A transição energética através do Hidrogênio Verde (H2V) está avançando no Rio Grande do Sul. Produzido principalmente por meio da eletrólise da água, é um processo que separa as moléculas de hidrogênio (H₂) e oxigênio (O₂) utilizando eletricidade. Para que o hidrogênio seja considerado “verde”, a eletricidade usada nesse processo deve vir de fontes renováveis, como energia solar, eólica e hidrelétrica.
Esse método é sustentável porque não gera emissões de gases de efeito estufa, ao contrário de outros tipos de hidrogênio, como o cinza ou azul, que dependem de combustíveis fósseis.
Apesar de ser uma tecnologia promissora, o custo elevado da eletrólise ainda é um desafio para a produção em larga escala porque requer uma quantidade significativa de energia elétrica gerada por fontes renováveis, equipamentos de custos elevados e a infraestrutura necessária para armazenar e transportar o hidrogênio também é cara.
Em 2023, o governo do Rio Grande do Sul lançou o Programa de Desenvolvimento da Cadeia de Hidrogênio Verde no Rio Grande do Sul (H2V-RS). Um dos principais objetivos do programa é viabilizar a produção, transmissão, armazenagem e uso do novo energético. O governo também estimula a transição energética em direção a uma economia de baixo carbono, a geração de emprego e renda nas diferentes regiões do Estado e a inovação tecnológica.
A previsão é de que os investimentos nesse mercado gerem uma alta de R$ 62 bilhões no PIB do Estado e cerca de 41 mil empregos diretos e indiretos. Para a concretização dos objetivos propostos, o governo utiliza instrumentos e mecanismos variados. Entre eles, linhas de crédito especial, tratamento preferencial no licenciamento ambiental, incentivos aos empreendimentos, por meio do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem/RS).
A White Martins está investindo no desenvolvimento de Hidrogênio Verde no Rio Grande do Sul. A empresa assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o governo do estado para explorar a construção de uma planta de H2V e amônia verde no Porto de Rio Grande. Esse projeto visa utilizar fontes renováveis, como energia eólica onshore e offshore, para produzir hidrogênio de forma sustentável.
O Porto de Rio Grande é estratégico para esse tipo de iniciativa, devido à proximidade com parques eólicos e infraestrutura logística para exportação. O projeto ainda está em fase de estudos, mas representa um passo importante para consolidar o estado como um polo de energia limpa.
A Enerfin também está investindo em projetos de Hidrogênio Verde no Porto de Rio Grande. A empresa assinou um Memorando de Entendimento com o governo do estado para desenvolver uma planta de produção de H2V. O projeto utilizará fontes renováveis, como energia eólica e solar, para garantir a sustentabilidade da produção. A Enerfin já possui experiência significativa no estado, operando parques eólicos em Osório e Palmares do Sul.
A Ocean Winds está investindo no desenvolvimento de energia sustentável, mas seu foco principal está na energia eólica offshore. A empresa assinou um Memorando de Entendimento com o governo do estado para projetos de parques eólicos no litoral gaúcho, como o complexo Ventos do Sul e o Tramandaí Offshore. Esses projetos são estratégicos para a transição energética e podem complementar iniciativas de Hidrogênio Verde, já que a energia eólica é uma fonte essencial para a produção de H2V.
Energia eólica é a geração de eletricidade por meio da força dos ventos, utilizando turbinas eólicas. A diferença entre onshore e offshore está na localização das turbinas. Na energia eólica onshore as turbinas são instaladas em terra firme, como campos abertos ou áreas montanhosas. É a forma mais comum de energia eólica, devido ao custo menor de instalação e manutenção. No entanto, ela pode ser limitada por questões como uso do solo e impacto visual.
Já na energia eólica offshore as turbinas são instaladas no mar, onde os ventos costumam ser mais fortes e constantes, o que aumenta a eficiência na geração de energia. Apesar dos altos custos de instalação e manutenção devido às condições marítimas, a energia offshore tem o benefício de menor impacto visual e uso de áreas que não competem com outros usos do solo.
Ambas as formas são essenciais para a transição energética global, e o Brasil está explorando cada vez mais o potencial offshore. O Rio Grande do Sul se destaca no cenário de energia eólica offshore por diversos fatores: a região possui ventos consistentes e de alta velocidade, especialmente ao longo do litoral e nas lagoas costeiras, como a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim. Além disso, a infraestrutura de transmissão de energia no estado é robusta, com mais de três mil km de linhas de transmissão.