou uma etapa de solavancos e tsunamis, Agora pilota um barco incontrolável, sem presidência legitima, sem legislativo prestigiado, sem judiciário confiável.
O Poder está sem poder, ele liquidificou o poder moral que tinha ante a nação, levando ao descrédito generalizado. A república é um consenso, em que os cidadãos se colocam de acordo num projeto e plasmam isso numa Constituição. A nossa está em frangalhos.
A casta é aventureira e irresponsável, inclusive quanto a seus próprios interesses. Está mostrando seu fracasso e sua fraqueza. Não sabe oferecer ao país um projeto pelo menos aceitável, não o tem. Ela mesma não se aceita, e arrasta o Brasil para o precipício.
Em 1870, o povo simples de Paris pulverizou o império. No Brasil de 2016, os bem vestidos, bem togados, os bens remunerados, empreiteiros, financistas e sua coorte de interessados, estão pulverizando a República. O povo assiste imóvel.
Depois ? Depois temos Heidrichs, Mussolinis, Hitlers, Videlas, Garrastazús, Francos, Salazares: toda a fauna treinada para fazer o serviço sujo e pesado, se a casta não tiver outra saída. Temo pela Democracia.

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