Pesquisa diz que Bolsonaro está na frente: estratégia para desacreditar as pesquisas?

Veículos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro estão dando manchete aos resultados de uma pesquisa divulgada no fim da tarde desta quinta-feira, 09, pelo Instituto Futura Inteligência.

Segundo a pesquisa, Bolsonaro (PL) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto a 24 dias do primeiro turno.

Os principais portais e jornais, como O Globo, G1, Folha, Estadão, Metropoles, não divulgaram a pesquisa. Quase todos registram a expectativa do Datafolha que divulga um novo levantamento no início da noite desta sexta-feira, 9.

Segundo os números divulgados pela Futura, Bolsonaro tem 41,8% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aparece com 35,7%.  Ciro Gomes (PDT) vem na sequência, com 7,7% e Simone Tebet (MDB), com 5,4%.

Esses números contrariam os resultados de pesquisas eleitorais dos principais institutos do país.  O ex-presidente Lula tem aparecido em primeiro lugar nas intenções de voto nas pesquisas de Ipec, Ipespe, Quaest, MDA e Datafolha.

Pesquisa do Ipec, divulgada segunda (5/9),  aponta que Lula mantém 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro oscilou de 32% para 31%.

Já a pesquisa mais recente do Instituto Datafolha, publicada na última semana, aponta que o petista passou de 47% para 45% em relação a agosto; Bolsonaro, por sua vez, manteve-se com 32% das intenções de voto.

A divulgação da pesquisa do Instituto Futura coincidiu com o discurso de Bolsonaro na sua live desta quintas-feira em que atacou o Datafolha:

“Alguém acha que o Lula vai ganhar a eleição? Alguns aqui, Datafolha, por exemplo, [dizem] que pode ganhar no primeiro turno. Alguém acredita que, em uma eleição limpa, o Lula ganha?”, questionou.

 

200 Anos da Independência: Presidente da República pede votos e diz que é “imbrochável”

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou as manifestações pelos 200 anos da Independênciano para pedir votos.

Ele quer um segundo mandato mas, segundo as pesquisas, pode perder a eleição para o ex-presidente Lula já  no primeiro turno.

No Rio, depois de uma motociata pelas ruas da cidade, Bolsonaro subiu num caminhão para falar aos seus apoiadores na orla de Copacabana.

No local, antes, foi realizado o desfile militar em homenagem ao Bicentenário da Independência.

Bolsonaro disse que o país vive um “momento de decisão”. E pediu aos eleitores que atentem para a “vida pregressa” dos candidatos, antes de decidir.

“Vocês bem o que fazer para o Brasil seguir no caminho em que está”,
“Eu tenho certeza que vocês sabem o que nós devemos fazer para que o Brasil continue no caminho em que está”, disse a uma multidão que ostentava faixas e cartazes pedindo golpe militar para fechar o STF.

“Vocês sabem também que hoje temos um governo que acredita em Deus, que respeita policiais e militares. Sabem que esse governo defende a família brasileira”.

Referiu-se ao ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas para a Presidência da República, como o “quadrilheiro de nove dedos”. E afirmou ainda que “esse tipo de gente” tem que ser “extirpada da vida pública”.

Em Brasilia, pela manhã, Bolsonaro assistiu, ao tradicional desfile cívico-militar de 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios.

Logo após o encerramento, foi para a via ao lado, também na Esplanada, onde seus apoiadores faziam uma manifestação a favor do governo.
Subiu num caminhão de som para fazer um discurso foi ainda mais enfático em seu discurso de candidato.

Ao final, puxou um coro, patético: “Imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável”.  Repetiu cinco vezes, sem ressonância, o termo “imbrochável”, palavra que não está no dicionário, mas indicaria suposta potência sexual inabalável.
Repetiu o que disse em maio de 2018, quando era pré-candidato em discurso na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte: “”Tenho certeza, eu sou ‘imbrochável’, não vou sair de combate”.

O inusitado coro foi interpretado como a maneira, um tanto primária, de o candidato dizer que vai até o fim na disputa, que parece perdida.

Enfermagem prepara mobilização nacional contra suspensão do piso salarial

Entidades que compõem o Fórum Nacional da Enfermagem (FNE) convocaram os profissionais da categoria a realizar atos de rua na próxima sexta-feira (9) pelo respeito ao piso.

As mobilizações devem ocorrer em todas as capitais, das 11h às 14h.

A convocação para os atos ocorreu após reunião extraordinária entre as entidades que compõem o fórum.

O FNS quer ainda um encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tratar da questão.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), têm uma reunião na tarde desta terça-feira (6) para discutir o piso salarial da enfermagem.

Decisão do ministro Barroso no domingo (4) suspendeu a lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro que criou o piso e estabeleceu o valor em em R$ 4.750.

O piso seria pago pela primeira vez nesta segunda-feira, 5, e valeria para os setores público e privado.

O valor ainda serve de referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).

Para Barroso, Legislativo e Executivo não cuidaram das providências para viabilizar a implementação do piso.

As entidades que representam os trabalhadores em enfermagem também apostam em mobilizações nas redes sociais.

Pesquisa IPEC: Lula mantém os 44%, Bolsonaro cai para 31%; Ciro e Simone não decolam

Em relação ao levantamento anterior, Ciro Gomes e Simone Tebet oscilaram um ponto para cima dentro da margem de erro: ele está com 8% e ela, 4%. Felipe d’Avila segue com 1%. Pesquisa, encomendada pela Globo, foi realizada entre 2 e 4 de setembro, com 2.512 entrevistados em 158 municípios. Margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.
A pesquisa foi divulgada no Jornal Nacional desta segunda-feira (5).

Em relação ao levantamento anterior do Ipec, de 29 de agosto, Lula se manteve com o mesmo percentual de 44%. Bolsonaro oscilou um ponto para baixo –na ocasião, tinha 32%.
Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado, tem 8% das intenções. Simone Tebet (MDB) tem 4%.

Ambos oscilaram um ponto para cima em relação à pesquisa anterior do Ipec e se mantiveram empatados no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Felipe d’Avila segue com 1%, como na semana passada. Soraya Thronicke (União Brasil) também aparece com 1%.
Os nomes de Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Pablo Marçal (PROS), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB) e Vera (PSTU) foram citados, mas não atingiram 1% das intenções de voto cada um.
Roberto Jefferson não é mais o candidato do PTB à Presidência. No sábado (3), o partido indicou Padre Kelman para substitui-lo. A alteração se deu porque o TSE cassou o registro da candidatura de Jefferson.

A pesquisa Ipec foi registrada no TSE na semana passada, quando ele ainda era oficialmente candidato do PTB.
Intenção de voto estimulada
Lula (PT): 44% (44% na pesquisa anterior, em 29 de agosto)
Jair Bolsonaro (PL): 31% (32% na pesquisa anterior)
Ciro Gomes (PDT): 8% (7% na pesquisa anterior)
Simone Tebet (MDB): 4% (3% na pesquisa anterior)
Felipe d’Avila (Novo): 1% (1% na pesquisa anterior)
Soraya Thronicke (União Brasil): 1% (0% na pesquisa anterior)
Vera (PSTU): 0% (0% na pesquisa anterior)
Constituinte Eymael (DC): 0% (0% na pesquisa anterior)
Léo Péricles (UP): 0% (0% na pesquisa anterior)
Pablo Marçal (PROS): 0% (0% na pesquisa anterior)
Roberto Jefferson (PTB): 0% (0% na pesquisa anterior)
Sofia Manzano (PCB): 0% (0% na pesquisa anterior)
Branco/nulo: 6% (7% na pesquisa anterior)
Não sabe/não respondeu: 5% (6% na pesquisa anterior)
A pesquisa ouviu 2.512 pessoas entre os dias 2 e 4 de setembro em 158 municípios.

Destaques
A pesquisa mostra que Lula vai melhor entre quem tem renda de até um salário mínimo, entre quem recebe algum tipo de benefício do governo federal e quem tem ensino fundamental. As intenções de voto no petista são mais expressivas entre:
Eleitores que avaliam como ruim ou péssima a gestão do presidente Jair Bolsonaro (75%, dois pontos a mais que os 73% da última pesquisa, de 29 de agosto);
Aqueles que têm renda familiar mensal de até 1 salário mínimo (56%); eram 54% no levantamento anterior;
Os que vivem na região Nordeste (56%, ante 57% da pesquisa anterior);
Aqueles que têm ensino fundamental (54%, ante 52% da pesquisa anterior);
Eleitores em domicílios que alguém recebe benefício do governo federal (50%, ante 52% da pesquisa anterior);
Os católicos (50%, ante 51% da pesquisa anterior);
Entre os que se declaram pretos e pardos (47%, mesmo índice da pesquisa anterior).

Já Bolsonaro vai melhor entre homens, evangélicos e entre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos:
Eleitores que avaliam positivamente a sua gestão atual (79%, ante 81% da última pesquisa, de 29 de agosto);
Os evangélicos (46%, ante 48% da pesquisa anterior);
Aqueles cuja renda familiar mensal é superior a 5 salários mínimos (45%, contra 47% da pesquisa anterior)
Homens (36%, mesmo percentual da pesquisa anterior; entre as mulheres é citado por 26%; na pesquisa anterior, eram 29%);
Quem tem ensino médio (34%, ante 37% da pesquisa anterior) e quem tem ensino superior (34%, mesmo percentual da pesquisa anterior).

Neste levantamento, Bolsonaro passa a se destacar também:
Entre os que têm renda de 2 a 5 salários mínimos (40%, ante 37% do levantamento anterior)
Entre os que vivem na região Sul (39%, ante 34% na pesquisa anterior)
Segundo o Ipec, os outros candidatos “apresentam intenções de voto distribuídas de maneira homogênea nos segmentos analisados”.

O Ipec também pesquisou a intenção de votos no segundo turno. Lula vence por 52% a 36% no cenário pesquisado.

Ciro Gomes no JN: a entrevista de um candidato messiânico

Ciro Gomes na entrevista ao Jornal Nacional demonstrou que é um candidato preparado, tem experiência, tem idéias, tem propostas…tem um projeto para o Brasil.

O que falta a Ciro Gomes é um partido orgânico, capaz de articular um conjunto de forças que dêem suporte às suas propostas ousadas e, inegávelmente, pertinentes.

À falta disso,  ele recorre a um discurso, muito bem articulado, diga-se, mas messiânico em que transparece que as coisas acontecerão de acordo com sua vontade, sem nenuma contaminação, porque ele sabe como mobilizar “as energias da política”.

Com essa postura, óbviamente, Ciro Gomes procura colocar-se fora do arco de alianças que se constrói em torno do ex-presidente Lula. Quer atrair os que não querem Lula nem Bolsonaro, a terceira via cada vez mais improvável.  Corre o risco de isolar-se, congelado nos 7 ou 8% das intenções de voto. Mas é sua aposta. Ele se saiu bem na entrevista, fluente, firme e elegante. Nada que possa sinalizar uma mudança no cenário polarizado entre Lula e Bolsonaro.

 

 

Bolsonaro no JN: a entrevista de um candidato derrotado

Jair Bolsonaro entrou e saiu da bancada do Jornal Nacional como um candidato derrotado.

Corre o risco de sair preso da Presidência, como sugere o cenário do JN, com grades ao fundo.

A própria postura agressiva dos entrevistadores já resulta da falta de consistência (e de autoridade) do candidato.

Bolsonaro chegou ao Jornal Nacional para uma sabatina depois de uma sequência de reveses acachapantes.

A reunião com os 60 chanceleres de Nações amigas, por exemplo. Foi uma humilhação. As imagens mostram: enquanto o presidente do Brasil falava, os diplomatas credenciados , olhavam para o lado, para o teto… Quando ele conclui e agradece… nenhuma manifestação. Ele agradece novamente, e o silêncio não se altera.  O que se ouve é o ruído dos chanceleres se levantando e saindo.

Como se fosse pouco, um manifesto assinado por grandes associações de empresários, banqueiros e lideranças da sociedade civil repudia as ameaças do presidente à democracia.

Depois, foi a posse de Alexandre Moraes no Tribunal Superior Eleitoral. Todo o mundo político e jurídico da nação estava representado nas mais de 2 mil pessoas presentes. Quando Moraes defendeu a lisura das eleições e a confiabilidade das urnas eletrônicas, todos aplaudiram de pé… foi na verdade uma vaia monumental que Bolsonaro teve que suportar em silêncio.

Não bastasse, o candidato ainda teve que suportar um ex-apoiador, indignado com suas manobras políticas, que postou-se à sua frente para chamá-lo de “tchutcuca do Centrão”.

A política é cruel com quem faz previsões. Mas nesse momento, Jair Bolsonaro está mais para alma penada do que para presidente da República.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bolsonaro abre série de entrevistas com presidenciáveis no Jornal Nacional

O presidente Jair Bolsonaro será o primeiro dos candidatos à presidência da República a falar ao Jornal Nacional, nesta segunda-feira (22), às 20h30.
William Bonner e Renata Vasconcellos entrevistarão Bolsonaro por 40 minutos. Há grande expectativa sobre o pronunciamento do candidato à reeleição, que na última semana baixou o tom de suas críticas às urnas eletrônicas.

Ciro Gomes (PDT) participará na terça (23); Lula na quinta (25); e Simone Tebet na sexta (26).
Segundo o JN, foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura.
Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.

Liberdade de expressão: Brasil caiu para a 89ª posição no ranking mundial

Os representantes da Corte Interamericana que se reúnem em Brasilia esta semana vão encontrar um cenário bem diferente no que se refere à liberdade de expressão no país.

O Brasil é um dos três países que, tiveram o maior declínio nos indicadores de liberdade de expressão nos últimos dez anos,  segundo o Relatório Global de Expressão, produzido pela ARTIGO 19, organização não-governamental de defesa e promoção do direito à liberdade de expressão e acesso à informação em todo o mundo.

Atrás apenas de Hong Kong e Afeganistão, o país teve redução de 38 pontos na escala do ranking global de liberdade de expressão produzido anualmente pela instituição, que reúne informações de 161 países em 25 indicadores.

Os dados do documento mostram que, de 2015 a 2021, o país caiu 58 posições no ranking global de liberdade de expressão, chegando a 50 pontos e à 89ª posição, seu pior registro desde o início da realização do levantamento, em 2010.

“Saímos de uma nação considerada aberta para restrita em pouquíssimo tempo. Esse dado é um dos mais chocantes de todo o mundo, não só pela queda em si, mas por ter ocorrido de maneira mais acentuada sob a liderança de um presidente que foi eleito, e que deveria prezar a democracia e a liberdade de expressão, o que não é o caso, como mostrado no Relatório”, afirma Denise Dora, diretora-executiva da ARTIGO 19.

“Na América Latina, estamos atrás apenas de Cuba, Nicarágua, Venezuela, Colômbia e El Salvador”, complementa.

O relatório produz uma escala de liberdade de expressão que classifica os territórios em uma pontuação geral que vai de zero a cem, sendo zero a categoria de um país em crise na liberdade de expressão e cem a de total liberdade.

Para chegar aos números, a organização analisa e traz métricas quanto à liberdade de expressão em todo o mundo, refletindo sobre a garantia de direitos de jornalistas, da sociedade civil e de cada indivíduo de se expressar e se comunicar, sem medo de assédio, repercussões legais ou represálias.

Além disso, em 2021, o número de ataques a jornalistas e meios de comunicação alcançou o maior patamar desde a década de 1990 no Brasil.

Foram registrados 430 ataques à liberdade de imprensa, mais que o dobro do registrado em 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente do País.

“O diagnóstico reflete o que jornalistas, comunicadores e defensores de direitos humanos têm vivenciado frequentemente no governo Bolsonaro. Basta lembrar que, há menos de um mês, Bruno Araujo Pereira e Dom Phillips foram assassinados na Amazônia. E até hoje não se sabe quem foi o mandante do crime”, lembra Denise.

Eleições 2022

Outro ponto sensível apresentado pelo relatório é a possivel intensificação do cenário negativo devido à proximidade das eleições gerais que acontecem este ano, a partir de  outubro.

Como aponta o relatório, Bolsonaro questiona a integridade do sistema eleitoral, alegando, sem qualquer fundamento, que as duas últimas eleições foram fraudulentas e que a eleição de 2022 não aconteceria sem reforma.

O documento inclusive alerta para um possível episódio como o ataque ao Congresso Americano ocorrido em janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação de Joe Biden nas urnas.

“As eleições presidenciais de 2022 serão um teste para a democracia brasileira. Enquanto Bolsonaro continua a fazer declarações como ‘Só Deus pode me tirar da presidência’, 2022 pode revelar a real extensão do quanto foi erodida a democracia durante o mandato de Jair Bolsonaro”, afirma o documento.

Mundo

A análise global feita pela organização também é desanimadora. Segundo o documento, 80% da população mundial (6,2 bilhões de pessoas) vivem com menos liberdade de expressão hoje que há dez anos. “Isso é resultado de uma intensificação crescente de mudanças climáticas, conflitos armados e deslocamentos em massa, que silenciam ativistas e comunicadores, deixando populações inteiras sem acesso a informações fundamentais para suas vidas”, explica Denise.

Esses contextos, segundo ela, interrompem o fluxo livre de informações, o debate construtivo, a construção da comunidade, a governança participativa, a construção do espaço cívico e a autoexpressão de pessoas de todo o mundo.

O Brasil tem visto um declínio chocante tanto em termos reais quanto relativos: não
apenas caiu de aberto para restrito no ranking do Relatório Global de Expressão 2022.
Em 2015, o Brasil foi classificado como aberto e 31º no mundo; agora está em 89º lugar e caiu
para a categoria restrita.
Ataques a jornalistas e profissionais da mídia são alarmantemente comuns. Em 2021,
o número de ataques a jornalistas e veículos de mídia foi o maior desde os anos 90, com 430 ataques no ano passado. O aumento das violações da liberdade de
imprensa no Brasil tem mostrado claras correlações tanto com a pontuação quanto com o número de ataques, que aumentou mais de 50% no ano da eleição do presidente Bolsonaro.
A estigmatização da mídia e a polarização a partir do topo do governo brasileiro dificultou o trabalho da mídia. No trabalho de campo, em vez de serem protegidos por suas identificações, os jornalistas são frequentemente escolhidos, assediados e
atacados. O assédio online de Bolsonaro e de seus filhos tem cada vez mais influência
– eles são responsáveis por grande parte do assédio online sofrido pela mídia.

Datafolha: 75% preferem a democracia, maior índice desde o fim da ditadura

O Datafolha pesquisou a opinião dos brasileiros sobre a melhor forma de governo: “democracia”, “ditadura” ou “tanto faz”.

O resultado, divulgado nesta sexta-feira, mostrou que 75% dos brasileiros acreditam que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo.

Apenas 7% dos entrevistados acham que a ditadura é melhor em certas circunstâncias. Para 12%, tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura.
Com esse resultado,  o índice de apoio à democracia retorna ao maior patamar desde 1989, início da série histórica.

O índice de defesa da “ditadura em certas circunstâncias” também é o menor desde 1989.
A pesquisa também quis saber “qual a chance de haver uma nova ditadura no Brasil?”.

Para 49% dos entrevistados, não há “nenhuma chance”. Já 25% responderam que “sim, há um pouco de chance”.

Outros 20% afirmaram que “sim há muita chance”. Os que não souberam foram 7%.
A pesquisa ouviu 5.744 pessoas em 281 municípios de 16 a 18 de agosto. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
O levantamento também aponta que os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se dividem entre 77% de apoio à democracia, 10% tanto faz, 9% de apoio à ditadura em algumas circunstâncias e 3% não sabem.
Já os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se dividem entre 74% que consideram a democracia melhor, 13% que julgam que tanto faz, 6% que defendem a ditadura em algumas circunstâncias e 6% que não sabem.

A pesquisa também aponta:
Para 92% dos eleitores com ensino superior, a democracia é sempre a melhor forma de governo; o índice é de 77% entre os que têm ensino médio; 62%, com ensino fundamental.
A porcentagem de apoio à democracia entre os homens é de 79%, e, entre as mulheres, de 72%.
74% dos eleitores mais jovens, de 16 a 24 anos, e 73% dos mais velhos, com mais de 60 anos, apoiam a democracia.

Propaganda bolsonarista com mensagens falsas aparece em vários Estados

O Grupo Prerrogativas, que reúne advogados, juristas e profissionais do Direito, prepara uma representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a retirada de  outdoors que ligam a esquerda e a candidatura do ex-presidente Lula ao “comunismo”, “criminalidade” e “censura”,  ao mesmo tempo em que exaltam o presidente Jair Bolsonaro.

O grupo reune fotografias de peças publicitárias em vários Estados, com mensagens idênticas “para provar que se trata de uma iniciativa centralizada e coordenada por apoiadores do atual presidente, e não apenas manifestações isoladas e espontâneas”.

O objetivo dos advogados é também exigir investigação de quem financia as peças caluniosas.

Em nota, o Grupo Prerrogativas afirmou que “varre o país uma onda de fake news espalhadas massivamente com clara coordenação central”.

Advogados reúnem fotografias dos painéis espalhados por diversos Estados.Outdoors já foram registrados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas peças são contrapostas as imagens de Lula (carracundo, representanto o comunismo e o mal) e a de Bolsonaro (sorrindo e associado ao patriosmo e ao bem).

A peça repete as mesmas comparações das outras espalhadas nos demais estados.

Em Porto Alegre, um banner, com o mesmo conteúdo, foi instalado na parede de um prédio na avenida Osvaldo Aranha, no dia 11,  e já foi alvo de uma decisão judicial.

Na segunda-feira, (15), a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul acatou o argumento de irregularidade em propaganda eleitoral e determinou a retirada do banner de 22 metros de altura por 9 metros de largura instalado num dos pontos mais movimentados da capital gaúcha, na entrada do túnel da Conceição.

“A partir de uma racionalidade média, há que reconhecer que, no mínimo, ou ainda de forma indireta ou difusa, presente está o viés eleitoral da peça publicitária”, destacou o juiz da 113ª Zona Eleitoral do município, Márcio André Keppler Fraga. Ele determinou a retirada do out door em 48 horas.

Para os advogados,  o “projeto de poder bolsonarista mais uma vez se vale das técnicas de comunicação que o conduziram à vitória em 2018, difundindo já nesse momento embrionário do processo eleitoral uma política de comunicação centralizada e coordenada que se serve de notícias fraudulentas e desinformação, turvando também com isso o cenário de isonomia de professos eleitorais”, escrevem. Os advogados chamam atenção para “discursos de intolerância religiosa” contra Lula e sua mulher, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, também pelas redes sociais.

Tanto os painéis quanto as mensagens com informações falsas repetem associações feitas por políticos bolsonaristas e o entorno da campanha do atual presidente.

A expectativa do Grupo Prerrogativas é a de que o TSE não tolere abusos ou rupturas “da normalidade da dinâmica comunicacional”. Os advogados lembram ainda que a corte “já manifestou repúdio às fake news, aos disparos em massa e às mensagens com discursos de ódio”.

Em fevereiro deste ano, um outdoor em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) instalado na cidade de Divino, em Minas Gerais, foi retirado por decisão judicial.

O juiz eleitoral Marílio Cardoso Neves ordenou a retirada em 48h da peça publicitária que fazia as mesmas comparações entre Bolsonaro, representando o patriotismo e o bem, e Lula vinculado ao comunismo e à bandidagem.