Funcionários da Fepam denunciam “ataque sem precedentes à proteção ambiental no Rio Grande do Sul”

Em nota oficial,  assinada por sua presidente Paula Rodrigues Tavares, a  Associação dos Servidores da Fundação Estadual de Proteção Ambiental   “denuncia e repudia”  o que considera uma “tentativa de desmoralizar o licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul”.

A nota se refere à Instrução Normativa número 01/2022 publicada no Diário Oficial do Estado na quarta-feira, 5/1, que “suspende das condicionantes e restrições constantes das Licenças de Operação expedidas pela FEPAM ou órgãos ambientais municipais “.

Segundo a nota, com a decisão,  o Secretário do Meio Ambiente, Luiz Henrique Viana e a presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental, Marjorie Kauffmann,  atacam “a proteção que ainda resta aos recursos hídricos do Estado”.

“Trata-se de um ataque sem precedentes ao licenciamento, à proteção ambiental, à legislação e ao patrimônio ambiental do Rio Grande do Sul”, diz a nota..

Leia a Nota

NOTA DE REPÚDIO À IN 01/2022-SEMA/FEPAM

A Associação dos Servidores da Fepam denuncia e repudia a tentativa do Secretário de Estado de Meio Ambiente e Infraestrutura e da Presidente da Fepam de desmoralizarem o licenciamento ambiental determinando, através da Instrução Normativa SEMA/FEPAM n.º 01/2022, a suspensão das condicionantes e restrições constantes das Licenças de Operação expedidas pela FEPAM ou órgãos ambientais municipais integrantes do SISNAMA no Estado do Rio Grande do Sul.

Trata-se de um ataque sem precedentes ao licenciamento, à proteção ambiental, à legislação e ao patrimônio ambiental do Rio Grande do Sul.

A tamanha ousadia dos dois principais dirigentes da área ambiental do Estado chega ao ponto de propor a suspensão das exigências de recomposição, recuperação, regeneração, demarcação ou demais condicionantes ou restrições estabelecidas para as Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, de áreas no entorno dos reservatórios de águas artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais e  áreas no entorno de nascentes e dos olhos d’água perenes.

Com a pífia justificativa de aguardar a publicação da hidrografia oficial do Estado, a Sema e a Fepam resolvem atacar a proteção que ainda resta aos recursos hídricos e suas obrigações contidas nas Licenças de Operação expedidas pela FEPAM, por 180 dias, justamente no momento no qual o Estado enfrenta uma das suas maiores crises hídricas.

Diante da ausência de Ato Legislativo, a ASFEPAM  esclarece aos seus associados e a população que a Instrução Normativa  01/2022 não revoga a legislação federal e estadual vigente que obriga a observância e o inequívoco cumprimento das condicionantes de licenças.

 Paula Rodrigues Tavares, Presidente em Exercício

Esta é a instrução normativa emitida pela Sema/Fepan:

Instrução Normativa SEMA -FEPAM Nº 01, de 05 de janeiro de 2022.

Estabelece a prorrogação das condicionantes e restrições constantes das Licenças de Operação expedidas pela FEPAM ou órgãos ambientais municipais integrantes do SISNAMA no Estado do Rio Grande do Sul.

SECRETÁRIO DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E INFRAESTRUTURA , no uso de suas atribuições elencadas na Constituição Estadual, de 03 de outubro de 1989, e na Lei Estadual nº 14.733, de 15 de setembro de 2015, e a DIRETORA-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIS ROESSLER , no uso de suas atribuições, conforme disposto na Lei Estadual nº 9.077, de 04 de junho de 1990 e no art. 15 do Decreto Estadual nº 51.761, de 26 de agosto de 2014, bem como tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno,

RESOLVEM

Art. 1º – Prorrogar o prazo das condicionantes relativas aos recursos hídricos e suas obrigações contidas nas Licenças de Operação expedidas pela FEPAM, por 180 dias ou até a publicação da Hidrografia Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, o que vir antes, a ser utilizada nos processos de licenciamento ambiental.

Parágrafo único . A prorrogação de que trata o caput refere-se às exigências de recomposição, recuperação, regeneração e demarcação das Áreas de Preservação Permanente, estabelecidas nas licenças da atividade de irrigação e reservação, preferencialmente, localizadas nas:

I) faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene ou intermitente;

II) de áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais e;

III) áreas no entorno de nascentes e dos olhos d’água perenes.

Art. 2º – Ficam a SEMA e a FEPAM corresponsáveis pelos ajustes necessários na Hidrografia Oficial do Estado do Rio Grande do Sul para fins de utilização nos processos de licenciamento ambiental.

Art. 3º – Quando da publicação dos ajustes da Hidrografia Oficial do Estado do Rio Grande do Sul a recomposição de Áreas de Preservação Permanente se dará no âmbito do Programa de Regularização Ambiental – PRA a ser implantado pelo Estado, de acordo com os prazos fixados pelo órgão estadual responsável pelo referido programa.

Art. 4º – Os órgãos estaduais e municipais integrantes do SISNAMA ficam dispensados da emissão de atos administrativos que comprovem a prorrogação de que trata o art. 1º desta Instrução Normativa Conjunta, sendo esta o único instrumento para fins de comprovação da prorrogação.

Art. 5º – A prorrogação que se refere o art. 1º não desobriga a necessidade de solicitar a emissão ou renovação de licenças ambientais, conforme dispõe a legislação aplicável, cabendo ao Órgão do Estado à análise quanto às demais condicionantes que não são prorrogadas por esta Instrução Normativa Conjunta.

Art. 6º – Esta Instrução Normativa Conjunta entra em vigor na data da sua publicação.

Porto Alegre, 05 de janeiro de 2022.

Luiz Henrique Viana

Secretário de Estado do Meio Ambiente e Infraestrutura

Marjorie Kauffmann

Diretora-Presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler

Incêndios destruiram 300 mil hectares de florestas na Argentina em 2021

O Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Argentina, criou um comitê de crise para combater incêndios florestais que há vários dias castigam a Comarca Andina e no Lago Nahuel Huapi. Também foi emitido alerta por incêndios na Terra do Fogo e em Neuquen.

Segundo os números oficiais foram queimados 302 mil hectares de florestas na Argentina, em 2021.

As provincias mais atingidas foram Córdoba (57.027 hectares), San Luis (49.282), La Pampa (29.390), La Rioja (21.389), Río Negro (20.381), Mendoza (19.730), Entre Ríos (19.707), Formosa (18.009) y Chubut (16.919).

Em março, a região da Patagônia já foi atingida por grandes incêndios, mas as ações do governo para combater o fogo não tiveram continuidade.

Uma das causas do alastramento do fogo em extensas áreas é a monocultura de pinus, que representa mais de 80% das florestas plantadas na Patagônia. “Quando o fogo chega ao pinhal se expande rapidamente para todos os lados”, diz um guarda florestal.

Em Neuquén, movimentos comunitários e de ambientalistas responsabilizam o Estado e os governos municipais pelos incêndios que atingem também grandes extensões de mata nativa.

Eles dizem que 90% dos incêndios são criminosos e tem por finalidade liberar grandes áreas para investimentos imobiliários, turísticos e mineiros.

 

Reportagem sobre energia eólica ganha Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental 

“Vento a favor no Pampa”, reportagem do jornal JÁ ganhou o Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental de 2021.

Os vencedores foram anunciados nesta quinta-feira à tarde no Palácio Piratini, com a presença do governador Eduardo Leite, .

A reportagem premiada,  de Cleber Dioni Tentardini,  parte da instalação de uma mega-usina eólica  em Santana do Livramento,  pela CGT Eletrosul/Eletrobras.

Descreve o panorama da produção de energia a partir dos ventos no Rio Grande do Sul e no Brasil, as políticas públicas de incentivo aos empreendimentos, os fatores ambientais, as questões econômicas na região da Campanha.

Mais de 150 trabalhos foram inscritos neste primeira edição do Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental.

Comissão julgadora

Vinte jurados fizeram parte da Comissão Julgadora, para acessar os nomes e os currículos. Cada integrante atribuiu suas notas tendo como base quatro critérios, com pesos diferentes: capacidade de sensibilização e reflexão sobre o tema, qualidade das informações técnicas que sustentem o conteúdo jornalístico, originalidade no desenvolvimento da pauta e qualidade da apresentação do conteúdo.

Fabricação dos troféus

Os troféus entregues no Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental foram feitos à mão por dois apenados do Complexo Penitenciário de Canoas, com madeira de reaproveitamento. Nas peças, foi talhado um dos símbolos do Estado, o quero-quero, que faz parte da logomarca do prêmio desenvolvida pelo designer Augusto Barros.

O Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental contou com o apoio institucional da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado (Arfoc).

Confira os vencedores do Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental

O prêmio é uma iniciativa do governo do Estado Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

• Fotojornalismo
1º lugar – Semana Lixo Zero – Antonio Valiente Samalea (lornal Pioneiro/Agência RBS)
2º lugar – Recicle, o céu é o limite – Jefferson Botega (Zero Hora e Diário Gaúcho)
3º lugar – Banhado do Maçarico, refúgio para aves migratórias e local de dunas e campos úmidos no pampa gaúcho – Anselmo Cunha dos Santos (Zero Hora)

• Jornalismo Impresso
1º lugar – Hora da decolagem – Danton José Boatini Júnior (Correio do Povo)
2º lugar – Salvemos os botos – Jéssica Rebeca Weber (Zero Hora)
3º lugar A terra na cidade – Brenda Rodrigues Fernández (Correio do Povo)

• Webjornalismo
1º lugar – Vento a favor no Pampa – Cleber Dioni Tentardini (Jornal JÁ)
2º lugar -Colmeias ameaçadas – Danton José Boatini Júnior (Correio do Povo)
3º lugar – Agapan completa meio século de defesa ambiental – Jéssica Rebeca Weber (Gaúcha ZH)

• Radiojornalismo/Podcast
1º lugar – Mascarando o lixo – Geórgia Pelissaro dos Santos (Vós)
2º lugar – RS e os reflexos das mudanças climáticas – Eduardo Matos (Rádio Gaúcha)
3º lugar – Raio X do tratamento de esgoto no litoral do RS – Eduardo Matos (Rádio Gaúcha)

• Telejornalismo
1º lugar – Isopor na mesa – Lena Caetano (Televisão Cachoeira do Sul) / Marcilei Trindade Caetano
2º lugar – Pesquisadoras estudam comportamento dos urubus-de-cabeça-preta em Porto Alegre – Marco Alexandre Bocardi (RBS TV)
3º lugar – Ciência Cidadã – Everson Luiz Dornelles (RBS TV)

• Jornalismo Universitário
1º lugar – A força do vento e do sol – Daniel Mutzemberg Giussani (Ufrgs)
2º lugar – Rio Grande do Sul, 40 graus como a mudança climática pode moldar o futuro do nosso Estado – Bibiana da Costa Davila (Ufrgs)
3º lugar – A tendência da estação é o verde – Caroline Oliveira da Silva Avila Coelho (Ufrgs)

 

Omicron aumenta pressão por vacinação na Europa

A chegada da variante Omicron, do vírus Corona, sacudiu a já abalada política de combate da quarta onda da pandemia na República Federal da Alemanha. Antes da “nova variante”, estados como a Bavária estavam sendo obrigados a transferir pacientes a países vizinhos devido à superlotação de hospitais. Ao mesmo tempo, o número de infectados por dia em todo país bateu novo recorde, 75 mil.

“Análises preliminares indicam que essa variante é mais agressiva do que pensávamos”, alertou Karl Lauterbach (SPD), guru da pandemia e um dos candidatos a ministro da saúde, nas primeiras horas depois da notícia. Quatro casos de infecções do novo vírus já haviam sido confirmadas na Bavária.

Especula-se que a nova variante já esteja circulando pelo mundo há meses, assim como a cepa original em 2019. O que faz com que a análise minuciosa e demorada do DNA de um vírus defina sua origem geográfica, é uma questão que só o colonialismo geopolítico ocidental pode explicar. De um jeito ou de outro, a descoberta de Omicron bota mais lenha na fogueira do pânico, norteando a política das potências européias.

Vacinados, curados ou mortos

O ainda ministro já cantou a pedra: “Ao final dessa onda estaremos todos vacinados, curados ou mortos”.

Aconteça o que acontecer, a vacina é, ainda, a única salvação apresentada pelas autoridades do continente. Impossível não lembrar da frase do ainda Ministro da Saúde, Jens Spahn (CDU), dias antes no parlamento (Bundestag). “Ao final dessa pandemia estaremos todos vacinados, curados ou mortos”.

Outro apelo pela vacina veio da governadora do estado de Rheinland-pfalz, Malu Dreyer (SPD). “Queremos e devemos vacinar 30 milhões de pessoas até o Natal”, declarou ela dia 30 de novembro. O argumento, no caso, visa evitar um Lockdown no Natal, como no ano passado. Da mesma forma que antes, o que os políticos dizem sobre o combate da pandemia já não se escreve mais.

A última determinação, por exemplo, obrigando todos os passageiros do transporte público do país a fazerem um teste antes de qualquer embarque. Teoricamente tudo perfeito. Na prática, impera a dúvida: quem controla? Não sem cabimento que medidas assim não tenham sido adotadas antes. O fato principal é que independente da medida que o governo baixe, a curva do número de vítimas parece repetir a do gráfico do ano anterior. Impiedosamente. E assim também o consentimento da população.

O gráfico do número de mortos da pandemia na Alemanha mostra uma tendência muito semelhante entre a quarta e a segunda onda . (Fonte: https://github.com/CSSEGISandData/COVID-19)

Três meses

O fechamento dos aeroportos alemães para diversos aeroportos na África foi justificado e aceito como há um ano “É importante nos protegermos ao máximo, retardando dia-a-dia a chegada na nova variante”, defendeu Lauterbach na televisão pública. Para o político, vacinados e não vacinados correm risco agora, ao mesmo tempo em que recomenda: “A vacina de reforço, de tudo o que sabemos, protege também contra essa variante, pois seu efeito de reforço é enormemente forte”. 

Se não funcionar, a receita é simples. “Precisaremos desenvolver uma nova vacina que estaria no mercado em três meses”, sentencia o expert alemão.

Narrativa recorrente

Na história das variantes, antes da Delta, vale lembrar da brasileira Gama. Responsável por milhares de mortes, é conhecida por também escapar bem da proteção das vacinas. 

B 1.1.529 se apresenta como mais uma sequência de números a nos conduzir para o Lockdown. Virologicamente falando, o que se sabe de fato é que Omicron possui 30 ou mais mutações em relação ao vírus original. A título de comparação, a variante Delta tem cerca de 10 mutações.

O raciocínio é simples e parece que vai sendo confirmado pouco a pouco pelos acontecimentos. Se a variante anterior já vencia a barreira da vacina, que dirá a versão mais recente e turbinada. Em outras palavras, o que justifica a pressão redobrada por um imunizante que apresenta indícios  de não funcionar mais?

Vacinação obrigatória

O desencontro entre as informações noticiadas pela grande mídia e os abundantes depoimentos de médicos em redes sociais aumenta na mesma proporção que o número de infectados. Ainda que as análises mais sérias não corroborem com as teorias mais conspiratórias, faltam esclarecimentos rudimentares para amparar o discurso político veiculado no mainstream.

A vacina obrigatória protege nossa liberdade. Esse é o novo slogan dos governadores de alguns estados alemães ao apresentar sua recorrente proposta de combate da pandemia do corona. “Apenas abrimos o debate sobre a obrigatoriedade. Queremos sair o mais rápido dessa pandemia”, sentencia Winfried Kretschmer, governador verde de Baden-Wurttenberg.

Mas e as crianças? A Stiko (Ständige impfkommission), comissão responsável pela recomendação técnica de vacinas, ainda não emitiu seu parecer final sobre o assunto. “Mas a pressão já é enorme”, reclama seu presidente, Prof. Dr. Thomas Mertens.

Anticorpos naturais

Na Alemanha, crianças a partir dos 12 anos vêm sendo vacinadas desde junho. E já há jurisprudência para casos em que menores de idade decidem isso em contrário à recomendação dos próprios pais. “Vacinar contra a vontade dos adultos responsáveis já é possível”, conta Jakob Maske, diretor da Federação de Pediatras Profissionais da Alemanha. 

Foi o que quase aconteceu com a adolescente Dora Kuhlmann, de 13 anos. Pressionada pela escola e pelas associações desportivas da qual participa, ela estava decidida a ser vacinada. Por influência do avô, clínico geral, foi convencida a fazer um exame de anticorpos para verificar sua imunidade. A menina havia contraído Corona em dezembro de 2020, passando pela doença sem nenhum sintoma grave. 

O resultado do exame contradiz as recomendações e análises dos experts do governo. Apesar do tempo, Dora apresentava uma quantidade de anticorpos para o Corona bem acima do mínimo determinado. Algo como 80% de imunidade. “Ficamos aliviados por agora, pois com o resultado ela ganha a carteira de imunidade por mais alguns meses”, diz a mãe da menina.

General da crise

O novo chanceler Alemao, Scholz, antes mesmo da posse, já anunciou que vai propor a vacinação obrigatória contra a covid-19. (dpa)

De qualquer forma, a pressão vem aumentando para os que ainda não se vacinaram. O próprio futuro chanceler, Olaf Scholz (SPD), já anunciou que irá propor a análise de um projeto de lei para a vacinação obrigatória contra o coronavírus. “Precisamos aplicar milhões de vacinas nos próximos meses, e para isso já constituímos um gabinete de gerenciamento da crise”, anunciou Scholz, se referindo a um grupo criado semana passada e comandado por um general de brigada. A expectativa é ter a obrigação aprovada até o fim do primeiro trimestre do ano que vem.

Buscando uma saída convergente para a nação, o presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, apelou em seu discurso de 29 de novembro para uma redução voluntária de contato, “visando evitar um Lockdown”. O desenfreado contágio do coronavírus, no momento, conduz sem dúvidas para um novo confinamento. Independente do nome que ele receba.

JÁ é finalista no Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental 

O jornal JÁ é finalista do Prêmio Sema-Fepam de Jornalismo Ambiental. A reportagem Vento a favor no Pampa, assinada por Cleber Dioni Tentardini, concorre na categoria Webjornalismo.

A matéria traz informações exclusivas sobre a instalação de uma mega-usina eólica que será construída no próximo ano em Santana do Livramento, projeto aprovado pela CGT Eletrosul/Eletrobras.

Traça um panorama da produção de energia a partir dos ventos no Rio Grande do Sul e no Brasil, as políticas públicas de incentivo aos empreendimentos, os fatores ambientais, as questões econômicas na região da Campanha e resgata o início da medição dos ventos no Estado e seus protagonistas.

A edição 2021 do Prêmio tem por fim disseminar informações sobre boas práticas ambientais, provocar a reflexão acerca de atitudes cotidianas em prol do meio ambiente, incentivar a mudança de comportamento e reconhecer a importância do jornalismo neste cenário.

A Comissão Julgadora foi composta com 20 profissionais.  Treze jurados fizeram parte da Comissão Julgadora – Comunicação, que contou com integrantes indicados pelas instituições apoiadoras do prêmio e pela Comissão Organizadora.

Outros sete jurados compuseram a Comissão Julgadora – Técnica, formada por técnicos da Sema e da Fepam, que avaliaram os trabalhos conforme os microtemas. Os integrantes da Comissão Julgadora serão conhecidos no dia da premiação.

Esta primeira edição contou com a inscrição de mais de 150 trabalhos nas categorias Jornalismo Impresso, Webjornalismo, Telejornalismo, Fotojornalismo, Radiojornalismo/Podcast e Jornalismo Universitário. Como método de avaliação, cada jurado atribuiu suas notas tendo como base quatro critérios, com pesos diferentes.

O evento de premiação dos vencedores será realizado em dezembro, no Palácio Piratini.

Confira abaixo os finalistas!!

Fotojornalismo

Banhado do Maçarico, refúgio para aves migratórias e local de dunas e campos úmidos no pampa gaúcho – Anselmo Cunha dos Santos (Zero Hora)

Recicle, o céu é o limite – Jefferson Botega (Zero Hora e Diário Gaúcho)

Semana Lixo Zero – Antonio Valiente Samalea (Jornal Pioneiro/Agência RBS)

Jornalismo Impresso

A terra na cidade – Brenda Rodrigues Fernández (Correio do Povo)

Hora da decolagem – Danton José Boatini Júnior (Correio do Povo)

Salvemos os botos – Jéssica Rebeca Weber (Zero Hora)

Webjornalismo

Agapan completa meio século de defesa ambiental – Jéssica Rebeca Weber (Gaúcha ZH)

Colmeias ameaçadas – Danton José Boatini Júnior (Correio do Povo)

Vento a favor no Pampa – Cleber Dioni Tentardini (Jornal JÁ)

Radiojornalismo/Podcast

Mascarando o lixo – Geórgia Pelissaro dos Santos (Vós)

Raio X do Tratamento de Esgoto no Litoral do RS  – Eduardo Matos (Rádio Gaúcha)

RS e os reflexos das mudanças climáticas – Eduardo Matos (Rádio Gaúcha)

Telejornalismo

Ciência Cidadã – Everson Luiz Dornelles (RBSTV)

Isopor na mesa – Lena Caetano (Televisão Cachoeira do Sul) / Marcilei Trindade Caetano

Pesquisadoras estudam comportamento dos urubus-de-cabeça-preta em Porto Alegre

 – Marco Alexandre Bocardi (RBSTV)

Jornalismo Universitário

A força do vento e do sol – Daniel Mutzemberg Giussani (Ufrgs)

A tendência da estação é o verde – Caroline Oliveira da Silva Avila Coelho (Ufrgs)

Rio Grande do Sul, 40 graus como a mudança climática pode moldar o futuro do nosso estado – Bibiana da Costa Davila (Ufrgs)

Governo abre concurso para preencher 56 vagas na Fundação de Proteção Ambiental

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) vai realizar concurso público para o preenchimento de 56 vagas do quadro permanente de funcionários.

Dos 56 cargos a serem ocupados, estão previstas 38 vagas para analistas, 6 para agentes técnicos e 12 para agentes administrativos. Os novos servidores deverão integrar as equipes responsáveis pelo licenciamento ambiental, fiscalização e área administrativa.

“A Fepam passa por um processo de transformação e precisa dar respostas a uma demanda crescente em antigas e novas áreas de atuação. Embora tenhamos qualificado os procedimentos licenciatórios com o objetivo de dinamizar os processos, também é preciso que o corpo de servidores seja capaz de dar vazão a essa demanda, de forma eficiente, em todas as suas formas de atuação, sejam os mesmos ligados a área fim ou meio da instituição”, afirma a presidente da Fepam, Marjorie Kauffmann.

O último concurso realizado pelo órgão foi em 2015. Diretor administrativo, Almir Azeredo reforça que o acréscimo de pessoal deve compensar a saída de funcionários ocorrida nos últimos anos, por aposentadoria ou desligamento voluntário, e acarretará em aumento da capacidade de processamento de documentos licenciatórios.

“A entrada de novos técnicos irá qualificar ainda mais nosso resultado no licenciamento, na fiscalização, no desenvolvimento de estudos e de pesquisas, bem como na execução de programas e projetos com vistas à Política Estadual do Meio Ambiente, para assegurar a proteção e a preservação no Estado do Rio Grande do Sul”, reforça Azeredo.

A partir da autorização do governo, a diretoria irá encaminhar os detalhes para a contratação da empresa responsável pela realização do concurso. As datas para as inscrições e aplicação das provas serão divulgadas antecipadamente pelos canais oficiais da Fepam

Novo lockdown reabre debate da vacina obrigatória na Europa

 

A Europa está sendo arrastada pela quarta onda da pandemia para um novo confinamento. Depois de adotar restrições a não vacinados, países como Áustria e Holanda já decretaram lockdown na última semana. Na Alemanha, entra em vigor a versão “light” das medidas para reduzir a circulação de pessoas. Não vacinados estão proibidos de fazer qualquer atividade sócio-cultural e desportiva, e podem receber, no máximo, outras quatro pessoas não vacinadas em seu ambiente privado. Quem for vacinado está liberado, mas deve apresentar um teste válido a cada ocasião.  

Com o número de testes positivos batendo recorde há 10 dias, a Alemanha tem 87% da capacidade para tratamento intensivo comprometida. Logo após a Áustria iniciar seu lockdown e anunciar a obrigatoriedade da vacina a partir de fevereiro, Bavária e Saxônia decretaram toque de recolher e cancelaram seus mercados de Natal. A incidência semanal já ultrapassou 300 por 100 mil habitantes em nível nacional e chega a 1.000 em diversas regiões.

Vacinação obrigatória

Markus Söder, governador da Bavária, propõe vacinação obrigatória até fevereiro para evitar quinta onda.

“Verificamos nas últimas semanas uma média de 0,8% de mortos por número de casos. Isso significa que, dos 52 mil infectados oficiais de hoje, mais de 400 irao morrer”, avisou Lothar Wieler, presidente do Robert-Koch-Institut, em apelo à nacao durante uma live promovida pelo governador da Saxônia, Michael Kretschmer (CDU). “Temos três milhões de não vacinados acima de 60 anos. Se só eles contraíssem o vírus, já seria suficiente para ocupar todas as nossas camas de UTIs… Ao todo são 15 milhões de não vacinados, é demais se queremos evitar um desastre no Natal”, alerta Wieler.  

No final de semana, o número de infectados na Alemanha chegou a 65 mil/dia, enquanto a Organização Mundial da Saúde previu 450 mil mortos para todo o continente durante o inverno. No enfrentamento dos números fúnebres, o próximo assunto é a recorrente “vacina obrigatória”. “Se queremos evitar a quinta onda, precisamos da obrigatoriedade antes de Fevereiro”, defendeu o governador da Bavária, Markus Söder (CSU).

Assunto ignorado

A atual política de combate à pandemia inflama os europeus. Protestos e confrontos se espalharam pela Áustria, Bélgica e Holanda. A grande mídia dá destaque às agitações, mas está longe de explicar o que há por trás do fenômeno.

Rotterdamm foi uma das cidades com protestos violentos durante o fim de semana (https://www.tagesschau.de/ausland/europa/rotterdam-proteste-101.html)

Uma das dimensoes racionais dele, diz respeito ao debate sobre os efeitos colaterais causados pela imunização contra a Covid-19. O noticiário das grandes redes públicas ou privadas praticamente ignora o assunto. Essa cobertura vem sendo feita por profissionais independentes nas redes sociais.

Gosto na boca

Nikk é uma enfermeira em Kent, condado do sudeste da Inglaterra. Em fevereiro ela recebeu a primeira dose da vacina, produzida pela AstraZeneca.

“No momento em que a agulha entrou no meu braço senti instantaneamente um forte gosto químico na boca”, conta ela em entrevista ao podcast do Dr. John Campbell. Sintomas como náusea, tosse e dor de cabeça foram sentidos ainda nos primeiros momentos após a injeção. “Sentia arrepios subindo e descendo por todo o meu corpo, enquanto meu nariz corria, como se eu estivesse gripada”, lembra Nikk.

Incrivelmente desidratada

Mandada para casa, a enfermeira de 50 anos recebeu do médico que a vacinou uma receita de paracetamol. “A maior preocupação deles parecia ser o meu sistema respiratório, que dava sinais de bloqueio. Eu me senti horrível todo o resto do dia”, relata. A noite também foi difícil, com arrepios e calafrios até a manhã do dia seguinte. “Parecia um ataque de convulsão em alguns momentos. Nunca tinha sentido isso”, diz.

No dia seguinte seus rins estavam doendo, enquanto ela tomava litros e litros de água. “Me sentia incrivelmente desidratada, mesmo sem ter suado”, conta, reiterando o ineditismo da experiência. Quando tentava levantar-se tinha a sensação de que o mundo desabava sobre ela. “Parecia bêbada, caindo e levantando. Tentando me agarrar às coisas, que também caíam. Como em um navio enfrentando uma tempestade em alto mar”. Nikk acrescenta que em termos de percepção, todas as coisas pareciam confusas. “Por semanas não tive coragem de dirigir meu carro”, exemplifica.

Casos documentados

Até hoje ela tem dificuldades para se locomover por conta das dores nos rins e no peito, além de outros sintomas adversos sentidos após a vacina, como tinnitus. E mais importante, nenhum médico sabe dizer ao certo a causa, ou o remédio para os problemas que ela enfrenta. Ela conta que ainda não foi examinada por nenhum cardiologista e nenhum neurologista. O sistema de saúde do seu país parece prejudicar esse tipo de investigação sobre efeitos colaterais da aplicação de medicamentos e vacinas.

O caso de Nikk é só mais um, entre muitos documentados pela iniciativa C19 Vax Reactions . Segundo a própria descrição do site, um grupo de pessoas afetadas pelas vacinas contra a Covid-19 hoje no mercado (Pfizer, Moderna, J&J e AstraZeneca). “Os médicos têm dito a nós que se isso estivesse ocorrendo, eles seriam informados dessas reacoes adversas pelos órgaos reguladores e pelas empresas farmacêuticas”, diz um trecho da carta aberta.

Formado inicialmente por profissionais da saúde que se apresentaram como voluntários para testar as vacinas nos primeiros meses do ano, o grupo representado no site reclama da resposta dada até agora pelas fabricantes e autoridades. “Eles negam que isso esteja realmente acontecendo”, traz outro trecho da carta.

Falsas informacoes

A versão é corroborada na quase totalidade dos depoimentos colhidos pela mídia oficial. Dr. Erik Sander, chefe do Laboratório de doenças Infecto-respiratórias da Charité-Berlim, defende a vacinação de crianças a partir dos 5 anos, apesar de admitir não haver estudos sobre os efeitos da vacina nas pessoas dessa faixa etária. “Temos um problema de informações falsas circulando. Nós não temos nenhuma evidência de efeitos colaterais de longo prazo relacionados à vacina”, declarou ele, defendendo a imunização obrigatória, logo no começo da crise.

Na Alemanha há um protocolo vacinal autorizado pelo governo para imunizar crianças a partir de 12 anos contra o vírus Corona. No momento a Stiko (Ständige Impfkomission), comissão responsável pela regulamentação de vacinas, analisa o pedido para iniciar a vacinação de crianças a partir de 5 anos.

Em Viena, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas protestar contra as últimas medidas do governo austríaco, incluindo o Lockdown e a vacina obrigatória. “Tirem as mãos das nossas criancas”, diz o cartaz no protesto do partido de extrema-direita, FPÖ (Vadim Ghirda / DPA)

Risco desconhecido

“Eu não vacino crianças contra a Covid-19”, afirma Dra. Ilona Ziethen-Borkhoni, pediatra que há 30 anos atende crianças de todas as idades no bairro de Wilmersdorf, da capital Berlim. “Elas (as crianças) não precisam de imunização para uma doença que, na imensa maioria dos casos, não é perigosa para elas”, justifica a médica. 

Vacinada duplamente com o imunizante da Pfizer, Dra. Ziethen-Borkhoni explica que se existe um risco, ele é desconhecido. “Tudo isso é muito novo ainda, muito incerto. Não vale a pena arriscar com a saúde das criancas”, acredita, ponderando que respeita a posição divergente de outros colegas.

Transparência ajuda

A posição da pediatra é na prática o contrário do que pregam as autoridades alemãs. A principal ação do governo é ainda a terceira dose para todas as pessoas acima dos 18 anos. “Mais de sete bilhões de doses já foram aplicadas no mundo, muitas delas em ambientes muito controlados, por um período de mais de um ano. Isso demonstra sua seguranca”, argumenta a viróloga Ulrike Protzer, diretora do Instituto de Virologia da Universidade Técnica de Munique.

Na análise metódica do Dr. John Campbell, questões importantes continuam sem resposta, atrapalhando a conquista da confiança do público que resiste à vacina. “Empresas que estão ganhando muito dinheiro controlam todo o processo”, cita,  ao lembrar que os estudos oficiais de avaliação das vacinas para a Covid-19 são feitos pelas próprias fabricantes, e elas não disponibilizam abertamente seus dados. “Mais transparência só ajudaria”, diz ele.

Muito raro

Ao entrevistar outras pessoas afetadas, profissionais e pesquisadores, Dr.Campbell aponta também denúncias de problemas na consistência dos dados usados para aprovar as vacinas nos EUA e Europa. “São perguntas em aberto. Os documentos oficiais não especificam um percentual de efeitos adversos, por exemplo. Falam apenas que eles “são muito raros”. Mas quanto é “muito raro?”, indaga o professor aposentado de Enfermagem. 

Na opinião dele, o mais sensato agora seria trabalhar para esclarecer todas as dúvidas da população. “Só assim para cada um calcular o seu risco, seja com a vacina, ou sem ela”, ensina.  

COP repete sua barganha faustiana em Glasgow

“Temos que criar um consenso para as mudanças em transporte, indústria e agricultura, sob o argumento de evitar maiores custos no futuro”, declarou o bilionário-filantropo Bill Gates numa entrevista para o Think-Tank britânico Policy Exchange durante a COP26. “Este encaminhamento está bastante prejudicado”, acrescentou ele, citando as crescentes emissões de CO2 como o principal indicador dessa realidade. 

Gates aponta como positiva a transição da produção de energia na Europa do carvão para o gás. Aço verde, hidrogênio barato, usinas eólicas em alto mar são outras tecnologias carecendo de inovação, e por isso de “muito dinheiro” para trazerem os resultados necessários. “Duvido que conseguiremos limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 grau, mas 2 graus será melhor que 3 graus”, admite o bilionário.

Nível do mar

Os negociadores em Glasgow trabalharam com uma vertente da ciência climática que empurra para 2040 o “ponto de não retorno” (tipping point). Na verdade, esse prazo faz uma generosa concessão analítica, protelando o limite das emissões em pelo menos uma década.

Estudos até hoje não contestados apontam para uma premência muito maior. “Seja por qual razão, a estabilidade do nível do mar determinou o desenvolvimento da civilização. O nível estável do mar não apenas proveu os primeiros humanos com proteína animal marinha, mas também tornou possível a produção de grãos em estuários e ecossistemas alagados. Com essas condições, alimentos para a população humana puderam ser produzidos por uma fração das pessoas, permitindo assim a transição do estilo Neolítico de vida para a vida social urbana e o desenvolvimento de complexas sociedades governadas pelo Estado”, ensina o Dr. James Hansen, ex-chefe do Instituto Goddard de Pesquisas Espaciais da NASA, e pioneiro na divulgação dos alertas relacionados à mudança climática na década de 1980.

No livro “Tormentas dos meus netos”, Dr. James Hansen alerta para a insensatez da política e do lobby fóssil.

Em seu livro “Tormentas dos meus netos” (Storms of my grandchildren, Bloomsbury 2009) ele conta sua experiência como pesquisador e a luta contra o que ele chama de “Barganha Faustiana”. “O aquecimento global (Desde 2000) precisa ficar em menos de um Grau para evitar o desastre”, escreveu Dr. Hansen ao relatar seu enfrentamento com o lobby politico-corporativo para divulgar suas pesquisas.

“Infelizmente, o que desde então ficou claro é que um aquecimento global de 2 graus Celsius, ou mesmo 1,7 grau Celsius é um cenário de desastre”, insiste no livro, explicando porque o período de estabilidade para o nível do mar “quase certamente” acabou. Incerto apenas é a que velocidade esse aumento ocorrerá. “Um metro e alguma coisa, ou dezenas de metros por século, com desintegração de geleiras resultando em contínuo redesenho das ocupações costeiras.”

Indústria das RP

Fato é que mais de uma década se passou desde que Dr. Hansen publicou seu alerta, “a verdade sobre a vindoura catástrofe climática”. De lá pra cá, os governos responsáveis do mundo se reuniram dezenas de vezes. Assinaram inúmeros protocolos e acordos. Todos, como o primeiro, o de Kyoto em 1997, não reduziram as emissões. Elas na verdade continuam aumentando.

Hoje como em 2009, essa realidade contrasta com a impressão criada pela mídia, alimentada fartamente pela indústria das Relações Públicas (Public Affairs). Como Jansen denuncia no livro, o papel do dinheiro continua sendo o principal obstáculo às medidas de estabilização do clima, e por consequência da conscientização das pessoas. Pouco antes do encerramento da conferência, ativistas denunciaram a presenca mais de 500 lobistas das empresas poluidoras em Glasgow. Dias antes, a BBC já havia alertado para a tentativa de alterar o texto do acordo a ser negociado na Escócia.

Ponto de inflexão

Segundo os cientistas a regiao do Mar Mediterrâneo se tornou um Hotspot para incêndios florestais. Em 2021 eles consumiram florestas, casas e infra-estrutura. As chamas arderam durante Agosto e Setembro pela Espanha, Itália, Grécia, Turquia e quase todos os países banhados por suas águas. (Mahmut Alakus/Turquia)

Com ou sem tráfico de influência, a pergunta que a COP evitou responder é: já ultrapassamos o ponto de não retorno (“tipping point”)? Seriam as enchentes da Europa e os incêndios florestais em toda a costa do Mediterrâneo na última temporada de verão um sinal disso? O jornalista britânico George Monbiot acredita que, “se já não passamos, estamos mais próximos do que esperamos”.

“A velha suposição de que os pontos de inflexão da Terra estão muito distantes começa a parecer insegura. Um artigo recente na revista Nature  adverte que a circulação meridional do Atlântico – o sistema que distribui calor ao redor do mundo e impulsiona a Corrente do Golfo – pode agora estar “perto de uma transição crítica”.”escreveu ele em Setembro.

Monbiot lembra que outros sistemas também parecem estar se aproximando de seus limites: os mantos de gelo da Antártica, a floresta amazônica e a tundra ártica e as florestas boreais, que estão perdendo rapidamente o carbono que armazenam, gerando uma espiral de aquecimento ainda maior. 

A tese é a mesma defendida há décadas por James Hansen. Os sistemas terrestres não ficam em suas caixas. Se um passar para um estado diferente, isso poderá desencadear a inversão de outros. Mudanças repentinas de estado podem ser possíveis com apenas 1,5 ° C ou 2 ° C de aquecimento global. 

Detalhe, o aumento médio da temperatura na Europa no último verão foi justamente 1,5°C.

Segundo o Serviço Meteorológico Alemão , o continente europeu apresenta um aumento da temperatura três vezes maior que o aumento verificado na média global. Exatos 1,5 grau Celsius acima da média histórica. (ARD)

Planos e Tecnologias

Se há uma coisa que sabemos sobre o colapso do clima, é que não será linear, suave ou gradual. Assim como uma placa tectônica continental pode empurrar outra, causando terremotos e tsunamis periódicos, nossos sistemas atmosféricos irão absorver o estresse por um tempo, depois mudar repentinamente. 

Os planos apresentados na COP contam com a tecnologia e a natureza para absorver o dióxido de carbono que continuamos produzindo. As tecnologias consistem na captura e armazenamento de carbono de usinas de energia e fábricas de cimento em estratos geológicos, ou captura direta de ar (sugando o dióxido de carbono do ar e enterrando-o também). Seu uso em larga escala é descrito pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) como “sujeito a múltiplas restrições de viabilidade e sustentabilidade”. Por isso, é improvável que sejam implantados em grande escala no futuro pelo mesmo motivo que não estão sendo implantados em grande escala hoje, apesar de 20 anos de conversa.

Segundo o colunista do The Guardian, mesmo contando todas as soluções tecnológicas e compensações prometidas, as políticas atuais apontam para calamitosos 2,9 ° C de aquecimento global. Arriscar uma mudança irreversível ao prosseguir com as emissões atuais, confiar em tecnologias não entregues e capacidades inexistentes é a fórmula para a catástrofe.

Sacrifícios modestos

Na foto apertando a mao do príncipe de Wales, Bill Gates foi a Glasgow sondar as possibilidades de investimento em inovacao. A energia nuclear entre elas.

O impacto social da mudança climática, parte do relatório do IPCC a ser divulgado em fevereiro de 2022, não é novidade nenhuma. Na verdade, como das vezes anteriores, o IPCC apresenta a previsão mais branda da já certa catástrofe climática. Cerca de 130 milhões de pessoas serão jogadas na pobreza pelas mudanças no clima até 2030. 

Think thanks como o Institute for Economics and Peace (IEP) anunciam 1.2 bilhão de desabrigados pelo aquecimento global antes de 2050. Nada novo para muitos dos mais sérios cientistas debruçados sobre a questão do clima há décadas. Em 2006, James Lovelock, conhecido como pai da teoria de Gaia, escreveu em seu livro “A vinganca de Gaia” que antes do final deste século as mudanças do clima, causadas pela queima de combustíveis fósseis, reduzirão a população global a 10% do seu total hoje.

“Inovação é o único caminho para passarmos por sacrifícios modestos e com isso atingir o objetivo de zerar as emissões”, acredita Bill Gates. Qual o salto tecnológico a ser dado para eliminar 51 bilhões de toneladas/ano de gases de efeito estufa? Um mistério para as próximas conferências do clima. Até lá, o bilionário se engaja na campanha para ampliar a geracao atômica em todo o mundo.

COP26: Relatório do senado denuncia desmonte da política ambiental no Brasil

A 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) recebeu nesta quarta-feira (10) um duro relatório com denúncias sobre o desmonte da política ambiental no Brasil.

O documento, aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, foi apresentado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), em Glasgow, na Escócia, onde é realizado o evento.

Segundo a senadora, o relatório reflete a realidade brasileira, diferentemente da versão exibida pelo governo brasileiro no stand do país na COP26.

“Está aqui [em Glasgow] um Brasil irreal, que não existe, que defende o meio ambiente, que não é desmatado, que não tem queimadas. Sendo brasileiro, você se pergunta aonde fica esse país. Os dados são contraditórios com a realidade”, disse ela, diretamente da capital escocesa.

O relatório apresentado por Eliziane e pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) acusa o governo de desmantelar as estruturas institucionais ambientais, com sucateamento de órgãos ambientais, supressão de participação da sociedade civil, redução de orçamento e de seu quadro de servidores. O Congresso em Foco vai transmitir ao vivo a apresentação às 16h (horário de Brasília) pelo vídeo abaixo.

(Com informações do Congresso em Foco)

Incompreensões marcam a quarta onda do Corona na Europa

Na Alemanha, a discussão sobre o passaporte da vacina do Corona é antiga. Em junho passado, início da temporada de verão, o governo lançou o atestado digital de vacinação, batizado “CovPass-app”. “Com ele será mais fácil viajar, pelo menos dentro da Europa”, disse na época o ministro da Saúde, Jens Spahn, ao promover o aplicativo.

De lá pra cá, pouca coisa mudou e o aplicativo da vacina tornou-se apenas mais um entre muitos dispositivos criados para controlar o estado sanitário da população. Na prática, testes continuam obrigatórios tanto para viagens de avião, quanto para ir ao cinema. Com ou sem certificado de vacinação. Diferente se alguém for pegar um ônibus ou trem lotado para ir para o trabalho. 

Para andar no transporte coletivo da capital, Berlim, basta uma máscara. De qualquer tipo. Ninguém pergunta ou controla, e não raro mesmo pessoas com sintomas de gripe utilizam os veículos lotados diariamente.

Falsas promessas e discrepâncias como essas se acumularam desde o início da pandemia e hoje formam o ambiente no início da quarta onda do corona na Europa.

Vacinados e infectados

Entre as falsas promessas, está a garantia de que pessoas vacinadas evitam um quadro grave do Covid-19. Atualmente, segundo a estatística oficial, 25% dos mais de 2.000 pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo do país são de pessoas que receberam as duas doses recomendadas da vacina. Se contar os que receberam só uma dose, o número chega a quase 50% das pessoas internadas.

No total, cerca de 70% dos alemães de todas as idades já estão vacinados. Não há nenhuma estatística oficial para o número de pessoas curadas, que normalmente seriam consideradas imunizadas. Estima-se que esse total chegue a 85% da população. O que explicaria então agora o número de infectados (30 mil no dia 03/11/2021) em todo o país? 

Enquanto autarquias, como o Robert Koch Institut (RKI), continuam atribuindo uma imunização acima de 90% às vacinas distribuídas no país, pesquisas e cientistas de outros países apontam uma queda vertiginosa nessa prometida proteção.

Dr. John Campbell é um dos que tem ajudado a separar o joio do trigo, através daquilo que ele mesmo chama de “pretty good science”. Professor aposentado de enfermagem na Grã-Bretanha, e com doutorado em tratamento imunológico contra o câncer, ele apresenta em seu canal do Youtube análises didáticas e transparentes sobre o combate da pandemia.

Dr. John Campbell tem ajudado a tornar compreensível os dados e estatísticas científicas da pandemia. (twitter)

“É muito difícil encontrar estudos revisados sobre esse tema”, explica Campbell no início do podcast que fez sobre o declínio na eficiência das vacinas. O estudo escolhido no caso, ainda não revisado, apresentava o escopo dos dados e as credenciais dos autores atestando a credibilidade das informações. Feito pelo Instituto de Saúde Pública de Oakland, na Califórnia, Universidade da Califórnia, Escola de Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde em Houston, no Texas e o Centro de Medicina Para Veteranos em São Francisco, a pesquisa examinou a ocorrência da doença em 620 mil veteranos do exército norte-americano.

Os resultados são assustadores, especialmente considerando o período em que foi realizada a investigação: fevereiro a agosto de 2021. Na média, independente de qual a vacina, a eficiência da imunização caiu de 91% em março para 53% em agosto. Em análise específica, a vacina Janssen, da Johnson & Johnson, foi a campeã de perda. Caiu de 92% para apenas 3% de proteção contra a infecção. A vacina da Moderna passou de 91% para 64%, e a da Pfizer, antes campeã dos imunizantes, passou de 95% para 50%. E isso num período de apenas seis meses.

A pesquisa também conclui que os dados oficiais elaborados pelo governo Biden são “inadequados” para se entender a queda de eficiência da vacina contra a covid-19. “A variante Delta é determinante para explicar tamanha queda de eficiência”, revela Dr. Campbell. Mesmo não sendo referente a hospitalizações e/ou mortes, os resultados indicam uma tendência clara, confirmada pela chegada da quarta onda na Europa.

Diagnóstico europeu

O continente com a maioria da população já duplamente vacinada, vê agora o número de infectados explodir. No Reino Unido, com mais de 50 milhões de vacinados, o número de testes positivos está como no ponto mais alto da pandemia, em janeiro deste ano. “Já o número de hospitalizados e mortos aparece relativamente estável, o que indica a eficácia relativa da vacina”, explica o Dr. Campbell em outro vídeo, acrescentando a necessidade de questionamento dos números oficiais.

Dentro da maior economia da União Europeia o diagnóstico é semelhante, com nuances de pânico exacerbados pelo discurso na mídia oficial. “A situação é crítica, havendo áreas onde o número de UTIs fica menor a cada dia, incluindo casos em que os pacientes precisam ser transferidos para outras regiões com mais leitos disponíveis”, declara Erik Sander, médico pneumologista e chefe do laboratório de doenças infecto-respiratórias na Charité de Berlim.

Entre os efeitos colaterais, que contribuem para o quadro atual na Alemanha, está a redução do número de enfermeiros. Estima-se que mais de 4.000 profissionais de saúde pediram demissão desde o ano passado. “É uma profissão bastante desgastante, e que ficou ainda mais estressante com o combate ao covid-19”, explica o Dr. Sander. 

Em outras palavras, o ministro da Saúde, Jens Spahn, lembrou de comprar testes, máscaras e vacinas, mas esqueceu de aprimorar sua política laboral para o setor. Isso sem falar na pressão pela vacinação que os profissionais vêm sofrendo. “Queriam me obrigar, mas eu respondi que só tomaria se eles assinassem um termo de responsabilidade caso eu sofresse algum efeito colateral. Aí me deixaram em paz e não falaram mais no assunto”, lembra Doris Sorgenfrei, enfermeira de um hospital psiquiátrico no estado de Schleswig Hoslstein.

O dr. Erik Sander nega o argumento dos efeitos colaterais graves da vacina. “Não temos nenhum indicativo relacionado a isso, mesmo após bilhões de pessoas vacinadas no mundo”, afirma. Como pesquisador de ponta na maior instituição médica da Alemanha, Sander defende a vacinação de crianças a partir dos cinco anos, mesmo admitindo que não existam ainda estudos sobre o comportamento da imunidade de pessoas nessa faixa etária.

Mais do que as inconsistências dos números oficiais, são as diferenças das medidas em relação às estatísticas que intrigam o público agora. Um ano atrás, o índice do número de infectados por 100 mil habitantes era de 115 na Alemanha, que na época, entrava no seu segundo e mais longo lockdown. Hoje, esse número já ultrapassou a marca dos 150, mas apesar da insuficiente vacinação, o governo Merkel anuncia o fim das restrições para as próximas semanas. Incompreensível.