Manuel Domingos traz meio século de reflexão sobre os militares

Manuel Domingos Neto, autor do livro “O que fazer com o militar”, participa hoje de debate no auditório da Faculdade de Economia da UFRGS, às 19hs, junto com Tatiana Vargas Maia, professora de Relações Internacionais, e de Eduardo Munhoz Svartman, professor de Ciência Política e Estudos Estratégicos, ambos da UFRGS. O mote do debate é Defesa Nacional e Amizade com os Vizinhos.

Manuel Domingos Neto é doutor em História pela Universidade de Paris. Há mais de cinquenta anos se dedica à temática militar. Foi professor da Universidade Federal do Ceará, da Universidade Federal Fluminense e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa-ABED.

O livro, destinado aos leitores não familiarizados com a temática, aborda aspectos de alta complexidade em texto de fácil leitura. Será lançado em Porto Alegre no dia 9/10, a partir das 19h, quando o autor conversará sobre o tema com José Genoíno, que foi deputado constituinte e assessor de ministros da Defesa. Será  no auditório do Sindicato dos Bancários.

Segundo o autor, o Estado precisa definir o papel das corporações militares, hoje envolvidas em múltiplas tarefas, em prejuízo do preparo para enfrentar agressores estrangeiros. Sem uma reforma militar, seriam vãos novos investimentos em Defesa.
Domingos considera o militar limitado para formular e conduzir a Defesa do Brasil. Sustenta que, prevalecendo o ponto de vista castrense neste domínio, a democracia estará sob risco e o país persistirá exposto à ganância estrangeira. Não será voz altiva no cenário internacional e comprometerá o desenvolvimento socioeconômico.
Apenas o poder político detém legitimidade para definir e conduzir a Defesa, afirma Manuel Domingos. Assinala, entretanto, a necessidade de superar o despreparo técnico do aparato estatal e a indisposição para quebrar a rotina histórica consagradora do mando militar.
Dentre as numerosas proposições que enumera, destacam-se a eliminação do conceito de “inimigo interno”, a interrupção da dependência em armas e equipamentos de potências imperialistas, a redução de tropas e sua redistribuição espacial em favor de maior capacidade dissuasória, a revisão do serviço militar, a prioridade da força aeronaval em relação à força terrestre, a reforma da carreira militar, o estreitamento da cooperação em Defesa com os países sul-americanos e a interrupção da ingerência militar no sistema de Segurança Pública.
Depois deste livro, as críticas ao ativismo político do militar não ficarão mais restritas à sua participação no governo e à defasagem dos currículos das academias militares.
O autor refuta a ideia de que a pura e simples modernização das corporações evitaria o ativismo político, e aponta a classificação dos oficiais como “golpistas” e “legalistas” como simplificação enganosa.
“O que fazer com o militar” demonstra que os desafios da Defesa Nacional e mudanças nas corporações transcendem à capacidade dos governantes: passa pela disposição da sociedade e do Estado de livrar-se da subalternidade ao estrangeiro poderoso.

O livro poderá ser adquirido durante os eventos ou diretamente na editora::  http://gabinetedeleitura.com

Pesquisa IPEC: Lula mantém os 44%, Bolsonaro cai para 31%; Ciro e Simone não decolam

Em relação ao levantamento anterior, Ciro Gomes e Simone Tebet oscilaram um ponto para cima dentro da margem de erro: ele está com 8% e ela, 4%. Felipe d’Avila segue com 1%. Pesquisa, encomendada pela Globo, foi realizada entre 2 e 4 de setembro, com 2.512 entrevistados em 158 municípios. Margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.
A pesquisa foi divulgada no Jornal Nacional desta segunda-feira (5).

Em relação ao levantamento anterior do Ipec, de 29 de agosto, Lula se manteve com o mesmo percentual de 44%. Bolsonaro oscilou um ponto para baixo –na ocasião, tinha 32%.
Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado, tem 8% das intenções. Simone Tebet (MDB) tem 4%.

Ambos oscilaram um ponto para cima em relação à pesquisa anterior do Ipec e se mantiveram empatados no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Felipe d’Avila segue com 1%, como na semana passada. Soraya Thronicke (União Brasil) também aparece com 1%.
Os nomes de Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Pablo Marçal (PROS), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB) e Vera (PSTU) foram citados, mas não atingiram 1% das intenções de voto cada um.
Roberto Jefferson não é mais o candidato do PTB à Presidência. No sábado (3), o partido indicou Padre Kelman para substitui-lo. A alteração se deu porque o TSE cassou o registro da candidatura de Jefferson.

A pesquisa Ipec foi registrada no TSE na semana passada, quando ele ainda era oficialmente candidato do PTB.
Intenção de voto estimulada
Lula (PT): 44% (44% na pesquisa anterior, em 29 de agosto)
Jair Bolsonaro (PL): 31% (32% na pesquisa anterior)
Ciro Gomes (PDT): 8% (7% na pesquisa anterior)
Simone Tebet (MDB): 4% (3% na pesquisa anterior)
Felipe d’Avila (Novo): 1% (1% na pesquisa anterior)
Soraya Thronicke (União Brasil): 1% (0% na pesquisa anterior)
Vera (PSTU): 0% (0% na pesquisa anterior)
Constituinte Eymael (DC): 0% (0% na pesquisa anterior)
Léo Péricles (UP): 0% (0% na pesquisa anterior)
Pablo Marçal (PROS): 0% (0% na pesquisa anterior)
Roberto Jefferson (PTB): 0% (0% na pesquisa anterior)
Sofia Manzano (PCB): 0% (0% na pesquisa anterior)
Branco/nulo: 6% (7% na pesquisa anterior)
Não sabe/não respondeu: 5% (6% na pesquisa anterior)
A pesquisa ouviu 2.512 pessoas entre os dias 2 e 4 de setembro em 158 municípios.

Destaques
A pesquisa mostra que Lula vai melhor entre quem tem renda de até um salário mínimo, entre quem recebe algum tipo de benefício do governo federal e quem tem ensino fundamental. As intenções de voto no petista são mais expressivas entre:
Eleitores que avaliam como ruim ou péssima a gestão do presidente Jair Bolsonaro (75%, dois pontos a mais que os 73% da última pesquisa, de 29 de agosto);
Aqueles que têm renda familiar mensal de até 1 salário mínimo (56%); eram 54% no levantamento anterior;
Os que vivem na região Nordeste (56%, ante 57% da pesquisa anterior);
Aqueles que têm ensino fundamental (54%, ante 52% da pesquisa anterior);
Eleitores em domicílios que alguém recebe benefício do governo federal (50%, ante 52% da pesquisa anterior);
Os católicos (50%, ante 51% da pesquisa anterior);
Entre os que se declaram pretos e pardos (47%, mesmo índice da pesquisa anterior).

Já Bolsonaro vai melhor entre homens, evangélicos e entre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos:
Eleitores que avaliam positivamente a sua gestão atual (79%, ante 81% da última pesquisa, de 29 de agosto);
Os evangélicos (46%, ante 48% da pesquisa anterior);
Aqueles cuja renda familiar mensal é superior a 5 salários mínimos (45%, contra 47% da pesquisa anterior)
Homens (36%, mesmo percentual da pesquisa anterior; entre as mulheres é citado por 26%; na pesquisa anterior, eram 29%);
Quem tem ensino médio (34%, ante 37% da pesquisa anterior) e quem tem ensino superior (34%, mesmo percentual da pesquisa anterior).

Neste levantamento, Bolsonaro passa a se destacar também:
Entre os que têm renda de 2 a 5 salários mínimos (40%, ante 37% do levantamento anterior)
Entre os que vivem na região Sul (39%, ante 34% na pesquisa anterior)
Segundo o Ipec, os outros candidatos “apresentam intenções de voto distribuídas de maneira homogênea nos segmentos analisados”.

O Ipec também pesquisou a intenção de votos no segundo turno. Lula vence por 52% a 36% no cenário pesquisado.

Cassação tirou Ibsen Pinheiro do caminho para a Presidência

A morte do ex-deputado Ibsen Pinheiro, na noite de sexta-feira (24), mereceu trinta linhas n’O Globo e três parágrafos no site da revista Veja, os dois veículos que mais contribuíram, inclusive com informações falsas, para criar o clima que levou à cassação dele, há 25 anos.
A Veja sequer mencionou o episódio e ninguém referiu que ele foi alvo de uma campanha subterrânea para cortar sua trajetória.
Ibsen, que entrou aos 41 anos na política, teve uma carreira meteórica: em 15 anos foi da Câmara de Vereadores de Porto Alegre à Presidência da Câmara Federal.
Teve destacado trabalho junto a Ulisses Guimarães na Constituinte e, depois, ganhou notoriedade nacional, quando, já na Presidência da Câmara, conduziu o impeachment de Fernando Collor. Seu nome então entrou na lista dos candidatos à Presidência da República, visto como imbatível por alguns.
Uma denúncia urdida e uma cobertura sensacionalista o abateram em pleno vôo. Não foi escrita essa história, ainda.
Aos 84 anos,  Ibsen tratava de um câncer e estava hospitalizado quando teve uma parada cardiorrespiratória no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre. Foi velado na Assembleia Legislativa e cremado em cerimônia restrita aos familiares no sábado, 25.
Natural de São Borja, jornalista, promotor de justiça e advogado, começou na política em 1976, pelo MDB, quando elegeu-se vereador de Porto Alegre. Em 1978, elegeu-se deputado estadual e, em 1982, deputado federal. Em 1986, foi eleito deputado constituinte e, de 1991 a 1992, presidiu a Câmara Federal, tendo conduzido o processo de impeachment do ex-presidente Collor de Mello.
Foi novamente vereador de Porto Alegre (2004) e deputado federal (2006). É autor da Emenda Ibsen Pinheiro (2009), sobre a distribuição dos royalties do petróleo a estados e municípios.
Suplente na bancada do MDB na eleição de 2014, assumiu no ano seguinte, permanecendo até 2018.