Energia solar: grandes usinas atingem 11 gigawatts, com investimentos de 500 bilhões em dez anos

O Brasil ultrapassou a marca de 11 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas solares, de acordo com o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

Segundo a entidade, desde 2012, o segmento já trouxe mais de R$ 49,1 bilhões em novos investimentos e mais de 330,1 mil empregos acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 17,2 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

Atualmente, as usinas solares de grande porte operam em todos os estados brasileiros, com liderança, em termos de potência instalada, da região Nordeste, com 55,57% de representatividade, seguida pelo Sudeste, com 42,99%, Sul, com 0,54%, Norte, com 0,51% e Centro-Oeste (mais DF), com 0,39%.
“O crescimento da energia solar fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cada vez mais importantes para a economia nacional e para o cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo País”, diz Rodrigo Sauaia, da Absolar.

Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da entidade, avalia que “o crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e colabora para o processo de descarbonização das economias. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta, o que abre uma enorme possibilidade para a produção do hidrogênio verde (H2V) mais barato do mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos”, diz.

“Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o Brasil poderá ter uma nova matriz elétrica inteira até 2040 destinada à produção do H2V. Para tanto, o País deverá receber cerca de R$ 1 trilhão em investimentos no período, como geração de eletricidade, linhas de transmissão, unidades fabris do combustível e estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem”, acrescenta Koloszuk.

 

A visita de Lula vista pela imprensa estatal da China

Ao contrário da imprensa brasileira que deu mais importância às reclamações dos americanos do que aos acordos firmados na China, a principal agência estatal  chinesa deu excepcional destaque à visita do presidente Lula.

As matérias sobre a presença de Lula estiveram entre as mais lidas do portal chinês.

“A cooperação entre o Brasil e a China está em terreno sólido, e a relação entre os dois países é extraordinária, disse o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva”, destacou a agência na quinta-feira, quando Lula desembarcou em Shangai.

“Lula, que está em visita de Estado à China, disse que a China desempenha um papel muito importante na causa do desenvolvimento e paz globais, e que se esforçará para promover o desenvolvimento da parceria estratégica abrangente Brasil-China em seu mandato”.

“Lula elogiou as relações Brasil-China e a cooperação do BRICS. A amizade é como uma garrafa de vinho, quanto mais velho, melhor, disse ele, citando um provérbio brasileiro”.

“Lula participou da cerimônia de posse da nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil, na sede do banco em Pudong, Shanghai, nesta quinta-feira”.

“Ele elogiou a cooperação do BRICS e depositou grandes esperanças nas perspectivas de desenvolvimento do NBD”.

“O NBD é o produto de uma parceria entre os países do BRICS com o objetivo de criar um mundo com menos pobreza, menos desigualdade e mais sustentabilidade, o que é muito diferente dos bancos tradicionais dominados pelos países desenvolvidos”, disse ele.

O NBD é um banco multilateral de desenvolvimento estabelecido pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) em 2015. Mobiliza recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no BRICS e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. Desde a sua criação, o NBD aprovou 98 projetos, com o investimento total no valor de US$ 33,2 bilhões.

“Por muito tempo, os países em desenvolvimento tiveram o sonho de criar suas próprias ferramentas de investimento e financiamento. O Novo Banco de Desenvolvimento realizou esse sonho, pois sabe realmente o que os países em desenvolvimento precisam e onde precisam investimento”, disse Lula.

Ele acrescentou que o NBD tem as qualidades para se tornar um dos maiores bancos para os países do Sul e tem grande potencial para melhorar a situação dos países em desenvolvimento.

O presidente brasileiro também visitou a filial da Huawei em Shanghai e se reuniu com representantes de empresas chinesas na quinta-feira. Ele deixou Shanghai para Beijing (Pequim) na noite da quinta-feira para continuar sua visita na China.

Pequim,  14 abr (Xinhua) — O presidente chinês, Xi Jinping, realizou conversas com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que está em visita de Estado à China, no Grande Palácio do Povo, em Beijing, nesta sexta-feira.

Xi disse que a China trabalhará com o Brasil para criar um novo futuro para suas relações na nova era, gerar maiores benefícios aos dois povos, e desempenhar um papel importante e positivo para a paz, a estabilidade e a prosperidade em suas regiões e em todo o mundo.

Lula disse que está honrado e orgulhoso de liderar uma grande delegação em sua quarta visita à China. Trata-se de sua primeira visita fora das Américas desde que foi eleito presidente no ano passado. Essa escolha reflete a afeição do Brasil pela China e o compromisso com as relações Brasil-China.

LAÇOS BILATERAIS

Xi deu as calorosas boas-vindas a Lula por sua visita de Estado à China. Ele ressaltou que a China e o Brasil são os dois maiores países em desenvolvimento e mercados emergentes nos hemisférios oriental e ocidental. Como parceiros estratégicos abrangentes, a China e o Brasil compartilham amplos interesses comuns. A influência abrangente, estratégica e global das relações China-Brasil continua a crescer.

A China sempre vê e desenvolve as relações com o Brasil a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo, e vê o relacionamento como uma alta prioridade em sua agenda diplomática, disse Xi.

Xi observou que este ano marca o 30º aniversário do estabelecimento da parceria estratégica entre a China e o Brasil, e os dois países celebrarão o 50º aniversário de suas relações diplomáticas no próximo ano.

“A China está agora promovendo o desenvolvimento de alta qualidade e a abertura de alto padrão, e promovendo a revitalização nacional em todas as frentes através de um caminho chinês para a modernização. Isso abrirá novas oportunidades para o Brasil e países ao redor do mundo”, disse Xi.

Xi pediu aos dois lados que mantenham uma comunicação estratégica regular e aumentem o compartilhamento de experiências sobre a governança nacional. As duas partes têm de ser firmes em verem-se mutuamente como importantes oportunidades de desenvolvimento, em apoiarem os respectivos caminhos de desenvolvimento que se adaptem às realidades nacionais e em apoiarem uma maior solidariedade e colaboração entre os países em desenvolvimento.

Os dois lados devem aprofundar a cooperação, promover constantemente os principais projetos de cooperação e liberar ainda mais o potencial de cooperação em agricultura, energia, infraestrutura, espaço, aviação, inovação e outros, disse Xi, acrescentando que os dois lados precisam explorar maneiras de uma cooperação mais forte em economia verde, economia digital, energia limpa, etc.

“A China dá as boas-vindas a mais produtos de alta qualidade do Brasil no mercado chinês. A China explorará ativamente uma maior sinergia entre sua Iniciativa do Cinturão e Rota e a estratégia de reindustrialização do Brasil”, disse o presidente chinês, acrescentando que ambos os lados precisam capitalizar o 50º aniversário de suas relações diplomáticas no próximo ano para realizar mais intercâmbios interpessoais e cultivar um apoio público mais forte à amizade sino-brasileira.

“A China é uma força indispensável na política, economia e comércio, ciência e tecnologia globais, e desempenha um papel vital na promoção da paz e do desenvolvimento mundiais. O Brasil está comprometido em construir relações mais estreitas com a China a partir da perspectiva estratégica de dar forma a uma ordem internacional justa e equitativa”, disse Lula, acrescentando que a legislatura e a sociedade do Brasil compartilham esse forte desejo de construir relações fortes e multifacetadas com a China.

Mencionando sua visita à Huawei, onde se encontrou com representantes empresariais chineses, Lula expressou profunda admiração pelo progresso 5G da China e sua esperança de expandir a cooperação Brasil-China em campos relevantes. Ele saudou o investimento chinês em apoio à transformação digital e ao desenvolvimento de baixo carbono do Brasil.

Lula expressou a crença de que uma cooperação mais profunda e maior com a China contribuirá para a reindustrialização do Brasil, ajudará a enfrentar a pobreza e outras questões e gerará benefícios aos povos. O Brasil está pronto para desenvolver intercâmbios e cooperação mais estreitos com a China em educação e cultura para melhorar a compreensão mútua entre seus povos.

Após as conversas, os dois presidentes testemunharam a assinatura de vários documentos de cooperação bilateral sobre comércio e investimento, economia digital, inovação científica e tecnológica, informação e comunicações, redução da pobreza, quarentena, espaço e outras áreas.

Os dois lados divulgaram uma Declaração Conjunta entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Global.

Reindustrialização do Brasil

Xi prometeu o firme apoio da China aos países da América Latina e do Caribe (ALC) para cimentar o sólido ímpeto de paz, estabilidade, independência, solidariedade e desenvolvimento, promover a integração regional e desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais. A China trabalhará com o Brasil para garantir o sucesso contínuo do Fórum China-CELAC, levar a cooperação entre a China e os países da ALC a um novo nível e alcançar o desenvolvimento comum.

A China também trabalhará com o Brasil para fortalecer a cooperação com o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Enfrentando mudanças globais de uma magnitude nunca vista em um século, a China e o Brasil estão decididos a ficar do lado certo da história, praticar o verdadeiro multilateralismo, defender os valores comuns da humanidade, trabalhar por um sistema de governança internacional mais justo e equitativo, salvaguardar verdadeiramente os interesses comuns dos países em desenvolvimento e a justiça e equidade internacionais e construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. A China intensificará a coordenação estratégica com o Brasil em questões globais de interesse mútuo na ONU, BRICS, G20 e outras instituições multilaterais, e aumentará a coordenação sobre a resposta climática, de acordo com Xi.

Lula disse que o Brasil e a China compartilham pontos de vista e interesses comuns em muitas questões internacionais importantes. Os dois lados defendem o multilateralismo e a equidade e justiça internacionais. O Brasil está pronto para trabalhar com a China para fortalecer a coordenação estratégica no G20, BRICS e outras instituições multilaterais, melhorar a coordenação e a cooperação em finanças internacionais, resposta climática e proteção ambiental, e contribuir para o esforço dos países em desenvolvimento para se livrar de regras injustas e realizar um desenvolvimento mais justo e equilibrado. Lula expressou sua plena confiança de que as relações Brasil-China abraçarão um futuro melhor.

Os dois presidentes também trocaram opiniões sobre a crise na Ucrânia. Ambas as partes concordaram que o diálogo e a negociação são a única forma viável de resolvê-la e que todos os esforços conducentes à sua resolução pacífica devem ser encorajados e apoiados. Eles pediram que mais países desempenhem um papel construtivo para uma solução política da crise na Ucrânia. Os dois presidentes concordaram em manter a comunicação sobre o assunto.

Antes das conversas, Xi realizou uma cerimônia de boas-vindas a Lula na praça exterior ao portão leste do Grande Palácio do Povo.

Quando Lula chegou, uma guarda de honra fez fila em saudação. Os dois presidentes subiram em um palanque, logo a seguir uma banda militar tocou os hinos nacionais da China e do Brasil enquanto se realiza uma saudação com 21 tiros na Praça Tiananmen. Lula passou em revista a guarda de honra do Exército de Libertação Popular e assistiu ao desfile na companhia de Xi.

A senhora Peng Liyuan, esposa de Xi, e a senhora Rosângela Lula da Silva, esposa de Lula, também estiveram na cerimônia de boas-vindas.

Xi e a senhora Peng ofereceram um banquete de boas-vindas para Lula e sua esposa no Salão Dourado do Grande Palácio do Povo na noite.

O presidente chinês, Xi Jinping, realiza uma cerimônia de boas-vindas para o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na praça exterior ao portão leste do Grande Palácio do Povo, antes de suas conversas em Beijing, capital da China, em 14 de abril de 2023. (Xinhua/Liu Weibing)

13 abr (Xinhua) — O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, já está na China, onde buscará estreitar o relacionamento com seu principal parceiro comercial, não só no que tange à economia, mas também em temas como o multilateralismo, a manutenção da paz mundial e promoção do desenvolvimento global, temas em que os dois países mantêm posições convergentes. Na véspera da viagem, em entrevista exclusiva à Xinhua, Lula falou sobre suas expectativas nesta sua quarta visita (2004, 2008, 2009) ao país asiático como presidente brasileiro e o que mudou na relação entre os dois países e no mundo desde então.

“Quando visitei Beijing pela primeira vez, em 2004 (durante seu primeiro mandato presidencial 2003-2006), poucos analistas vislumbravam que a parceria sino-brasileira assumiria a relevância que possui hoje. Desde então, nosso comércio cresceu 16 vezes e a China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil. Para além das relações econômicas, nosso relacionamento adensou-se politicamente, à medida que estreitamos nossa coordenação em instâncias como o BRICS”, recordou Lula.

O presidente brasileiro, que assumiu seu terceiro mandato em janeiro deste ano, enfatizou que “tenho certeza de que teremos um diálogo muito produtivo com a China, com quem compartilhamos muitos pontos de vista”.

Para Lula, há muito a comemorar na relação com seu maior parceiro comercial desde 2009: “o valor das nossas exportações para a China é maior do que a soma das nossas exportações para os Estados Unidos e para a União Europeia. A China é um grande motor do agronegócio brasileiro”.

E, segundo Lula, há espaço para mais parcerias. “Gostaria que ela fosse também um grande motor da reindustrialização do Brasil, em bases sustentáveis. Há espaço para iniciativas conjuntas em biocombustíveis e hidrogênio verde, por exemplo. Também queremos redobrar esforços em ciência, tecnologia e inovação, desenvolvendo aplicações práticas a partir das fronteiras do conhecimento científico”.

“O governo brasileiro vem promovendo um programa de parcerias e investimentos que tem por objetivo melhorar a infraestrutura do país, com uma carteira abrangente de projetos em áreas como as de portos e aeroportos, rodovias, ferrovias e energia. Há vasto espaço para a ampliação de investimentos chineses nessas áreas, preferencialmente em parceria com as empresas brasileiras. Os investimentos chineses ainda são muito tímidos em relação ao patamar que poderiam atingir. Se no comércio já conquistamos marcas inéditas, nos investimentos ainda temos muito o que construir”, ressaltou.

Questionado sobre a comparação entre o plano de “reindustrialização” do Brasil lançado por ele e a “modernização ao estilo chinês” promovida pela China e se as economias altamente complementares dos dois países podem ser aproveitadas para construir uma ponte para futuras cooperações, Lula comentou que não há uma receita única para o desenvolvimento.

“Creio que o sucesso do ‘caminho chinês para a modernização’ mostra que não há uma receita única para o desenvolvimento e que boas soluções podem estar em toda parte, e cada país deve trilhar seu próprio caminho, conforme seus desafios históricos e suas potencialidades”.

“O Brasil está engajado em criar o ‘caminho brasileiro para a modernização’, que consiga conjugar crescimento econômico, redução da pobreza e das desigualdades sociais, sustentabilidade dos nossos recursos naturais extraordinários e eliminação do racismo e da discriminação racial. Queremos crescer com justiça social, sustentabilidade ambiental e respeito à democracia e aos direitos humanos”, afirmou.

Sobre o papel desempenhado pela China no cenário internacional nos últimos dez anos, Lula comentou que o país asiático foi “o que mais tirou pessoas da pobreza na história. Foram centenas de milhões de pessoas nos últimos 40 anos. É algo extraordinário e que serve de inspiração para todos os países em desenvolvimento. A China é um exemplo impressionante de desenvolvimento que aconteceu beneficiando diversos parceiros comerciais no mundo, inclusive o Brasil, nesse processo”.

Apesar de estarem geograficamente distantes, a China e a América Latina têm expandido e aprofundado intercâmbios e a cooperação nas áreas de economia, comércio, cultura, educação e desenvolvimento social. Perguntado sobre como fortalecer ainda mais esta cooperação, Lula enfatizou que a integração da América Latina e Caribe e, em especial da América do Sul “é uma grande prioridade” para o continente e disse que a China pode desempenhar um papel muito positivo para ajudar essa integração.

“Não há integração regional possível se não há estradas, ferrovias, linhas de transmissão, telecomunicações e conexões aéreas e marítimas ligando nossos países. Uma integração efetiva precisa de uma base material. A China pode desempenhar um papel muito positivo na integração da infraestrutura da região”, ressaltou.

Com relação à estratégia que China e Brasil devem adotar para expandir e aprofundar a cooperação para aumentar ainda mais a influência global do grupo BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Lula enfatizou que “a importância global do BRICS não deve ser subestimada”.

O presidente brasileiro destacou a importância de manter a identidade e a coerência do grupo BRICS, o que significa apoiar o multilateralismo, promover um papel mais significativo dos países em desenvolvimento no sistema internacional e trabalhar por reformas nas instituições globais, de modo a torná-las mais democráticas e representativas, inclusive no Conselho de Segurança da ONU.

Durante a entrevista, Lula foi perguntado sobre sugestões de planos que Brasil e China podem realizar para fortalecer a cooperação em mecanismos de governança global como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas e a Conferência de Biodiversidade da ONU, para promover desenvolvimento global, redução da pobreza e proteção ambiental.

“Cada um deles tem suas particularidades e requer uma estratégia específica. Mas a Agenda 2030 continua a ser um bom guia para orientar nossas ações nessas diferentes instâncias. Ela é abrangente e aborda de forma articulada as três dimensões – econômica, social e ambiental – da noção de desenvolvimento sustentável, traduzindo um ideal de sustentabilidade com inclusão e prosperidade para todos”, disse.

“Poderíamos nos coordenar mais em organizações como a OIT, a UNESCO e a FAO para promover iniciativas de cooperação trilateral. Uma pauta importante que tem sido negligenciada pela comunidade internacional, mas que o Brasil e a China valorizam, é o combate à fome. É um tema muito caro para mim. Gostaria muito de lançar uma grande iniciativa de combate à fome voltada para África, com o apoio da China e da FAO”, acrescentou o presidente brasileiro.

Treze anos após o término de seu segundo mandato e diante das mudanças no cenário mundial relativas à estrutura política e econômica globais ocorridas desde então, Lula, perguntado sobre quais assuntos internacionais China e Brasil devem fortalecer sua cooperação e colaboração, destacou a promoção do desenvolvimento, o fortalecimento do multilateralismo e a defesa da paz.

“Essas questões continuam mais relevantes do que nunca. É importante que Brasil e China continuem somando suas vozes nesses assuntos. A esses, eu agregaria, hoje, o combate à mudança do clima. Trata-se de uma ameaça concreta, que afetará especialmente as populações mais vulneráveis e poderá fazer retroceder nossos esforços em prol da erradicação da pobreza e da fome. Brasil e China podem liderar pelo exemplo, avançando na transição para uma economia de baixo carbono. O Brasil tem uma matriz energética limpa, que pode ser ampliada e integrada com investimentos chineses”, acrescentou.

Encontro de Xi e Lula abre novo capítulo das relações China-Brasil na nova era, dizem especialistas

2023-04-16 19:10:30丨portuguese.xinhuanet.com

Por correspondentes Zhu Chao, Bi Yuming e Shao Yibo

Beijing, 16 abr (Xinhua) — A convite do presidente Xi Jinping, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva fez uma visita de Estado à China de 12 a 15 de abril. Na tarde do dia 14, o presidente Xi Jinping manteve conversações com o presidente Lula e os dois lados concordaram em aprofundar ainda mais a confiança política mútua, expandir a cooperação pragmática, consolidar a amizade tradicional e fortalecer a comunicação e a coordenação estratégicas em importantes questões internacionais e regionais. Após as negociações, os dois lados emitiram uma declaração conjunta sobre o aprofundamento da parceria estratégica global.

Em entrevistas à Agência de Notícias Xinhua, vários especialistas internacionais disseram que a reunião entre os chefes de Estado da China e do Brasil liderou a abertura de um novo futuro para as relações bilaterais e alcançou resultados positivos na promoção do conhecimento mútuo, no aprimoramento da aprendizagem mútua e na expansão da cooperação pragmática, e que o encontro mostrou ao mundo a postura de unidade e automelhoramento das grandes países em desenvolvimento, o que desempenha um papel ativo importante para a paz, a estabilidade, a prosperidade e o desenvolvimento da região e até do mundo.

 

UM NOVO CAPÍTULO NOS LAÇOS AMIGÁVEIS

Durante o encontro, os dois chefes de Estado expressaram grande importância às relações bilaterais. Segundo o presidente Xi Jinping, a China sempre vê e desenvolve as relações com o Brasil a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo, e vê o relacionamento China-Brasil como uma alta prioridade em sua agenda diplomática.

O presidente Lula indicou que esta é a sua primeira visita a um país fora das Américas desde que assumiu o cargo. A visita reflete o amor do lado brasileiro pela China e a importância atribuída ao desenvolvimento das relações entre o Brasil e a China.

Lula iria fazer uma visita de Estado à China de 26 a 31 de março, mas adiou sua viagem devido a desconforto físico. Logo após a recuperação, o presidente Lula liderou uma delegação que incluiu o presidente do Senado, vários ministros do gabinete, governadores, membros do parlamento e mais de 200 líderes empresariais para visitar a China. Antes de visitar Beijing, Lula também participou no dia 13 da cerimônia de posse de Dilma Rousseff, a nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento e ex-presidente brasileira, em Shanghai, onde visitou também o Instituto de Pesquisa de Shanghai de Huawei e se reuniu com empresários chineses.

“Apesar do impacto da emergência anterior, os dois lados rapidamente reorganizaram a visita, o que reflete plenamente a importância que os dois lados atribuem a esta visita e a sua forte vontade de desenvolver as relações China-Brasil e de reforçar a cooperação entre os dois países”, disse Song Junying, diretor do Departamento de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos do Instituto Chinês de Estudos Internacionais.

A China e o Brasil são grandes países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes, e são parceiros estratégicos abrangentes um do outro. Desde o estabelecimento de laços diplomáticos, há quase meio século, em face das mudanças internacionais, as relações China-Brasil sempre têm mantido um desenvolvimento estável, e a cooperação pragmática em vários campos produziu resultados frutíferos. O presidente Xi Jinping descreveu repetidamente as relações China-Brasil com o “modelo de relações entre grandes países em desenvolvimento”.

Este ano marca o 30º aniversário da parceria estratégica entre a China e o Brasil e celebrará o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países no próximo ano. Na declaração conjunta, os dois lados chegaram a um importante consenso sobre o aprofundamento conjunto da parceria estratégica global China-Brasil caracterizada pela abertura, tolerância, cooperação e ganha-ganha.

“Neste importante momento, o presidente Xi Jinping e o presidente Lula realizaram um encontro estratégico, o que abriu um nova capítulo na cooperação de amizade entre os dois países, disse Yuan Dongzhen, vice-diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

 

UM NOVO IMPULSO À COOPERAÇÃO BILATERAL

De acordo com o vice-ministro das Relações Exteriores, Xie Feng, os dois chefes de Estado testemunharam a assinatura de 15 documentos de cooperação nos campos de redução da pobreza, inovação científica e tecnológica, aeroespacial, informação e comunicação, investimento, inspeção e quarentena aduaneiras, finanças, economia digital, facilitação do comércio, produção de televisão e mídia. A Declaração Conjunta entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Global emitida pelos dois lados tem um total de 49 itens, cobrindo todos os aspectos do desenvolvimento das relações China-Brasil.

“Enquanto avançam de forma constante os importantes projetos de cooperação existentes, aprofundando o potencial nas áreas de cooperação de agricultura, construção de infraestruturas e de aviação e aeroespacial, os dois lados também estão explorando para aumentar cooperação nas novas áreas, como a economia verde, a economia digital e a energia limpa”, disse. Song Junying, acrescentando que as áreas de cooperação entre os dois lados serão mais abrangentes e diversificadas, o que efetivamente promoverá o desenvolvimento econômico e social dos dois países e trará mais benefícios para os dois povos.

As estatísticas mostram que a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos e, em 2022, o volume de comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 171,5 bilhões, um aumento anual de 4,9%. O Brasil é também o primeiro país da América Latina a ter um volume comercial de mais de US$ 100 bilhões em relação à China. Os especialistas disseram que, em um novo ponto de partida, as perspectivas de cooperação econômica e comercial China-Brasil são mais brilhantes.

“Durante a visita do presidente Lula a Shanghai, foi feita uma visita especial ao Instituto Huawei, que mostrou a grande expectativa do Brasil de introduzir a tecnologia avançada da China e ajudar o Brasil a acelerar o ritmo da ‘reindustrialização'”, disse Sun Yanfeng, vice-diretor e pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas. “O governo Lula fez da construção da infraestrutura de comunicação uma das prioridades futuras de desenvolvimento econômico. A China e o Brasil têm um enorme espaço para cooperação nesse campo”.

Sun Yanfeng observou que os dois lados indicaram na Declaração Conjunta que manifestar interesse em examinar sinergias entre as políticas de desenvolvimento e os programas de investimento do Brasil, inclusive nos esforços da integração sul-americana, e as políticas de desenvolvimento e as iniciativas internacionais da China, inclusive a “Iniciativa do Cinturão e da Rota”. “A cooperação industrial entre a China e o Brasil vai receber mais dividendos de políticas e oportunidades de desenvolvimento”, adianta.

No início deste ano, a China e o Brasil assinaram um memorando de cooperação para estabelecer um acordo de liquidação de RMB no Brasil. Antes da visita do presidente Lula à China, a filial do Banco Industrial e Comercial da China no Brasil fez com sucesso o primeiro negócio de liquidação transfronteiriça de RMB, marcando um progresso substancial no negócio transfronteiriço de RMB no mercado brasileiro. Na Declaração Conjunta emitida pela China e pelo Brasil, os dois lados concordaram em aprofundar o diálogo no campo econômico e financeiro e fortalecer o comércio em moeda local.

“A liquidação em moeda local é um produto do desenvolvimento da cooperação econômica e comercial sino-brasileira para um novo patamar, refletindo o nível de confiança mútua entre as duas partes. A prática do mecanismo de liquidação do RMB no Brasil promoverá ainda mais o comércio bilateral, facilitará o investimento, reduzirá os custos de transação e reduzirá a dependência de moedas de terceiros ou de uma única moeda”, disse Yuan Dongzhen.

 

FORTALECIMENTO DA COORDENAÇÃO ESTRATÉGICA EM QUESTÕES GLOBAIS

Na Declaração Conjunta, os dois lados reafirmaram seu compromisso de promover a democratização das relações internacionais e a prática do multilateralismo, avaliaram positivamente o diálogo e a coordenação entre os dois países em organizações internacionais e mecanismos multilaterais e indicaram que continuarão a fortalecer os intercâmbios sob organizações multilaterais e mecanismos multilaterais, como as Nações Unidas, o G20 e o BRICS. A Declaração Conjunta também se refere a conteúdos específicos, como a reforma das Nações Unidas e do Conselho de Segurança, a expansão do BRICS e a expansão do Novo Banco de Desenvolvimento.

De acordo com os especialistas, o alcance panorâmico, estratégico e global das relações China-Brasil é cada vez mais proeminente. A reunião entre os dois chefes de Estado não diz apenas respeito ao desenvolvimento das relações bilaterais, mas também é importante para salvaguardar os interesses comuns dos vários países em desenvolvimento e promover o estabelecimento de uma ordem internacional mais justa e racional.

“O mundo de hoje vive um período de grande desenvolvimento, grande mudança e grande ajustamento, com o aumento do unilateralismo e do proteccionismo. Os países do mundo, especialmente os mercados emergentes e os países em desenvolvimento, enfrentam uma série de desafios comuns”, disse Song Junying. “A China e o Brasil são países do BRICS, membros do G20, assim como os dois maiores países em desenvolvimento do hemisfério ocidental e oriental. O fato de os dois países andarem juntamente ajudará a fortalecer o direito de palavras e a representação dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais e promover o desenvolvimento da governança global em uma direção mais justa e mais razoável.”

Os dois chefes de Estado também trocaram pontos de vista sobre a crise na Ucrânia. Ambas as partes concordaram que o diálogo e as negociações são a única saída viável para a solução da crise na Ucrânia e que todos os esforços em prol de uma solução pacífica da crise devem ser encorajados e suportados. Os dois países pedem que mais países desempenhem função construtiva em promover a solução política da crise na Ucrânia e decidiram manter comunicação sobre isso.

“A China e o Brasil são ambos países amantes da paz e advogam ativamente pela persuasão e a promoção de negociações, promovendo uma solução política para a crise na Ucrânia, o que contrasta fortemente com ações para a escalada da situação por parte de alguns países”, disse Sun Yanfeng. “A China e o Brasil não são partes da crise. No encontro, os dois chefes de Estado expressaram uma voz comum sobre a promoção de uma solução política para a crise na Ucrânia, o que ajudou a comunidade internacional a reunir consensos e formar forças conjuntas, e demonstrou o papel construtivo desempenhado pelos dois grandes países em desenvolvimento na manutenção da paz e estabilidade do mundo.”

Embaixador da China no Brasil: Se abre um novo futuro para a parceria estratégica abrangente China-Brasil na nova era

2023-04-12 15:08:00丨portuguese.xinhuanet.com

Por correspondentes da Xinhua, Bian Zhuodan e Chen Weihua

Brasília, 11 abr (Xinhua) — Em entrevista exclusiva à Xinhua, o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, disse que, sob a liderança estratégica dos chefes de Estado da China e do Brasil, os dois países fortalecerão a cooperação e avançarão lado a lado, abrindo um novo futuro para a parceria estratégica abrangente China-Brasil na nova era e estabelecendo um verdadeiro modelo de cooperação Sul-Sul.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, fará uma visita de Estado à China de 12 a 15 de abril, a primeira dele ao Oriente desde que tomou posse. Zhu disse: “Isso reflete a grande importância que ambos os lados atribuem ao aprofundamento das relações bilaterais sob novas condições históricas”.

Revisando o desenvolvimento das relações entre China e Brasil no último meio século desde o estabelecimento das relações diplomáticas, Zhu apontou que, os dois países sempre aderiram ao respeito mútuo, igualdade de tratamento e cooperação de ganhos mútuos, considerando o desenvolvimento um do outro como uma oportunidade para seu próprio desenvolvimento, vendo as relações bilaterais a partir de uma perspectiva estratégica e aumentando constantemente a confiança política mútua; sempre estiveram comprometidos com uma cooperação prática de base sólida, altamente complementar, enérgica e resiliente; mantiveram um conceito comum ou similar de desenvolvimento, de segurança e de ordem internacional e compartilharam uma ampla gama de interesses e ideias comuns nos assuntos internacionais.

“O Brasil tornou-se o primeiro grande país em desenvolvimento a estabelecer uma parceria estratégica com a China e o primeiro país latino-americano a estabelecer uma parceria estratégica abrangente com a China”, lembrou Zhu, acrescentando que o Brasil é o primeiro país latino-americano cujo comércio com o país asiático superou US$ 100 bilhões, e é o maior parceiro comercial e o maior destino de investimentos deste na América Latina; a China tem mantido sua posição como o maior parceiro comercial e o maior mercado de exportação do Brasil há muitos anos. Atualmente, os dois lados estão desfrutando de frutífera cooperação em uma ampla gama de campos, como petróleo e gás, eletricidade, agricultura, infraestrutura, comunicações, ciência e tecnologia, contribuindo efetivamente para os respectivos desenvolvimentos.

Ao mesmo tempo, os dois lados também se comunicam e coordenam estreitamente sob as estruturas de Nações Unidas, OMC, BRICS, G20, BASIC, entre outras organizações e mecanismos, para salvaguardar os interesses gerais dos países em desenvolvimento e promover o desenvolvimento de uma ordem internacional mais justa, equitativa e razoável. “Hoje o mundo está passando por mudanças sem precedentes em um século, e, sob o contexto de ajuste acelerado no cenário internacional, as relações China-Brasil transcenderam a esfera bilateral e têm importantes implicações globais”, avaliou.

A cooperação econômica e comercial é uma parte importante da parceria estratégica abrangente China-Brasil e um grande destaque da expansão e do aprofundamento das relações bilaterais na nova era. Nos últimos anos, diante dos desafios como epidemia da COVID-19, frequentes conflitos geopolíticos e turbulência econômica mundial, a cooperação econômica e comercial China-Brasil tem mantido um desenvolvimento estável, mostrando forte resistência e vitalidade abundante, e apoiando ambos os países a lidar com as mudanças, manter o desenvolvimento e melhorar a vida das pessoas.

“Na véspera da visita do presidente Lula à China, um grande número de empresários brasileiros de diversos setores já visitou a China, refletindo a ávida expectativa da comunidade empresarial brasileira de aproveitar as novas oportunidades trazidas pelo caminho chinês para a modernização”, ressaltou Zhu, assinalando que os dois lados precisam aproveitar esta oportunidade para fortalecer o acoplamento estratégico, explorar o potencial de cooperação, inovar modelos de cooperação, estreitar os laços de interesse e criar novos pontos de crescimento com base na expansão e no fortalecimento da cooperação em áreas tradicionais, de modo a impulsionar os respectivos desenvolvimentos com uma cooperação bilateral de maior qualidade, de campos mais amplos e mais benéfica para os povos, promovendo conjuntamente o processo histórico de busca de modernização pelos países em desenvolvimento.

Nos últimos anos, o intercâmbio entre o Brasil e a China tem se tornado cada vez mais ativo em áreas como o alívio e redução da pobreza, a proteção ambiental e a saúde; enquanto isso, o intercâmbio e a cooperação entre universidades, grupos de reflexão, mídia e grupos de arte dos dois países têm se tornado cada vez mais ricos. Segundo o embaixador, em resposta ao entusiasmo do povo brasileiro pelo aprendizado da língua e cultura chinesas, a China construiu 14 Institutos e Aulas de Confúcio no Brasil, o maior número entre os países latino-americanos.

“Não faz muito tempo, a China propôs a Iniciativa de Civilização Global, defendendo a igualdade, aprendizado mútuo, diálogo e tolerância entre as civilizações, bem como o fortalecimento de troca e cooperação internacionais de cultura e entre pessoas”, lembrou o embaixador, destacando que, o acúmulo cultural distinto da China e do Brasil e a rica e colorida história dos intercâmbios culturais e interpessoais entre ambos os lados provam que o desenvolvimento e o progresso humano não podem ser separados dos intercâmbios culturais e interpessoais e do aprendizado mútuo entre as civilizações.

Zhu finalizou que, embora a China e a América Latina estejam longe uma da outra, elas compartilham a busca comum pela autoconfiança e autossuficiência, revitalização e desenvolvimento e melhora da vida da população. Há muito tempo, tendo a igualdade e o benefício mútuo como princípio e o desenvolvimento comum como objetivo, os dois lados vêm fortalecendo a confiança política mútua, com florescimento da cooperação em vários campos e melhoria constante do mecanismo geral de cooperação entre a China e a América Latina, enquanto um número crescente de países da região coopera com a China para construir o “Cinturão e Rota”, apoiando e participando da Iniciativa de Desenvolvimento Global e da Iniciativa de Segurança Global, trabalhando em conjunto com a China para criar uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a América Latina. Isto não só beneficia os povos dos dois lados, mas também injeta mais estabilidade e energia positiva no mundo, acrescentou.

(Informações da agência Xinhua)

COP repete sua barganha faustiana em Glasgow

“Temos que criar um consenso para as mudanças em transporte, indústria e agricultura, sob o argumento de evitar maiores custos no futuro”, declarou o bilionário-filantropo Bill Gates numa entrevista para o Think-Tank britânico Policy Exchange durante a COP26. “Este encaminhamento está bastante prejudicado”, acrescentou ele, citando as crescentes emissões de CO2 como o principal indicador dessa realidade. 

Gates aponta como positiva a transição da produção de energia na Europa do carvão para o gás. Aço verde, hidrogênio barato, usinas eólicas em alto mar são outras tecnologias carecendo de inovação, e por isso de “muito dinheiro” para trazerem os resultados necessários. “Duvido que conseguiremos limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 grau, mas 2 graus será melhor que 3 graus”, admite o bilionário.

Nível do mar

Os negociadores em Glasgow trabalharam com uma vertente da ciência climática que empurra para 2040 o “ponto de não retorno” (tipping point). Na verdade, esse prazo faz uma generosa concessão analítica, protelando o limite das emissões em pelo menos uma década.

Estudos até hoje não contestados apontam para uma premência muito maior. “Seja por qual razão, a estabilidade do nível do mar determinou o desenvolvimento da civilização. O nível estável do mar não apenas proveu os primeiros humanos com proteína animal marinha, mas também tornou possível a produção de grãos em estuários e ecossistemas alagados. Com essas condições, alimentos para a população humana puderam ser produzidos por uma fração das pessoas, permitindo assim a transição do estilo Neolítico de vida para a vida social urbana e o desenvolvimento de complexas sociedades governadas pelo Estado”, ensina o Dr. James Hansen, ex-chefe do Instituto Goddard de Pesquisas Espaciais da NASA, e pioneiro na divulgação dos alertas relacionados à mudança climática na década de 1980.

No livro “Tormentas dos meus netos”, Dr. James Hansen alerta para a insensatez da política e do lobby fóssil.

Em seu livro “Tormentas dos meus netos” (Storms of my grandchildren, Bloomsbury 2009) ele conta sua experiência como pesquisador e a luta contra o que ele chama de “Barganha Faustiana”. “O aquecimento global (Desde 2000) precisa ficar em menos de um Grau para evitar o desastre”, escreveu Dr. Hansen ao relatar seu enfrentamento com o lobby politico-corporativo para divulgar suas pesquisas.

“Infelizmente, o que desde então ficou claro é que um aquecimento global de 2 graus Celsius, ou mesmo 1,7 grau Celsius é um cenário de desastre”, insiste no livro, explicando porque o período de estabilidade para o nível do mar “quase certamente” acabou. Incerto apenas é a que velocidade esse aumento ocorrerá. “Um metro e alguma coisa, ou dezenas de metros por século, com desintegração de geleiras resultando em contínuo redesenho das ocupações costeiras.”

Indústria das RP

Fato é que mais de uma década se passou desde que Dr. Hansen publicou seu alerta, “a verdade sobre a vindoura catástrofe climática”. De lá pra cá, os governos responsáveis do mundo se reuniram dezenas de vezes. Assinaram inúmeros protocolos e acordos. Todos, como o primeiro, o de Kyoto em 1997, não reduziram as emissões. Elas na verdade continuam aumentando.

Hoje como em 2009, essa realidade contrasta com a impressão criada pela mídia, alimentada fartamente pela indústria das Relações Públicas (Public Affairs). Como Jansen denuncia no livro, o papel do dinheiro continua sendo o principal obstáculo às medidas de estabilização do clima, e por consequência da conscientização das pessoas. Pouco antes do encerramento da conferência, ativistas denunciaram a presenca mais de 500 lobistas das empresas poluidoras em Glasgow. Dias antes, a BBC já havia alertado para a tentativa de alterar o texto do acordo a ser negociado na Escócia.

Ponto de inflexão

Segundo os cientistas a regiao do Mar Mediterrâneo se tornou um Hotspot para incêndios florestais. Em 2021 eles consumiram florestas, casas e infra-estrutura. As chamas arderam durante Agosto e Setembro pela Espanha, Itália, Grécia, Turquia e quase todos os países banhados por suas águas. (Mahmut Alakus/Turquia)

Com ou sem tráfico de influência, a pergunta que a COP evitou responder é: já ultrapassamos o ponto de não retorno (“tipping point”)? Seriam as enchentes da Europa e os incêndios florestais em toda a costa do Mediterrâneo na última temporada de verão um sinal disso? O jornalista britânico George Monbiot acredita que, “se já não passamos, estamos mais próximos do que esperamos”.

“A velha suposição de que os pontos de inflexão da Terra estão muito distantes começa a parecer insegura. Um artigo recente na revista Nature  adverte que a circulação meridional do Atlântico – o sistema que distribui calor ao redor do mundo e impulsiona a Corrente do Golfo – pode agora estar “perto de uma transição crítica”.”escreveu ele em Setembro.

Monbiot lembra que outros sistemas também parecem estar se aproximando de seus limites: os mantos de gelo da Antártica, a floresta amazônica e a tundra ártica e as florestas boreais, que estão perdendo rapidamente o carbono que armazenam, gerando uma espiral de aquecimento ainda maior. 

A tese é a mesma defendida há décadas por James Hansen. Os sistemas terrestres não ficam em suas caixas. Se um passar para um estado diferente, isso poderá desencadear a inversão de outros. Mudanças repentinas de estado podem ser possíveis com apenas 1,5 ° C ou 2 ° C de aquecimento global. 

Detalhe, o aumento médio da temperatura na Europa no último verão foi justamente 1,5°C.

Segundo o Serviço Meteorológico Alemão , o continente europeu apresenta um aumento da temperatura três vezes maior que o aumento verificado na média global. Exatos 1,5 grau Celsius acima da média histórica. (ARD)

Planos e Tecnologias

Se há uma coisa que sabemos sobre o colapso do clima, é que não será linear, suave ou gradual. Assim como uma placa tectônica continental pode empurrar outra, causando terremotos e tsunamis periódicos, nossos sistemas atmosféricos irão absorver o estresse por um tempo, depois mudar repentinamente. 

Os planos apresentados na COP contam com a tecnologia e a natureza para absorver o dióxido de carbono que continuamos produzindo. As tecnologias consistem na captura e armazenamento de carbono de usinas de energia e fábricas de cimento em estratos geológicos, ou captura direta de ar (sugando o dióxido de carbono do ar e enterrando-o também). Seu uso em larga escala é descrito pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) como “sujeito a múltiplas restrições de viabilidade e sustentabilidade”. Por isso, é improvável que sejam implantados em grande escala no futuro pelo mesmo motivo que não estão sendo implantados em grande escala hoje, apesar de 20 anos de conversa.

Segundo o colunista do The Guardian, mesmo contando todas as soluções tecnológicas e compensações prometidas, as políticas atuais apontam para calamitosos 2,9 ° C de aquecimento global. Arriscar uma mudança irreversível ao prosseguir com as emissões atuais, confiar em tecnologias não entregues e capacidades inexistentes é a fórmula para a catástrofe.

Sacrifícios modestos

Na foto apertando a mao do príncipe de Wales, Bill Gates foi a Glasgow sondar as possibilidades de investimento em inovacao. A energia nuclear entre elas.

O impacto social da mudança climática, parte do relatório do IPCC a ser divulgado em fevereiro de 2022, não é novidade nenhuma. Na verdade, como das vezes anteriores, o IPCC apresenta a previsão mais branda da já certa catástrofe climática. Cerca de 130 milhões de pessoas serão jogadas na pobreza pelas mudanças no clima até 2030. 

Think thanks como o Institute for Economics and Peace (IEP) anunciam 1.2 bilhão de desabrigados pelo aquecimento global antes de 2050. Nada novo para muitos dos mais sérios cientistas debruçados sobre a questão do clima há décadas. Em 2006, James Lovelock, conhecido como pai da teoria de Gaia, escreveu em seu livro “A vinganca de Gaia” que antes do final deste século as mudanças do clima, causadas pela queima de combustíveis fósseis, reduzirão a população global a 10% do seu total hoje.

“Inovação é o único caminho para passarmos por sacrifícios modestos e com isso atingir o objetivo de zerar as emissões”, acredita Bill Gates. Qual o salto tecnológico a ser dado para eliminar 51 bilhões de toneladas/ano de gases de efeito estufa? Um mistério para as próximas conferências do clima. Até lá, o bilionário se engaja na campanha para ampliar a geracao atômica em todo o mundo.

Produzido sem carvão, “aço verde” entra em teste comercial na Suécia

A empresa sueca Hybrit anunciou a entrega do primeiro lote  de “aço verde”, produzido sem o uso de carvão, à fábrica Volvo AB, de caminhões.

Trata-se de teste numa planta piloto que  prevê alcançar a produção comercial plena em 2026.

A Volvo informou que já em 2021 iniciará a produção de protótipos e componentes com o aço verde.

Há um ano a Hybrit iniciou os testes para produção do aço sem carvão em uma planta piloto em Lulea, no norte da Suécia.

O novo processo substitui o carvão de coque, usado na produção de aço por eletricidade e hidrogênio.

Oito por cento das emissões de gases de efeito estufa resultam da produção de aço com carvão.

Uma das empresas que financiam o projeto da Hybrit é a siderúrgica SSAB, responsável por 10% das emissões de dióxido de carbono da Suécia e 7% da Finlândia.

O hidrogênio é uma parte fundamental do plano da União Européia para atingir as emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050.

(Com informações do Guardian)

Hidrogênio verde barato e estável para garantir a transição energética

Avançam os investimentos mundiais em projetos de hidrogênio verde a partir de fontes de energia renováveis (solar fotovoltaica e eólica) – Alemanha, França, Holanda, Áustria, Japão, Austrália, Canadá, China, Reino Unido e Estados Unidos.

O Alemanha anunciou o plano de investir € 9 bilhões até 2030 no desenvolvimento da tecnologia de hidrogênio verde a partir de fontes renováveis. A estratégia prevê € 2 bilhões em iniciativas bilaterais com  países com potencial para tornarem-se exportadores de hidrogênio verde, o Brasil entre eles.

Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), hoje o mundo abriga cerca de 7 TW de capacidade total de geração de energia, dos quais cerca de 1 TW vem da energia solar e eólica, de acordo com o relatório “IRENA: A renewable energy perspective report”. Atualmente, existem cerca de 14,4 exajoules de hidrogênio por ano, mas cerca de 95% deles vêm do gás natural e carvão.

Nesta quarta, 17 de junho, haverá um webinar sobre o assunto com o  presidente do Conselho da Associação Alemã de Hidrogênio e Célula a Combustível, Werner Diwald, e moderação de Luiz Barroso, CEO da PSR. O evento começará às 10 horas, no idioma inglês.

As inscrições para o webinar Transição Energética na Alemanha: Hidrogênio Verde, podem ser feitas neste link.

A corrida pelo hidrogênio verde

Considerado um importante aliado na descarbonização da economia sem o comprometimento da segurança energética, o hidrogênio verde é elemento chave na superação de desafios energéticos como o armazenamento da geração variável de fontes renováveis (solar fotovoltaica, eólica) e a substituição de combustíveis fósseis no transporte e na indústria (química e de ferro e aço).

Sobre Werner Diwald

Werner Diwald é porta-voz e membro do Conselho da Associação Alemã de Hidrogênio e Célula a Combustível, e CEO da empresa de consultoria ENCON.Europe GmbH, para projetos de formulação de políticas públicas em hidrogênio e acoplamento setorial de energias renováveis. Atua desde 1995 no setor de energias renováveis, e foi responsável por mais de 13 anos pelas áreas de negócios de Desenvolvimento Internacional de Projetos e Assuntos Políticos dentro do grupo de empresas da ENERTRAG Aktiengesellschaft. É membro do Conselho de Administração da ENERTRAG Aktiengesellschaft e responsável pela área de desenvolvimento internacional de projetos de parques eólicos, desenvolvimento de tecnologia e engenharia e construção de instalações de hidrogênio (eletrólise, usina híbrida). Com base em suas atividades, a ENERTRAG conseguiu, em 2011, colocar em operação com sucesso a primeira usina híbrida. Em 2011, ele criou a ENERTRAG HyTec GmbH, hoje parte da McPhy Energy Deutschland GmbH, que desenvolve e fabrica eletrolisadores.

Sobre Luiz Barroso

Diretor-presidente da PSR. De 2016 a 2018 foi presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE-MME). Em 2018, foi também visitante na Agência Internacional de Energia (AIE), atuando no programa Clean Energy Transition Program, que estuda a transição energética em economias emergentes. Antes de juntar-se à EPE, Luiz Barroso foi sócio e diretor técnico da PSR por 17 anos. É também pesquisador associado da Universidade de Comillas, em Madrid, e professor da Escola de Regulação de Florença, na Itália. É editor associado da IEEE Power & Energy Magazine. Foi editor associado da revista IEEE Transactions on Power Systems e da IEEE Transactions on Smart Grids. É o chair do Power Systems Operations, Planning and Economics Committee da IEEE Power and Energy Society, onde é membro sênior. Recebeu, em 2010, o IEEE PES Outstanding Young Engineer Award. Foi coordenador do comitê de Mercados de Eletricidade e Regulação (C5) do Cigré Brasil de 2010 a 2014 e é membro do steering committee do SC C5 do Cigré Internacional. É autor e coautor de mais de 200 artigos científicos em periódicos e conferências em temas relacionados a mercados competitivos de energia. É graduado em matemática e possui doutorado em Engenharia de Sistemas (otimização) pela COPPE/UFRJ, Brasil.

Sobre o Instituto E+ Transição Energética

O Instituto E+ é um think tank independente que promove o amplo diálogo com representantes de todos os setores para pautar a transição energética brasileira como vetor para o crescimento econômico de baixo carbono. O Instituto E+ faz parte da rede International Network of Energy Transition Think Tanks (INETTT).

Para assistir as edições anteriores no Youtube:http://www.youtube.com/channel/UC46zZl90o5ozMLxJUScA65A

(Com informações do Instituto E+ e pv-magazine)

 

Anvisa dá três anos para gorduras trans, probidas desde 2015 nos Estados Unidos

A Anvisa deu três anos para que fabricantes eliminem as  “gorduras trans” dos alimentos industrializados no Brasil. Terão que reduzir a utilização até julho de 2021 e não poderão mais usá-las definitivamente a partir de 2023.
No mundo, 49 países já adotaram medidas regulatórias de restrição ao uso da gordura trans. Na Europa, o valor máximo é de 2% para todos os alimentos. Nos Estados Unidos esse tipo de gordura está proibido desde 2015.
A organização Mundial da Saúde estima que doenças provocadas pela ingestão excessiva de gorduras trans causam 500 mil mortes por anos
A gordura trans, também conhecida como gordura vegetal hidrogenada, é usada para melhorar o aspecto e também aumentar o prazo de validade de alimentos industrializados.
Resulta de um processo químico: óleos vegetais líquidos, como o óleo de soja, são transformados em gordura sólida com o uso de hidrogênio. Quanto mais hidrogenada, mais consistente a gordura fica.
Ela também aparece durante o aquecimento de óleos para a fritura doméstica ou industrial em processos que envolvem altas temperaturas por longos períodos.
A gordura trans eleva o colesterol ruim, reduz o colesterol bom e aumenta o risco de infarto e AVC.
A gordura trans está em alimentos como:

  • Biscoitos salgados, doces e outros alimentos assados
  • Pipoca de micro-ondas
  • Pizzas e salgados congelados
  • Manteiga vegetal e margarina em barra
  • Creme para café
  • Glacê pronto para uso
  • entre outros

Eliminação em etapas
A decisão da diretoria colegiada do órgão estabeleceu que o processo ocorrerá em duas etapas:
1) a adequação da indústria alimentícia ao limite de até 2% de gorduras trans sobre a quantidade total de gorduras do alimento produzido, o que deve ocorrer até 1 de julho de 2021;
2) a eliminação total de ácidos graxos trans da composição de produtos até 1º de janeiro de 2023
Atualmente não há quantidade máxima definida pela agência. Os produtos importados também precisarão seguir essas regras.
Para os óleos refinados, como os de soja e canola, por exemplo, os ácidos graxos trans não serão banidos.
A Anvisa decidiu estabelecer um limite diferente para esse grupo de produtos, levando em conta que os óleos vegetais passam por altas temperaturas no processo de refinamento, o que acaba produzindo a gordura trans, que não é adicionada de forma proposital.
Com isso, até 1° de julho de 2021, todos os óleos vegetais disponíveis nas prateleiras de supermercados deverão ter, no máximo, 2% de gordura trans na composição. O descumprimento dessas regras poderá acarretar advertências e até multas, a serem definidas pela agência.
O objetivo da Anvisa com as mudanças é reduzir a ingestão de gordura trans a menos de 1% do Valor Energético Total (VET) ingerido pela população diariamente, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a agência, essa ingestão hoje chega a quase 2% entre os adolescentes, por exemplo.
“Dependendo do recorte populacional que você faz, essa quantidade é bem mais alta. A gente tem grupos mais vulneráveis na população. Como a gordura trans tem um preço mais barato que os substitutos, as populações mais vulneráveis, que tem menor pode aquisitivo, acabam sendo mais expostas a esses alimentos com maior teor”, explica a Gerente Geral de Alimentos da Anvisa, Thalita Lima.
Por que é difícil zerar o consumo de gordura trans?
A gordura trans é aquela que tem origem no processo industrial. É quando se adiciona hidrogênio aos óleos vegetais líquidos para que eles fiquem com consistência sólida.
É isso que, muitas vezes, deixa crocante, dá textura e um prazo maior de validade para biscoitos, pipoca de microondas, pratos congelados, massas instantâneas e chocolates. Os ácidos graxos trans também surgem no processo de refinamento dos óleos vegetais e no aquecimento para fritura doméstica ou industrial de alguns produtos.
Mas também existe a gordura trans natural, que surge no processo de digestão dos animais ruminantes (por exemplo: boi, carneiro, cabra) e está presente em carnes, leite e queijos.
“São quantidades pequenas, que não oferecem tanto risco aos consumidores, mas que estão naturalmente presentes na alimentação”, explica Thalita.
Risco de desenvolvimento de doenças
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de gordura trans acima de 1% do Valor Energético Total que uma pessoa ingere diariamente já aumenta de forma significativa o risco de desenvolvimento e morte por doenças cardiovasculares, principalmente as que atingem os vasos sanguíneos do coração. Isso porque, ao ser ingerido, esse tipo de gordura favorece o aumento do colesterol ruim (LDL) e diminui o colesterol bom (HL).
Em maio deste ano, a OMS alertou que pelo menos 5 bilhões de pessoas no mundo correm risco de desenvolver doenças relacionadas ao consumo de gordura trans. A organização estima que o ingrediente cause 500 mil mortes por ano no mundo.
No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e de internação hospitalar. Em 2015, foram 424.058 óbitos causado por enfarte agudo do miocárdio, hipertensão, arritmias e outras complicações cardiovasculares, 31% do total.
O que o consumidor deve fazer
Atenção aos rótulos e lista de ingredientes! Na tabela nutricional, ela aparece como gordura trans, de acordo com a porção especificada pelo fabricante. Mas se nessa porção não houver quantidade superior a 0,2 gramas de ácidos graxos trans, o fabricante não é obrigado a informar que há gordura trans naquele produto.
Por isso, o consumidor deve ficar atento à lista de ingredientes. E olha que lá a gordura trans pode ganhar outros três nomes: gordura vegetal, gordura hidrogenada, ou gordura parcialmente hidrogenada. “Não aparecer na tabela nutricional não significa que não há gordura trans naquele alimento”, alerta a Gerente Geral de Alimentos da Anvisa, Thalita Lima.
Mudanças nas regras de rotulagem nutricional já estão sendo discutidas pela Anvisa e devem ser votadas ainda no primeiro semestre de 2020.
Produção brasileira
De acordo com a Anvisa, o volume de produção anual de gordura trans no Brasil caiu de 591.244 toneladas em 2013 para 516.525 toneladas em 2017. A estimativa é que, em 2026, a produção seja de 71.865 toneladas.
Apesar da redução, o Brasil é o país das Américas com maior volume de produção de gordura trans, representando quase 35% e superando os Estados Unidos.
A Associação Nacional de Restaurantes tem números de 2016 que mostram que 61% dos serviços de alimentação usam gordura trans no preparo de bolos, massas de pizza, molhos, risotos e proteínas empanadas.
(Com Agência Brasil)