Crime na Amazônia: sem pista dos mandantes, polícia prepara nova reconstituição na selva

Polícia Civil e Polícia Federal preparam uma nova reconstituição do assassinato do jornalista Dom Pilhips e do sertanista Bruno Ribeiro, para a sexta-feira (1º).

Equipes da Polícia Civil e da Polícia Federal iniciaram, nesta segunda feira, 27, um reconhecimento da região da selva amazônica onde Bruno e Dom foram executados e onde os corpos foram ocultados.

Os investigadores já ouviram 20 pessoas.

Oito são suspeitos de envolvimento direto na execução de Bruno e Dom Phillips.

No momento, três homens estão presos em Atalaia do Norte: Amarildo da Costa Oliveira, seu irmão Oseney, conhecido como “Dos Santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”.

Amarildo confessou o crime depois que o irmão Oseney foi preso como suspeito de participação nos assassinatos.

A reconstituição deve ser feita com a presença dos três apontados como os executores do duplo homicídio.

Os outros cinco homens, suspeitos de  participação na ocultação dos corpos de Bruno e Dom na mata, já foram identificados. A polícia não revelou os nomes.

Há um mandante? Varias declarações, inclusive do vice presidente da República, general Hamilton Mourão, desconsideraram essa hipótese. Mourão disse que a morte do jornalista foi “efeito colateral” de uma briga local, do indigenista com os pescadores ilegais da região.

Em uma nota divulgada pelo comitê de crise, coordenado pela PF, em 17 de junho, o órgão dizia que novas prisões poderiam ocorrer, mas que as investigações apontavam “que os executores agiram sozinhos”.

Mas, na quinta-feira (23), o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, declarou ao Jornal Nacional que “não está descartado um envolvimento de um mandante no crime”.

O barco em que estavam Dom e Bruno quando foram atacados.

Durante a primeira reconstituição, Amarildo mostrou onde escondeu a lancha de Bruno e Dom. Os agentes também foram até o local onde os suspeitos tentaram queimar os corpos das vítimas.

Amarildo confirmou que ele e Jeferson tentaram queimar os corpos, mas não conseguiram.

Segundo a Polícia, no dia seguinte, os criminosos voltaram ao local e decidiram esquartejar os corpos e enterrar os membros.

— O jornalista, ao que tudo indica, estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada. A questão era o Bruno, que era o grande problema deles ali, que dificultava na questão da pesca ilegal — avaliou o superintendente da Polícia Federal no Amazonas.

O barco usado pelas vítimas foi localizado no domingo e será periciado nesta terça-feira. A polícia também aguarda os laudos da perícia nos restos mortais de Bruno e Dom, que devem trazer novos detalhes que podem confirmar as informações já colhidas sobre as circunstâncias dos assassinatos. Dos possíveis mandantes, até o momento, não há pistas.

 

 

Eleições 2022: PSB confirma Beto, namora Ciro e diz que só se alia ao PT se for “cabeça de chapa”

O diretório estadual do PSB, reunido na manhã deste sábado (25) no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, reafirmou, por unanimidade, o nome de Beto Albuquerque como pré-candidato ao governo do Estado.

“Os socialistas não abrem mão de ter Beto na cabeça da chapa de uma possível coligação com o PT por acreditarem ser o nome mais viável para chegar ao segundo turno e vencer o pleito”, diz a nota emitida pela assessoria.

Nesta segunda-feira (27), o PSB  Nacional deve definir as candidaturas nos estados que ainda buscam acordo.

A possibilidade do PSB ter dois palanques no Rio Grande do Sul para uma união com o PDT não está descartada pela sigla.

(Com informações da assessoria de imprensa)

Foto: Vinicius Domingues

 

Eleições 2022: Edegar Pretto ganha força na chapa da esquerda; históricos do MDB resistem a Gabriel Souza

“A hora de mexer na cabeça da chapa já passou”.

A frase de um assessor que acompanha a cena indica que o debate em torno de uma chapa de esquerda se encaminha para voltar ao início: Edegar Pretto, do PT, na cabeça, vice e senador em aberto.

Houve um momento, segundo essa fonte, em que uma chapa com Manuela Dávila, do PCdoB, na cabeça parecia viável, com um nome do PT na vice e Beto Albuquerque, do PSB, ao Senado. Esse momento teria passado, firmando-se a tendência de Manuela ficar mesmo fora da eleição.

Outra chapa encruada é a do MDB. Notícias apressadas dão como certa a candidatura do ex-presidente da Assembleia, Gabriel Souza.

A verdade é que ele ainda não venceu a resistência entre os nomes históricos do partido, a começar pelo nonagenário ex-senador Pedro Simon, seguindo pelo ex-governador Ivo Sartori.

O vereador Cezar Schirmer, do bloco histórico, quer e pode ser uma alternativa, se não o próprio Sartori.

Crime hediondo na Amazônia: polícia já tem cinco nomes envolvidos no duplo assassinato

Chegaram a Brasilia no fim da tarde desta quinta-feira, 16 os corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

Eles desapareceram no dia 5 de junho, no interior da Amazõnia, na região conhecida como Vale do Javari. Foram assassinados, esquartejados e enterrados na floresta.

Phillips, inglês correspondente do The Guardian no Brasil, investigava crimes ambientais numa região de garimpo e desmatamento ilegal. Bruno indigenista grande conhecedor da região o acompanhava.

Duas pessoas já estão presas: Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.

Um terceiro teria auxiliado na execução, outro na ocultação dos corpos, e o quinto seria o mandante. Os nomes não foram revelados.

Segundo a polícia, Pelado, preso segunda-feira, confessou o crime e levou os investigadores ao local onde foram enterrados os corpos.

A localização, uma área conhecida como Lago do Preguiça, fica a 1h40min de barco da cidade fluvial de Atalaia do Norte e mais 3 km a pé em mata fechada.

O ponto preto assinala Manaus, o quadrado vermelho, a região onde ocorreu o crime

“Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração da todos”, foi a lacônica manifestação do presidente Jair Bolsonaro. Nem mesmo a formal “apuração rigorosa dos fatos” foi mencionada.

Pat Venditti, diretora executiva do Greenpeace UK, elogiou Phillips e Pereira como “homens corajosos, apaixonados e determinados”.

Em um comunicado, ele disse que os homens “foram assassinados enquanto faziam seu trabalho vital de esclarecer as ameaças diárias que os povos indígenas enfrentam no Brasil ao defender suas terras e seus direitos”.

Venditti acusou “o presidente de extrema direita do Brasil”, Jair Bolsonaro de dar “licença política e moral para atividades predatórias dentro e ao redor de terras indígenas”.

A Polícia Federal (PF), em nota, se referiu aos “os remanescentes humanos encontrados durante as buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips”.

Em Brasília, serão periciados no Instituto Nacional de Criminalística para confirmação da identidade.

De acordo com a coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira (3) no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas.

Operação Javari

Segundo a Unijava, no domingo (5), os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade. No mesmo dia, uma equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca de Bruno e Dom, mas não os encontrou e eles foram dados como desaparecidos.

 

 

Eleições 2022: PSTU lança pré-candidatas com críticas ao PT e à “politica da conciliação”  

O PSTU e o Polo Socialista Revolucionário lançaram no sábado, 04, como pré-candidata ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições de outubro, a educadora Rejane de Oliveira. Ativista sindical, negra, socialista e duas vezes presidente do CPERS, ela é a única candidata feminina ao cargo no Rio Grande do Sul.

No evento, com a presença de Vera Lúcia, pré-candidata à Presidência da República pelo partido,  foram lançadas também as candidaturas de Ana Rita à deputada estadual e Nikaia Vitor à deputada federal.

“Só um partido como o PSTU,  profundamente enraízado com suas origens e práticas populares tem a coragem de lançar duas mulheres, negras e socialistas, a cargos de tal envergadura nas eleições de 2022 “, discursou Rejane de Oliveira.

As pré- candidatas fizeram críticas  ao governo federal e ao estadual. “Os governos de direita e liberais no Brasil, praticam cada vez mais uma política de extermínio contra negros, pobres, populações indígenas, trabalhadores do campo e da cidade, além de de grupos minoritários. Eles decidiram que nós vamos morrer. Pois essas nossas pré-candidaturas através do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, é justamente para dizer isso; Nós decidimos que não vamos morrer. Vamos lutar por uma sociedade mais justa e na crença que um outro mundo é possível”, falou a pré- candidata ao governo gaúcho.

Críticas ao PT e ao PSOL

Rejane de Oliveira também criticou a política de conciliação do PT com partidos e nomes que contribuíram para a derrubada da ex-presidente Dilma Roussef da presidência da República em 2016, afirmando que o PT, “em nome da escolha do menos pior, se alia a golpistas”, referindo-se à presença do ex-governador Geraldo Alkmin, do PSDB, como vice na chapa de Lula.

No âmbito estadual a pré-candidata do PSTU criticou igualmente o PSOL,” em aceitar acordo com quem sempre divergiu. Nós do PSTU temos coerência e princípios que não mudam”.

A pré candidata à presidência da República, Vera Lúcia, destacou em sua fala que a primeira medida a ser tomada em governo do PSTU, é a taxação das grandes fortunas brasileiras. “Para resolver o problema da fome, da falta de moradia, da saúde, de saneamento e outros que afligem a população pobre do País, nós vamos tirar dos mais ricos. Começando pelos 315 bilionários brasileiros e das maiores empresas. Não vamos pagar a dívida pública. Só agora em 2022 está reservado para pagamento dessa dívida a grupos privados, a bagatela de um trilhão e 880 bilhões de reais. Com esse dinheiro daria para pagar um melhor salário mínimo aos trabalhadores, resolver problema das Educação e Saúde pública”, explicou Vera.

Júlio Flores, nome histórico do PSTU gaúcho compareceu ao evento e foi saudado pelos oradores. Cerca de 300 pessoas estiveram no local. Entre eles representações dos diretórios municipais do partido, que mandaram caravanas do interior e representantes de entidades e organizações dos trabalhadores.

Pelo Polo Socialista Revolucionário compareceram a CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), o MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores) e trabalhadores rurais vinculado ao Assentamento Madre Terra. Assim como o CEDS (Centro de Estudos e Debates Socialistas) e dirigentes da Tribuna Classista. Indígenas Mbyá- Guarani igualmente se fizeram representar.

Texto: Higino Barros

Fotos: Ramiro Furquim

 

Representantes de cooperativas levam demandas a Lula

Na abertura do evento sobre cooperativismo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  em Porto Alegre (RS), nesta quinta-feira, 2,  representantes de diversas entidades do setor falaram das conquistas ao longo dos governos do PT e dos problemas vividos nos últimos anos.

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel falou da importância das políticas implementadas pelo governo Lula para a agricultura familiar. Foi a primeira vez, segundo ele, que houve um plano de safra específico para o setor, com crédito, assistência técnica e seguros, e isso se traduziu rapidamente em resultados, inclusive para as cooperativas de pequenos produtores.

“Durante os 8 anos do seu governo, a renda média da sociedade brasileira cresceu 13% em termos reais. Já a renda da agricultura familiar e dos assentados de reforma agrária cresceu 33%, ou seja, quase três vezes mais. E isso não é por acaso, é consequência de políticas direcionadas, com foco, com orçamento. Nos seus dois mandatos, 5,4 milhões de pessoas no meio rural saíram da pobreza e isso não é pouca coisa”, destacou.

Nelsa Nespolo, diretora-presidente das cooperativas Univens (Costureiras Unidas Venceremos) e Justa Trama, que reúnem trabalhadoras do setor têxtil no Rio Grande do Sul, falou sobre a união das cooperadas e na inspiração que veio de uma frase dita pelo ex-presidente Lula.

“Todas nós poderíamos ter enfrentado nossos problemas de forma individual, mas decidimos encará-los de forma coletiva, é isso que nós representamos. Cada um que está aqui representa muitos. Em números, nós significamos muito, em pessoas e no que nós conseguimos fazer na economia. Você nos inspirou a nos organizar. Nós não acumulamos, nós distribuímos o resultado dos nossos ganhos. Na sede das nossas costureiras tem uma frase sua, que “a cooperação é um estágio avançado da consciência humana”, contou.

Representando a Federação das Cooperativas de Energia e Telefonia do estado, José Zordan falou sobre a importância que o Luz Para Todos teve ao levar energia para propriedades rurais (mais de 91 mil foram atendidas no RS), mas revelou que o setor agora enfrenta novos desafios, tanto na disputa com empresas maiores do setor elétrico quanto para manter a população jovem interessada no campo.

“As cooperativas de eletrificação rural sobrevivem brigando com as empresas porque a densidade dos moradores é muito menor. Temos 15 cooperativas que levam eletricidade para cerca de 400 mil propriedades rurais. Depois do Luz Para Todos, agora precisamos ampliar a oferta e transformar as redes de monofásica para trifásica, criar mais subestações para que o povo possa produzir. Além disso, precisamos levar internet de qualidade para o campo, os mais jovens precisam disso, os negócios também”, disse ele.

O diretor estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Adelar Pretto, destacou que a produção dos assentamentos vive um momento difícil, não apenas pela falta de incentivo por parte do governo, mas também porque a seca do ano passado causou imensos prejuízos.

“Ainda vivemos um período muito difícil, mas com esperança muito grande, para que o povo brasileiro volte a andar de cabeça erguida. Queremos dizer que o cooperativismo para nós é essencial. É assim que produzimos comida para alimentar a população brasileira. Nos tempos do PT, o governo comprava mais de 300 produtos do pequeno produtor, hoje o governo compra apenas grãos para fazer ração, é muito pouco. E muita gente que foi prejudicada pela seca não vai receber o auxílio de R$ 1 mil que anunciaram agora porque estavam com o CadÚnico desatualizado, já que não vinha mais nada ali”, denunciou.

Hélio Marchioro, diretor-executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho) também trouxe para o evento a realidade enfrentada pelos produtores de vinho e suco de uva do estado. No cenário atual, quem faz a produção acaba tendo de pagar caro para obter um financiamento acima do teto de R$ 15 milhões por cooperativa disponível atualmente.

“O consumidor brasileiro não sabe que nós pagamos para produzir, em outros países você ganha 100% do investimento. Nós pagamos o investimento, a produção a custo de dólar e vendemos no mercado interno a preço de real. Nesse processo, perdemos , pagamos o insumo, a carga tributária, a tributação da produção, para garrafa, para rolha. Quando vamos vender suco de uva para escolas, precisamos pagar antes o tributo e vendemos a prazo”, relatou.

Representando o Movimento Nacional da Luta Pela Moradia (MNLM), Cristiano Schumacher relatou o cenário de abandono nas periferias e ocupações, onde a fome voltou a fazer parte da realidade de milhões de brasileiros, e pediu que a moradia popular volte a ser pauta do governo, como aconteceu nas administrações do PT com o Minha Casa Minha Vida, que entregou 212 mil unidades no Rio Grande do Sul.

“A gente viu nas periferias e nas ocupações a miséria cada dia mais forte, onde a fome não é só uma palavra, é uma realidade. A gente vê no rosto das pessoas, a gente vê nas crianças, as que não comem ficam irrequietas. Queremos trazer para o debate a experiência das cooperativas habitacionais, queremos discutir o crédito e a cooperação. Precisamos pensar no desenvolvimento econômico e social dessas comunidades”, disse ele.

Maria Tugira Cardoso, da Associação de Catadores Amigos da Natureza lembrou dos tempos difíceis, em que ela e outros cerca de 200 trabalhadores viviam de catar lixo em um aterro sanitário em Uruguaiana (RS), e de como esse cenário mudou com o apoio dos governos petistas, tanto nacional como estadual.

“Conseguimos sair daquela miséria do lixão e passar para uma associação, fundar outras cooperativas. Tivemos apoio do Economia Solidária e o movimento nacional dos catadores nunca parou. Nós, catadores e catadoras, precisamos de uma política para o setor da reciclagem, fomos perdendo nossos direitos, queremos viver dignamente do trabalho que conseguimos conquistar com muita luta, muita perseverança. Queremos uma política séria e competente para não termos que voltar novamente para o lixão”, pediu.

Presidente estadual da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes-RS), Gervásio Plucinski, pediu não apenas a retomada das políticas de incentivo à agricultura familiar e cooperativas, mas uma ampliação nas medidas que regem o setor.

“Este ano vai fazer 17 anos que fundamos a Unicafes nacional em Luziânia (GO) com mais de 1000 cooperativas presentes em 23 estados. Nesses últimos anos, perdemos muito, perdemos o ministério do Desenvolvimento Agrário e a maioria das políticas acabaram ou foram enfraquecendo. O primeiro passo que precisamos pensar é buscar de volta esse conjunto de políticas, o PAA (Plano de Aquisição de Alimentos) não tem mais recursos, é importante para levar alimento para a sociedade”, relembrou Plucinski.

Para ele, é necessário ir além. “Mas também precisamos dar um segundo passo, um programa Brasil Cooperativo, transformar o Brasil no país do cooperativismo. Está provado que as cooperativas criam um país melhor, elas distribuem a renda. Grandes empresas investem na bolsa, as cooperativas investem no país”, concluiu.

(Com informações da Assessoria de Imprensa )

Palanque de Lula no Rio Grande do Sul continua cercado de incertezas

A visita de Lula ao Rio Grande do Sul nesta quarta/quinta-feira, foi um sucesso e um fracasso.

Sucesso como exercício de mobilização da militância e alinhamento das pautas para a campanha que se avizinha. Impressionante a afluência  em todos os eventos.

Fracasso na tentativa de unificar uma frente que lhe garanta um palanque  amplo no Estado que é hoje um dos maiores redutos do bolsonarismo no país.

O PSB, em franca negociação com o PDT de Ciro Gomes, sequer apareceu.

No PSol, Pedro Ruas já se comporta como vice de Edegar Pretto, mas acúpula do partido insiste na candidatura própria.

Manuela Dávila, representante do PCdoB na chapa, desistiu de concorrer ao senado.

Lula fez um apelo  pela unidade das forças de esquerda, e pela candidatura de Edegar Pretto, o pré-candidato do PT.

Suas menções ao pré-candidato não tiveram, porém,  aquela firme veemência que exclui a possibilidade de mudança.

A candidatura de Edegar Pretto era  o fato mais consistente desta pré-campanha nas hostes lulistas. Agora até isso parece sujeito à discussão.

No PT especula-se sobre o gesto de Manoela Dávila. Sua candidatura ao senado fazia parte do acordo PT/PCdoB, mas ela anunciou inesperadamente que não será candidata. Alegou razões pessoais, mas mencionou também o fracasso na tentativa de chegar à unidade da frente de esquerda contra o bolsonarismo.

Uma hipótese considerada nas hostes petista é de que o gesto de Manoela foi um movimento tático. Ela não resistiria se fosse indicada para a cabeça da chapa, com Pretto de vice ou a senador. Ela poderia também ser a vice, por que não?.

Em síntese:  o palanque de Lula no Rio Grande do Sul ainda está cercado de incertezas.

Relato do repórter Flávio Ilha, para o Valor Econômico:

Lula desembarcou por volta de 10h45 em Porto Alegre cercado de um forte esquema de segurança, diante das ameaças que o pré-candidato tem recebido. O hotel onde a comitiva está hospedada só foi revelado na noite da terça-feira. A imprensa também não recebeu orientações sobre o horário da chegada e nem sobre a agenda em Porto Alegre.

A segurança de Lula informou que a preocupação era com eventuais protestos violentos em frente ao hotel, que foram convocados por WhatsApp. Porém, não houve registro de manifestantes.

No sábado, o PT realizou um evento em Porto Alegre para confirmar a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto ao governo. O ato reuniu mais de mil pessoas e foi considerado uma demonstração de força do partido, que já governou o Rio Grande do Sul em duas ocasiões. O ato, entretanto, desagradou o PSB, que viu na confirmação um gesto de “arrogância do partido”.

“Lançaram até jingle da candidatura. Isso significa que encerraram a conversa”, disse o ex-deputado Beto Albuquerque, pré-candidato socialista ao governo do Estado. Beto tem sido pressionado a desistir da candidatura para ocupar a vaga ao Senado, aberta com a desistência da ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB), mas já afirmou que a hipótese é improvável.

Na chegada ao hotel Plaza São Rafael, no Centro de Porto Alegre, o pré-candidato a vice, ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), disse estar “otimista” com a possibilidade de um palanque único no Rio Grande do Sul. “A coisa está andando. Devagar, mas andando”, afirmou antes do encontro. No fim do encontro, Alckmin evitou se manifestar.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hofmann, está em Porto Alegre desde a terça-feira, realizando reuniões com aliados para aparar as resistências a um palanque unificado de Lula. O pré-candidato do PT, Edegar Pretto, considerou sua candidatura “muito consolidada”, mas reafirmou que gostaria de ter apoio de outras legendas de esquerda. “Reconheço a legitimidade de outras candidaturas, mas não podemos ignorar a relevância eleitoral do PT”, justificou.

Lula desceu do apartamento para o local da reunião por volta do meio-dia. No saguão, parou para tirar fotos com apoiadores, mas não deu declarações à imprensa. Acompanhado de Alckmin, recebeu também uma comitiva de reitores e representantes de universidades do Estado. Eles entregaram a Lula uma carta em que pedem a recomposição do orçamento federal da educação, limitada pelo teto de gastos, a ampliação do FIES e ampliação do financiamento à concessão de bolsas de estudo, entre outras medidas.

Logo depois, participaria de um ato público em defesa da soberania nacional, em uma arena de espetáculos na zona norte de Porto Alegre, com capacidade para 5 mil pessoas.

Lula retornou para São Paulo no início da tarde.

Ex-presidente do CPERS, Rejane de Oliveira será candidata do PSTU ao governo gaúcho

Negra, educadora, socialista e única pré-candidata feminina ao governo do Rio Grande do Sul, nas eleições de 2022.

Assim o PSTU apresenta Rejane de Oliveira, conhecida líder sindical, duas vezes presidente do CPERS, pré-candidata do partido ao governo do Rio Grande do Sul.

O lançamento será no próximo sábado, dia 4, às 16h, no Centro de Eventos Barros Cassal (Rua Dr. Barros Cassal, 220), em Porto Alegre, e contará com a presença da operária sapateira Vera Lúcia, pré- candidata à presidência da República, pelo PSTU.

Segundo nota do partido, o “cenário eleitoral está tomado por uma polarização entre políticos tradicionais e com ausência de candidato que defenda os verdadeiros interesses dos trabalhadores”.

A candidata do PSTU se coloca como “uma alternativa aos candidatos bolsonaristas e ao bloco de conciliação de classes”

“Os principais candidatos que até agora  se apresentaram estão em dois blocos contrapostos”, diz a nota à imprensa.

“De um lado, temos os candidatos alinhados com Bolsonaro, como Ônix (ministro de Bolsonaro) e Luiz Heinze, notório defensor do latifúndio e da cloroquina. Querem o avanço do projeto autoritário de Bolsonaro, a serviço da maior exploração da classe trabalhadora.

De outro lado temos os candidatos alinhados com o projeto Lula-Alckmin. Prometem reeditar os governos do PT que, apesar de terem feito algumas concessões para os mais pobres por um período, beneficiou os banqueiros e agronegócio, enquanto atacava direitos dos trabalhadores (vide a reforma da previdência)”.

O programa do PSTU propõe o controle do Estado e das empresas pelos trabalhadores, “rompendo com o imperialismo estrangeiro, tirando dos bilionários para financiar obras públicas e acabando com o desemprego”.

Divisão da esquerda é desafio de Lula em Porto Alegre

O primeiro item da agenda de Lula nesta quarta-feira  em Porto Alegre é uma reunião com representantes dos partidos que poderiam compor a frente ampla de centro esquerda para derrotar o bolsonarismo no Rio Grande do Sul: PT, PCdoB, PV, PSB, Psol, Rede e Solidariedade.

Não é certo que todos estarão presentes. A frente, por enquanto, é uma quimera.

Com Edegar Pretto já lançado como pré-candidato a governador, o PT oferece vice-governador e senador aos aliados principais para compor a chapa, que daria um palanque único e forte para Lula no Estado . Por enquanto, só a candidatura de Edegar Pretto está de pé.

Beto Albuquerque, que seria o senador da Frente, é pré-candidato a governador há seis meses. Só entra na frente se for na cabeça da chapa.

Pedro Ruas, do PSol, bem cotado para vice na composição da frente, foi lançado pré-candidato a governador.

O PCdoB, fiel aliado, estava certo com Manuela D’Ávila para o Senado, com bons índices nas pesquisas, inclusive. Mas, inesperadamente, ela desistiu. Anunciou há poucos dias que não vai mais concorrer.

Nos bastidores da campanha, essa decisão de Manuela é vista como um movimento brusco para re-arranjar peças de um jogo que está travado.

Ela terá um encontro com Lula na quinta-feira.

O apoio de Lula a Pretto tem laços fortes.  Por isso, considera-se a hipótese de que Lula, no encontro com Manuela, tente convencê-la a ser candidata a vice na chapa de Pretto.

Manuela alegou razões pessoais e famiiares ao desistir da candidatura ao Senado, mas nas declarações a imprensa não escondeu as motivações políticas:

“Me esforcei muito para termos um palanque único da base de Lula aqui no Estado, com Edegar Pretto, Beto Albuquerque e Pedro Ruas, mas não conseguimos”.

Se ela aceitar, restará convencer o Psol a desistir da candidatura de Pedro Ruas como vice, para compor a chapa como candidato ao Senado.

Ainda que não fosse a frente dos sonhos de Lula,  seria uma chapa competitiva.

 

Caçapava faz festa para o azeite de oliva, nova riqueza da região

Ivanir Bortot

O azeite do Rio Grande do Sul passa  hoje pela mesma experiência vitoriosa que conquistou os  paladares de consumidores dos bons vinhos e espumantes da Serra Gaúcha.

Como apenas 15 anos de introdução de mudas importadas da Itália, Espanha, Portugal, Grécia e adaptações feitas pela Embrapa,  as oliveiras se adaptaram na região de Caçapava do Sul, entre outras 108 municípios, onde as condições de frio e altitude só existem em condições semelhantes na Serra da Mantiqueira.

Este ano em cerca de 10 mil hectares de planta de oliveiras o Rio Grande do Sul deve produzir 448,6 mil litros de azeita, um aumento  de 122% em relação ao ano anterior.

O começou não foi fácil. Muitos pequenos produtores perderam tudo, por falta de manejo adequado, seca e recursos para investimento.

O modelo de negócio de maior sucesso é de investidores bem estruturados em recursos financeiros e assistência de especialistas do Brasil e países vizinhos. Os primeiros resultados de produção e  processamento do azeita começa ocorrer entre quatro a cinco anos depois do plantio.

“O investimento na cultura das oliveiras é significativo comparado a outras, e ainda necessita de tempo para realização, visto que mais ou menos no sétimo ou oitavo ano de cultivo é que a planta chega ao seu ápice produtivo. Até lá, é necessário investir em manejo, controle de pragas, pessoal e tudo aquilo que é importante para a manutenção de um pomar. Desta forma, pequenos produtores precisam fazer uma grande engenharia econômica para se manter”, disse Rafael Buchabqui produtor do azeite Torrinhas, no Município de Pinheiro Machado, onde tem 90 hectares de oliveira planadas a partir de 2017.

Por ser um produto de alto valor agregado e qualidade muito superior ao importado, os preços ainda são o principal obstáculo para o azeite nacional ampliar ainda mais o consumo doméstico.

O Brasil é o segundo maior importador de azeite de oliva do mundo, perdendo apenas para os EUA. E o que chega aqui são azeites baratos de qualidade duvidosa, muitas vezes de safras antigas e outras tantas de azeites adulterados ou fraudados.

Hoje o azeite gaúcho, em geral extra virgem,  e o da serra de Mantiqueira já conquistaram 5% do mercado brasileiro.

O Azeite Torrinha entrou neste  mercado em  2021  e desde então vem conquistando consumidores  com blends frutados suaves e intensos, constituídos a partir das 8 variedades de azeitonas produzidas na propriedade.

Na safra de 2022 aumentou sua produção e ainda lançou, além dos dois blends já existentes, um azeite da variedade espanhola Picual, marcada pela picância,  amargor e sabor sofisticado.

Um dos segredos para o azeite nacional como o Torrinhas estar sendo reconhecido é o frescor obtido na colheita precoce da azeitona, bem como a tecnologia e cuidados artesanais que garante complexidade e sabor diferenciados.

E exemplos de qualidade do que esta sendo produzido no  Rio Grande do Sul não faltam. O último foi do azeite Milonga que recebeu o prêmio de melhor azeite do hemisfério sul pelo EVO IOOC  da itália.

O município de Caçapava do Sul, cidade histórica que já hospedou o imperador Dom Pedro II, nasceu Borges de Medeiros e foi a segunda capital farroupilha, promoveu neste fim de semana a primeira “Festa  do Azeite de Oliva”, com direito a rainhas, como é feito em Caxias do Sul com a festa da Uva. A economia de Caçapava do Sul, ante então, vinha da pecuária e calcário, especialmente