Bolsonaro faz discurso de candidato na Marcha para Jesus: “Os problemas são passageiros”

O presidente Jair Bolsonaro participou da tradicional ‘Marcha para Jesus’, promovida por igrejas evangélicas, neste sábado, em São Paulo.

Dez trios elétricos embalaram o evento que percorreu  3,5 km do trajeto entre a estação da Luz e a Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, na Zona Norte de São Paulo, onde a caminhada foi  encerrada com shows gospel, orações e discursos políticos por volta das 22h.

Bolsonaro falou na abertura e fez discurso de candidato dizendo que os problemas materiais enfrentados pelo país, como inflação e carestia, “são passageiros”.
“Problemas todos nós temos por aqui; os materiais são passageiros, como vocês estão notando nos últimos dias” numa referência à redução do preço dos combustíveis e energia, por conta do corte no imposto cobrado pelos Estados, o ICMS.

Bolsonaro voltou ao assunto em outro discurso, mais tarde. Disse  que o país “começa a superar os seus problemas econômicos”.
“A questão econômica começa a ser superada. Vocês sabem que é uma coisa não apenas no Brasil, é do mundo todo. Nós [somos] os que menos sofremos nesse momento nesta questão econômica. E somos os primeiros a sair dessa situação. Porque nós demos uma nova dinâmica à política”, declarou, ignorando as manchetes:.
“IPCA: inflação acelera para 0,67% em junho e atinge 11,89% em 12 meses”
“Passagem aérea, pepino, diesel, leite, transporte por app: veja os 50 itens que mais subiram em 1 ano”
No segundo discurso, Bolsonaro levantou a bandeira do “defensor da família brasileira”.
“Nós temos uma posição: somos contra o aborto, somos contra a ideologia de gênero, a liberação das drogas, somos defensores da família brasileira. Nós somos a maioria no país. A maioria do bem. E nessa guerra do bem contra o mal, o bem vencerá mais uma vez”, afirmou.
As recentes denúncias envolvendo o Ministério da Educação (MEC), que levaram à prisão o ex-ministro Milton Ribeiro, em 22 de junho, foram também ignoradas por Bolsonaro:
“Tem uma coisa que nos faz vencer. É a consciência tranquila. É o governo que acabou com a palavra corrupção. E sempre digo: se aparecer, ajudaremos a investigar. Isso não é virtude de um governo. É obrigação”.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, o evento recebeu duas emendas parlamentares destinando recursos do municípios para o organização.
As emendas somam R$ 1,7 milhão, sendo uma no valor de R$ 710 mil, proposta pelo vereador missionário José Olímpio (PL), e outra de R$ 1 milhão, do vereador João Jorge (PSDB).
Entre os artistas confirmados na marcha estão Aline Barros, André & Felipe, Daniel Berg, Fernanda Brum, Pedras Vivas, Praise Teen, Rebeca Carvalho, Renascer Praise, Samuel Messias e o vencedor do Gospel Singer Israel Reis.

Pista de skate da orla recebe primeiro grande evento nacional

Porto Alegre, RS – 23/10/2021: Abertura do Trecho 3 da Orla do Guaíba. Foto: Giulian Serafim/PMPA

Os principais skatistas de street e park estarão na Capital para a segunda etapa do circuito brasileiro de skate, o STU National de Porto Alegre. O evento ocorre na maior pista de skate da América Latina, na Orla do Guaíba, nesta sexta-feira, 27, sábado, 28, e domingo, 29. Na quinta-feira, 26, os atletas já estarão na cidade para treinamento (veja programação abaixo). O evento integra a programação dos 250 anos de Porto Alegre.
Entre os atletas já confirmados estão os campeões do street masculino, Lucas Rabelo, do park feminino, Raicca Ventura, e do park masculino, Luiz Francisco, o Luizinho. Além de outros nomes que representaram o Brasil na Olimpíada de Tóquio, como Pedro Barros, Isadora Pacheco, Yndiara Asp, Dora Varella e Pedro Quintas.
A secretária municipal de Esporte, Lazer e Juventude, Débora Garcia, ressalta que Porto Alegre está em um momento de transformação social através do esporte, de inclusão e interatividade com novas oportunidades aos esportistas. “Sediar esta etapa na orla comprova esta transformação. O STU é um grande evento esportivo que fomenta a cultura urbana, incentivando a prática do skate, adequado ao contexto social e cultural urbano’’, diz Débora.
Na programação também está um festival de música com artistas nacionais e locais. A identidade visual do evento é de Luís Flávio Vitola, o Trampo, referência da arte urbana em Porto Alegre e um dos pioneiros do grafite na cidade.
PROGRAMAÇÃO
Quinta-feira, 26
10h às 12h30 – Treino livre Street feminino
10h às 12h30 – Treino livre Park feminino
12h30 às 17h30 – Treino livre Street masculino
12h30 às 17h30 – Treino livre Park masculino
17h40 às 18h40 – Congresso Técnico
Sexta-feira, 27
9h às 10h – Treino livre Street feminino
9h às 10h – Treino livre Park feminino
10h às 11h – Coletiva de imprensa
11h às 12h – Treino livre Park feminino
10h às 12h30 – Treino livre Street masculino
10h às 12h40 – Treino livre Park masculino
12h40 às 13h50 – Treino livre Park feminino
13h às 16h20 – Eliminatórias Street masculino
15h às 18h40 – Eliminatórias Park masculino
17h20 às 18h20 – Treino livre Street feminino
Sábado, 28
8h às 9h – Treino livre Park feminino
9h às 10h30 – Treino livre Street masculino
9h às 10h50 – Semifinais Park feminino
10h30 às 11h30 – Treino livre Street feminino
11h40 às 15h55 – Semifinais Street masculino
14h às 15h50 – Semifinais Park masculino
15h50 às 16h20 – BV Tricks Park
15h55 às 19h – Semifinais Street feminino
19h às 19h30 – BV Tricks Street
Domingo, 29
9h às 9h35 – Treino livre Park masculino
9h às 11h30 – Treino livre Street feminino
13h às 14h02 – Final Park feminino
14h15 às 15h30 – Final Street masculino
15h30 às 15h47 – Super Final Street masculino
16h às 17h02 – Final Park masculino
17h10 às 18h25 – Final Street feminino
18h25 às 18h42– Super Final Street feminino

 

Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Novo presidente da Associação Brasileira de Imprensa pede mobilização pela democracia

Começou  nesta sexta, 13 de maio, a nova gestão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), uma das principais entidades da sociedade civil, fundada em 1908 no Rio de Janeiro.

A nova diretoria para o triênio 2022/25 é liderada pelo jornalista Octávio Costa, cujo discurso de posse, feito de improviso, não deixou dúvidas sobre sua orientação: “Minha posição pessoal, compartilhada pelos companheiros da diretoria, é pela eleição e posse de Lula, sem lugar para golpe”.

Ex-repórter de Veja, ex-editor do Jornal do Brasil, Octavio Costa começou sua fala de 10 minutos lamentando a falta da sogra Maria Prestes (viúva de Luiz Carlos Prestes), que faleceu de covid em fevereiro, depois de incentivá-lo muito a disputar a presidência da ABI.

“As mulheres foram fundamentais na vitória da nossa chapa, a começar pela vice-presidente Regina Pimenta”, lembrou Costa, que recebeu 361 votos contra 264 dados à chapa liderada por Cristina Serra e Helena Chagas.

Foi eleita “por aclamação e unanimidade” à presidência do conselho deliberativo da ABI a jornalista Irene Cristina Gurgel do Amaral. Para o conselho fiscal foi eleito um trio de peso: Luis Nassif, José Paulo Kupfer e Luiz Gonzaga Belluzo.

“NACIONALIZAÇÃO”

A posse da nova diretoria ocorreu numa cerimônia presencial no auditório lotado da ABI, onde foi instalado um telão em que todos puderam ver e ouvir intervenções virtuais de conselheiros situados em outros estados ou do Rio mesmo.

O Hino Nacional, por exemplo, foi cantado a capela por Beth Bruno de sua casa num local elevado da ex-capital federal.

O evento híbrido sinalizou a “nacionalização” da entidade, até agora concentrada no Rio, com escritórios em Brasilia e em São Paulo – a sede da ABI na rua Augusta 555 foi um dos palcos iniciais da fundação do PT em 1979/80.

A partir de sábado,  começou a campanha para aumentar o número de associados para 1 mil até o fim do ano. A primeira adesão (ao vivo) foi de Maria José Braga, presidente da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), que se declarou disposta a trabalhar em parceria com a ABI.

Em 2019, a entidade tinha apenas 290 sócios quites com a tesouraria. Agora são 701. “Se cada um dos eleitores arranjar um sócio novo, atingiremos a meta”, disse Marcelo Auler, um dos mais ativos militantes da ABI.

BRADO FORTE

Marcado pela informalidade e a sinceridade, o discurso do novo presidente começou lembrando o envolvimento da ABI com grandes campanhas democráticas como “O Petróleo é Nosso” (anos 50), a Anistia (anos 70) e “Diretas Já” (anos 80).

“A democracia é a alma da ABI”, bradou, dizendo-se inconformado com as ameaças de golpe feitas por generais vinculados ao governo Bolsonaro.

Lembrando que “não há lugar golpe”, Costa enumerou as principais bandeiras da ABI:

1 – Luta pela democratização dos meios de comunicação, sem monopólios nem oligopólios comandados por famílias ou grupos econômicos

2 – Luta pela regulamentação da profissão de jornalista

3 – Luta pela liberdade de expressão, de imprensa e pelos direitos humanos

No final, fez duas citações extraordinárias. Começou citando o jornalista Sergio de Souza, ex-Realidade, ex-Bondinho, ex-Placar, ex-Caros Amigos:

“Todo sábado, em sua casa em São Paulo, Serjão fazia uma feijoada para os amigos mas dela podia participar quem quisesse, pois a porta da rua ficava aberta”.

Usando a feijoada do Serjão como exemplo, ele afirmou: “A ABI estará aberta a quem quiser colaborar”. Para encerrar, referiu-se ao ex-governador carioca. “Eu sempre gostei muito do Brizola e gostaria de terminar essa fala como ele fazia em cerimônias públicas”.

Imediatamente, Octávio Costa levantou o braço direito e puxou o refrão do Hino da Independência, acompanhado pela plateia:

“Brava gente brasileira

longe vá temor servil

Ou ficar a pátria livre

ou morrer pelo Brasil”

 

Indústria cresce e emprega mais, mas a massa de salários diminui

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS) registrou um ligeira expansão de 0,2% entre fevereiro e março de 2022.

Todos os fatores que compõem o índice cresceram: o faturamento das indústrias (+6,2%), as compras industriais (+2,7%), as horas trabalhadas na produção (+1,4%), o emprego (+0,8%) e a utilização da capacidade instalada (+0,2 p.p.).

Apenas a massa salarial real recuou (-1,2%).

No comparação com os primeiros três meses de 2021, a atividade industrial gaúcha cresceu 4,2%, da janeiro a março deste ano..

Máquinas e equipamentos (+12,0%), Veículos automotores (+13,4%) e Couros e calçados (+5,8%) foram os setores que mais cresceram.

Alimentos (-2,8%), Produtos de metal (-4,3%) e Móveis (-8,9%) exerceram as maiores pressões negativas

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS), foi divulgado nesta terça-feira (3) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS),

“O bom momento das exportações industriais e a produção ainda aquecida para atender pedidos em carteira explicam esse crescimento. Entretanto, na margem já podemos ver uma desaceleração”, avaliou o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.

Segundo o presidente da FIERGS, a irregularidade e a estagnação observadas desde o fim do ano passado refletem os desarranjos persistentes na cadeia de suprimentos, que continuam gerando escassez e alta nos preços de insumos e matérias-primas, assim como a última onda da pandemia, a estiagem e a guerra na Ucrânia.

A pesquisa constatou que o cenário para os próximos meses continua sem grandes alterações e bastante restritivo à produção, apesar da diminuição da pandemia e da estiagem.

A indústria gaúcha registra acúmulo de estoques e deve manter o comportamento atual, sem grande perspectiva de retomar a o ritmo de recuperação interrompida no final do ano passado.

Veja a íntegra da pesquisa

Cais Mauá: projeto prevê seis prédios residenciais e três comerciais na área das docas

As entidades que integram o movimento em defesa do Cais Mauá se debruçam esta semana sobre os detalhes do projeto de revitalização apresentado na audiência pública de quinta-feira, 28.

O projeto é considerado um avanço em relação ao anterior, mas a solução apontada para os terrenos das docas, que representam mais de um terço do total da área do Cais, provoca muita polêmica.

A proposta é que esses terrenos, que somam 65 mil metros quadrados, sejam vendidos para financiar a recuperação dos armazéns e dos bens tombados e a urbanização de todo o cais.

Avaliada em R$ 94,3 milhões,  a área das docas seria destinada a um megaempreendimento imobiliário, com a construção de nove edifícios – um hotel, dois prédios corporativos e seis prédios residenciais.

Na apresentação não foi informada a altura que terão estes prédios, mas consta do Masterplan que serão construídos  900 apartamentos, de tamanhos variados, para uma estimativa de 2.700 moradores.

Pelas maquetes apresentadas, são prédios com 20 andares ou mais.

O Plano Diretor de Porto Alegre limitava em 18 andares a altura máxima na região central, mas com a mudança proposta pelo Executivo e aprovada na Câmara Municipal no final do ano passado, não há mais restrições.

Na apresentação desta quinta-feira, os autores do projeto tiveram o cuidado de mostrar imagens menos impactantes do que as que foram mostradas na prévia apresentada no Palácio Piratini, em novembro do ano passado.

Veja aqui a apresentação na audiência pública:

Estas foram as imagens apresentadas na audiência de quinta-feira, 28

As imagens abaixo foram mostradas na apresentação preliminar no Palácio Piratini, no ano passado: 

JBS se torna maior empresa de carnes na Austrália. Imprensa lembra casos de suborno

 Uma investigação jornalística foi publicada neste domingo no Four Corners, da Austrália,  rastreando a trajetória da JBS, a gigante brasileira que teve origem num açougue do interior e atualmente é a maior empresa de carnes do mundo.

 A reportagem assinada por três jornalistas (veja abaixo) lembra as denúncias de corrupção em que a empresa esteve envolvida, a partir de 2007, e atribuiu sua expansão na Austrália a recursos obtidos através de subornos, no Brasil.

 No ano passado, numa expansão inédita para o mercado da piscicultura, a JBS comprou o segundo maior produtor de salmão de viveiro da Austrália, Huon Aquaculture, por US$ 425 milhões.    

 

Leia Mais:

Dos subornos ao seu churrasco: como a maior empresa de carnes da Austrália foi construída com base na corrupção

Grace Tobin , Lesley Robinson e Patrick Begley

Talvez você não conheça o nome JBS.

Mas se você comprar presunto Primo, salmão Huon, hambúrgueres do McDonald’s ou carne de Coles, Woolworths ou Aldi, provavelmente está comendo produtos da JBS.

É a maior empresa de carnes do mundo, a maior da Austrália, e está devorando cada vez mais nossa indústria alimentícia.

A Four Corners pode revelar que por trás da expansão inicial da gigante de alimentos na Austrália havia subornos pagos no Brasil e dois irmãos bilionários dispostos a infringir a lei para conseguir o que querem.

Aqui está o que você precisa saber sobre a empresa por trás do seu próximo churrasco.

Expansão rápida

O império da família começou em 1953 como um pequeno açougue regional do Brasil, comandado pelo empresário José Batista Sobrinho.

Quando seus filhos Joesley e Wesley assumiram as rédeas, o negócio se expandiu no Brasil, em toda a América do Sul e na América do Norte.

Uma aquisição de US$ 1,4 bilhão (US$ 1,9 bilhão) da processadora de carne bovina norte-americana Swift fez da JBS um importante player internacional em 2007.

Esse mesmo acordo deu à JBS o controle da Australian Meat Holdings, maior processadora de carne bovina do país, que era de propriedade da Swift.

Os planos da JBS para a Austrália não pararam por aí.

No ano seguinte, a JBS pagou US$ 150 milhões pelo Tasman Group, que possuía matadouros na Tasmânia e Victoria, além de um confinamento em NSW.

De repente, a JBS tinha sites na costa leste da Austrália – levantando as sobrancelhas de alguns produtores e pecuaristas locais.

De onde vinha todo o dinheiro?

A JBS tinha o apoio financeiro do governo brasileiro – algo que Wesley Batista insistia na época era uma “estrutura financeira normal”.

De fato, a Four Corners confirmou que suas duas primeiras aquisições na Austrália foram alimentadas por corrupção e suborno no Brasil.

O extremamente bem relacionado Joesley Batista havia orquestrado a onda de aquisições globais da empresa, comprando concorrentes enquanto expandia sua cadeia de suprimentos.

Mas ele detonou um escândalo de corrupção no Brasil em 2017, testemunhando contra conexões de alto nível que ele havia subornado.

Joesley, Wesley e alguns de seus executivos mais seniores delinearam um vasto esquema que envolvia pagamentos a mais de 1.800 políticos.

Em troca da imunidade dos irmãos Batista, a controladora da JBS concordou em pagar uma multa de US$ 3,2 bilhões.

Joesley confessou que pagou propina ao ministro da Fazenda do Brasil, no entendimento de que o ministro persuadiria um banco estatal a financiar empreendimentos da JBS.

Esse financiamento ajudou a pagar a aquisição envolvendo a Australian Meat Holdings.

No ano seguinte, outra rodada de financiamento sustentada por subornos foi usada na aquisição do Tasman Group.

Um promotor perguntou a Joesley se a JBS teria conseguido financiamento sem as propinas ao ministro da Fazenda.

“Não, não”, ele respondeu. “Não haveria acordos.”

De escândalo em escândalo

Desde o escândalo de corrupção, as dores de cabeça da JBS só continuaram.

Wesley e Joesley passaram um tempo na prisão em 2018, acusados ​​de insider trading depois que venderam ações e especularam sobre a moeda antes de seu acordo judicial.

Nos Estados Unidos, a controladora da JBS pagou US$ 256 milhões para resolver um caso de suborno estrangeiro, enquanto a empresa também pagou centenas de milhões de dólares a mais em multas e acordos sobre esquemas de fixação de preços.

A JBS prometeu ajudar a salvar a floresta amazônica, mas tem enfrentado repetidas acusações de adquirir gado de terras desmatadas ilegalmente no Brasil.

Foi multado em US$ 8 milhões por desmatamento em 2017.

Embora tenha se comprometido a proteger a Amazônia, a JBS foi acusada de adquirir gado de terras desmatadas ilegalmente.

Apesar das promessas de reprimir o problema, investigações da Bloomberg e do Repórter Brasil alegam que o problema continua.

Várias redes de supermercados na Grã-Bretanha abandonaram produtos que usam carne bovina da JBS no Brasil.

A Coles estoca carne enlatada importada da JBS no Brasil em suas prateleiras na Austrália, mas se recusou a comentar se tem alguma preocupação com o desmatamento ilegal em sua cadeia de suprimentos.

Em nota, a JBS Brasil disse que foi uma das primeiras empresas a investir em políticas e tecnologia para combater e eliminar o desmatamento na Amazônia e que “continua firmemente comprometida com essa causa”.

A JBS também ganhou as manchetes durante sua longa batalha com o Australian Taxation Office (ATO) depois que uma auditoria de 2019 identificou “vários riscos fiscais” dentro do negócio.

Mas a empresa resistiu a entregar ao ATO milhares de páginas de correspondência com seus consultores fiscais, PwC, alegando que os documentos estão protegidos por privilégio legal.

JBS recebe autorização para escalar na Austrália

Nada disso restringiu as ambições da JBS na Austrália, onde agora está entrando em um setor totalmente novo: a piscicultura.

No ano passado, a empresa comprou o segundo maior produtor de salmão de viveiro da Austrália, Huon Aquaculture, por US$ 425 milhões.

A oferta provocou forte reação de ambientalistas como o ex-líder dos Verdes Bob Brown e o autor Richard Flanagan.

O bilionário e acionista da Huon, Andrew Forrest, até pagou por uma série de anúncios em jornais nacionais argumentando contra uma aquisição.

Essas vozes foram contestadas pelo então primeiro-ministro da Tasmânia, Peter Gutwein, e pelo ministro assistente federal de pesca, Jono Duniam, que saudaram publicamente os planos de salmão da JBS.

A compra da Huon e – em uma tentativa de expandir ainda mais a indústria de suínos – o principal processador de carne suína Rivalea em 2021, foram os principais testes para a JBS.

Não havia comprado uma empresa australiana desde o escândalo de corrupção.

Ambos os negócios precisavam ser aprovados pelo tesoureiro Josh Frydenberg e avaliados por seus assessores no Foreign Investment Review Board (FIRB), que considera o interesse nacional e o caráter dos investidores .

JBS na Austrália

  • JBS emprega 14.000 pessoas em mais de 50 sites
  • É expandido de carne bovina e cordeiro para carne de porco e agora salmão
  • As marcas de propriedade da JBS incluem Primo, Huon Aquaculture, King Island Beef e Aussie Beef
  • Seus produtos são estocados em grandes supermercados como Woolworths, Aldi e Coles

O CEO da JBS Australia, Brent Eastwood, disse à rádio ABC em setembro que a empresa tinha um bom relacionamento com a FIRB.

Ao contrário do ex-tesoureiro Joe Hockey, que ficou feliz em elogiar a aquisição da Primo pela JBS em 2015, Frydenberg tem sido mais discreto.

Ele não fez nenhuma declaração pública ao aprovar os últimos acordos e se recusou a responder a perguntas do Four Corners.

A JBS Austrália recusou uma entrevista e não respondeu a perguntas escritas.

Em um comunicado, ele se descreveu como um “orgulhoso cidadão corporativo australiano com uma marca e reputação fortes”.

Embora os irmãos Batista – que a Forbes estima valer cerca de US$ 5 bilhões cada – não fazem mais parte do conselho da JBS ou ocupam cargos de gerência executiva, eles mantêm grandes participações na empresa.

A Batista continuará supervisionando a expansão da empresa na Austrália – o filho de Wesley, Wesley Junior, é agora o presidente global da Oceania.

Bruno Brandão, da Transparência Internacional Brasil, alerta que mudar a conduta de uma empresa como a JBS é uma tarefa desafiadora.

“[Ela] precisa de muita pressão das autoridades, dos consumidores, dos investidores para realmente garantir que esse tipo de empresa, que passa pela corrupção sistêmica, realmente transforme suas práticas.”

 

 

Concursos públicos para preencher 15,5 mil vagas tem inscrições abertas

Pelo menos 134 concursos públicos no país estão com inscrições abertas nesta segunda-feira (25) e reúnem mais de 15,5 mil vagas em cargos de todos os níveis de escolaridade. Os salários chegam a R$ 22.589,59 na Procuradoria Geral do Distrito Federal.

Além das vagas abertas, há concursos para formação de cadastro de reserva – ou seja, os candidatos aprovados são chamados conforme a abertura de vagas durante a validade do concurso.

Entre os concursos abertos em órgãos federais, estão:

Exército, com 440 vagas e 1110 vagas

Marinha, com 25 vagas

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com 360 vagas (60 imediatas e 300 para cadastro de reserva)

Há ainda concursos em tribunais, procuradorias, polícia civil e conselhos regionais em vários estados.

Nesta segunda, pelo menos sete órgãos abrem o prazo de inscrições para 628 vagas em cargos de todos os níveis de escolaridade. Os salários chegam a R$ 16 mil.

Veja as informações de cada concurso:

Prefeitura de Cujubim (RO)
Inscrições: até 27/04/2022
20 vagas
Salários de até R$ 1.212
Cargos de nível fundamental

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (MA)
Inscrições: até 04/05/2022
1 vaga
Salários de até R$ 3.130,85
Cargos de nível superior
Veja o edital

Prefeitura de Altinópolis (SP)

Inscrições: até 19/04/2022
26 vagas
Salários de até R$ 11.222,37
Cargos de nível fundamental, médio e superior
Veja o edital

Superintendência de Polícia Técnico-Científica (RO)
Inscrições: até 16/05/2022
30 vagas
Salários de até R$ 14.267,80
Cargos de nível superior
Veja o edital

Prefeitura Municipal de Virgem da Lapa (MG)
Inscrições: até 17/05/2022
81 vagas
Salários de até R$ 16.000,00
Cargos de nível fundamental, médio, técnico e superior
Veja o edital

 Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (DF)

Inscrições: até 23/05/2022
381 vagas
Salários de até R$ 12.654,00
Cargos de nível superior
Veja o edital

Prefeitura de Piracicaba (SP)
Inscrições: até 30/05/2022
89 vagas
Salários de até R$ 3.046,00
Cargos de nível fundamental, médio e superior

(Com informações do G1)

Fast food na Redenção: parque perde mais mil metros quadrados com novas instalações

As manchetes saúdam o “complexo gastronômico Refúgio do Lago”, que começa a operar em maio no local que, por quase 70 anos, foi ocupado pelo Orquidário Municipal de Porto Alegre.
Na verdade, são cinco instalações em containers que vão oferecer café, sorvetes, bebidas  e refeições rápidas, num espaço de quase mil metros quadrados concedido a uma empresa privada no coração do parque da Redenção.
Em 115 anos, desde que foi doado ao município pelo Imperador Pedro I, o parque já perdeu metade de sua área: dos 69 hectares originais restam pouco mais de 35 hectares.
Foto: Ioparque/Divugação
O Orquidário foi demolido  pela prefeitura,  em março de 2018.  Estava abandonado desde que uma árvore caiu sobre as estufas no temporal que castigou Porto Alegre em janeiro de 2016.,

A supervisora de Praças, Parques e Jardins, na época, Gabriela Azevedo Moura, justificou a demolição dizendo que “já não vinha sendo feita a manutenção da área”  e que “os integrantes do Conselho de Usuários do Parque Farroupilha foram comunicados da ação”.

“Com a falta de manutenção, a área do orquidário vinha sendo utilizada por usuários de drogas, prostituição e casos de assédio sexual de quem passava por ali”, destacou a supervisora.

Na mesma reportagem do Correio do Povo,  Roberto Jakubaszko, integrante do Conselho de Usuários do Parque Farroupilha, lamentou a demolição  e disse que “a população de Porto Alegre foi pega de surpresa com ação dos tratores que derrubaram o prédio”.
Jakubaszko afirmou que “nem a prefeitura, nem a Secretaria de Ambiente”   informaram sobre a demolição da área. “Perdemos um patrimônio da cidade, sem que ninguém fosse consultado”, lamentou.
O conselheiro afirmou que a  exposições de orquídeas todo o ano, que chegavam a receber de 15 mil pessoas durante as duas semanas do evento.

“É um pedaço da história que foi abstraído daqui”, disse ele, queixando-se de falta de investimento e manutenção no parque inteiro.

Segundo a supervisora, ainda não havia uma decisão sobre o que fazer com a área: “A ideia, disse ele,  é dar nova destinação ao local transformando-o em um espaço de convivência para os usuários do parque com a colocação de uma nova iluminação”.

Veja aqui o depoimento do representante do Conselho de Usuários do Parque:

https://youtu.be/hnKUeozDncw
Orquidário ia completar 70 anos, um dos mais antigos do Brasi
O Orquidário do Parque da Redenção foi inaugurado em 1953 e contava com servidores especializados em manejo de orquídeas, que ao longo dos anos foram se aposentando e não foram substituidos.
Foto: Ricardo Stricher/PMPA
O local chegou a abrigar cerca de 4,5 mil mudas de 45 espécies de orquídeas.
O que aconteceu com esse acervo?
Segundo Gabriela Azevedo Moura, as orquídeas foram levadas para o viveiro municipal na Lomba do Pinheiro, na zona Leste da cidade.
“Uma parte do material do orquidário foi destinado para outros parques da cidade. A prefeitura realiza agora a retirada da caliça e depois pretende fechar a área até decidir que projeto será desenvolvido no antigo orquidário do Parque Farroupilha”, disse a então supervisora dos parques no dia da demolição, 29 de março de 2018.
No dia seguinte, no portal GZH,  o então secretário de Meio Ambiente,  Maurício Fernandes repetiu o argumento da Supervisora dos Parques: o espaço estava abandonado  há dois anos e havia se tornado um “local hostil”.

“Justamente pela falta de uso ele acabou gerando uma ocupação muito ruim de drogadição e prostituição”, disse Fernandes.

Ou seja:  a prefeitura deixou o local no abandono, depois justificou a demolição “porque ele estava abandonado”.

Segundo o secretário, a restauração do orquidário estava fora de cogitação: “O governo quer que o local seja transformado em um lounge garden (literalmente “jardim de salão”). Mas, segundo ele, o espaço seria “voltado para o tema de orquídea”.

Fernandes explicou  que “o modelo ainda está sendo avaliado, mas possivelmente será realizada uma permissão de uso para o Café do Lago, que também abranja a revitalização da área do antigo orquidário e do lago”.

Disse ainda o secretário que  seria lançado um  edital. “o mais rápido possível”.

O assunto só voltou ao noticiário no dia 13 de julho de 2021, já na gestão de Sebastião Melo, quando o Diário Oficial publicou o resultado da licitação para ocupar o espaço do orquidário.

“O lugar onde já foi abrigo para mais de 4,5 mil exemplares de 45 espécies de orquídeas agora vai virar um  “Espaço Gastronômico”, com refeições rápidas e bebidas”, segundo reportagem do jornal JÁ.

“A outorga de R$ 20 mil foi oferecida  pela Ioiô Casa de Festas Infantis, vencedora da licitação anunciada pela Prefeitura nesta terça-feira, 13”.

“Serão quatro contêineres de 29,30 metros quadrados, destinados à gastronomia, e um módulo de contêiner de 14,65 metros quadrados, destinado ao sanitário”.

Local terá espaço para 300 pessoas sentadas

“A estrutura também prevê um pergolado de 6×2,50 metros e um pátio de serviço de 128 metros quadrados, ocupando área externa total de 750 metros quadrados para atendimento ao ar livre com mesas, cadeiras e guarda-sóis”.

“Queremos preservar o contato do público com a natureza e valorizar o espaço em meio ao verde, com uma experiência de comer e beber algo saboroso” explicou Pedro Santarem, representante da Ioparque, razão social criada para assumir a concessão e formada por “quatro sócios das áreas de gastronomia e eventos”.

No dia seguinte, (14 de julho de 2021)  o Jornal do Comércio, fala em “complexo do lago” e diz que “até janeiro de 2022, o Parque da Redenção terá novas operações administrando os pedalinhos, o trenzinho e um espaço gastronômico em frente ao lago”.

“A  prefeitura já aprovou o projeto: nas próximas semanas, começa a ser construído o Refúgio do Lago, nome do complexo gastronômico que ocupará a área do antigo orquidário, na Redenção”.

 

“A ideia é ter uma cafeteria, um restaurante especializado em comida saudável, um espaço para doces ou açaí, uma pizzaria ou lancheria e, por fim, uma banca só de bebidas”.

 “Conforme o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm, a ordem de início das obras deve ser emitida em duas semanas. Falta, segundo ele, apenas o aval do Conselho do Patrimônio Histórico Cultural – como a Redenção é um parque tombado, essa autorização é necessária”.
Ou seja: a licitação foi feita e o projeto aprovado, antes da autorização do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural.

O jornal informa ainda que o modelo ( que é uma versão reduzida do Cais Embarcadero) será replicado em outros parques da cidade:

Segundo o secretário Germano Bremm, a prefeitura pretende levar esse modelo, com “atrações gastronômicas lideradas pela iniciativa privada”, a outros parques da Capital. O próximo edital será direcionado ao Germânia, mas a ideia de montar uma  cafeteria dentro do moinho do Parcão também vem sendo estudada. Hoje o moinho do Parcão abriga uma biblioteca infantil.

 

31 de março de 1964: general conta em seu diário como deflagrou o golpe, pelo telefone

A uma e meia da madrugada de 31 de março de 1964, general Olympio Mourão Filho desiste de tentar dormir e retoma as anotações em seu diário*.

Repassa as últimas 48 horas, vividas sob grande tensão.

Há quase uma semana ele se considera pronto para o golpe, mas desconfia que o estão traindo.

Esperava um manifesto do governador de Minas, Magalhães Pinto, que seria a senha para colocar as tropas na rua.

Em vez de mandar o texto para ele antes, o governador entregou o manifesto à imprensa. E o conteúdo não era o que haviam combinado!

“Eu estava uma verdadeira fúria”, anotou. “Meu peito doía de rachar. Tive que por uma pílula de trinitrina embaixo da língua”

Olympio Mourão Filho, general de três estrelas, está em sua casa, em Juiz de Fora, onde há sete meses comanda a poderosa 4.a  Região Militar, uma das principais forças terrestres do Exército brasileiro. Está mesmo descontrolado:

“Idiotas. O chefe militar sou eu. Magalhães não terá desculpa perante a História…e o Guedes ( general Carlos Luís Guedes, comandante em Belo Horizonte), um falastrão vaidoso que aceitou um papel triste… Fizeram isso, bancando os heróis porque sabiam que eu era a própria revolução. Do contrário não se atreveriam a dar um passo irresponsável, arriscando uma revolução tão bem planejada, num momento de vaidade”

Depois da explosão, acalma-se:.

“Acendi o cachimbo e pensei: não estou sentindo nada e, no entanto, em poucas horas deflagrarei um movimento que poderá ser vencido porque sai pela madrugada e terá que parar no caminho.  Não faz mal…”

Em seu plano original, Mourão previa sair no início da noite, com 2.300 homens, para chegar ao Rio de Janeiro antes de clarear o dia e tomar de surpresa o prédio do Ministério da Guerra e o Palácio das Laranjeiras, onde se encontrava o presidente João Goulart.

Há uma semana “estava pronto”, mas vinha sendo retardado pelas manobras do governador Magalhães que, mineiramente, temia se envolver numa aventura.

Mourão ainda fazia anotações em seu diário, quando tocou a campainha de sua casa. Eram dois emissários do governador.

Vinham dizer que Magalhães já havia “dado o passo”, Minas se levantara contra Goulart.  Com aquele manifesto ambíguo?

Impaciente, ele os despacha rapidamente e volta ao diário, sente que estão lhe passando a perna:

“Vou partir para a luta às cinco da manhã…  Ninguém me deterá. Morrerei lutando. Nosso sangue impedirá a escravização do Brasil. Por consequência seremos, em última análise, vitoriosos ! E o mais curioso de tudo isto é que, passada a raiva (já estou normal, bebi água e café) não sinto nada, nem medo, nem coragem, nem entusiasmo, nem tristeza, nem alegria. Estou neutro”

Anotou alguns nomes num papel e, quando o relógio marcou cinco horas, chamou a telefonista de plantão na central de Juiz de Fora: “Quero prioridade absoluta e rápida para as ligações que vou pedir. Estou mandando a PM ocupar a Estação e a senhorita não diga palavra a ninguém”.

Considerou-se em ação: “Eu já havia desencadeado a Operação Silêncio”, anotou.

No primeiro telefonema tentou alcançar o coronel Everaldo Silva, que estava de prontidão no QG…”O telefone estava enquiçado. Tõcou então para o  major Cúrcio e mandou desencadear a “Operação Popeye”, o plano militar que ele, Mourão, havia traçado e ao qual batizara com o apelido que ganhara no quartel, pelo uso constante do cachimbo.

Em seguida,  convocou os coronéis Jaime Portela e Ramiro Gonçalves para que se apresentassem imediatamente no quartel (nenhum dos dois apareceu; Mourão foi encontrá-los dois dias depois, quando chegou ao Rio, no gabinete do general Costa e Silva, que já havia assumido o comando militar do levante).

A seguir,  ligou para o almirante Silvio Heck, comandante da Marinha: disse que estava partindo em direção ao Rio, para depor o presidente.

Em seguida alcançou o deputado Armando Falcão , para que avisasse Carlos Lacerda,  governador da Guanabara,  o mais notório inimigo do  governo Goulart.

Falcão,  astuto conspirador,  ligou para o general Castello Branco, que era o líder militar da insurreição e que evitara sempre se envolver com Mourão.

Castello, que não tinha tropas, tentou falar com Amaury Kruel, o comandante do II Exército, a maior força  militar do país. “Isso não passa de uma quartelada do Mourão, não entro nessa”, disse Kruel, quando foi alcançado por emissários.

Nesse meio tempo, Castello recebeu uma ligação do general Antonio Carlos Muricy, “conspirador tonitroante”, mas sem comando.

Muricy diz que foi chamado a Minas por Mourão, que está rebelado. Castello aconselha que vá “para prevenir qualquer bobagem”.

Enquanto isso, Mourão segue anunciando o golpe por telefone. Ao final de sua saraivada de chamadas,  fez questão  de registrar que “estava de pijama e roupão de seda vermelho”.

E  não esconde o  “orgulho pela originalidade”:

“Creio ter sido o único homem no mundo (pelo menos no Brasil) que desencadeou uma revolução de pijama”.

Subiu um lance de escada até o quarto onde estava seu amigo Antonio Neder, “que dormia como um santo”. Gritou:  “Acabo de revoltar a  4a Divisão de Infantaria e a  4ª Região Militar”.

O amigo “entre espantado e incrédulo”, perguntou: “Você agiu certo? Tem elementos seguros?”.

Mourão responde: “Vocês, paisanos, não entendem disso”. Eu estou agindo  certo, pode crer”.  Na verdade não tinha certeza de nada, nem mesmo se conseguiria tirar suas tropas do quartel.

Entrou no banheiro,  fez a barba e leu alguns salmos da Bíblia, como fazia todos os dias. Estava aberta no versículo 37, o Salmo de David : “A prosperidade dos pecadores acaba e somente os justos serão felizes”.

Leu e transcreveu em seu diário o salmo  inteiro:

“Não te indignes por causa dos malfeitores , nem tenhas inveja  dos que obram em iniquidade. Por que cedo serão  ceifados como erva e murcharão como a verdura. Confia no senhor e faze o bem: habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deixa a ira e abandona o furor, não de indignes para fazer o mal”.

A leitura da Bíblia remete o general à rua doutor Bozzano, em Santa Maria, 1522, onde morava em março de em 1962, onde tomou sua decisão de impedir a tomada do Brasil pelo “comunismo de Brizola”.

Ele vinha contando os dias: foram dois anos dois meses e 23 dias desde o início de sua conspiração, em Santa Maria, até ali naquele banheiro de onde ia partir para derrubar o governo.

“Eu era um homem realizado e feliz. Não pude deixar de ajoelhar-me no banheiro e agradeci a Deus a minha felicidade, havia chegado a hora de jogar a carreira e a vida pelo Brasil!”

Entrou no chuveiro, banhou-se calmamente. Só então vestiu o uniforme de campanha e foi tomar café com Maria, sua mulher (“Não consigo me lembrar se o Neder tomou café conosco”, diz ele nos registros que fez dias depois).

A essa altura a notícia de um golpe militar se espalhava rapidamente, mas o comandante  do levante ainda não saíra de casa.

“A insurreição estava envolta numa nuvem que se parecia ora com uma quartelada sem futuro ora com uma tempestade de boatos”(Gaspari).

***

O fechamento do aeroporto de Brasilia pouco depois das nove horas da manhã do dia 31, confirmou a boataria. O governo acionava seu dispositivo de segurança para conter um golpe.

Por volta das dez horas, ainda sem saber direito o que realmente estava acontecendo, o general Castello Branco, saiu de seu apartamento, em Ipanema, no Rio.

Foi  para o Ministério da Guerra,  no centro, onde tinha seu gabinete de trabalho, no sexto andar.  De lá ainda insistiu com o general Carlos Luís Guedes, comandante em  Belo Horizonte,  e o governados Magalhães Pinto para que detivessem  Mourão. “Senão voltarem agora serão derrotados”.

Guedes, depois em suas memórias, tentou associar-se à iniciativa de Mourão, dizendo que àquela hora também já estava rebelado, mas a verdade é que até aquele momento Mourão estava sozinho, e  assim continuaria um bom tempo.

Guedes naquelas alturas ainda  tentava saber se os americanos estavam dispostos a ajudar imediatamente com “blindados, armamentos leves e pesados , munições, combustíveis, aparelhagens de comunicações…”.

Para mais tarde, informou, precisaria de equipamento para  50 mil homens!

Ao meio dia, já se movimentavam tropas do governo para atacar Mourão.

“Na avenida Brasil principal saída do Rio e caminho para Juiz de Fora, marchavam duas colunas de caminhões.  Numa iam 25 carros cheios de soldados, rebocando canhões de 120 mm…Noutra, em  22 carros ia o Regimento Sampaio, o melhor contingente de infantaria da Vila Militar. De Petrópolis, a meio caminho entre o Rio e Mourão, partira o  1º.Batalhão de Caçadores” (Gaspari).

Fardado, de capacete, Mourão foi fotografado no início da tarde, no QG da 4ª. Divisão de Infantaria.

No Rio correu o boato que o dispositivo militar do governo, mandara prender Castello Branco.  Sessenta oficiais da Escola Militar da Praia Vermelha formaram um comando para protegê-lo. Os expedicionários instalaram-se no sexto andar, em torno de Castello  .

“Desligaram os elevadores principais e bloquearam as passagens de quatro pavimentos. A revolta controlava os corredores do quinto ao oitavo andar, enquanto o governo funcionava no resto”.

No décimo andar,  o gabinete do ministro da Guerra estava vazio, ele estava hospitalizado.

Quando os carros de choque da Polícia do Exército chegaram  para desalojar os revoltosos, eles já estavam fora.

Castello, acompanhado do  general Ernesto Geisel  já estavam alojados num “aparelho”, comandando  no golpe.

Chamado por Mourão, o general Antonio Carlos Muricy fora  incumbido de chefiar a vanguarda da tropa que desceria em direção ao Rio.

Ao inspecionar os homens de que dispunha, Muricy  percebeu que mais da metade eram recrutas e a munição dava para poucas horas.

Enquanto isso, Mourão enfrentava dificuldades para levar as tropas à rua. O comandante do  10º Regimento de Infantaria,  coronel Clóvis Calvão não apoiava o levante.  Mourão contornou o impasse dando férias ao coronel, colocando um dos seus no lugar.

Dois outros coronéis e o comandante da Escola de Sargento de Três Corações, também rechaçaram a ordem de botar a tropa na rua e foram para casa.

Nada disso influiu no apetite do general. A uma da tarde, ele foi para casa almoçar e não dispensou sequer a sesta.

“Tinham-se passado oito horas  desde o momento em que se considerara insurreto. Salvo os disparos telefônicos e a movimentação de um pequeno esquadrão de reconhecimento que avançara algumas dezenas de quilômetros, sua tropa continuava onde sempre estivera: em Juiz de Fora.” (Gaspari)

O embaixador americano soube da rebelião a essa hora.  Imediatamente avisou o Departamento de Estado: “(…) pode ser a última hora para apoiar uma ação contra Goulart”.

“Ele não é bem visto no Exército e provavelmente não liderará uma conspiração contra o governo, em parte porque não tem muitos seguidores. É visto como uma pessoa que fala mais do que pode fazer”.(Documento do Departamento de Estado ao secretário Dean Rusk de 31 de março).

O general Mourão ainda é um personagem enigmático e seu papel no golpe não está bem dimensionado.  Ele se considerava o mentor, o realizador de tudo, o que certamente não foi.

Em janeiro de 1962, quando ele se declarou em conspiração,  o movimento para depor o governo  já funcionava a pleno no Rio de Janeiro. Ele mesmo tentou se integrar  ao grande movimento conspiratório, mas por  se considera “o comandante” e por ser indiscreto em seus atos e palavras, foi sendo afastado. Ele mesmo registra isso em seu diário.

Para o historiador Hélio Silva, Mourão era um “homem bom, sofredor, pitoresco, capaz de assomos de cólera”.

Em suas memórias, Mourão Filho diz que foi “acordado” para o perigo comunista num jantar oferecido ao governador Leonel Brizola, quando este falou de seus planos a ele e ao general Osvino Ferreira Alves, comandante do I Exército, brizolista, que passava suas férias em Santa Maria, em 1962.

Brizola havia frustrado a primeira tentativa de golpe com o movimento da “Legalidade”, um ano antes, e se preparava para disputar a sucessão de João Goulart.

Na versão de Mourão, o golpe foi contra Brizola, mais do que contra Jango,

*“Diário de um revolucionário”, Olympio Mourão Filho, L&PM Editores, 1978.

Confira os principais eventos da semana dos 250 anos de Porto Alegre

Inicia nesta quarta-feira, 23 de março de 2022,  a Semana dos 250 anos de Porto Alegre”.

O período será marcado por diversas atrações e eventos promovidos ou realizados com o apoio da prefeitura da Capital.

A programação completa está disponível no site poa250anos.com.br.

Veja alguns dos principais eventos

Dia 23 – Quarta-feira

Concerto Especial 250 anos no Theatro São Pedro com a Orquestra de Câmara
– Horário: 18h30
– Onde: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n)
Dia 24 – Quinta-feira

Recital da Fasc com Orquestra Jovem do RS e parceiros
– Horário: das 19h às 20h
– Onde: Multipalco Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n)
Dia 25 – Sexta- Feira

Homenagem aos Ex-Prefeitos de Porto Alegre no Paço Municipal, com a participação da Banda Municipal.
Todos os ex-prefeitos de Porto Alegre serão homenageados em um evento solene no Paço Municipal com uma medalha dos 250 anos.
– Horário: 10h30
– Onde: Paço Municipal (Praça Montevideo, 10)

Almoço no Mercado Público oferecido pelos mercadeiros – Uma Paella Campeira para 500 pessoas será servida no Bará do Mercado.
– Horário: 12h
– Onde: Mercado Público (Largo Glênio Peres)

Descerramento de placa em homenagem aos Açorianos na Praça Brigadeiro Sampaio

Uma placa em homenagem à imigração Açoriana será instalada na primeira praça de Porto Alegre, a Brigadeiro Sampaio, no Centro da Capital.

O presidente dos Açores estará presente para a homenagem que marca os 250 anos da chegada dos casais açorianos na Capital.
– Horário: 16h30
– Onde: Praça Brigadeiro Sampaio (Rua Gen. Portinho)

Apresentação da Banda Municipal de Porto Alegre, marcando a reabertura oficial do Teatro Renascença e Sala Álvaro Moreira.
A Banda Municipal de Porto Alegre traz um repertorio instrumental de clássicos nacionais e internacionais. O grupo musical é patrimônio da capital gaúcha e teve sua primeira formação no ano de 1925.
– Horário: 18h
– Onde: Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307)

Baile de Debutantes no Parque da Redenção
Realizado na Redenção, em frente ao espelho d’água. Será a oportunidade de 250 meninas de 15 anos terem um momento marcante nas suas vidas. Os vestidos foram doados através de uma grande campanha realizada. Elas serão recebidas e escoltadas por cadetes do Colégio Militar, alunos do Colégio Tiradentes, do Colégio Militar e do CPOR da Capital.
– Horário: 19h30
– Onde: Parque Farroupilha/Redenção (Av. João Pessoa, s / nº)
Dia 26 – Sábado

Missa Oficial dos 250 anos de Porto Alegre na Catedral Metropolitana, com o Arcebispo Metropolitano Dom Jaime Spengler
– Horário: 9h
– Onde: Catedral Metropolitana (rua Duque de Caxias, 1.047, Centro)

Solenidade de Aniversário do Colégio Militar
O Colégio Militar de Porto Alegre é uma instituição militar de ensino brasileira, voltada ao Ensino Fundamental e Médio. Em 2022 completa 110 anos de sua fundação.
– Horário: 10h30
– Onde: Em frente ao Colégio Militar, na Redenção (Av. José Bonifácio, 363)

Solenidade de entrega do Paço Municipal para a Secretaria da Cultura, apresentações musicais e bolo comemorativo no Largo Glênio Peres

O Paço Municipal se tornará um grande legado cultural para a cidade como presente de aniversário nos 250 anos. Uma placa marcando a data será inaugurada, além da abertura de uma exposição especial na Sala Aldo Locatelli. A partir dessa data, o Paço vai se chamar Museu de Arte de Porto Alegre.
– Horário: 11h
– Onde: Paço Municipal (Praça Montevideo, 10)

Shows na Rua 26 de Março
O projeto Porto Alegre é aqui – 250 anos, é uma iniciativa idealizada pela ONG SUVE (Sociedade União da Vila dos Eucaliptos) e tem por objetivo trazer um olhar contemplativo sobre Porto Alegre, mostrando que as periferias também fazem parte da cidade e comemoram o aniversário da Capital.
– Horário: 14h às 22h
– Onde: Rua 26 de Março, esquina Estrada Martins Felix Berta
– Atrações:
14h – Alma gaudéria / 14h40 – MC PC / 15h – Banda Gospel / 15h20 – UBC. Nayo / 15h40 – Alan ZN / 16h – Oriundos do gueto / 16h20 – Negro Moura / 16h40 – Mister Deco / 17h – Samba do sorriso / 17h20 – Breaking / 17h40 – Strof / 18h – MC PC / 18h20 – D.Trinca / 18h40 – DRUA / 19h – Nego provocante / 19h20 – Terminal 470 / 19h40 – Chappa / 20h – Ticolé / 21h – Pagode Dorinho

Baile da Cidade – Parque da Redenção
O evento terá grandes atrações, com destaque para o show nacional de Maria Rita e também para tributo a Cristiano Araújo. A expectativa é que mais de 15 mil pessoas participem da festa.
– Horário: com início às 17h
– Onde: Parque Farroupilha/Redenção (Av. João Pessoa, s / nº)
– Atrações:
17h – Participação da escola de samba – Apresentação Carnaval 2022 (Evandro) + som Dj / 17h30 – DJ Cássia / 18h15 – Banda Municipal com a participação de Isabela Fogaça / 19h – Apresentadores da Rádio 104FM e Liliana Cardoso / 19h15 – André Damaceno / 20h – Maria Rita / 21h30 – DJ cabeção / 22h15 – Tributo a Cristiano Araújo
Dia 27 – Domingo

Largada da 18ª Corrida de Aniversário – Edição especial 250 anos de Porto Alegre – Largo Glênio Peres.
– Horário: 8h
– Local da largada: Largo Glênio Peres
– Forma de entrada e participação: inscrições pelo site do Sesc RS

Evento na Ilha da Pintada com almoço
Almoço tradicional de tainha na taquara. O embarque será no Gasômetro, no Barco Porto Alegre. Na ilha, será inaugurado o monumento ao Peixe Pintado, além de apresentações culturais açorianas.
– Horário: 10h embarque no Gasômetro / 11h na ilha
– Onde: Usina do Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551) e Ilha da Pintada (Armazém Z5)
– Entrada: Ingressos para ida de barco / almoço pago / evento na ilha aberto ao público
Dia 29 – Terça-feira

Apresentação da Esquadrilha da Fumaça na Orla do Guaíba, próximo a Usina do Gasômetro
O Esquadrão de Demonstração Aérea, popularmente conhecido como Esquadrilha da Fumaça e integrante da Força Aérea Brasileira (FAB), fará uma apresentação especial na Capital.
– Horário: 16h30
– Onde: Orla do Guaíba, próximo a Usina do Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551)
Dia 30 – Quarta-feira

Bênção inter-religiosa para Porto Alegre na Redenção
– Horário: 12h
– Onde: Parque Farroupilha/Redenção (Av. João Pessoa, s / nº)
Dia 1º – Sexta-feira

Evento Carnavalesco da Descida da Borges
Tradicional Descida da Borges com as escolas de samba da Capital, que antecede os desfiles de Carnaval. O evento terá a entrega da Chave da Cidade para o Rei Momo e sua corte.
– Horário: a partir das 18h30
– Onde: Esquina da avenidas Salgado Filho com Borges de Medeiros
Os eventos divulgados são públicos. Em alguns locais, em razão da capacidade, há restrição no número de pessoas.