Drag Queens do Distrito Federal querem eleger representante para a Câmara

Coletivo Distrito Drag, de Brasilia,  decidiu  apoiar a candidtura de Ruth Venceremos, para  “levar a demanda dos artistas transformistas e LGBTQI+ para  a pauta do Congresso Nacional”. Ela é pré-candidata a deputada federal pelo PT.

Por Márcia Turcato, de Brasília

Depois de cinco anos ocupando uma salinha discreta onde não cabiam todos os sonhos, o Distrito Drag inaugurou nova sede em Brasília no mês de abril.

Apesar do espaço de ter mais de 300 metros quadrados, ainda é acanhado para acolher todos os projetos da organização. Entre as grandes ações promovidas pelo coletivo destacam-se o Bloco das Montadas, o Calendário Drag, Festival Nacional de Arte Transformista, Performática Drag e de capacitação artística.

“Nossa estratégia, enquanto ação coletiva, é que nossa arte vá para além da noite, que discuta questões sociais e trabalhistas, que nosso trabalho possa ir para o teatro, que possa ser espetáculo de música ou de capacitação das manas em maquiagem ou costura. Não podemos ficar restritas ao gueto da noite e da vulnerabilidade social e econômica que é imposta para os artistas transformistas e LGBTQI+”, explica uma das fundadoras do espaço, a drag queen Rojava, 28 anos.

Mary Gambiarra, 33 anos, também fundadora do espaço, acrescenta: “queremos acesso ao trabalho formal. Ser artista transformista não é caminho marginal, queremos que nosso trabalho seja reconhecido como uma opção formal de geração de renda. Podemos trabalhar de dia, em festas, aniversários, despedida de solteira, chá de lingerie, festa de casamento, fazendo performance, teatro, show musical ou
imitação. Não há limite para a nossa arte”.

Essa não é uma agenda exclusiva do Distrito Federal, ela tem a dimensão do Brasil porque a condição do trabalho dos artistas transformistas é precarizada e o espaço da noite é muito perigoso, observa Mary, que defende as bandeiras de luta do Distrito junto a nomes conhecidos da cena de Brasília e nacional como Abigail, Amenda, Kelly Queen, Nágila GoldStar, Mozilla FireFox, Raykka Rica e Ruth Venceremos.

O grupo, que promove muita discussão sobre protagonismo no cenário político, decidiu apoiar candidtura própria nas próximas eleições. Ruth Venceremos carrega a responsabilidade de levar a demanda dos artistas transformistas e LGBTQI+ para  a pauta do Congresso Nacional, ela é pré-candidata a deputada federal pelo PT.

Ruth ainda acolhe as demandas do MST- Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, de onde é originária.

Na agenda do Distrito Drag está o enfrentamento à violência por meio do
empoderamento. “Nós precisamos ter orgulho do que fazemos, não podemos nos esconder. Saímos do armário e não vamos voltar. No futuro, queremos que o Distrito Drag também possa se tornar um espaço de acolhimento para vítimas de violência na comunidade LGBTQI+. Por enquanto, damos suporte jurídico e na área da saúde para as vítimas”, explica Rojava, que fora do espaço drag também faz a assessoria de comunicação da Apib- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

Não reproduzir os preconceitos do mundo é outra meta importante do coletivo. De acordo com Mary Gambiarra, “em todo o nosso trabalho buscamos garantir espaço de participação para pessoas negras e/ou da periferia para não reproduzir atitudes do racismo estrutural. Estamos em luta constante para mudar essa realidade a partir do nosso comportamento e atitudes aqui no coletivo”.

Sobre o cenário político nacional, Rojava diz que “somos artistas transformistas, nosso corpo, o modo como nos colocamos na sociedade, é um dos principais inimigos desse desgoverno. Somos contra o atual presidente da República e fazemos campanha política para mudar completamente essa situação”.

A maioria das transformistas é de cidades periféricas do Distrito Federal ou da região do entorno, área de baixa renda, e o trabalho de artista transformista se coloca como única opção de renda para as manas que não se encaixam no padrão de comportamento e aparência para conseguir um trabalho convencional.

“A maioria das manas é da periferia”, diz Rojava.

Como forma de manter viva a história e a memória de pessoas que foram
precursoras e deixaram um legado importante para comunidade LGBTQI+, cada sala da nova sede é em homenagem a uma personalidade.

A sala de convivência recebeu o nome Marielle Franco (vereadora assassinada no Rio de Janeiro); o camarim é uma homenagem à pioneira Miss Biá e a sala multiuso recebeu o nome da atriz transformista Vera Verão.

O Distrito Drag, iniciativa inédita no Brasil, oferece suporte às artistas transformistas, acolhe a comunidade LGBTQI+ e mulheres para promover oficinas de teatro, costura, maquiagem, qualificação profissional, rodas de conversa e participar de todos os editais da área de cultura. Enfim, ocupar o espaço.

O Distrito conta com uma rede de apoio formada por advogados e profissionais da saúde, entre outros segmentos profissionais, além do suporte financeiro obtido em parcerias diversas e em emendas parlamentares. O Distrito Drag tem perfil no Instagram:@Distrito Drag

STF proíbe que casais gays sejam excluídos de políticas públicas

O Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, que uniões homoafetivas não podem ser excluídas do conceito de entidade familiar e, portanto, devem ter acesso a políticas públicas voltadas para a família. A decisão foi tomada depois que o PT questionou o artigo 2º da Lei 6.160/2018, que define define como entidade familiar apenas o núcleo formado a partir da união entre um homem e uma mulher por meio de casamento ou união estável.
O partido alegou que o termo violava o princípio constitucional da dignidade humana, já que exclui pessoas LGBTQ+ das políticas públicas. Com o voto dos onze ministros, o STF excluiu do Código Civil qualquer interpretação que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como família, seguindo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. “Quando a norma prevê a instituição de diretrizes para implantação de política pública de valorização da família no Distrito Federal, deve-se levar em consideração também aquelas entidades familiares formadas por união homoafetiva”, concluiu o relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes.

Governo suspende edital com séries de temática LGBT criticadas por Bolsonaro

Alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro em sua última live semanal, veiculada na quinta passada (15), um edital de chamamento de projetos para TVs públicas que tinha entre as categorias de investimento séries LGBT foi suspenso. Uma portaria assinada pelo Ministro da Cidadania Osmar Terra publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta (21) oficializou a decisão.
Na live, o presidente havia criticado quatro projetos de séries aprovados para a última fase do concurso e inscritos nas seções de diversidade de gênero e sexualidade. Eram eles “Afronte”, “Transversais”, “Religare Queer” e “Sexo Reverso”.
Caso aprovados por uma comissão especial, os projetos seriam contemplados com verbas de R$ 400 mil a R$ 800 mil cada um, oriundas do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
O caso acontece depois de uma série de declarações em que Bolsonaro promete intervir no teor das produções financiadas por meio da Agência Nacional do Audiovisual, a Ancine, seja criando um “filtro” cultural ou tirando o FSA do controle da agência, entre outros. Na live, ele chegou a afirmar que se o órgão “não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos”, ele já teria “degolado tudo”.
Com a suspensão do concurso por no mínimo seis meses, no entanto, os projetos citados pelo presidente na live não serão os únicos prejudicados. Isso porque o edital ainda previa o financiamento de cerca de outras 70 iniciativas divididas em 12 categorias, como sociedade e meio ambiente, qualidade de vida e profissões.
Com verbas de até R$ 1,5 milhão, cada uma das seções teria cinco vencedores, um para cada região do país.
O diretor de “Transversais”, série documental que pretende se debruçar sobre os sonhos e desafios de cinco pessoas transgênero que moram no Ceará, Émerson Maranhão especula que a suspensão temporária tenha sido a maneira que o Ministério da Cidadania encontrou de não pagar os recursos aos vencedores, já que não poderia modificar o edital.
“Éramos quatro realizadores, agora seremos 80”, diz o cineasta.
Ele e o produtor executivo de “Transversais” afirmam ter encaminhado ofícios questionando os pronunciamentos de Bolsonaro ao Ministério da Cidadania e à Agência Nacional de Cinema, a Ancine, que gere o Fundo Setorial de Audiovisual, no dia seguinte à live. Agora, pretendem tomar ações jurídicas em relação à suspensão do edital.
Na portaria publicada no Diário Oficial, o Ministério da Cidadania dá como justificativa para o cancelamento temporário do concurso a necessidade de recomposição dos membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial, informação antecipada pela Folha em reportagem publicada na terça (20).
Uma vez recomposto, ainda de acordo com a portaria, o comitê revisará os critérios e diretrizes para a aplicação dos recursos do fundo, assim como os parâmetros de julgamento dos projetos e seus limites de valor. (Com informações da Folha de São Paulo)

Conferência debate impacto do turismo e comércio LGBT para a economia do Brasil

 
São Paulo sedia no final deste mês um dos maiores e mais expressivos encontros econômicos com foco em negócios, turismo e cultura direcionados a comunidade formada por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Trata-se da terceira edição da Conferência Internacional da Diversidade e do Turismo LGBT, que acontece entre 25 de agosto e 1 de setembro na Praça das Artes, no centro histórico da cidade. O evento, que coloca o Brasil no centro das atenções globais deste público, tem entre suas atividades oficiais debates, palestras, mesas redondas, exposições fotográficas e show ‘Conexão Mulheres do Brasil’ comemorativo ao Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29/08).
Fortalecer a diversidade no turismo, no mercado de trabalho, no comércio e na cultura artística, reconhecendo a significativa participação do público LGBTI+, enquanto consumidores e/ou empreendedores, no fomento a esses setores e movimentando a economia do país. Esse é o propósito do principal evento anual promovido pela Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil. “É um ambiente qualificado para o compartilhamento de conhecimento e melhores práticas, cases e experiências inovadoras pelo mundo, fomento de negócios e a promoção de destinos amigáveis”, acrescenta Ricardo Gomes, presidente da entidade.
A programação 2019 tem como eixo temático estreante a Cultura. Ela se une a Mercado Empresarial e Turismo. A abertura oficial para convidados, no dia 25 às 17h, terá a presença de autoridades nacionais e internacionais do setor público como o Sr. Bruno Covas, Prefeito da Cidade de São Paulo, e o Sr. Fernando Garcia Casas, Embaixador da Espanha no Brasil. Também participam outras lideranças governamentais e profissionais dos três pilares da conferência vindos de vários países e de diversos estados brasileiros. O roteiro também inclui apresentação do Grupo Ensemble da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, composto por Marcos Kiehl, arranjador e flautista, e dos violonistas Alex Ximenes e Otávio Stocco.
Ainda neste primeiro dia será feita a abertura da exposição ‘Moda e Diversidade’, produzida pelo Museu da Diversidade Sexual, instalada na sala de exposições da Praça das Artes. O público poderá visitar a mostra gratuitamente entre os dias de realização da Conferência. As imagens que compõem a exposição foram cedidas pela revista MAG! e a São Paulo Fashion Week, com curadoria de Paulo Borges. Uma premiação de empresas e parceiros ‘LGBTI+ Friendly’ também acontecerá nesse dia.
No dia 26 de agosto, a atenção se volta ao Turismo LGBTI+, com acesso exclusivo de profissionais do setor a palestras, mesas redondas, debates e fomento de negócios. A cada edição do evento, a Câmara LGBT escolhe roteiros brasileiros e internacionais amigáveis recomendados à comunidade. Em 2019, o Destino Nacional Convidado é a Cidade de São Paulo e o Destino Internacional Convidado é Espanha. Outros destinos também estarão no evento.
No terceiro dia, 27 de agosto, as corporações comprometidas com a Diversidade e a Causa LGBTI+ entram em pauta para discutir a diversidade no ambiente corporativo e nos negócios. Empresas de diversos segmentos dividem suas experiências com os conferencistas e público ouvinte sobre temas e conceitos relacionados à inclusão.
A programação do dia 28 de agosto tem direcionamento especial à cultura como mola propulsora da economia criativa e às possibilidades de investimento e promoção de marcas junto a um público consumidor reconhecidamente ávido por novidades e antenado às tendências. No dia seguinte, 29 de agosto, às 21h, o show ‘Conexão Mulheres do Brasil’ celebrará o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica com apresentações da cantora e DJ gaúcha Laura Finocchiaro juntamente com as cantoras de pop rock Nila Branco e Sylvia Patricia. O evento ocorre no Teatro Liberdade (Rua São Joaquim, 129 – Liberdade). O valor dos ingressos varia de R$ 100 (plateia baixa e alta) e R$ 70 (balcão A e B), com direito à meia-entrada, e podem ser adquiridos diretamente na bilheteria física do local e na internet pelo site Eventim (abre.ai/aeZg).
A Conferência Internacional da Diversidade e do Turismo LGBT tem adesão de autoridades das esferas municipais, estaduais e federais no Brasil e no mercado internacional. A edição deste ano conta com apresentação dos Secretários de Estado de Turismo de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia, respectivamente, Vinícius Lummertz, Otávio Leite e Fausto de Abreu Franco. Além do Secretário Municipal de Turismo de São Paulo, Orlando Faria, ente outras autoridades.
Também estarão presentes representantes das Câmara de Comércio LGBT dos Estados Unidos; da Câmara de Comerciantes LGBT da Colômbia; da Câmara de Comércio & Negócios LGBT do Uruguai; da Câmara de Comércio Gay Lésbica da Argentina; da Câmara de Comércio inclusiva do Paraguai; da Câmara de Comércio LGBT da República Dominicana; da Câmara de Comércio e Turismo LGBT e Diversidade do Chile; e da Federação Mexicana de Empresários LGBT+.
A Praças das Artes é a nova casa da Conferência Internacional da Diversidade e Turismo LGBT. O Complexo Cultural foi inaugurado em dezembro de 2012 e a construção recebeu o Prêmio APCA de Melhor Obra de Arquitetura de 2012, bem como o prêmio de Edifício do Ano de 2013 pelo Icon Awards, realizado pela Icon Magazine. A Sala do Conservatório e o térreo, que vão abrigar as apresentações da conferência e exposições, respectivamente, foram construídas em 1886 e totalmente restauradas e integradas à Praça das Artes.
 

Sine Municipal tem cursos gratuitos para população LGBTQI+

Cursos presenciais e à distância para a população LGBTQI+ serão disponibilizados nesta terça-feira, 13, às 13h30, no Sine Municipal (avenida Sepúlveda esquina com Mauá). As inscrições devem ser feitas pelo telefone (51) 99108-3449 ou pelo e-mail grupodesobedeca@gmail.com. A promoção da Coordenadoria da Diversidade Sexual e de Gênero da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, em parceria com a Uber e com a ONG Desobedeça, oferecerá cursos sobre empoderamento pessoal, conquista de objetivos e educação financeira.

“Esta iniciativa tem o propósito de preparar estas pessoas para conquistarem seus sonhos e aproveitarem as oportunidades de renda que a Uber oferece com as parcerias de motorista Uber e entregador Uber Eats”, explica o coordenador Daniel Boeira. Ele salienta a importância deste projeto que tem por objetivo acolher e gerar oportunidades econômicas e contribuir com a autonomia financeira da população LGBTQI+. “Precisamos humanizar essa parcela da população, transformar estas pessoas em cidadãos de fato e de direito. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, e precisa urgentemente se acostumar ao convívio entre os diferentes”, conclui.